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terça-feira, 14 de novembro de 2017

NOVO DISCURSO

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 14/11/2017)

Plano A & B

Imagem in Blog 77 Colinas

Sem saber muito bem como reagir à perda do poder, fortemente condicionada pela pantominice do primeiro-ministro no exílio que se recusava a fazer propostas, com dois candidatos à liderança do PSD que fundidos não dariam um candidato de jeito, os partidos da direita continuam desorientados. Em vez de apresentarem um programa alternativo, ainda não deixaram de ser PAF e de estar em campanha, como se o programa da coligação para as últimas legislativas fosse válido para duas legislaturas.

A primeira consequência deste vazio de ideias está na incoerência do discurso, muito óbvia em temas, como, a título de exemplo, a reposição dos rendimentos. Prometida no programa do PAF e mais do que decidida pelo Tribunal Constitucional, a reposição da legalidade em matéria de vencimentos e de pensões começou por ser tratada como a reversão de uma grande reforma, quando dá jeito lembra-se que o PAF iria repor tudo, mas de forma mais gradual.

Rui Rio andou anos a zurzir contra Passos, agora diz que o ainda líder do PSD é um herói nacional e presta vassalagem a Maria Luís Albuquerque, criticando o governo por falta de capacidade reformista. Isto é, acusa-se o seu partido ter deixado de ser social-democrata, mas para conseguir os votos dos militantes do PSD próximos de Passos defendem-se as supostas reformas que levaram o partido para a extrema-direita. Santana é mais claro, defende Passos e todas as suas políticas.

Primeiro era o plano B e a vinda do diabo, como as coisas correram bem o diabo vinha no ano seguinte e se não veio em 2016 foi porque o plano B foi adotado. Alguém reparou nas cativações, o oportunismo circunstancial do BE validou a tese e a partir daí todos os males resultaram da ausência do Estado, tudo culpa das cativações.

Até no caso da legionela a primeira reação da direita foi invocar a ausência do Estado em consequência das cativações, mas como alguém recordou que o governo de Passos tinha alterado as regras de controlo da qualidade para fazer poupanças, depressa se esqueceram das cativações e desta vez ninguém foi dar abraços e beijinho aos familiares das vítimas, o CDS não exigiu que fossem atribuídas indemnizações. Em Portugal tem direito a indemnizações quem dá mais votos.

A jantarada da Santa Engrácia veio dar a uma direita um novo discurso, um dos mais apagadinhos governantes do governo anterior, uma segunda escolha no cargo, atacou Costa dizendo que este governo culpa o anterior de tudo. Isto dias depois da direita se calar com a legionela, veio mesmo a calhar. Agora desde o mastodonte do Amorim ao Bernardo Serrão da SIC não param de matraquear, este governo culpa o antecessor de tudo.

Este é um argumento que vem mesmo a calhar, daria muito jeito esquecer o que fizeram e continuar a culpar o antecessor de Passos de tudo o que de mal sucede.

sábado, 11 de novembro de 2017

Era uma vez

por estatuadesal

(Isabel Moreira, in Expresso Diário, 11/11/2017)

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Era uma vez um governo de coligação entre o PSD e o CSD do qual Assunção Cristas fez parte, embora agora finja que não. Era uma vez esse governo de direita que fez da troika o pretexto para a implementação do seu programa ultraliberal. Era, portanto, uma vez um governo de direita que sem nenhum memorando que o obrigasse a isso cortou pensões e salários em violação da Constituição, cortou nas prestações sociais mais importantes para idosos e crianças e destruiu os serviços públicos que integram dimensões essenciais do Estado social, como o SNS. Era uma vez um governo de coligação entre o PSD e o CDS que empobreceu o país para crescer, dizia, que fez o maior aumento de impostos de que há memória e que convidou os jovens a emigrarem. Era uma vez Passos e Cristas num governo que afirmava uma, duas e as vezes que fossem necessárias que não havia alternativa àquela austeridade furiosa em face dos compromissos internacionais, que afinal não foram cumpridos. Era uma vez um governo de direita que fazia orçamentos regulares e retificativos violando a lei fundamental, como se nela não estivesse incluída a proteção dos direitos sociais.

Era uma vez uma alternativa. A alternativa surgiu e a esquerda uniu-se para apoiar o governo do PS. O irrevogável Portas apelidou a democracia de geringonça e a direita cruzou os dedinhos à espera de uma queda do Executivo que, ups, não aconteceu.

Era uma vez uma alternativa real, uma política que conjuga crescimento económico, cumprimento das regras orçamentais e dos compromissos internacionais e devolução de rendimentos e direitos. Era uma vez a devolução ao país de paz institucional, de sinais positivos quanto a crescimento económico, à descida do desemprego e à subida do emprego.

Era uma vez a possibilidade de termos uma oposição que explicasse do seu programa. Mas isso só em ficção, porque o programa da direita era a queda do governo “das esquerdas radicais” (como eu gosto do populismo semântico).

Que fazer, terá pensado a direita?

Ser populista, viver de casos, colando-os uns aos outros, ainda que sem nexo algum ente os mesmos, incutindo no povo (que tem por iletrado) sentimentos de medo e de insegurança quanto ao funcionamento do Estado.

Foi assim com a legionella. Pegar num caso evidentemente grave e fazer dele o espelho da ação do governo, num populismo radical, perigoso e talvez apostado na amnésia do tal povo que tem por iletrado. É ver Cristas e o que resta do PSD a fazerem exigências e a apontarem para um alegado desinvestimento no SNS.

A sério? Era uma vez um governo de direta do qual Cristas fez parte que revogou a legislação que torna as vistorias a sistemas de ventilação, nomeadamente nos hospitais, obrigatória e que continua até hoje a opor-se à repristinação do regime jurídico tido por adequado por todas as entidades do sector. Era uma vez uma oposição de direita convencida de que o “povinho” não se recorda do surto de legionella de 2014 em Vila Franca de Xira.

Era uma vez um governo que apresentou uma alternativa ao país e demonstrou que a mesma era possível. Por isso a história de uma direita que se agarra a casos como uma lapa abusando da paciência de quem sabe o quanto custa repor a qualidade dos serviços púbicos massacrados pela austeridade entusiasmada de PSD e CDS e de quem sabe que aquilo que foi orçamentado e executado no SNS em dois anos é o dobro do que o governo anterior tem para mostrar.

Era uma vez um orçamento de estado para 2018, mais uma vez de esquerda, mais uma vez a prometer uma direita de casos.

Era uma vez.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Prendam esses cães malditos

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Público, 08/11/2017)

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“Lisboa, tantos de tal de 2014 – A crise política portuguesa ganhou novos contornos quando o PSD e CDS emitiram hoje um comunicado conjunto considerando que a prisão sem fiança de Passos Coelho, Assunção Cristas e outros ministros os constituía como ‘presos políticos’. Como é sabido, o tribunal aceitou a diligência do procurador Silva, que acusa os governantes de ‘associação delinquente’, logo depois do seu quarto orçamento retificativo ter sido considerado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional no que respeita ao corte de pensões a pagamento. O magistrado queixou-se de não haver na ordem jurídica a figura de ‘traição à Pátria’ e explicou que só por isso usou a acusação de ‘conspiração’ para ‘defraudar os pensionistas e subtrair-lhes parte da sua pensão’, considerando que, se todos os orçamentos procuraram o mesmo objectivo, ‘conspiração’ é o termo adequado, não havendo a comparável figura da ‘sedição’ da lei espanhola. O pretendente a rei de Portugal condenou no Facebook a forma contumaz de procedimento do governo agora demitido. O governo de Madrid também emitiu um comunicado apoiando a decisão do tribunal português.”

Antes de pensar em manifestar-se contra qualquer coisa, seja a sobreposição da justiça ao resultado eleitoral legítimo, seja a perseguição aos dirigentes da direita por delito de opinião, seja a utilização do processo judicial para resolver questões políticas, atente o leitor que este despacho noticioso nunca poderia existir em Portugal. De facto, os pesos e contrabalanços têm funcionado: enquanto o governo PSD-CDS aplicavam as medidas da troika, parlamentares e mesmo o presidente então em funções enviaram algumas das disposições do Orçamento para apreciação pelo Tribunal Constitucional (e ganharam sempre). Mas as declarações de inconstitucionalidade – mesmo que repetidas, quase sempre para avaliarem medidas com o mesmo objectivo, cortar pensões – só forçaram à correcção dessas medidas do Orçamento. Não houve prisão dos membros do governo, que aliás continuariam nos orçamentos seguintes a buscar o mesmo desígnio. A declaração de inconstitucionalidade pelo respectivo Tribunal é em Portugal uma forma de verificação do exercício dos poderes, não uma forma de instigar a perseguição aos governantes pelos seus actos ou opiniões.

Em Espanha parece haver um entendimento diferente. Membros do governo catalão estão presos e os parlamentares que votaram uma resolução, depois considerada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional, podem também vir a ser presos. Alguns ministros, apesar de se terem apresentado voluntariamente em tribunal, ao contrário de Puigdemont, aguardam julgamento em cárcere. Teremos portanto eleições com alguns dos principais candidatos presos ou ameaçados de prisão.

Há em consequência dois efeitos nefastos desta estratégia repressiva. Um é a instrumentalização e partidarização da justiça, que se condena a si própria. A segunda é a amplificação do risco para Rajoy: se os independentistas ganham a eleição catalã (o PP de Rajoy é cotado em sondagens com menos de um terço do principal partido independentista), a política do tudo ou nada fica sem recuo possível. A haver um dia independência, é a Rajoy e ao rei que a Catalunha deve agradecer.

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NB- O Correio da Manhã inclui semanalmente uma página de promoção do CDS, titulado pela sua líder sob a designação carinhosa de “Lisboa Menina e Moça”. A última edição inclui quatro fotografias da própria Assunção Cristas, além da que identifica a rubrica: no parlamento, na Câmara, na doca, no partido. Cinco fotos numa só página. Pergunto-me se o mais curioso é esse jornal patrocinar o CDS, ou se quem disso se aproveita preferir ingenuamente a sua própria imagem, espelho meu. Mas, que querem, caros leitores, é mesmo a vida.

Assunção Cristas e o Ridículo

Alvaro Martins partilhou uma ligação.

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Esta senhora não tem o mínimo de bom censo, será que sofre de amnésia? Chega a roçar o ridículo as suas intervenções, cada uma pior do que a outra, não está à altura da vida politica e social do nosso país. Sra. Cristas esqueceu as vitimas de Vila Franca de Xira? O que fez o governo do qual a senhora fazia parte?

Recorde-lhe que ainda hoje as vitimas e as suas familias aguardam as devidas compensações. Mas o seu partido e a Senhora já começam a cansar Portugal, com tantas atitudes anti-governo, moção censura chumbada, voto contra o orçamento de estado chumbado, as palavras, xenofobas, racistas e anti-sociais do presidente da JP dirigidas ao primeiro ministro, esqueceu-se certamente de Narana Coissoro, deputado de CDS, a democracia para o seu partido ainda está na gaveta da velha senhora, pois o CDS, não passa de um partido fascista, xenófobo e anti-patriotico.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Estado falhou, Cristas chumbou



por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 24/10/2017)

Assunção Cristas

Estive a ver o debate da moção de censura apresentado na Assembleia da República pelo CDS.

Cristas abriu o baile, mesmo sem lhe se vislumbrar consorte apaixonado. Veio o fogo? A culpa foi do Primeiro-Ministro. Morreu gente? Também dele foi a culpa. Que venham tufões, maremotos, incêndios e terramotos, que a culpa será sempre do Governo. E quando não se conseguem evitar as catástrofes naturais, ou mesmo as catástrofes provocadas pelo desleixo humano ou pela sanha criminosa de alguns, é sempre o Estado que falha. É por isso que Cristas censura - diz ela -, é por isso que Cristas aponta o dedo ao coração de António Costa, qual arco pronto a disparar flecha mortífera e letal.

Mas Costa não se deu por achado. Respondeu em tom humilde mas construtivo. Não se deu sequer ao trabalho de rebater as acusações de Cristas, e discutir se o Estado terá falhado muito, pouco, ou assim assim. E fez bem. Limitou-se a enumerar as medidas que o Governo já tomou, vai tomar, e a forma de as implementar no futuro próximo. De certa forma, deixou Cristas a falar sozinha.

O Partido Socialista centrou a sua intervenção sobre a legitimidade do CDS apresentar uma moção de censura, tendo em conta os cortes nas políticas florestais empreendidos pelo governo anterior, com Cristas ao leme do Ministério da Agricultura a comandar as operações de devastação do mundo rural. Sim, legitimidade não tem, e memória também não tem porque fala como se esse passado não lhe pesasse e não tivesse existido.

E veio o rapazola do PSD, o Hugo Soares. Secundou Cristas e mais uma vez trouxe à baila a moção de confiança que o PS não teria coragem para apresentar por, segundo ele, não ter a garantia de ser aprovada pelo PCP e pelo BE. E por isso o Governo já não teria legitimidade para governar, afirmação em jeito de pergunta enfática que deixou a Cristas para ela poder brilhar e corroborar.  E ela assim fez. Tornou a desfilar a ladainha das falhas sob a forma de uma lista de perguntas sobre o que o Governo fez, deixou de fazer ou vai fazer, e concluiu que António Costa é apenas um político hábil quando o país precisaria de um estadista. É grande o desplante da madame eucaplipto, digo eu: como se a direita tivesse nas suas hostes políticos de grande vulto e de grande dimensão ética e política.

Mas, mais uma vez, Costa deixou-a a falar sozinha. Passou ao lado daquilo que designou por slogans e ataques pessoais. Limitou-se a falar do futuro, medidas, soluções, indemnizações, investimentos, reconstrução e mais reconstrução.

Mas o grande ataque a Cristas veio de Catarina Martins, que adjectivou de obscena a moção de censura por não pretender resolver problemas nem sequer honrar a memória das vítimas, mas sim aproveitar-se dessa memória. E isto sem deixar de pedir explicações ao Governo sobre as razões de tanta falha do Estado, e sobre o desenho de algumas das medidas que estão já apresentadas, como por exemplo o Siresp, os meios aéreos, e as Forças Armadas no terreno a defender a floresta.

O PCP trouxe ao de cima o seu pragmatismo. Pediu agilidade na implementação das medidas já aprovadas. E pediu que Costa esclarecesse se o financiamento de tais medidas não irá ser um pretexto para cortar na política em curso de reposição de rendimentos, em nome da sacrossanta austeridade que as regras do cumprimento do déficit, emanadas da Comissão Europeia, impõem. E António Costa respondeu. Não, não irá haver qualquer corte nas opções do Orçamento de Estado para 2017 já apresentado, de forma a compensar o financiamento necessário na implementação das medidas de política florestal e de protecção civil.

E depois de várias outras intervenções veio o trauliteiro deputado Montenegro, a voz do dono do defunto Passos. Sim, disse ele, o governo merece censura política, e Costa é apenas um tecnocrata de mediana categoria. Que desplante de novo. Como se tu, ó Montenegro, fosses um personagem de alta craveira.

E surgiu Carlos César e de novo o PS. Arrasou a direita, a moção de censura e os pedidos insistentes de uma moção de confiança pelo PSD. A confiança no Governo, disse, será comprovada brevemente com a aprovação do Orçamento de Estado de 2017.

E depois de várias outras intervenções, o denominador comum foi sempre o mesmo: para a oposição o Estado falhou, o Governo falhou e para este último a resposta foi sempre repetir o elenco das medidas que já aprovou e vai implementar para evitar novas tragédias. Em suma, a oposição a chafurdar nos acontecimentos trágicos, mas já passados, o Governo a querer esquecê-los e a olhar o futuro. Nada de novo, e também nada de novo na hora da votação: 122 contra a moção, 105 a favor.

No final, o que mais me surpreendeu? Que nem o Governo nem a oposição, no elenco das medidas que pretendem ver prosseguidas, tenham referido a necessidade de investigar a origem dos fogos. Todos assumiram que os fogos são originados por causas naturais - o que está muito longe de ser verdade -, e de nenhum dos lados surgiu uma palavra a exigir alterações no quadro judicial que pune actos de incendiários criminosos, e na estrutura das polícias e dos serviços de informação destinada a preveni-los.

De facto, o Estado falhou. Mas o Estado falha todos os dias e, a fazer doutrina a estratégia do CDS, pretendendo encontrar aí um motivo para o derrubar, teríamos eleições todos os meses para reconstruir maiorias e eleger novos governos.





quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Costa pediu desculpas. E Cristas e Passos, não pedem?


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 18/10/2017)

Chuva Cristas

O São Pedro ainda leva com uma moção de censura - Imagem in Blog 77 Colinas

Estive a ver o debate parlamentar na Assembleia da República sobre a questão dos fogos. Devo dizer que as intervenções do palhaço Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, e da deputada Assunção Cristas, sobretudo desta me enojou.

O Hugo caceteiro quer que o Governo se demita. Diz que é "em nome das vítimas", e que o Governo já não tem legitimidade para governar, e se não se quer demitir deve apresentar uma moção de confiança que lhe reforce (ou retire o apoio). Pois bem, ó meu pateta, se é em nome de vítimas de políticas, vamos a contas.

Quantos morreram devido aos cortes de salários e pensões, de perda dos empregos, de casas e famílias destruídas, de suicídios por desespero, de mortes prematuras por os serviços de saúde estarem à míngua, devido às políticas de ladroagem aos pobres, empreendidas pelo governo pafioso? Quantos choraram lágrimas de raiva, quantos abandonaram o país e caíram nas ruas da amargura? A direita fala das cem vítimas dos incêndios, mas como consequência das políticas de saque da direita não terá havido muito mais mortes? Não terá havido muito mais desgraças e desespero? Perante isto, só me apeteceu vomitar na cara do rapazola.

Depois veio a Cristas. Outro nojo, lamento dizê-lo. Ela que mais patrocinou o descalabro da floresta com a sua liberalização do eucalipto, ela que cortou nas verbas destinadas ao ordenamento e à defesa das florestas, ela que fez parte de um governo que até acabou com a isenção das taxas moderadoras na saúde de que os bombeiros gozavam - como bem lembrou Jerónimo de Sousa durante o debate parlamentar -, veio pedir responsabilidades ao Governo e a António Costa. Um perfeito exercício de fariseu de saias, um despudor que - apesar de o assunto ser grave e sério -, é de um ridículo burlesco e de mau gosto.

Estranhamente, não vi a direita questionar nunca quais as causas dos incêndios, as causas estruturais determinadas por anos de incúria e de más opções de sucessivos governos apoiados pelos partidos da direita. Não acha a Dona Cristas que também deveria PEDIR DESCULPAS ao país? Costa pediu desculpa. Cristas, Coelho, o rapazola Hugo e toda a bancada pafiosa, esses, quais justiceiros de pacotilha - tendo em conta do seu perfil de salafrários -, brindaram-nos com uma farsa vergonhosa, colocando os mortos e as vítimas ao serviço da sua gula pelo poder.

Também não vi a direita questionar a hipotética causalidade terrorista que poderá estar por detrás da vaga de fogos. Há especialistas que avançam que, as causas naturais, só por si não podem explicar, quer a intensidade dos fogos, quer a sua simultaneidade temporal. Pediu a direita que se investigue? Pediu a direita responsabilidades ao Governo por nada ter ainda avançado no esclarecimento cabal dessas dúvidas? Não. A direita não quer que não haja fogos. O fogo, os mortos, o alarme social, a destruição do país é a sua praia.

Não digo que os archotes dos incendiários tenham sido autografados directamente pela Dona Cristas, ou pela caneta do Passos. Mas que devem estar a esfregar as mãos de contentamento pelo facto de as chamas lhes permitirem brindar o governo com uma chuva de críticas e dificuldades de percurso, disso não tenho qualquer dúvida. De tal forma que até estou com pena do Passos: soubesse ele da dimensão desta tragédia e seguramente não se teria demitido. Ou estarei errado, e tudo isto aconteceu, de facto, porque Passos se demitiu? Responda quem souber.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Obrigado Dona Cristas


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 17/10/2017)

assuncaox

O CDS diz que vai apresentar uma moção de censura ao Governo, na sequência da catástrofe provocada pelos fogos que assolaram o país nos últimos dias. Obrigado, D. Cristas. Se o ridículo pagasse impostos a Assunção seria uma contribuinte VIP.

A direita anda tão assanhada a explorar a desgraça alheia para criar alarmismo, pânico e desespero pelo país, que nem nos três dias de Luto Nacional que o Governo - e bem -, decretou em homenagem às vítimas dos fogos, concordou em interromper os trabalhos da Assembleia da República.

O choro dos familiares das vítimas, e dos muitos que perderam os seus haveres, não comove a comandita da direita. Não, eles - quais vampiros -,  querem sangue, o sangue de Costa, o sangue da Ministra da Administração Interna, para temperar os cadáveres das vítimas.

E na orquestração da peça dantesca em que navegam têm a prestimosa colaboração das televisões, soprando nas imagens que emitem chamas já apagadas. Passámos hoje, todo o dia a ver imagens de chamas que já não existem porque foram já apagadas pelas chuvas que caíram esta madrugada. Mas eles querem fogo, chamas e espectáculo de destruição que só interrompem para passar a menina do Trivago e outros anunciantes que tais que lhes pagam a broa. E quando não é do fogo, directamente, que falam, é da contabilidade dos mortos. A SIC interrompe sempre que mais um morto é referenciado: parece que tem um cronómetro necrófago ligado ao écran para dar conta ao milímetro do avanço da tal contabilidade macabra.

Tentar fazer aproveitamento político de toda esta desgraça que atingiu o país é uma torpeza e uma infâmia que que só desonra e desmascara aos olhos dos portugueses quem a promove. Quando o país, em uníssono, se devia agregar contra o infortúnio, chorar os mortos e tratar dos vivos - como em tempos disse o Marquês de Pombal, aquando do terramoto de 1755 -, o que vemos é que as forças políticas da direita cavalgam a desgraça alheia fazendo dela arma de arremesso político. Os arautos desta direita indigente, não são miseráveis, porque na miséria ficaram sim os que tudo perderam nos incêndios, mas são eticamente miseráveis nos seus comportamentos e opções.

Mas, ainda assim, o tiro deverá sair-lhes pela culatra. Se tensões existissem dentro da Geringonça - e acreditamos que sim -, elas irão ser de imediato sublimadas no apoio que à esquerda irá ser dado previsivelmente ao Governo, aquando da votação da dita moção de censura.

Deste modo, ó Dona Cristas, a Geringonça agradece, reconhecidamente, a sua moção. Não há nada melhor para reforçar um casamento enfraquecido do que a aproximação de um inimigo comum a pôr as garras de fora.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Vai teimosa e não segura, Assunção sobre Ventura?

Depois de se demarcar (exemplarmente, diga-se) das declarações racistas e xenófobas de André Ventura, e de desvincular o seu partido da coligação com o PSD em Loures (rejeitando fazer parte do «teste Trump», em que Passos Coelho continua empenhado), Assunção Cristas parece não ter sido capaz de ceder à tentação (ou a alguma contestação interna) e decidiu insistir no velho discurso do CDS-PP sobre o Rendimento Social de Inserção, fazendo uma requentada alusão às «pessoas com grandes carros e que vivem do RSI».

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Cantora Ágata entra na corrida autárquica

As eleições locais não são só atractivas para os notáveis da política. Os famosos de outras áreas também costumam ir a votos. Desta vez é Ágata em Castanheira de Pêra.

Sónia SapageSÓNIA SAPAGE
13 de agosto de 2017
Ágata com Assunção Cristas. Fotografia partilhada pela cantora no seu Facebook
Ágata com Assunção Cristas. Fotografia partilhada pela cantora no seu Facebook

A lista independente "Todos Por Castanheira", que concorrerá nas eleições de 1 de Outubro à Câmara de Castanheira de Pêra (um dos concelhos que foi fustigado pelos incêndios de Junho), vai ter uma candidata muito especial. A cantora Ágata anunciou este domingo, no Facebook, que será a segunda da lista da corrida à autarquia.
"Queridos amigos(as), não sou de politiquices. O meu partido é o bem-estar de todo o ser humano, é o amor e tudo quanto se pode dar para conforto de muitas famílias. Fui convidada a fazer parte de uma lista independente para vice-presidente à Câmara de Castanheira de Pêra. Estou pronta para mais um desafio na minha vida, uma nova faceta. Espero dar o meu melhor", escreveu a artista portuguesa.
Apesar de independente, a lista tem o apoio do CDS-PP e do MPT e é encabeçada por Miguel Barjona, que já havia liderado uma candidatura independente em 2013 (e foi eleito).
Minutos antes de divulgar a notícia, a intérprete de "Sou mãe solteira" havia partilhado uma foto em que surgia acompanhada por Assunção Cristas, com a legenda: "uma simpatia de mulher".

Fonte: Aventar

domingo, 30 de julho de 2017

Falsa semanada



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 30/07/2017)

Julho foi o mês das falsidades pelo que a melhor forma de o terminar é com uma falsa semanada:
O comandante de Tancos decidiu colocar um aviso junto ao buraco da vedação anunciado que aceita devoluções, bastando para tal que os ladrões apresentem os devidos comprovativos. O comandante prometeu ainda aos ladrões que os paióis serão geridos com o mesmo rigor que a zona dos iogurtes do supermercado, todos os equipamentos terão uma etiqueta indicando o prazo de validade e se algum produto não for retirado esse prazo, os utentes podem fazer queixa na ASAE ou pedir o livro amarelo do paiol junto do oficial de serviço.
Ao fim de uma semana de estar desaparecido e quando o deputado Amorim já sugeria que tinha sido umas das vítimas que António Costa escondeu no galinheiro dos pavões, na residência oficial de São bento, ao mesmo tempo que Ricardo Costa mandou um jornalista estagiário do Expresso verificar as listas da maluquinha dos cem mortos, para se certificar que o líder do PSD não estaria contabilizado como uma das vítimas de Pedrógão, eis que os fuzileiros encontraram o líder do PSD, estava numa aldeia remota de Pedrógão, tentando convencer a população a não se suicidar, podiam ficar descansado porque daqui a 6 anos, quando voltar ao poder o Estado vai cumprir com as suas obrigações.
Passos prometeu num jantar de lombo assado que com os seus governos os portugueses não esperam um ano por uma pensão de sobrevivência,. Aliás, por nenhuma pensão. Se voltar ao governo resolve o problema na hora acabando com as pensões de sobrevivência, pelo que os velhotes deixam de estar preocupados. Caramba, na hora das decisões é com Passos Coelho que os pensionistas contam!
Depois de se ter associado a Passos Coelho e à maluquinha dos cem na preocupação com as vítimas não contabilizadas dos incêndios, a líder do CDS prometeu dar sentido aos seus valores cristãos e promoverá uma missa na Sé de Lisboa em memória das vítimas dos incêndio, incluindo aqueles que por se terem suicidado morreram em pecado. Passos Coelho, em solidariedade pelos que ele próprio encontrou mortos depois de se terem suicidado, estará presente na missa. Marcelo informou que não estará presente, ao que parece só vai a procissões.
Passo Coelho assegurou que os serviços públicos funcionam agora pior do que nos tempos do resgate, com destaque para o SNS. O líder do PSD assegurou que os mortos nas urgências dos hospitais nos tempos do Paulo Macedo faleceram na sequência de suicídios e que a recusa em tratar os doentes com hepatite C  não aconteceu, foi mentira de 1.º de Abril.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Assunção Cristas, ombro a ombro com Hugo Soares no ranking da falta de noção do ridículo

por João Mendes


Recorte: TSF via Uma Página Numa Rede Social
Enquanto milhares sofrem e lutam contra o flagelo dos fogos florestais, um bando de oportunistas sem vergonha na cara ou noção do ridículo continua a instrumentalizar a tragédia com vista à obtenção de mais-valias político-partidárias e eleitorais. Hoje foi a vez de Assunção Cristas, que acusou o governo de "não saber lidar com situações sérias, difíceis e onde é preciso ter comando e autoridade". Sim, esta pérola tem como autora a mesma senhora que assinou de cruz a resolução do BES. A mesma que, perante a seca de 2012, tranquilizava o país com a sua fé inabalável de que a chuva estaria para chegar. Que se calou bem caladinha quando o seu irrevogável líder lançou o país e a governação no caos, ao apresentar uma demissão de ocasião, apenas para colher dividendos para si e para o CDS-PP, à custa de uma subida de juros como não há memória desde que este executivo assumiu funções. Que atulhou a Parque Expo com as suas clientelas partidárias. Eis como Assunção Cristas lida com situações sérias, difíceis e onde é preciso ter comando e autoridade. Só ao alcance de quem não tem noção do ridículo.

Fonte: Aventar


domingo, 23 de julho de 2017

Tem a certeza que quer falar sobre ligeireza e irresponsabilidade, deputada Cristas?


A ex-ministra que aprovou o projecto de resolução do BES sem saber muito bem do que se tratava, assinando de cruz com a própria admitiu, veio por estes dias acusar o primeiro-ministro de ligeireza e irresponsabilidade no que toca aos temas da Segurança e da Educação. Sobre o primeiro, com o foco de Assunção Cristas a apontar para o impasse nas secretas e para a ameaça terrorista, desconheço a existência de motivos para alarme. Aliás, a falta de notícias sobre o tema leva-me a crer que, das duas uma: ou os serviços de segurança têm sido extremamente eficazes a antecipar e desmontar potenciais ameaças, ou serão os terroristas que não têm grande interesse em gastar os seus parcos recursos no Rectângulo. A ausência de chefia nas secretas, por si só, não me parece motivo de grande preocupação. Com certeza que as suas funções estão asseguradas, ainda que de forma interina.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Dispensados de exame



O debate do Estado da Nação constitui um momento de balanço da situação económica e social do país, permitindo a avaliação das políticas levadas a cabo, ao longo do ano, pelo Governo em funções. É natural, portanto, que o executivo esteja no centro do debate.
Dito isto, não parece contudo haver justificação para o sossego em que é deixada a oposição de direita pela comunicação social em geral. Não é de agora, já vem de há muito. Talvez nem seja exagero dizer que é preciso recuar até à campanha eleitoral de 2015 para encontrar sinais substantivos de interesse mediático pelas ideias que o PSD e o CDS-PP têm para o país. Desde então, a curiosidade parece ser nula: que medidas concretas teriam prosseguido estes partidos se tivessem obtido maioria para formar Governo? O que entendem deveria ter sido feito em cada área de governação e que o atual Governo não fez? De que medidas, alternativas às que foram tomadas, resultaria a redução do défice, o crescimento da economia, a criação de emprego ou a melhoria dos rendimentos? Não sabemos. Não sabemos e parece não haver quem queira, nas múltiplas entrevistas, reações e conferências de imprensa destes partidos, colocar estas e outras questões.
Poderá argumentar-se que a identificação das propostas da direita para o país é desnecessária, uma vez que as mesmas estão vertidas, no essencial, em dois documentos: o famigerado «Guião para a Reforma do Estado» (aprovado pelo Conselho de Ministros em outubro de 2013), e o «Programa de Estabilidade 2015-2019», entregue em Bruxelas pelo anterior Governo, em abril de 2015. Mas, nesse caso, como conciliar as orientações políticas que estão, em ampla medida, refletidas nesses documentos (tendentes, por exemplo, a aprofundar o desmantelamento dos serviços públicos e do Estado Social e a reforçar e tornar permanentes os cortes nos salários e nas pensões), com o atual discurso da direita em torno de um suposto colapso do Estado e dos serviços públicos? Será que nem essa contradição suscita curiosidade, continuando a dispensar-se a direita de ir, também ela, a exame?

Postado por Nuno Serra em 18/072017

Fonte: Ladrões de Bicicletas

quarta-feira, 12 de julho de 2017

O Debate do Estado da Nação–12/07/2017

O Debate do Estado da Nação (2017)

Acompanhei o debate sobre o Estado da Nação realizado, hoje, na Assembleia da República e, do que ouvi, fiz a seguinte análise:
1 – O Primeiro Ministro, Dr. António Costa, mostrou-se desinibido, bem seguro de si e fez um discurso verdadeiro e elucidou bem o estado em que se encontra a Nação. Referiu os sucessos económicos, a redução do desemprego, o aumento do número de empregos criados, o que melhorou nas diversas áreas, tais como no ensino, na saúde, no aumento das pensões de reforma mais baixas, nos apoios sociais, a subida do investimento e do crescimento económico. Em suma, foi a inversão total da política seguida pelo anterior Governo do PSD/CDS que conduziu a estes resultados. Reafirmou a sua confiança na Ministra da Administração Interna, Constança Urbano Sousa, e no Ministro da Defesa, Azeredo Lopes.
2 – Da oposição, a primeira intervenção ficou a cargo do deputado do PSD, Luís Montenegro, que fez um discurso próprio de uma direita radical e extremista, como nunca se viu em democracia. Só veio confirmar que já não existe centro-direita, mas existe uma extrema-direita, confirmação que veio na intervenção da deputada do CDS, Assunção Cristas, também ela numa posição de direita extremista, pedindo ao Dr. António Costa a demissão dos ministros acima referidos e que o Governo estava com falta de liderança.
3 – Do que ouvi da oposição, as intervenções resumiram-se aos factos ocorridos na segunda quinzena de junho, o incêndio e as mortes ocorridas em Pedrógão Grande e o assalto!? aos paióis de Tancos. Para a oposição, o ano resumiu-se a apenas duas semanas.
4 – O deputado Passos Coelho tentou fazer um discurso de estadista, mas caiu na demagogia, afirmando que os êxitos se devem ao Governo que liderou e que, se ainda fosse primeiro ministro, Portugal estaria em melhor.
5 – Dos partidos que que apoiam o Governo BE, PCP e PEV saíram diversos e incisivos ataques à Oposição, confirmando o seu apoio ao Governo do Partido Socialista.
Em conclusão, o Primeiro Ministro levou a Oposição ao tapete. Do meu ponto de vista, o governo já não tem Oposição, mas dois agrupamentos de franco-atiradores.

Ovar, 12 de julho de 2017
Álvaro Teixeira

Clique para ler:
O Discurso do Dr. António Costa na íntegra

segunda-feira, 17 de abril de 2017

ASSUNÇÃO, A SANTINHA DO CALDAS (estatuadesal)

 

(Soares Novais, in A Viagem dos Argonautas, 16/04/2017)
santinha
 
Foi numa destas noites. Estava eu a fugir à metralha dos “doutores da bola” quando passei a correr por aquele canal que a todas as horas nos enche o dia de sangue e de histórias que fazem chorar as pedras da calçada. Ouvi: “A santa do Povo”. Voltei atrás, ao dito.  E logo me saltou à vista a Maria da Assunção, mais conhecida por Cristas. A que rendeu o Portas. Pensei para os meus botões: os tipos estão a chamar santa à Maria da Assunção?!
Perante tão angustiante dúvida fiquei pelo “tal canal”. Além de mais, entre ver e ouvir os “doutores da bola” e confirmar ou não a santidade da Assunção a diferença era nenhuma. Explico: os “doutores da bola” apresentam-se como castos e santos defensores dos clubes que representam, imunes a cartilhas e ordens papais; e a Cristas do PP avançou para a conquista de Lisboa ao infiel Medina sem pedir a benção do bispo da São Caetano, à Lapa. Não foi preciso esperar muito para desfazer tão angustiante dúvida, como já aqui disse: a Assunção, apesar da sua condição de católica e de liderar um partido dito democrata-cristão, não é a “Santa do Povo”. A “Santa do Povo” é Lúcia, a pastorinha de Fátima, cuja canonização o Papa Francisco, anunciou em Março, e de quem o “tal canal” vai transmitir uma “entrevista inédita”.
Por ora, a Maria da Assunção é apenas comentadora do canal que jorra sangue e conta histórias que fazem chorar as pedras da calçada. Ou se se quiser a “santinha do Caldas”. Do largo e da casa que já teve como pároco Portas. O Paulinho das Feiras, hoje avençado de uma petrolífera mexicana e do comendador Mota, que é aquele senhor de Amarante especialista em dar emprego ex-governantes…
Portas escolheu-a para continuar a sua missão. A missão de benzer os saudosos do santinho de Santa Comba Dão e do cónego Melo de Braga; os feirantes de todas as feiras do país; os retornados do outrora Ultramar português; e o padre que expulsou o maestro gay da igreja de Castanheira de Pêra. E fez bem, ao que parece.
A Assunção tem-se mostrado à altura da missão. É uma crente devota, gosta de dar beijinhos às velhinhas e aos velhinhos, às meninas e aos meninos, assume-se como “católica praticante” e os dedos das duas mãos não chegam para demonstrar a sua bondade.
Que o diga Maria Luís! Bastou-lhe enviar um “email” para que Cristas, mãe zelosa de quatro filhos em férias, concordasse com o desmantelamento do BES/GES. A colega, que saiu da austera e idolátrica Braga para cair nos braços das altas esferas terrenas, como o senhor Schäuble, por exemplo, agradeceu-lhe a confiança e resolveu o assunto, De uma penada. Tal como Assunção fez em recentes declarações ao Público:
“Como pode imaginar, de férias e à distância e sem conhecer os dossiês, a única coisa que podemos fazer é confiar e ser solidários, isso é para fazer, damos o OK…”
Ou seja: a Maria da Assunção deu o “OK” e o BES/GES ficou “KO”. E nós, os contribuintes, lá tivemos que dar mais uns “milhares” para a caixinha de esmolas que, dizem, ter salvo o “sistema financeiro” de cair no mais profundo dos “infernos”. Mesmo aqueles a quem a oratória  do santo e pecador Portas nunca convenceu…
Cristas acredita em tudo o que lhe dizem.  É uma crente, pois. E quando lhe interessa diz desconhecer. Como aconteceu, esta semana, quando foi interrogada sobre uma acusação feita ao Ministério Público (MP) que tem como alvo Portas e em que este é acusado de ter favorecido um dos seus actuais patrões, a Mota-Engil: “Não tenho nenhuma informação sobre isso.” Para logo acrescentar: “Nem sei de que questão estão a falar.” Isto é, a Assunção do Caldas só lê a cartilha que lhe interessa. Por isso não leu que a construtora Tecnorém se queixou ao MP de “um claro favorecimento da Mota-Engil” no concurso para a construção da Escola da Nato, em Oeiras. Portas era vice-primeiro-ministro e o director-geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho. Foi ele que lançou o concurso e é ele que preside ao Conselho de Fiscalização da seita que, entre outros, tem como um dos seus membros mais destacados o diácono Telmo Correia.
Mera coincidência, já se vê. Como aquela que se verificou quando foi feita a compra dos “indispensáveis” submarinos. Ou como aquela que daqui a um mês bem pode juntar Maria da Assunção e a convertida Zita aos pés da Virgem, em Fátima. Unidas pelo “amor ao próximo” e por ambas acreditarem, apenas, na justiça divina…

Ovar, 17 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

terça-feira, 14 de março de 2017

O BES e as férias de Cristas: Catarina Martins perplexa com entrevista ao PÚBLICO

À margem da visita ao bairro Padre Cruz, em Carnide, Lisboa, a coordenadora do BE considerou “de uma extraordinária gravidade” que o anterior Governo “nunca” tivesse “discutido os problemas da banca em Conselho de Ministros”.

 
    • Catarina Martins no bairro Padre Cruz, em Lisboa.
 
Catarina Martins no bairro Padre Cruz, em Lisboa. LUSA/ANTÓNIO COTRIM
“Assunção, por favor vai ao teu email e dá o OK, porque isto é muito urgente, o BdP tomou esta decisão e temos de aprovar um decreto-lei”. De repente, durante umas férias, Assunção Cristas recebe um pedido da ministra das Finanças, quando estavam ambas no Governo e a braços com o caso BES. “Sem conhecer os dossiers”, explicou a líder centrista, a única coisa que fez foi “confiar”.
Esta é apenas uma das partes da entrevista da centrista Assunção Cristas ao PÚBLICO, que já motivou piadas nas redes sociais e que deixou a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, de boca aberta. Mas há mais: “Não há ninguém que não fique perplexo e preocupado quando uma ministra nos diz que o Governo de que fez parte, que estava no furacão de uma crise financeira, nunca discutiu os problemas da banca e do sistema financeiro no Conselho de Ministros”, disse a bloquista, nesta terça-feira de manhã, à margem de uma visita bairro Padre Cruz, em Carnide, Lisboa.
Nem BES, nem Banif, nem CGD: “O Conselho de Ministros nunca foi envolvido nas questões da banca”


“É de uma extraordinária gravidade que PSD e CDS, que impuseram todo o tipo de sacrifícios à população por causa de uma crise financeira e do sistema financeiro que o país atravessava, nunca tivessem discutido os problemas da banca em Conselho de Ministros”, insistiu.
A deputada bloquista comentava a entrevista de Assunção Cristas ao PÚBLICO, na qual a ex-ministra do anterior Governo de direita afirmou ainda que “o assunto BES nunca foi discutido em Conselho de Ministros com profundidade”. Acrescentou que foi apenas referido e que “discussão em profundidade do problema do BES, das soluções, das alternativas, das hipóteses, isso nunca aconteceu”.
Mas Catarina Martins está também estupefacta com o episódio das férias: “Confesso que é também com muita estupefacção que alguém que foi ministra diz que assinou de cruz, ou seja, sem ler, sem conhecer algo de uma importância tão grande e com custos tão grandes para o país como a resolução do BES. Eu acho que sobre a natureza do anterior Governo estamos conversados. Quando o problema era a banca, nunca discutiram a banca em Conselho de Ministros”, continuou a bloquista.
A deputada do BE não compreende como pode uma ex-ministra mostrar esta “irresponsabilidade” num caso como o do BES: “Quando a decisão mais cara que tomaram para o país foi a resolução do BES, houve ministros que assinaram de cruz sem sequer ler o documento. O problema é que o Governo já passou e nós continuamos até hoje a pagar os custos desta enorme irresponsabilidade e incompetência”, afirmou, garantindo que o Bloco de Esquerda estará atento ao que se passa no sistema financeiro em Portugal, nomeadamente ao alerta da auditora KPMG para o facto de a Associação Mutualista Montepio Geral, dona da Caixa Económica (banco Montepio), ter capitais próprios negativos e necessitar de ser recapitalizada.
Na entrevista ao PÚBLICO, quando questionada sobre se repetiria a resolução tomada no caso BES, Assunção Cristas voltou a insistir que o anterior executivo não discutiu “os cenários possíveis” no Conselho de Ministros. E foi nessa passagem que contou que estava de férias quando recebeu um telefonema de Maria Luís Albuquerque: “Eu estava no início de férias e recebi um telefonema da ministra das Finanças a dizer: ‘Assunção, por favor vai ao teu email e dá o OK, porque isto é muito urgente, o BdP tomou esta decisão e temos de aprovar um decreto-lei’. Como pode imaginar, de férias e à distância e sem conhecer os dossiers, a única coisa que podemos fazer é confiar e dizer: ‘Sim senhora, somos solidários, isso é para fazer, damos o OK.’ Mas não houve discussão nem pensámos em alternativas possíveis — isto é o melhor ou não —, houve confiança no BdP, que tomou uma determinada decisão”.
 
Ovar, 14 de março 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 12 de março de 2017

Semanada (estatuadesal)

 

(In Blog O Jumento, 12/03/2017)
 
SEMANADA
 
Depois de ter elogiado Paulo Núncio pela sua elevação de carácter, Assunção Cristas descobriu agora que, afinal, não tinha havido qualquer responsabilidade política. Isto é, o tal momento de elevação de carácter de Paulo Núncio foi um tiro de pólvora seca, desnecessário e dado num momento de atrapalhação e na sequência de várias mentiras. Não havendo responsabilidades políticas por que motivo Assunção Cristas não insiste com Paulo Núncio para retirar o seu pedido de demissão dos cargos no CDS? Depois do momento de elevação de carácter de Núncio é a vez de ser Assunção Cristas a ter um momento idêntico.
Passos Coelho já sabe o que precisava de saber sobre as transferências para os offshores, que não tinha ocorrido qualquer situação fiscal e que o fisco ainda estaria a tempo de controlar. O problema agora é perceber por que motivo Paulo Núncio tudo fez para esconder as transferências dos olhos do povo, já que o argumento do “deixa-os pousar” não pegou.
Passos Coelho passou a semana em jantares de mulheres e talvez por isso se tenha transformado num exemplo de boas maneiras, principalmente nos debates parlamentares. Depois de muitas estratégias falhadas parece que a direita ensaiou uma nova versão de Passos, o líder da oposição é um rapaz muito educado e cheio de mesuras, o primeiro-ministro é um rufia mal-educado, reles e soez.
O Caso Marquês vai finalmente parir uma acusação e por incrível que pareça o BES que não serviu para acusar ninguém, serve agora para acusar José Sócrates. O MP deu a volta ao Mundo, mas em vez de ter começado no sentido da Av. Da Liberdade, onde estava a sede do BES, optou por viajar para nascente, deu a volta ao mundo, passou por paragens como Angola e Venezuela, passou uns tempos em Vale de Lobo, na viagem leram o livro de Sócrates e constituíram arguidos todos os que compraram mais de um exemplar e acabaram no CDT, o Culpado Disto Tudo. Estava escrito nas estrelas que a solução do Caso Marquês, a tal prova que levou três anos a encontrar, estava mesmo aqui ao lado.
Zita Seabra aparece num vídeo da Igreja Católica celebrando o 13 de Maio, estabelecendo a relação entre o centenário das aparições e o da revolução russa, para declarar a vitória de Fátima sobre Lenine. Depois de ver um modelo de virtudes proletárias, a mais dura dos comunistas no tempo de Cunhal, convertida numa beata devota da Nossa Senhora de Fátima, sou capaz de acreditar que um dia destes Maria Cavaco Silva ainda se vai inscrever na JCP, fazendo o percurso inverso ao da camarada Zita.
 
Ovar, 12 de Março 2017
Álvaro Teixeira

sábado, 11 de março de 2017

OS RESSABIADOS (estatuadesal)

 

(Joaquim Vassalo Abreu, 09/03/2017)
ressabiados1

“Ressabiado” é um dos tais adjectivos que não se chama a ninguém. Eu até o acho um dos mais feios que a língua portuguesa contem. É como chamar “sonso” ou “sonsa” a alguém, e se for no feminino aí até o caldo de certeza que entorna. Porque o “ressabiamento” releva para o melindre, para o agastamento, para o ressentimento. Tudo coisas a que não devemos apelar das profundezas de qualquer ser, assim de mal com a vida ou descontente com o rumo que leva…E torna-se mesmo perigoso, pois apela à “revanche”.
Assim como no futebol, onde assistimos a gente insuspeita lançar impropérios intraduzíveis contra os árbitros e tudo o que se movimente e não sirva os superiores desígnios da sua equipa e nós, não fanáticos, olhamos de soslaio e nos perguntamos “Este? Como pode ser?”, também no caso de ontem da Assembleia, para quê Costa chamar Passos, Montenegro & Ca Lda de “ressabiados”, só porque no último debate estes lhe chamaram de vil, de ordinário, de soez, de reles, de mal educado, e outras coisas mais?
Tu devias fazer como os árbitros no futebol, Costa. Querem lá eles saber para onde os mandam, o que e onde devem tomar, se até as suas mães, esposas ou namoradas disso se alheiam e a isso tapam os ouvidos? Aquilo, Costa, aquilo são “claques”, apenas “claques”, apesar de oficiais, Costa! Agora, meu caro e dileto Costa, chamares-lhes “ressabiados”? Depois não queres que ele diga, como eu disse num texto de há uns dias, “deslarguem-me, que eu vou-me a ele”…
Portanto Costa, tens que ser mais compreensivo e bondoso, deixá-los viver lá no mundo deles, utilizar o seu dicionário, até ele se esgotar e não terem mais adjectivos livres para te invectivarem, Costa. Releva, meu. Faz como o Jerónimo, pá. Viste o que há dias ele fez, quando começava a falar, perante aquela gritaria toda, lá está, como se estivessem num estádio? O Jerónimo soergueu as sobrancelhas, fez uma daquelas caras que até o susto arrepiam e disse-lhes, com aquela calma e classe que se lhe reconhece: “ Eu já ando aqui há muitos anos e nunca vi a direita tão barulhenta. É sinal que estão derrotados, mas assim não vão lá, assim não vão lá…”.
Vá lá Costa, sê humilde e pede-lhes desculpa! Mas não faças como aqueles que se viram para alguém e dizem : “Peço desculpa, mas V.Exª é uma “granda” besta! Nada disso.
Mas eu percebo a tua pungente pergunta, aquela pergunta que te faz exasperar e tanto pensar e para a qual não encontras qualquer razão, e isto é só um aparte- e eu também não!, e que é a de não saberes o que desculpar. Pedir desculpa de quê, perguntas-te tu e muito bem?
Complicado, não é? Mas olha António: eu sei que não és crente, mas sabes certamente, como todos sabemos, o que dizem os Evangelhos, a Bíblia ou lá o que é, que eu nisso sou como tu. Mas qual é o dito? É o seguinte: “Bem aventurados os pobres de espírito que deles é o reino dos céus”.
E depois tens que saber medir bem as temperaturas! Hoje, por exemplo, esteve um calor dos diabos! Mas o que é certo é que ele já ontem foi anunciado com aquela súbita e inexplicável subida de temperatura no Parlamento! E tu sabes bem, meu caro António, que esta temperatura desmesuradamente quente não é própria da época! Porquê, então, contribuíres para este aquecimento?
Deixa-os falar, António! Responde ao que eles querem que respondas porque, no resto, quer dizer, do passado, todos nos lembramos. Deixa-os falar, António. Deixa-os culparem-se, a seguir desculparem-se e, de imediato, te culparem. Que se há-de fazer, António? C,est la vie, non?
Já agora olha-me também, não digo com tanta atenção como deves olhar para o Jerónimo, para a Catarina, que de tão tonta estava de tão inusitada subida de temperatura, já a suar por todos os poros, uma transpiração também ela incomum de incompreensão feita, quando ela disse: “Mas vocês estão a falar de quê? Que se passa?”, perguntava ela, cheia de calores.
Já o Jerónimo, afundado na sua cadeira, já moldada a tantos anos de ali sentado, olhava com uma bonomia alheia a quaisquer aumentos de calor, e sem precisar sequer de ar condicionado, para tudo aquilo e devia pensar, como aqui penso que já referi, tal como o nosso Pai fazia, quando nós, em Família, tudo discutíamos como se dessa discussão, ou da putativa razão de cada um, resultasse o futuro da humanidade e ele pensava (e dizia): “Que tolinhos…”!
Portanto António, dou-te um conselho amigo, e tu sabes que o é: Tu mede-me as palavras António, tu mede-me as palavras…
E deixa-os levar a bicicleta, António! É que eles nem se dão conta que tem os pneus furados, António!
Vai por mim…
 
Ovar, 11 de Março de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Ela consegue dizer que o país é que deve sem se rir

 

(Por Estátua de Sal, 26/02/2017)
 
Assunção Cristas
Assunção Cristas

                                         
 
Paulo Núncio
Sem escapatória possível, o Dr. Núncio veio assumir responsabilidades políticas pela ausência de publicação das listas das transferências para offshores, durante o Governo de Passos Coelho. Antes de mais, convém dizer que o ex-secretário de Estado não pode, à luz dos preceitos constitucionais, como escreve e bem Francisco Seixas da Costa, (Ver aqui), assumir responsabilidades que são sempre do ministro de quem depende, e em última análise do primeiro-ministro em funções. Logo, este mea culpa, tardio e hipócrita só pode ter como fim último lavar a face aos verdadeiros culpados, a saber, Maria Luís Albuquerque e Passos Coelho. Núncio coloca-se pois na pele do cordeiro que se vai imolar para aplacar a ira dos deuses, neste caso dos portugueses, e desviá-la dos verdadeiros responsáveis pelos dislates cometidos.
Mas, cordeiros à parte, o mais curioso desta novela, até ver, são as declarações da Dona Cristas sobre a confissão de Núncio. Diz ela que tal confissão revela uma grande elevação de carácter. A Dona Crista é mesmo uma grande argumentista de comédias. Núncio começou por dizer que a culpa era da Autoridade Tributária, depois que era dos computadores, e só quando o ex-Director Geral dos Impostos, Azevedo Pereira, veio a público dizer, preto no branco, que a lista não era publicada porque não tinha autorização para o fazer, é que o Núncio dá a mão à palmatória. Portanto, a Dona Cristas acha que confessar a falta quando se é apanhado em flagrante delito revela uma grande elevação de carácter! Caramba, ó Dona. E um tipo que confesse, não tendo sido apanhado em falta, por arrependimento espontâneo, o que revelará? Uma elevação ao quadrado ou ao cubo?
Talvez seja por ser Carnaval e a Dona achar que, portanto, ninguém leva a mal, a senhora não se coibiu ainda, não só de absolver o pecador arrependido, de o dispensar da adequada penitência, mas de o premiar pela falta cometida. Espante-se que foi acrescentando que o país deve muito a Paulo Núncio.
Fico espantado com o desplante. A dona Cristas deve andar com os fusíveis um pouco trocados de forma que, de quando em vez, surgem curto-circuitos muito estranhos. Que se saiba, quem pode, eventualmente, estar em dívida é o Dr. Núncio que pela sua acção - tenha sido deliberada ou negligente, pouco importa -, possibilitou que 10000 milhões de euros, ou pelo menos impostos associados a tal quantia, estejam em dívida aos cofres do Estado.
A lengalenga de que os impostos não se perderam porque podem ainda ser exigidos pela AT, caso a eles haja lugar, não invalida que não tenham ainda sido pagos e que nunca o seriam caso o Dr. Núncio continuasse em funções, já que a lista das transferências continuaria seguramente na gaveta dele a apanhar pó.
É por isso, que as afirmações da Dona Cristas, devem ser consideradas como mais um atentado à inteligência dos portugueses, revelando, elas sim, uma grande falta de elevação, e uma grande falta de carácter, da parte de quem levianamente as proferiu.
Depois queixámo-nos do avanço do populismo e da descrença dos cidadãos nos políticos. De gente que consegue dizer que quem deve é quem tem a receber, e que quem tem a receber é quem deve, os cidadãos só podem ter justificadas desconfianças. Porque é o mesmo que dizer que se devem condecorar os larápios e mandar prender os justos.
 
Ovar, 27 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Os peões de brega: Cristas, Guedes e Montenegro

 

(Por Estátua de Sal, 23/02/2017)
trogloditas
A direita portuguesa anda histérica. Depois do diabo ter metido férias, o déficit ter atingido o valor mais baixo de sempre, a economia estar a ganhar fôlego, os rendimentos de muitos portugueses terem aumentado e as cassandras internacionais, FMI, Comissão Europeia, OCDE, terem engolido em seco perante os resultados económicos de 2016, a direita coleccionou derrotas em toda a linha e ficou com a agenda reduzida a um programa político de 160 caracteres ao nível nos SMS do Domingues.
Com tanta irritação e falta de comprimidos para o mau humor, resolveram atacar tudo e todos. Atacam o Centeno porque dizem que mentiu, atacam o Costa porque o protegeu, atacam o Marcelo porque protegeu o Costa, e atacam agora o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, porque não os deixa atacar, como eles querem, o Centeno, o governo, e especialmente a CGD.
Falam já de "asfixia democrática e parlamentar", coitados, eles que tem toda a comunicação social a conspirar a seu favor, e onde o espaço de análise e comentário lhes é escandalosamente favorável, e por isso altamente enviesado. Basta ver as parangonas dadas à polémica dos SMS do Domingues em contraponto com o relevo que está a ser dado à recente notícia da saída dos dez mil milhões de euros para offshores no tempo do governo anterior, sem que a Autoridade Tributária os tenha controlado cabalmente. É uma desproporção de tal calibre, a qual é inversamente proporcional à gravidade e ao impacto financeiro dos dois assuntos, que é de bradar aos céus.Mas eles é que estão asfixiados. Ria-se até ao choro.
Assim, a Dona Cristas vai amanhã ao Marcelo apresentar queixa, pelo facto de as esquerdas, como ela gosta de dizer, lhe estarem a apertar o gasganete. Como se o Marcelo pudesse fazer fosse o que fosse e meter-se no assunto, tendo em conta a independência dos orgãos de soberania, constitucionalmente consagrada. Mas, claro que para a Dona Cristas, a Constituição é como uma revista de moda chique que se pode ler de pernas para o ar porque, o que verdadeiramente interessa, são as gravuras. Já estou a imaginar a Dona Cristas a dizer ao Marcelo: - Ó sr. Presidente, estou com uma falta de ar enorme. E o Marcelo, que é hipocondríaco e de remédios sabe tudo, a responder na passada: - Ai sim? Olhe, tome lá um frasco de Onsudil que é excelente para a dispneia. Não me diga que não conhecia e que nunca tomou?!
O deputado do PSD Marques Guedes fala mesmo de totalitarismo, perigosas derivas e atropelos aos regulamentos da Assembleia da República, tudo com a conivência activa do seu presidente. (Ver aqui). Tudo porque insistem em querer colocar a coscuvilhice ao serviço da sua política ressabiada já que nada mais tem para oferecer ao país que não a sua quezilência de personagens menores.
Mas o mais acutilante ponta de lança da direita é mesmo o deputado Montenegro que vem à baila com mais uma doença do foro mental: a claustrofobia democrática (Ver aqui). Ora, diz o dicionário Priberam que a claustrofobia é o "Medo patológico da clausura ou dos pequenos espaços" (Ver aqui). O que quererá o Montenegro dizer? Que tem medo do Parlamento? Que o Parlamento encolheu e ficou reduzido a um T0? Que o PSD já não cabe no Parlamento? Foi então por já não caber na sala que o deputado do PSD Matos Correia abandonou a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD? Ria-se de novo.
Mas, a prova máxima da histeria, e o mais grave ainda, foi ver hoje o Montenegro a chamar "soez" ao primeiro-ministro, em declaração às televisões. Anda a usar palavras caras, o Montenegro. Lá tive que ir de novo ao Priberam para ver o que era, ainda que intuísse que não devia ser coisa boa. Soez é o mesmo que "Vil, torpe, reles", adjectivos nada bonitos para designar um primeiro ministro.
Para quem anda tão asfixiado, não está nada mal a liberdade com que praticas o insulto ó Montenegro. E se eu te disser que não passas de um peão de brega, um bandarilheiro falhado desse teu incompetente e quadrilheiro chefe que é o Passos Coelho? Gostas do troco?
Em suma. A corja está em pânico. Sempre valeu tudo mas agora vale o mais que tudo e já nem sequer se esforçam por manter o verniz da civilidade e da boa educação. A verdade, como diz o povo, é como o azeite e vem sempre ao cima. E quem é troglodita nunca deixa de o ser. Por muita fazenda e água de colónia que ponha em cima da sua pele de cavernícola.

Ovar, 26 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira