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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Corridas para o fundo

Blasfémias

Posted: 08 Nov 2017 06:08 AM PST

Depois de a Síria ter anunciado a sua adesão ao Acordo de Paris, os EUA de Donald Trump passam a ser o único país a ficar fora do compromisso para conter o aquecimento global. Para os defensores da concorrência sem regras nem limites, este isolamento poderá ser encarado como uma vantagem competitiva. É a lógica da corrida para o fundo. A mesma lógica em que assenta, num outro plano, a competitividade através de baixos salários, da desregulação das relações laborais, da destruição do Estado Social e do desprezo pelas pessoas e pela sua dignidade e bem-estar.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Sobre mortos que insistem em não morrer: o fantasma da história atormenta o capitalismo

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Heribaldo Maia, in Blog LavraPalavra, 07/11/2011)

lenin-armario

(Dedico este texto ao habitual comentador dos artigos que aqui publico e cujo pseudónimo é "anticapitalistaincorrigivel". Estátua de Sal, 07/11/2017)


O fim do século XX trouxe à tona um grande debate sobre o fim da história – teoria do filósofo Francis Fukuyama – e de uma sociedade pós-ideológica, onde não se teria mais espaços para o discurso ideológico nem âmbito político nem referente a políticas económicas. Isso porque a humanidade já teria chegado ao ápice da organização societária: na esfera política a democracia liberal e na esfera económica o capitalismo liberal.

Porém ao voltarmos um pouco no tempo e observarmos o mundo do século XX, em especial o período da guerra fria (1945-1991), o que vemos é o oposto dos dias atuais: o movimento da história estava a todo vapor impulsionado por uma grande disputa ideológica que permeava debates e práticas políticas – um verdadeiro ambiente de disputa em aberto e de devir histórico a ser construído “no agora”. O fim da segunda guerra mundial em 1945 marca a história do século XX sob dois aspectos fundamentais: a) a derrota militar e política do nazismo e fascismo e b) a consolidação da URSS (União das República Socialistas Soviéticas); criando assim uma nova geografia do poder mundial, sob o desenho de uma dualidade entre: Estados Unidos da América (EUA) e URSS.

Há uma importante afirmação de Thomas Hobbes em seu Leviatã: “a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida”. Partindo do ponto de vista hobbesiano, podemos dizer que o fim da segunda grande guerra mundial marca o início do que Eric Hobsbawn chamou de “Terceira Guerra Mundial” (na Era dos Extremos). Esse era o clima da Guerra Fria. Tal período, que vai de 1945-1991, evidenciou o acirramento definitivo de duas visões de mundo antagônicas: de um lado o capitalismo (representado pelos EUA) e o socialismo (representado pela URSS).

A guerra fria ficou marcada, dentre outras coisas, pela dicotomia ideológica entre capitalismo e socialismo. Gerações inteiras foram criadas na sombra de uma batalha ideológica – e real, obviamente – sem precedentes na história. Ameaças de guerras nucleares rondavam os noticiários do mundo, a propaganda foi usada por ambos os lados para atacar, defender e cooptar novos aliados. Estados Unidos e União Soviética travaram uma guerra “sem armas” nos mais diversos campos possíveis: nos desportos, nas artes, nas ciências, no desenvolvimento da tecnologia, no militarismo, etc.

Ao contrário do período da guerra fria, o mundo atual aparenta não existir uma divisão dicotômica tão evidente, pelo contrário, parece que a queda do Socialismo Real e a perda de imantação teórica do marxismo levantaram uma “poeira ideológica” que impede uma visão clara, criando uma confusão intelectual nos pensadores contemporâneos – uma espécie de paranoia intelectual coletiva, que deu origem a aberrações como a pós-modernidade. Essa “confusão” que marca os tempos atuais é agravada quando se constata fatos como: ondas fundamentalistas/conservadoras no Oriente Médio, crescimento do nazi-fascismo no leste europeu, o fortalecimento de movimentos separatistas e o aparente fim da luta de classes enquanto elemento político central no debate político, e se colocando no lugar lutas por reconhecimento.

Assim, o cenário atual é bastante complexo – não que o século XX não o fosse. O debate político no século XXI se diluiu em inúmeras pseudo-possibilidades postas como “a última novidade”: o neoliberalismo reinventado, eco-capitalismo, economia solidária, novos hippies e suas comunidades, etc. Junto a essa aparente pulverização da política temos também a mudança de foco da intelectualidade que tirou da centralidade das reflexões teóricas as questões político-económicas e deslocou para questões culturais e subjetivas, colocando o homem não mais inserido em uma estrutura de classes, mas como seres individuais em disputas de afirmações “identitárias” do ser, mesmo que o próprio conceito de identidade como posto na modernidade seja colocado em cheque (mas esse ponto requer outro debate).

O fim do Socialismo real trouxe uma falsa impressão de que o esquema de democracia liberal capitaneado pelo capitalismo havia vencido. O fim da Guerra Fria e a temporária vitória capitalista fez com que Francis Fukuyama dissesse que “os seres humanos haviam alcançado o ápice da organização social e política”. Porém essa sensação de que o mundo e os homens haviam chegado ao máximo das formas organizativas de sociedade durou pouco tempo. O mundo “pós-ideológico”, como aponta alguns, se revelou um cenário perigoso, já que essa “ausência ideológica” deixa um buraco a ser preenchido e com isso a situação mundial fica totalmente aberta, e tal abertura é como,  segundo Mauro Iasi, “um copo vazio pronto para ser preenchido”. Mas preenchido pelo que? Essa pergunta é, do ponto de vista intelectual, uma das grandes questões do tempo atual. Existe hoje uma avalanche de ideias e práticas prontas para preencher esse “copo pós-ideológicos”. Outra observação é tirada de Slavoj Zizek, o esloveno afirma que quanto mais nos afirmamos afastados da ideologia, é exatamente nesse ponto que a ideologia nos tomou por completo – um exemplo é o “Escola sem partido”.

O que fez uma pergunta de caráter puramente político/ideológico/económico vir à tona e, novamente, trazer o foco para questões políticas? A resposta foi: o constante estado de crise, que culmina em 2008. Crise essa que corrobora com a teoria de “crise cíclicas do capitalismo” descrita por Karl Marx – o que também recoloca o pensador alemão no cenário intelectual. Ao contrário da falácia neoliberal de que as crises eram frutos de políticas sociais, fazendo o Estado gastar mais do que deve, essa crise, como aponta Zizek, teve sua gênese com a articulação de políticas pró-capitalistas de caráter neoliberal promovidas pelo então presidente norte-americano George W. Bush (o filho). A crise fez grandes empresas mundiais falirem e pedirem ajudas financeiras, ironicamente, aos governos.

Governos desesperados com a derrocada económica e os desajustes políticos tomaram medidas, tipicamente neoliberais guiados pela cartilha do FMI (Fundo Monetário Internacional) e demais organizações para acalmar “o mercado” – entidade que ninguém vê, mas que exige tanto de nós – na busca de reverter os efeitos da crise para recolocar a economia nos trilhos.

Enquanto o Estado salvava os “haters do Estado”, os trabalhadores sentiram as primeiras mediadas: vieram então demissões em massa, arrocho salarial, aumento nos impostos para os mais pobres e exoneração fiscal para os investidores, negociações forçadas das dívidas públicas e esfacelamento do que restou de seguridade social. A pressão dos operadores capitalismo para que países seguissem as regras foi enorme, porém a revolta popular que não aceitou tais medidas ressurge com grande força, recolocando em pauta questionamentos sobre o capitalismo. Para desespero de Fukuyama e dos “agnósticos da New age”, como Zizek chama os pós-modernos, a história não acabou.

O povo retornou as ruas, e de acordo com Zizek a mensagem é clara: “eles não sabem o que querem, mas sabem o que não querem” (no sugestivo livro: O ano em que sonhamos perigosamente) – e eles não querem o capitalismo atual. As pessoas na Europa foram as ruas contra as políticas econômicas aplicadas para conter a crise, mas quando pessoas insatisfeitas se revoltam sem um claro direcionamento ideológica o resultado pode ser o mais aberto e imprevisível possível – mesmo que toda situação histórica seja imprevisível e aberta. Em diversos países, e até na Alemanha, ressurge o nazi-fascismo; no Oriente Médio o sionismo Israelense ganha força e apoio norte-americano; o fundamentalismo religioso muçulmano alimentado pela geopolítica do petróleo expande e aterroriza as populações locais (recomendo o filme “Timbuktu” do diretor ”Abdarrahmane Sissako”; já a América Latina observa a ofensiva imperialista norte-americana; o Occupy Wall Street colocou pessoas nas ruas do maior centro financeiro do mundo com a seguinte mensagem: não aceitamos mais esse sistema como ele é. A revolta, muitas vezes puramente reativa, ao modelo neoliberal gerou soluções mais diversas: seja pela via de um retorno ao autoritarismo de direita (o nazi-fascismo), mas também soluções difusas e sem objetivos como o Occupy Wall Street ou a tentativa de se retornar a “um capitalismo com face humana” através de um “reformismo fraco, mas seguro” promovido pelo Podemos, Syriza e no Brasil o PT.

O século XXI nos trouxe uma realidade muito complexa. A crise atual nos colocou numa situação em que o modelo atual de políticas já não dá mais conta das demandas sociais, em contrapartida ainda não existe uma alternativa posta como “o novo”, mesmo o comunismo precisa ser recolocado em tal patamar, uma nova forma de pensar e gerir essas demandas vindas da sociedade. Como bem colocou o filósofo italiano Antonio Gramsci “os tempos de crise são tempos em que o velho ainda não morreu e o novo ainda não nasceu”, portanto vivemos em um tempo-transição, sabendo que não há problemas que não sejam gerados com suas possibilidades de soluções, mesmo que tais soluções ainda não sejam claras e visíveis – não esqueçamos das lições do velho Marx, que apesar de tantas tentativas, se recusa a morrer.

“A história acabou” disse Francis Fukuyama após a queda do socialismo real, mas não foi preciso que um grupo de pensadores e intelectuais para refutar essa tese. Clio e suas artimanhas tratou de mostrar que a história não acabou – pois ela não acaba – pelo contrário, está viva e se movimentando diante dos olhos de todos nós. O século XXI fez Fukuyama engolir cada palavra. Foram inúmeros eventos históricos como a crise financeira de 2008, as questões ambientais, a insurreição das minorias, o direito a cidade, o questionamento aberto ao neoliberalismo, etc.

É difícil fazer um prognóstico para o decorrer do século atual diante de um cenário de tantos impasses. Do ponto de vista político é necessário considerar a emergência de novos agentes sociais como mulheres, negros, LGBT’s, etc. Assim é necessário levar a sério uma análise das chamadas “lutas por reconhecimento”. Porém, a constatação de que novos sujeitos sociais ganham cada vez mais protagonismo político não nos deve levar, como levou Axel Honneth, a dar por eliminado a questão da “luta de classes”. É necessário, primeiramente, interpretar o mundo, dar um passo atrás. Como diz Zizek, é necessário não se levar por impulsos pseudo-ativistas e pensar o mundo atual e suas demandas. Cabe aqui um detalhe: o fato de o momento exigir mais da teoria que da práxis não significa o abandono da prática, pelo contrário, serão as demandas práticas que guiaram as novas exigências teóricas. Como Freud, que ao clinicar partia de suas concepções teóricas, porém ao perceber as limitações práticas de sua teoria, as adaptava, mudava, abandonava pressupostos, assimilava novas questões e, de tal forma, superava sua antiga prática indo além. Retornando ao argumento: o momento político requer pensar uma política do reconhecimento, mas que tenha como elemento norteador a questão de classe. Negros, mulheres, LGBT’s, minorias étnicas, etc., estão inseridas na sociabilidade capitalista, que continua, em sua essência a mesma: dividindo possuidores e despossuídos. É partindo de uma estrutura classista que as pessoas buscam reconhecimento, ao menos enquanto houver capitalismo – o que vai além da questão de classe-em-si e classe-para-si. É importante que o horizonte revolucionário não saia do escopo político, mesmo em uma teoria do reconhecimento, visto que grandes conquistas de liberdade e segurança para o sujeito ser se deu através do movimento socialista. Ao contrário de dar um diagnóstico a cerca do problema, coloco aqui elementos que considero fundamental para repensar uma teoria da ação política que não abandone as grandes contribuições do marxismo e das experiências socialistas, já que considero que esse abandono leva ao fim de qualquer perspectiva emancipatória, caindo numa esquerda que se resume a fazer mimeses do liberalismo.

O seguimento do século XXI será de um acirramento das contradições impostas pelo sistema capitalista neoliberal. Contradições que se refletem até mesmo no adoecimento mental: vejam-se os inúmeros casos de depressão. O sistema de democracia liberal tem seus últimos dias de vida. Países como Bolívia, Venezuela e Cuba tentam implantar modos de dar voz as pessoas, superando as limitações da democracia liberal, o que também não significa que não tenham problemas, apenas que seus problemas são qualitativamente diferentes.

Portanto o século XXI será um tempo de caótico, onde vários fatos provarão que a história não acabou, mas segue seu rumo. Os acirramentos gerados pelo capitalismo e a luta refletirão numa série de disputas no campo ideológico político, justamente campos dados como secundários pelos pós-modernos. É provável, na verdade necessário, que o pensamento marxista e a esquerda recuperem sua vitalidade e força de cooptação até como resposta a essas incompletudes e injustiças causadas pelo capitalismo. Porém não será a esquerda que vimos tempos atrás, nem mais será uma esquerda que recairá em políticas de reformismos fracos e seguros como o PT no Brasil, mas uma nova esquerda renovada pelos próprios erros e que pela prática pense o mundo superando sua ação política.

Gilles Deleuze tem uma frase interessante, dizia o francês que “o século XX não trouxe soluções erradas para os problemas, mas problemas errados”. Cabe a esquerda, tomando como ponto de partida essa ideia de Deleuze, do século XXI não ignorar e dar como dado os fatos passados, mas partindo desse histórico tentar interpretar melhor o mundo atual e as conjunturas envolvidas, e a partir de suas experiências tomadas como legado a ser assumido, corrigir, através de sua ação política, a visão dos problemas postos na atualidade. Aí sim, a solução surgirá da própria materialidade que interage com a prática humana, cabendo aos homens sua emancipação.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Um só ataque da Coreia do Norte pode matar 90% dos norte-americanos

Um só ataque da Coreia do Norte pode matar 90% dos norte-americanos

Por AJB - 14 Outubro, 2017



Uma bomba nuclear EMP, lançada por um míssil ou satélite e detonada a grande altitude, destruiria parte dos EUA
A Coreia do Norte tem a capacidade de lançar um ataque fulminante com uma bomba nuclear de pulso electromagnético de grande altitude, que destruiria a rede eléctrica do país e dizimaria a população norte-americana.
Segundo um relatório apresentado esta quinta-feria por uma comissão de peritos em assuntos militares ao Congresso dos Estados Unidos, um só ataque nuclear da Coreia do Norte pode matar 90% da população norte-americana.
Intitulado “Ameaça vazia ou perigo sério: avaliando o risco da Coreia do Norte para o território dos EUA“, o relatório foi apresentado à Comissão de Segurança Interna do Congresso por uma task force encarregada de avaliar a ameaça para os Estados Unidos de um ataque de pulso electromagnético.
Segundo o jornal The Washington Examiner, se a Coreia do Norte optar por um cenário de “Dia do Juizo Final”, pode usar uma bomba nuclear EMP, lançada por um míssil ou satélite e detonada a grande altitude, que destruiria parte dos Estados Unidos e cujo pulso electromagnético inutilizaria a rede eléctrica do país por tempo indeterminado.
Num cenário deste tipo, 9 em cada 10 americanos morreriam no espaço de um ano.
Segundo consideram os relatores da task force, citados pelo jornal conservador da capital norte-americana, “a ameaça da Coreia da Norte nunca foi tão alta”, em parte pela recente escalada de tensão e troca de ameaças entre as duas partes, mas também pela “surpreendente capacidade nuclear que os coreanos revelaram” nos últimos testes.
Os dois relatores do documento, William R. Graham e Peter Vincent Pry, salientam que os Estados Unidos estão “há anos a ignorar os sinais de aviso” e que as manobras militares norte-coreanas dos últimos meses deveriam funcionar como “toque a despertar”.
Há apenas 6 meses, dizem os dois peritos, a maior parte dos especialistas em assuntos militares norte-coreanos defendiam que o arsenal nuclear de Pyongyang seria totalmente primitivo – na pior das hipóteses consistiria em apenas 6 bombas atómicas – e que o país estaria muito longe de conseguir produzir uma bomba de hidrogénio.
Actualmente, realça William R. Graham na sua intervenção, os especialistas militares estimam que a Coreia do Norte tenha nada menos que 60 bombas nucleares, e tudo indica que tem uma sofisticada bomba H comparável às armas termonucleares americanas.
Segundo se pode concluir do relatório, aparentemente os norte-americanos poderão ter razões para estar preocupados com o facto de haver armas nucleares controladas por alguém que não lhes dá garantias de que nunca as venha a usar.
Algo que, consideram alguns analistas, deveria preocupar o resto do mundo, mas não apenas em relação às armas nucleares norte-coreanas.
AJB, ZAP //

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Mais um aniversário de um dos grandes atentados terroristas patrocinados pelos EUA

11/09/2017 por João Mendes

Foto encontrada no mural do Facebook de Rui Bebiano
Foi há 44 anos que o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, no Chile, foi derrubado por um golpe terrorista, patrocinado pelos maiores fabricantes de golpes militares do mundo, os Estados Unidos da América.
O dia 11 de Setembro de 1973 é o culminar de uma série de manobras norte-americanas, orquestradas pela CIA, que incluíram assassinatos selectivos, suborno de grevistas ligados à extrema-direita, financiamento e treino de grupos paramilitares fascistas, bloqueios económicos e pressão sobre outros países para que seguissem a mesma via, sob ameaça de represálias, entre outros esquemas que habitualmente vêm nas cartilhas terroristas do Tio Sam, sempre que se põe em prática um dos muitos planos, quase sempre bem-sucedidos, de derrubar governos democraticamente eleitos que, por algum motivo, não agradam a Washington. Ou, dito por outras palavras, governos que se recusam a ser vassalos à força do Estado mais violento do planeta.
Derrubado o governo democraticamente eleito de Allende, os EUA patrocinaram a ascensão de uma ditadura violenta, comandada pelo general Augusto Pinochet, uma referência que une, de forma quase unânime, extrema-direita, neoliberais e conservadores-fachos. Durante a vigência do regime fascista de Pinochet, dezenas de milhares de chilenos foram presos, torturados e assassinados. Os sindicatos foram ilegalizados, a economia foi sujeita a processo radical de privatizações e o país é hoje um dos mais desiguais do mundo.
Em 1998, um mandato de captura internacional, emitido pelo juiz espanhol Baltazar Garzón, para que Pinochet fosse julgado por crimes de genocídio e tortura, entre outros, levou à sua prisão em Londres. Valeu-lhe a intervenção de Margaret Thatcher, que intercedeu pelo amigo, e lhe que garantiu escapatória dos crimes violentos que praticou durante os 17 anos de vigência do seu regime. As costelas fascistas de Thatcher falaram mais alto. Como de costume.
Acabou por morrer com 91 anos, tendo passado mais tempo no planeta do que aquilo que merecia, sem que nunca se tenham investigado devidamente as suspeitas de enriquecimento ilícito, bem como sem que fosse julgado por todo o mal causado aos chilenos. Era inimputável, coitado. Continua a unir neoliberais e fascistas, que nunca se cansarão de legitimar os seus crimes, e a sua memória por cá continuará a pairar, para que nunca nos esqueçamos que organização alguma promoveu tanto o terrorismo, do extremo oriental da Ásia à América Latina, como os governos norte-americanos.
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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Escravatura moderna = "flexibilidade" = "desvalorização interna" = euro. Qual é a saída?

Posted: 29 Aug 2017 08:41 AM PDT
A luta contra a precariedade laboral só pode ser feita no quadro de uma luta mais geral contra a política económica que nos impõe a desvalorização dos sindicatos e da contratação colectiva - negociar na empresa é pôr frente a frente o forte e o fraco -, a política de esmagamento salarial em nome da competitividade-preço. Dentro do euro, dizem-nos, não há alternativa (TINA). E é que não há mesmo!
Se ficarmos sentados, à espera de melhores dias, a situação descrita no texto abaixo irá alimentar o desespero e o voto na direita xenófoba e violenta. É o que está a acontecer na Europa e nos EUA, tal como nos anos 30. Mudar isto exige muita indignação organizada e um grande esforço para a construção de uma alternativa política vitoriosa.
Com experiência do trabalho em comércio, fora de Portugal e, desde há cinco anos, de novo no país natal, Rafael diz que nunca sentiu “tanta pressão, humilhação, desvalorização, e uma escravatura mental, de tal maneira que, nos últimos dois anos, só no meu departamento, já perdemos à volta de 10 colegas, por variadíssimas razões: desde carga horária, reduções salariais, regime de turnos com escalas completamente loucas, que faz com que muitos casais não possam estar com os filhos ao fim de semana e os mais jovens estarem com a família”. Rafael garante que tal ambiente tem reflexos na saúde dos “colaboradores que andam esgotados, tanto física como mentalmente – depressões, esgotamentos, estão estampados no rosto de todos. Há um certo cheiro no ar chamado receio”. Do ponto de vista dos negócios, a “empresa não quer saber, porque sabe que vai buscar novos colaboradores aos cursos [financiados pelo IEFP] que dão internamente para pagarem o ordenado mínimo”. Por enquanto, vai aguentando...

Fonte: Ladrões de Bicicletas

sábado, 26 de agosto de 2017

Chega de reformas estruturais?



por estatuadesal
(Paul de Grawe, in Expresso, 26/08/2017)
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Paul de Grawe
É tempo de as instituições internacionais virarem as suas receitas de reformas estruturais para os Estados Unidos e deixarem a Europa sossegada.

Não há semana em que a Comissão Europeia, a OCDE, o Fundo Monetário Internacional (FMI), um grande banco central ou um exército de economistas do sector financeiro não venha avisar-nos de que é extremamente urgente fazer reformas estruturais. Sem estas reformas é certo que vão acontecer coisas terríveis. Com reformas, pelo contrário, entramos no paraíso económico.
A palavra “reforma” tem conotações positivas. Sugere que a realidade em que vivemos não é boa e precisa urgentemente de mudanças. Quando formulada desta forma, nenhuma pessoa sensata pode estar contra as reformas.


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

O Império estrebucha


por estatuadesal

(Por Jorge Bravo, in Facebook, 23/08/2017)
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Com a eleição de Trump a América tentou prolongar o uso do petróleo, fazer um retorno a casa e dar tempo ao renascer do músculo tecnológico!
Com o discurso à Nação de 21 de Agosto de 2017 Trump anuncia uma volta de 180° uma “nova política para o Afeganistão”, que é um aguenta aguenta não saimos de lá, até que certas condições sejam satisfeitas pelo Afeganistão.
Isto depois de ceder terreno no seu gabinete aos generais da Old School, e de afastar um a um os seus teóricos, aqueles que o apoiaram na eleição.
Naquilo que aparenta ser uma manobra para ganhar tempo, e acalmar a frente interna, "fazendo a politica externa de Hillary" e voltar à estrada para ganhar lugares nas próximas eleições internas, promete mais uma nova politica para o Médio Oriente, e mais qualquer coisa para o Oriente e talvez Europa.
Enquanto isso há 4 acidentes navais em tempo de não guerra, um deles com um rombo num destroyer e 10 desaparecidos, mais a demissão do Almirante das Operações no Oriente... E a suspensão das operações por lá... até...
Espera-se, que este à que sim de agora aos militares, seja transitório, porque entre os EUA terem sarilhos com a Rússia aqui na Europa central, onde sobra sempre para nós, e os EUA terem sarilhos com a China e eventualmente a Rússia no Extremo Oriente, venha o diabo e escolha!
Mas pensando em termos da Europa, é para nós pior aqui, se forem sarilhos com a Rússia!
Resta saber se alguém vai impor sanções, como os EUA querem, pelos vistos até agora, não parece que seja nada muito efectivo, a EU já está escaldada das anteriores, e deve dizer que sim, e fazer que faz e não faz.
Trata-se dos estertores finais de um Império, que só durou 127 anos, desde que os Marines entraram a reprimir uma rebelião de trabalhadores de uma plantação numa Agro-multinacional Americana na América do Sul em 1890, naquilo que ficou conhecida pela Guerra das Bananas, até hoje.
Um rosário de operação de regime change na ponta das baionetas, sempre que as hoje chamadas primaveras não funcionem.
Só que fruto de um rosário, também extenso, e sucessivo de erros de estratégia desde a 2 GG, foram de vitória em vitória ao ponto onde estamos, nem que essas vitórias tenham sido mais na máquina big pretender que é Hollywood, do que na realidade. É em que primeiro era a Rádio Voz da América a fazer a propaganda dos feitos gloriosos, no durante e pós 2 GG, até que isso passou para as mãos da CNN, quando foi necessário minimizar a derrota do Vietnam, usando esta CNN uma linguagem e estilo de esquerda, enganadora mas na linha do movimento make love not war, enquanto a política externa continuava tão desastrada e agressiva como dantes, debaixo de uma retórica de defesa da democracia formal e do mercado livre, mas sem nunca referir que seria livre primeiro para o mercado das suas corporações.
E é uma parte do estado profundo ( Oligarcas, Corporações, Complexo Militar Industrial, Financeiros & Banqueiros, e sua Media) que fez eleger este pé de microfone de turno, tal como outras partes desse mesmo estado profundo, fizeram eleger os outros pés de microfone de turno que surgiram desde Novembro de 63, por forma a que mudando, se mantivesse no essencial tudo na mesma, e que depois da queda do muro, se mantivesse a continuidade do seu mundo monopolar, em que querem continuar a mandar exclusivamente protegendo a sua querida New World Order.
Hoje com o surgimento dos BRICs, e com o reforço da sua componente R C actual, e com as novas rotas da seda, é o mundo monopolar da NWO que morre, e o mundo multipolar que está a nascer.
É este Império do mundo monopolar que hoje estiola. Tudo por uma questão de Abacaxis!

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Trump promete guerra "para ganhar" no Afeganistão

Carlos Santos Neves - RTP22 Ago, 2017, 08:40 / atualizado em 22 Ago, 2017, 13:51 | Mundo

Trump promete guerra para ganhar no Afeganistão
“Não vamos fazer construção de nações outra vez. Estamos a matar terroristas” | Joshua Roberts - Reuters

Num discurso marcadamente bélico, mas opaco em detalhes, Donald Trump comprometeu na última noite os Estados Unidos com uma guerra sem fim à vista contra grupos extremistas no Afeganistão, admitindo mesmo destacar mais tropas para este país. Os taliban já responderam ao Presidente norte-americano. Prometem “um cemitério”.

“Não vamos fazer construção de nações (nation-building) outra vez. Estamos a matar terroristas”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos num discurso transmitido pelas televisões, a partir de uma base militar próxima de Washington.
Os inimigos da América no Afeganistão, afirmou Trump, “têm de saber que não têm onde se esconder, que nenhum lugar está para lá do alcance dos braços americanos”.
É uma clara inversão de marcha num dos bordões que Trump empregou na campanha eleitoral. Enquanto candidato, defendia uma rápida retirada da máquina de guerra norte-americana do Afeganistão. E na noite de segunda-feira Trump Presidente admitiu que está a caminhar em rota de colisão com as próprias convicções, ao carimbar o que descreveu como uma nova estratégia dos conselheiros militares da Casa Branca.
“As consequências de uma saída rápida são ao mesmo tempo previsíveis e inaceitáveis. Uma retirada apressada criaria um vácuo que seria instantaneamente preenchido por terroristas, incluindo o ISIS e a Al Qaeda”, justificou-se, sem se comprometer com qualquer tipo de calendário para esta campanha renovada em solo afegão.
Também não se comprometeu com números. Todavia, altos responsáveis norte-americanos, citados pela agência Reuters, adiantam que o Presidente anuiu a planos do secretário da Defesa, James Mattis, que passam pelo envio de mais quatro mil operacionais para o Afeganistão, onde estão atualmente posicionados cerca de 8400.
Outra das passagens sonoras da intervenção do Presidente dos Estados Unidos teve por destinatário o cada vez mais enfraquecido Governo de Cabul. Trump quis deixar claro que o agora mais do que expectável reforço de tropas “não é um cheque em branco”. O dedo do sucessor de Barack Obama designou, concretamente, o Executivo afegão, o vizinho Paquistão, a Índia e os aliados da NATO.
A Islamabad reservou as palavras mais duras: “Não podemos continuar em silêncio sobre os santuários no Paquistão. O Paquistão tem muito a ganhar ao fazer uma parceria com o nosso esforço no Afeganistão. Tem muito a perder ao continuar a dar abrigo a terroristas”.
“Combater para ganhar”
O discurso presidencial foi o culminar de vários meses de um processo de revisão da estratégia da Casa Branca e do Pentágono para o Afeganistão, onde não está afastado um cenário de derrota dos atuais poderes instituídos, encabeçados pelo Presidente Ashraf Ghani, às mãos dos taliban. O que, na ótica os estrategas de Washington, daria a redes terroristas como a Al Qaeda e o Estado Islâmico a oportunidade de estabelecerem novas bases.“O meu instinto original era retirar”, reconheceu Trump.
“As nossas tropas vão combater para ganhar”, afiançou Trump, sempre a reforçar a ideia de que não há outra solução que não passe pelo uso da força num teatro de guerra que perdura desde outubro de 2001, quando a Administração de George W. Bush atacou o regime taliban em resposta ao 11 de Setembro.
O Presidente norte-americano não fechou por completo a porta a eventuais conversações de paz. E admitiu mesmo a possibilidade de um diálogo com determinadas porções da guerrilha islamita. Para de imediato acrescentar: “Mas ninguém sabe quando ou se isso vai alguma vez acontecer”.
“Um cemitério”
Os taliban não demoraram a responder à intervenção de Donald Trump, prometendo um “novo cemitério” para as tropas norte-americanas no Afeganistão.
“Enquanto houver um só soldado americano no nosso solo e eles continuarem a impor-nos a guerra, nós continuaremos a nossa jihad”, replicou a guerrilha.
O discurso do 45.º Presidente, que durou menos de meia hora, não foi alheio ao contexto de recrudescimento dos conflitos raciais nos Estados Unidos. A dado momento, o Presidente aludiu à vaga de violência que recentemente varreu Charlottesville, no Estado da Virgínia, onde marcharam grupos de supremacistas brancos e neonazis, enfrentados por uma contramanifestação.
“Não podemos continuar a ser uma força para a paz no mundo se não estivermos em paz uns com os outros”, disse.
Em 16 anos de intervenção militar no Afeganistão morreram 2400 soldados norte-americanos. Mais de 20 mil sofreram ferimentos. A ajuda à reconstrução do país custou mais de 110 mil milhões de dólares aos cofres de Washington.

c/ agências internacionais

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

O imprudente e o ditador



Celso  Filipe
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt09 de agosto de 2017 às 23:00

O imprudente e o ditador

As comparações entre Donald Trump e Kim Jong-un são manifestamente exageradas e descabidas, embora a megalomania seja um traço de carácter de ambos. Entre um e outro existe uma diferença substantiva: Trump foi
O que aproxima os dois líderes é o motivo que subjaz à troca de ameaças entre os EUA e a Coreia do Norte. Trump e Kim Jong-un usam uma linguagem bélica porque a identificação de um inimigo é um factor de coesão interna e uma indisfarçável manifestação de poder.
Trump, que tem tido uma presidência errática, marcada por escândalos e excessos verbais, olha para a Coreia do Norte como um pretexto ideal para recuperar popularidade e ganhar o respeito dos norte-americanos.
Kim Jong-un eriça a crista, porque se sente encurralado e intui que a a China, até agora um silencioso aliado, se está a afastar do regime de Pyongyang, uma trajectória verificável no facto de Pequim ter votado favoravelmente o endurecimento das sanções à Coreia do Norte propostas pelo conselho de segurança.
A questão é que não se pode esperar uma mudança súbita do regime da Coreia do Norte pressionada por uma ameaça bélica. Antes pelo contrário. Os EUA têm de marcar a diferença pela via militar e não usando uma linguagem apocalíptica, a qual tem um duplo efeito negativo: encurta as possibilidade de Kim Jong-un sair bem deste braço-de-ferro e assusta os aliados dos EUA no continente asiático.
Este facto é salientado pelo Boston Globe em editorial. "O mundo – especialmente o Leste Asiático – entende perfeitamente as capacidades dos militares americanos. Mas esta retórica vaidosa ameaça a confiança, construída ao longo de décadas, de que os Estados Unidos estão empenhados em usar esse poder com sabedoria, responsabilidade e apenas como último recurso".
Por ser diferente de Kim Jong-un, Trump tem um dever acrescido: o de mostrar prudência e sensibilidade diplomática diante de um cenário grave de ameaça nuclear como o que está criado Na realidade, até agora não tem mostrado esses predicados, preferindo antes uma imprudente retórica de confronto. Para ganhar o respeito do mundo e dos aliados, o presidente dos EUA tem que ter uma actuação que o torne o aposto do Kim Jong-un. E é isso que o fará ganhar esta guerra.
eleito democraticamente, Kim Jong-un é um ditador dinástico. Nos Estados Unidos existe liberdade e pluralidade, na Coreia do Norte os cidadãos são controlados ferreamente e não têm opção de escolha.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Confusão no Paralelo

08/08/2017 por João Mendes



O Kim anda para lá maluco, a disparar mísseis para o mar, atreveu-se mesmo a disparar um que atingiu águas japonesas, e a malta fica toda extasiada, a ver se é desta. Mas ainda não foi. Provavelmente nunca será e, a ser, será muito provavelmente interceptado pelo sistema de defesa norte-americano. O Kim é uma besta, todos sabemos, mas não quererá perder a sua casa dos horrores, para poder continuar a brincar aos ditadores lá dentro, uma vez que cá fora não é ninguém. Atacar o vizinho do sul, o Japão ou os EUA colocará um ponto final na brincadeira, e o Kim não quer apodrecer numa prisão ou ter o mesmo destino de Saddam ou Khadafi. São tiros de pólvora seca, para incendiar as multidões em comícios do partido do Kim e dos amigos dele.
Então porque será que a China está tão preocupada em retomar as negociações a 6 (China, EUA, Rússia, Japão e as duas Coreias)? Estará preocupada com o aliado norte-coreano, com o que ele possa estar a tramar? Ou estará, tal como a Coreia do Sul, preocupada com o cowboy americano? É que a China agora tem muito dinheiro, uma vasta rede de oligarcas internacionais, preparados para adquirir boas empresas a estados falidos e fulminados pelo capitalismo selvagem, e a última coisa que precisa é de uma guerra no seu quintal. Estão a imaginar os milhões de refugiados norte-coreanos a fugir pela fronteira com a China? O Partido Comunista Chinês também. Not gonna happen.
Mas uma coisa é controlar o Kim. O Kim é maluco mas não tem amigos, até o Rodman só o quer pelo dinheiro, e a China é o mais próximo de um aliado que ele tem. Sempre dá margem para alguma “diplomacia”. Outra coisa é existir um Trump do outro lado do ringue. Podia ser um Obama, podia até ser um Bush, e a incerteza seria menos creepy. Mas o que temos agora a mandar é mesmo um Trump, pelo que todo o cuidado é pouco. Porque quando a China tem esta postura, e até a Coreia do Sul, o némesis do regime do norte, pede contenção ao presidente norte-americano, talvez seja caso para ficar preocupado. Começam a ser malucos a mais.

Fonte: Aventar

segunda-feira, 19 de junho de 2017

A Conspiração Contra a América


Será importante que a parte da América a quem ainda resta bom senso recupere o controlo. A resistência contra o abuso de poder pode não ser suficiente por si só.

No livro A Conspiração Contra a América, de Philip Roth, o autor recria um cenário histórico alternativo em que Charles Lindbergh teria ganhado as eleições contra Franklin D. Roosevelt em 1940, alterando radicalmente o curso da História. Após a vitória de Lindbergh, ganha contorno no romance uma América colaboracionista do regime nazi e progressivamente anti-semita e persecutória.
Em 2016, a eleição de Donald Trump induziu o efeito quase alucinatório de nos fazer sentir presos entre duas realidades: a realidade atual e uma realidade alternativa — tal como poderia ser descrita por Roth — mas que se tornou subitamente a nossa realidade. Quase seis meses após a eleição, as consequências têm provado ser não menos ominosas do que na obra de Roth. Para além das fraturas ideológicas profundas que esta eleição causou, e das lutas internas em curso, as decisões trumpistas têm sido representativas da intolerância, paranóia, ignorância e corrupção que têm manchado todos os dias esta administração, criando o caos na sociedade.
Mas é a investigação sobre o conluio de Trump e dos seus oficiais com o Kremlin que tem gerado os choques mais difíceis de sustentar. Até onde chega o nosso conhecimento, a administração Trump está a ser investigada por obstrução à justiça (a começar pelo Presidente), lavagem de dinheiro e empréstimos suspeitos debaixo da mesa, e por propor um pacto à Rússia de interferência cibernética nos resultados das eleições em troca do fim das sanções económicas contra aquele país.
Tem sido (demasiado) fácil mergulhar nos threads infindáveis no Twitter de advogados e juristas americanos a definir as consequências legais e a especular sobre os cenários que se podem desenrolar num futuro próximo, e que podem levar a acusações formais de traição e conspiração contra a América ao mais alto nível executivo. Todas as atenções estão centradas no Special Counsel Robert Mueller, o homem que conduz uma investigação independente à atual administração. Não por acaso, Mueller corre o risco de ser despedido, desencadeando uma crise constitucional na América muito mais perigosa e subversiva do que o Watergate.
Nenhum romancista foi capaz de ir tão longe na previsão deste cenário político, até há três anos considerado impensável. Isto apesar de Stephen King ter previsto um Presidente louco semelhante a Trump em The Dead Zone, de 1979. É inegável que este contexto político enfraquece o papel da América a um nível global e fragiliza a sua influência, cada vez mais minada pela megalomania russa, pelo wahabismo saudita galopante e outros jogadores que estão a mover as peças do jogo dos tronos em circunstâncias nem sempre conhecidas pelo público, mas a verdade é que não convém a ninguém (a não ser a senhores de guerra) uma América dilacerada por conflitos.
Será importante que a parte da América a quem ainda resta bom senso recupere o controlo antes que a administração Trump se aproveite de um evento global de grande impacto para introduzir um estado de emergência, lançar uma nova guerra internacional e pôr em perigo a democracia. Pois se há lição a reter da obra de Philip Roth é que a resistência contra o abuso de poder pode não ser suficiente por si só.

Fonte: Negócios

sábado, 17 de junho de 2017

A ternura dos 71



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 16/06/2017)
quadros

Donald Trump celebrou, na passada quarta-feira (14 de Junho), o seu aniversário. Trump fez 71 anos. Também na quarta-feira Trump foi acusado de obstrução à justiça. Se fosse Presidente dos EUA, seria grave.
O procurador especial Robert Mueller, que está a investigar Donald Trump, acusa o Presidente dos EUA de obstruir a justiça, segundo o Washington Post. Cheira a "impeachment", o que acaba por ser um presente de anos original para o Trump, porque é tramado dar uma prenda a quem já tem tudo.
Trump pode alegar, como Clinton, que não chegou a obstruir a justiça. Se Trump pressionou e apertou com o director do FBI, então, desta vez, em lugar do vestido vermelho manchado da Monica Lewinsky, queremos ver as calças molhadas de chichi do James Comey. Se Trump se limitou a dar-lhe uns berros para ele parar com a investigação, mas não lhe chegou a roupa ao pelo, no fundo, não houve consumação, acabou por ser apenas uma cena oral. Não sei onde isto vai parar, mas ainda pode acabar com o Presidente dos Estados Unidos a pedir asilo político na Embaixada da Rússia.
O Trump, para 71 anos, até está bastante bem. Não tem a energia do nosso Presidente,mas o professor Marcelo também não tem uma primeira-dama. Mas o Trump é muitopostiço, se mergulhasse no mar do Estoril, perdia metade da cor e dois terços do cabelo. Acho que o nosso Presidente ganha. Com aquela idade, tem uma energia tal que estou convencido que o professor Marcelo é o único português que poderia pertencer aos Rolling Stones.
Tenho de dizer uma coisa que me está aqui atravessada. No meio das trapalhadas todas do Trump, aquela cena da filha ter uma marca de roupa é o que mais me faz confusão. Porque eu não consigo imaginar a filha do Trump com roupa. É uma coisa minha. Por mais que tente, não dá.
Voltando ao "impeachment". Se Trump fosse afastado da presidência dos EUA, eu fazia uma festa com foguetes "made in" Correia do Norte. Confesso que o Trump assusta-me. Tenho um bocado de medo que venha para aí uma terceira guerra mundial que acabe com o mundo e, pior que tudo, que impeça o SCP de vencer o campeonato para o ano. Por outro lado, estive a pensar, e se é para o mundo acabar, é capaz de ser a melhor altura. O mundo acabava com Guterres na ONU, Portugal campeão da Europa de futebol e vencedor do festival Eurovisão da canção. O mundo acabava, mas nós saíamos por cima. Só faltava o Centeno ir para presidente do Eurogrupo e acabaríamos ao nível dos Descobrimentos.
Por acaso, o António Costa é que dava um bom Presidente do Estados Unidos. Se ele conseguir convencer o Mário Nogueira a desistir de uma greve dos professores, também consegue convencer o Kim Jong-Un a desistir dos mísseis.

TOP 5
Festas de anos
1. Presidente da TAP diz que Lacerda Machado conhece a empresa melhor do que ele - mas pagam-lhe, há 17 anos, como se ele percebesse mais que todos.
2. Presidente executivo da Uber tira licença sem vencimento - vai para a Rádio Táxis.
3. Cristiano Ronaldo pode pagar mais de 28 milhões de euros e ter prisão efectiva por fuga ao fisco - com 3 filhos de aluguer nos EUA e o Cristiano Ronaldo ainda não foi acusado de fuga de esperma.
4. Isaltino Morais ter-se-á candidatado à Câmara de Oeiras quando ainda devia ao Estado e com bens penhorados - também devem ser bens que, em tempos, pertenciam a Câmara.
5. O melhor amigo do primeiro-ministro, nas palavras do próprio António Costa, Lacerda Machado, vai ser administrador da TAP - se for de novo à borla, acho fixe.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

"Trump simplesmente mentiu", diz ex-diretor do FBI perante o Senado

James Comey está a ser ouvido no Senado. O ex-diretor do FBI afirmou que "não tem dúvidas" de que a Rússia interferiu nas eleições de 2016.


© Reuters

O ex-diretor do FBI James Comey, demitido no passado mês de maio por Donald Trump, compareceu esta quinta-feira perante o Senado, onde está a ser ouvido sobre a alegada ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas do ano passado.
Numa audição transmitida internacionalmente, o ex-diretor acusou Donald Trump de ter difamado o FBI, ao afirmar que a agência não estaria a fazer o seu trabalho. "A Casa Branca quis difamar-me", disse. Trump "mentiu, pura e simplesmente", sublinhou.
James Comey garantiu "não ter dúvidas" de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais de 2016. Reconhece, no entanto, que não acredita que tenha havido qualquer alteração nos votos.
Depois, acrescentou que Donald Trump não lhe pediu especificamente para desistir da investigação à ingerência russa nas presidenciais.
Na sequência de um jantar com Donald Trump, James Comey admitiu que decidiu documentar a conversa, o que nunca aconteceu com os anteriores presidentes Barack Obama e George W. Bush, por “estar preocupado que o Presidente pudesse mentir”. Documentar as conversas, justificou, foi a forma que encontrou para "defender a integridade do FBI".
O ex-diretor da agência admitiu que foi surpreendido quando ficou a saber que tinha sido demitido pelo Presidente norte-americano, uma vez que, garantiu, Trump lhe terá repetido por várias vezes que estaria a fazer um “excelente trabalho”.
“Fiquei confuso quando vi na televisão que o Presidente me tinha despedido devido à investigação sobre a Rússia… Não fez qualquer sentido para mim”, afirmou Comey.

Fonte: Notícias ao Minuto

terça-feira, 6 de junho de 2017

Apoio à destituição de Trump já é superior à sua taxa de popularidade

Decisão de retirar EUA do Acordo de Paris sobre o Clima explica nova queda na popularidade de Donald Trump.
A recente primeira viagem de Donald Trump ao estrangeiro elevara os seus níveis de popularidade para os 42%. Um recorde. Mas no fim de semana regressou aos 35% e o apoio dos norte-americanos à sua destituição ronda os 43%.
Este é o resultado das últimas sondagens publicadas nos EUA, nomeadamente esta segunda-feira pela Gallup e que se segue ao anúncio de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima - tendo ainda em pano de fundo a investigação sobre as eventuais ligações da sua campanha eleitoral à Rússia.
Segundo a publicação Newsweek, mesmo empresas de sondagens conotadas com a direita norte-americana como a Rasmussen Reports revelam uma quebra no apoio ao desempenho de Donald Trump como presidente dos EUA: 54% dos norte-americanos criticam a sua atuação.

© EPA/MICHAEL REYNOLDS

Embora os resultados difiram entre as várias sondagens, todas elas revelam uma tendência de queda significativa na popularidade de Trump durante o fim de semana e na sequência da decisão sobre o acordo climático.
O crescente apoio à abertura do processo de destituição de Donald Trump coincide com a defesa pública dessa medida por vários congressistas democratas.

Fonte: DN

sábado, 3 de junho de 2017

Kennedy foi “morto pela máfia sob supervisão da CIA e o FBI sabia-o”

Por ZAP 3 de junho de 2017

John F. Kennedy, em Dallas, em 1963
John F. Kennedy, em Dallas, em 1963, ao lado da mulher Jackie, poucos minutos antes de ser assassinado.
Uma nova investigação em torno do assassinato de John F. Kennedy avança com a ideia de que o 35.º presidente dos EUA foi morto por atiradores contratados pela máfia, sob supervisão da CIA e com o conhecimento do FBI.
Esta teoria é avançada pelo escritor e jornalista espanhol Javier García Sánchez que lançou um ensaio, intitulado “Teoria da conspiração. Desconstruindo um magnicídio: Dallas 22/11/63”, que aborda várias investigações efectuadas em torno da morte de Kennedy.
Numa entrevista ao site RT, Sánchez explica que analisou “toda a literatura que existe” sobre o assassinato e critica os escritores que diz que, ao longo dos anos, veicularam uma “mentira”, ajudando a afirmar a ideia de que foi Lee Harvey Oswald quem matou Kennedy.
“É como contar a história do III Reich e da II Guerra Mundial omitindo por completo o holocausto”, considera o jornalista espanhol.
“Kennedy foi morto por uma rede de gente muito preparada. Falo de atiradores da máfia”, relata via telefone, ao RT, considerando que eram “atiradores de elite” que trabalhavam para “quem melhor lhes pagasse”. “E quem melhor lhes pagava, normalmente, era a CIA”, acrescenta, notando que a agência de inteligência norte-americana os compensou com heroína porque “pagar-lhes em dinheiro era muito perigoso”.
“Naquele dia, estavam ali contratados pela máfia, numa operação totalmente supervisionada pela CIA – porque a máfia, por si só, jamais poderia ter feito tudo o que fez”, refere Sánchez sobre o assassinato de Kennedy.
“E nas altas instâncias do FBI sabiam-no. Refiro-me ao próprio J. Edgar Hoover e aos seus dois ou três sub-chefes. Sabiam tudo semanas antes”, acrescenta.
Quanto às razões para este alegado conluio para matar o presidente dos EUA, o jornalista aponta no RT que Kennedy estava a “incomodá-los a todos”.
Estava a meter mafiosos na cadeia“, contra aquilo que “os Kennedy tinham concordado com os chefes da máfia”, nota, realçando ainda que “ia retirar os EUA da guerra do Vietname, com o descrédito militar que isso significava e com o negócio arqui-milionário que se perdia”.
Também “ia subir os impostos em quase 30% aos magnatas do petróleo e do aço (que era como tocar em Jesus e na Virgem Maria)” e “tinha acabado de convidar Martin Luther King para a Casa Oval”, o que, no sul dos EUA, era “praticamente, condenar-se à morte”, aponta Sánchez.
O jornalista conclui também que o assassinato de Kennedy acabou por despoletar uma verdadeira “matança”, com várias testemunhas e pessoas próximas dos factos a serem mortas. Ele fala em “meia centena de mortes misteriosas” relacionadas com o caso, incluindo a do próprio Oswald que foi morto aquando da sua detenção.
Para Sánchez é ainda evidente que os EUA “nunca vão admitir o que aconteceu” porque “houve uma participação massiva de instituições norte-americanas, como o Pentágono, a CIA, o FBI, e gente muito “respeitável” e com muito dinheiro, grandes accionistas de Wall Street, e o povo americano nunca poderia aceitar isso”.
“Admitir que as supostas “forças do bem”, quer dizer, o Governo, as instituições, o Senado, estavam entre a máfia e a CIA é muito duro para eles”, constata, sublinhando que “preferem fazer de conta que não se sabe nada e deixam dormir o fantasma” de Oswald.
ZAP //

quinta-feira, 1 de junho de 2017

O clube secreto onde se discute o rumo do mundo

As reuniões do Bilderbeg começam hoje. Donald Trump é um dos principais temas de conversa para a fina flor que reúne os maiores empresários do mundo e vários governantes. Este ano, Durão Barroso convidou José Luís Arnaut e António Mexia
Dizem que é uma convenção privada, mas o secretismo à volta das reuniões do Bilderberg dão-lhe aquela aura de clube, onde só entra quem a direção convidar. O que é verdade.
De hoje, 1 de junho, até dia 4, 131 participantes de 21 países vão discutir o que se passa no mundo. Nada do que vai acontecer no hotel The Westfields Marriott, em Washington, nos EUA, pode ser revelado. Não são feitos relatórios escritos, não há resoluções nem votações. Há conversa, debate e, depois, cada um reflete para si próprio.
Mas o que faz do Bilderberg assunto internacional? É que é ali que vão estar vários governantes, a fina flor da academia, os presidentes das maiores empresas do mundo, especialistas em economia finanças e patrões dos media.
Este ano, e como não poderia deixar de ser, Donald Trump é assunto. O primeiro ponto em contenda será sobre a nova administração norte-americana. “The Trump Administration: A progress report” vai ser falado a poucos quarteirões da Casa Branca e Trump tem lá a sua “guarda pretoriana” para o defender, como McCaster (conselheiro nacional de segurança), Wilbur Ross (secretário do Comércio) e Chris Liddell (um dos seus estrategas).
O clube secreto onde se discute o rumo do mundo© Sean Gallup / GettyImages O clube secreto onde se discute o rumo do mundo

Mas se Trump está na agenda, também a Rússia e a China fazem parte do “cardápio” de assuntos. Do lado chinês estará presente o próprio embaixador da China nos EUA, o que parece transformar o debate numa reunião institucional, já que este tema será tratado entre o secretário americano do Comércio, os maiores investidores americanos na China, incluindo a Google, e dirigentes de topo da CIA (a agência de informações de segurança).
E há mais. O rumo da União Europeia, o crescimento do populismo, a guerra da informação, o nuclear ou as alianças de defesa são outros pontos na ordem de trabalhos.

Reis e governantes

Se a Holanda marca presença com o ministro da Defesa e o próprio rei, Guilherme Alexandre, a Alemanha tem, por exemplo, o presidente da Airbus e da Bayer, assim como o do Deutsch Bank.
De Portugal estarão lá Durão Barroso que, no ano passado, substituiu Francisco Pinto Balsemão no Comité Diretor de Bilderberg (quem faz os convites), José Luís Arnaut, ministro nos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes, atualmente advogado e conselheiro da Goldman Sachs, e António Mexia, presidente da EDP.
Em 2015, o jornalista Rui Pedro Antunes escreveu o livro “Os planos de Bilderberg para Portugal”. A investigação levou-o a concluir: “Dos 73 portugueses nos encontros, 43 foram (ou são) ministros, oito desempenharam funções como secretários de Estado, 12 foram líderes dos três partidos do 'arco da governação', cinco foram primeiros-ministros e um foi Presidente da República [Jorge Sampaio]” . Agora já são dois Presidentes, já que Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente na reunião de 1998, quando era presidente do PSD.
O jornalista acentua que estas reuniões estão vocacionadas para o chamado bloco central. "Em Portugal o limite será o PS, não é convidado ninguém do PCP ou do Bloco de Esquerda”
Recorde-se que Bilderberg é o nome do hotel holandês onde, pela primeira vez, em 1954, se reuniu este grupo.

Fonte: MSN

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Sentados nas baionetas


estatuadesal

(Francisco Louçã, in Público, 30/05/2017)
louca
Francisco Louçã
Se isto e aquilo, a França entra à bomba, avisou Macron diante de Putin. Estamos por nossa conta e cá nos arranjamos, explicou Merkel depois da reunião da Nato com Trump (a imagem mostra-a com um canecão de cerveja, mas era campanha eleitoral). As duas fanfarronadas foram muito bem recebidas, temos líderes, conclui aquela opinião que vive ansiosa por sinais de autoridade.
Talvez devêssemos parar para pensar um minuto sobre estes sinais.
Foi assim que Trump ganhou as eleições, não foi? Conclusão, isto funciona mesmo. As promessas podem variar (um muro contra os mexicanos, bombardear o Irão ou erradicar a Coreia do Norte), mas resultam sempre. No caso dos Estados Unidos, nem é a primeira vez que colocar galões no ombro de um presidente lhe resolve uma crise, foi assim com o triste George Bush, mas foi também assim que Clinton tentou desviar as atenções do seu processo de impeachment, bombardeando a Líbia.
Em qualquer cenário, o militar é um produto vendável e uma boa guerra é sempre uma anestesia. Por isso, hoje tudo na mesma, só que em muito maior: com Trump, temos na Casa Branca mais militares (“Mad Dog” Mattis, Kelly e McMaster) e mais dirigentes de empresas do complexo militar (Lockheed, Rayheon, Honeywell, Boeing, Halliburton, Chertoff). Com Trump, o orçamento militar cresce mais 50 mil milhões de dólares, ou o mesmo que a totalidade do gasto militar da França. Com Trump, decuplicaram as vendas de armas nos primeiros cem dias: de 700 milhões com Obama passou-se para 6 mil milhões com o novo presidente. Com Trump, está em curso a maior operação de rearmamento da história, o contrato com a Arábia Saudita.
A equação é evidente: quanto pior for a situação interna nos Estados Unidos ou quanto mais fragilizada estiver a presidência Trump, maior é o risco de operações militares fora de portas. Até agora, e passou pouco tempo, Trump já multiplicou os bombardeamentos com drones, lançou uma “mãe de todas as bombas” no Afeganistão e uma mão cheia de Tomahwaks na Síria, tudo para impressionar, hesitando agora sobre o que atacar, se a Coreia do Norte se o Irão. Mas a equação não se engana: se houver crise interna, teremos guerra externa.
Claro que já ouço as vozes avisadas: isso é nos Estados Unidos, país de cobóis, na Europa é diferente. Sim, é diferente. Mas diferente em quê? Já ninguém se lembra, Hollande também andou a fazer o tour de África pelos aquartelamentos franceses e pela história das suas batalhas coloniais. Que vale então a proclamação de Macron? Vale exactamente um trumpismo: ele tem eleições dentro de duas semanas. O que vale a de Merkel? Idem, as eleições são no outono.
A militarização da Europa, facilitada pelo Daesh e pelas carnificinas como a de Manchester, é portanto uma estratégia política e eleitoral. Segue os passos de Trump. Se ignorarmos a prosápia que apresenta a Europa como o centro da sageza e os EUA como o faroeste, verifica-se que o contraste estratégico é nenhum. A motivação é também a mesma: se não se resolvem os problemas da hegemonia social, se os regimes vão tremendo por terem perdido os alicerces, a militarização é a resposta mais simples e mais imediata. O militar é só a força do político sem força. A guerra é só a política sem meios. A militarização da Europa é por isso útil para Macron e Merkel e é necessária para a convergência possível onde só se criou a divergência perigosa. Vamos portanto ter mais deste trumpismo elegante e europeu, que ainda nos pedem que aplaudamos.
Ver todos os dirigentes europeus a abanarem a cabeça prometendo gastar mais em armas, como se isso tivesse o mais pequeno efeito na protecção das populações contra atentados terroristas, é assustador: apresentam-nos a medida mais incompetente para não lutarem contra o problema, querem enganar-nos e lançar-nos na espiral de uma nova corrida aos armamentos como se a militarização das nossas sociedades fosse a resposta para o século XXI.
Ora, esta mistura de ignorância e atrevimento é fraca quando parece musculada. Dizia Napoleão, sabedor destas coisas, que as baionetas servem para tudo menos para nos sentarmos em cima delas. É uma lição de poder. Talvez os nossos exuberantes líderes europeus se devessem lembrar dessa lição.

Ovar, 31 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 28 de maio de 2017

Merkel diz que Europa já não pode contar com os EUA e Reino Unido

Conclusão da chanceler alemã na sequência das cimeiras da NATO e do G7.
Depois das cimeiras da NATO e do G7, a chanceler alemã avisa que a Europa já não pode contar com os Estados Unidos nem com o Reino Unido e defende que chegou a hora dos europeus cuidarem do destino com as próprias mãos.
Num comício em Munique, Angela Merkel confessou que, nos últimos dias, compreendeu que chegou ao fim um tempo em que a Europa podia depender completamente de outros aliados e afirma que agora os europeus têm de saber que têm de lutar pelo próprio futuro.
A chanceler garante, no entanto, que tanto a Alemanha como a União Europeia vão continuar a fazer esforços para manter boas relações com os Estados Unidos e com o Reino Unido (depois do brexit) e ainda com a Rússia.
Depois da cimeira do G7, Merkel classificou os resultados da reunião como muito difíceis e insatisfatórios e resumiu o encontro como sendo de seis contra um. O encontro em Itália terminou sem ter sido alcançado um acordo entre os Estados Unidos e as seis maiores economias do mundo na luta contra as alterações climáticas.
O presidente norte-americano recusou-se a aprovar um acordo global afirmando que precisava de mais tempo para decidir. Já na reunião da NATO Donald Trump criticou os principais aliados por não contribuírem o suficiente para as despesa da Defesa.
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Merkel diz que Europa já não pode contar com os EUA e Reino Unido.

Fonte: MSN

Ovar, 28 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Sociopatas e assassinos com o mundo nas mãos

José Goulão

José Goulão
Dirigentes sociopatas e assassinos com o destino do mundo nas mãos estão livres e à solta, protegidos, acarinhados até como salvadores dentro da bolha mediática. Se não forem os cidadãos livres, inconformados e informados a dar o alerta quem o fará por eles?
 
Donald Trump e Wilbur Ross

Donald Trump e Wilbur Ross / Agência Lusa
O frequentador, ainda que ocasional, da bolha mediática que envolve o mundo de hoje vive sob anestesia daqueles que serão, com elevado grau de probabilidade, os derradeiros tempos da situação planetária tal como a temos conhecido. Entretido com as peripécias engendradas para instaurar a censura férrea na internet a pretexto das fake news (notícias falsas) nas redes sociais – uma campanha conduzida pelos grandes operadores mediáticos, que assim pretendem reservar para si o monopólio das fake news – o desprevenido cidadão passa ao largo da multiplicação de manobras letais conduzidas por mentes assassinas que ascenderam ao governo mundial.
É verdade que conhecemos ao pormenor as intenções do agora benquisto presidente dos Estados Unidos para castigar o atrevimento do seu congénere da Coreia do Norte, que pretende ter bombas atómicas tal como Israel, por exemplo, com a diferença de que não esconde as suas intenções.
No entanto, quem se der por informado através do conteúdo dos telejornais, das publicações sensacionalistas ou de referência, tanto faz, fica a ignorar as duas outras facetas do mesmo problema: que a ameaça de Donald Trump e dos senhores da guerra que agora ocupam por completo a sua corte se dirige verdadeiramente contra a China; e que, como um espelho de feira da sua metade Norte, ampliando e distorcendo os defeitos, a Coreia do Sul é uma colónia norte-americana infestada de armas nucleares e funcionando em ditadura maquilhada de modo a parecer uma democracia neoliberal.
A versão incompleta, logo distorcida, transformou-se em regra na abordagem dos temas de envergadura mundial que se vão sucedendo nas manchetes e gritaria mediática, através das quais se repetem as mensagens primárias e maniqueístas para cada um decorar e multiplicar. O essencial fica por explicar, para não maçar as pessoas com coisas complicadas, para não sobrecarregar a sua limitada capacidade de atenção, ou porque não há tempo e os anunciantes reclamam o seu espaço, principescamente recompensado em numerário.
Através desta estratégia censória esconde-se da generalidade dos cidadãos o abismo para o qual o mundo caminha agora apressadamente, iluminado pela tese cada vez mais ganhadora de que os avanços tecnológicos e científicos no domínio militar permitem a utilização circunscrita de bombas atómicas, sem que haja risco de uma hecatombe nuclear generalizada.
E na bolha mediática não irrompe qualquer abcesso de inquietação, ao menos para gritar uma advertência do género salve-se quem puder. Pelo contrário, se acaso o assunto é aflorado por ilustres comentadores, uma tal tese é considerada verídica, podemos então dormir descansados, a desgraça será longínqua e limitada.
O Centro de Informação Nuclear das Forças Armadas dos Estados Unidos anunciou que foram testados há pouco, com êxito absoluto, os componentes inertes da nova bomba atómica B61-12, na verdade um novo engenho com capacidade para furar bunkers de silos nucleares e dispondo de quatro opções de potências selecionáveis entre 0,3 e 50 quilotoneladas, o que permite «dimensionar» os danos pretendidos.
«Wilbur Ross, secretário do Comércio de Trump, disse esta semana, durante uma conferência na Califórnia, que o bombardeamento contra a base de Cheirat na Síria, provocando a morte de vários civis, foi "uma sobremesa", um "divertimento" (...)»
Além disso, a Boeing forneceu um novo sistema de orientação que permite ao engenho procurar o alvo, dispensando-se o lançamento na vertical, considerado menos preciso. Enfim, tudo mais controlável, com a vantagem de a nova bomba ser utilizável pelos já existentes F-16 e Tornado, evitando a espera pelos míticos F-35, já vendidos a uma série de países da NATO sem existir um único protótipo.
A recepção da nova bomba atómica começou, aliás, a ser preparada no interior da NATO através do treino de pilotos de várias nacionalidades, designadamente italianos, belgas, alemães, holandeses e, para que conste, também turcos e polacos – oriundos, portanto, de uma ditadura fundamentalista islâmica e de um regime fascizante.
Em simultâneo, decorreu em Nova Iorque uma simulação de operações de socorro no caso de um ataque nuclear. Os comentários advertindo que um exercício deste tipo só faz sentido para precaver a defesa contra uma resposta nuclear a um eventual ataque norte-americano foram qualificados, obviamente, como fruto de teorias da conspiração, talvez de fake news das não toleráveis. Sim porque existe aquele incontestável soundbite garantindo que todas as armas norte-americanas são defensivas, Washington jamais atacará primeiro.
Por isso se condena a ousadia da China ao exigir a retirada do sistema THAAD de «defesa» antimíssil que os norte-americanos instalaram na Coreia do Sul; a exemplo dos escudos «defensivos» operacionais na Polónia, na Roménia e outros países da Europa de Leste, que eram contra o «perigo iraniano» e acabaram convertidos em prevenção contra a «ameaça russa»; tal como os SCUD oferecidos a Israel enquanto a NATO destruía o Iraque, a Líbia, a Síria, o Iémen, a Somália, o Afeganistão, o que mais adiante se verá.
Do mesmo modo que no caso da China, devem condenar-se igualmente os injustificados protestos russos e de países árabes contra os engenhos «defensivos» plantados nos territórios vizinhos. Portem-se bem e nada terão que temer.
Porém, em boa verdade o melhor ataque é a defesa. Os sistemas antimísseis multiplicados pelas Forças Armadas norte-americanas em zonas de conflito e frente às potências rivais pretendem assegurar a impunidade depois de um primeiro golpe; isto é, têm como principal objectivo garantir que a resposta de um país atingido pelo primeiro ataque será sempre menos eficaz do que este. E como agora já podem dosear-se os efeitos de uma agressão atómica, eis uma situação comprovando a tese da guerra nuclear limitada.
Wilbur Ross, secretário do Comércio de Trump, disse esta semana, durante uma conferência na Califórnia, que o bombardeamento contra a base de Cheirat na Síria, provocando a morte de vários civis, foi «uma sobremesa», um «divertimento» no final do jantar que o presidente norte-americano oferecia na ocasião ao homólogo chinês. Uma mensagem servida com um drink, em jeito de brinde. Em Roma, o circo para sacrificar seres humanos era limitado ao Coliseu; agora tem dimensões planetárias.
Sabe-se, entretanto, que os últimos lugares vagos na corte de Trump deixados por nomeados que se opunham à política de confrontação militar foram ocupados por Kurt Volker e Tom Goffus, duas figuras republicanas da máxima confiança do falcão John McCain, por sinal o elo de ligação entre o establishment norte-americano e os principais grupos terroristas ditos islâmicos, entre eles o Daesh ou Estado Islâmico.
Enquanto isso, as Forças Armadas dos Estados Unidos fizeram dois testes com mísseis balísticos intercontinentais «para validar e verificar a eficácia, prontidão e precisão do sistema de armas nucleares».
Dirigentes sociopatas e assassinos com o destino do mundo nas mãos estão livres e à solta, protegidos, acarinhados até como salvadores dentro da bolha mediática. Se não forem os cidadãos livres, inconformados e informados a dar o alerta quem o fará por eles?

Coimbra, 11 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Anonymous avisam o mundo: "preparem-se para a Terceira Guerra Mundial"

10 DE MAIO DE 2017  16:29
Anonymous avisam o mundo: "preparem-se para a Terceira Guerra Mundial"
DN
Vídeo partilhado pelo grupo de hackers lança mensagem sombria perante movimentações na península coreana
Num clip de vídeo com cerca de seis minutos, publicado durante o fim de semana, o grupo Anonymous decidiu fazer um alerta global e dizer ao mundo que é preciso começar a preparar-se para a Terceira Guerra Mundial.
No vídeo, narrado por alguém que surge encarnando a personagem de Guy Fawkes, como habitualmente - a "face" do coletivo de hackers - os Anonymous apontam os recentes movimentos militares na península coreana e denunciam alertas feitas pelo Japão e Coreia do Sul aos cidadãos, para que se preparem para o conflito. "Ao contrário de guerras passadas, ainda que haja tropas no terreno, a batalha será provavelmente feroz, brutal e rápida. Será igualmente devastador ao nível global, tanto ao nível ambiental como económico".
Os Anonymous dizem ainda que, num conflito que envolve três grandes forças - EUA, Coreia do Norte e China - outros países do mundo vão ser obrigados a escolher lados. "Esta é uma guerra real, com consequências reais globais. Com três superpoderes arrastados nesta mistura, outras nações serão coagidas a escolher lados, portanto, como é que estão dispostas as peças de xadrez até agora?".
De acordo com o grupo, os EUA têm trabalhado com a China, Coreia do Sul e Filipinas para manter a paz na região, mas Pyongyang estará a fazer "orelhas moucas". Os 'hackers' dizem ainda que a administração Trump está a trabalhar com a Austrália e que já enviou para o país um destacamento de mil tropas e da força aérea. "Os cidadãos serão os últimos a saber, por isso é importante saber o que as outras nações estão a fazer".
"Quando o presidente Trump começa a estabelecer contactos com pessoas como o presidente Rodrigo Duterte das Filipinas para garantir que estão do mesmo lado, devemos questionar-nos", sublinham. "No entanto, até Duterte avisou os EUA para se afastarem de Kim jong-un".
O vídeo termina com uma mensagem sombria: "Preparem-se para o que vem a seguir".
 
Coimbra, 10 de maio de 2017
Álvaro Teixeira