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domingo, 26 de novembro de 2017

A inevitabilidade de ter de esperar sentado

por estatuadesal

(Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 26/11/2017)

marcelo_espera

Já o tinha aqui escrito e reescrito, mas nunca é de mais recordá-lo: se queremos saber dos estados de alma de Marcelo relativamente ao governo e aos sinais a transmitir ao eleitorado não poderemos prescindir das peças jornalísticas assinadas por Ângela Silva na edição semanal do «Expresso». Quer pelo que através dela se publicita - e convenhamos ser fonte bem mais fiável do que o «criativo» Marques Mendes - quer pelo que deixa implícito para nós podermos conjeturar, essa leitura é sempre imprescindível..

Que Marcelo continua incomodado com esta maioria governativa, não estranhamos!  Ele bem gostaria de a substituir pelo Bloco Central dos interesses económicos, que sempre foram seus clientes bem pagantes nos muitos estudos que, ao longo dos anos, lhe encomendaram. Ora se há mácula de que podemos dispensar o selfieman é que ele não seja agradecido aos que lhe foram engordando as contas bancárias.

Por isso, se os patrões vão a Bruxelas fazer queixa do governo, que dizem secundarizar-lhes as pretensões no Orçamento para 2018, Marcelo dá-lhes música para os ouvidos prometendo alongar-se na análise do documento a fim de o limar de quanto lhe pareça «excessivamente de esquerda».

Arrisca-se, porém, a repetir o erro de Passos Coelho, mesmo que não seja tão veemente na promessa da chegada do Diabo: embora sob a forma de recados para o governo - mas que destina sobretudo ao eleitorado enquanto recetor principal - alerta para uma estratégia governativa focalizada na potenciação do consumo interno, não dando o devido ênfase ao investimento e às exportações.

Sabendo-se que tem a acolitá-lo um conjunto vasto de assessores especializados nas várias vertentes do exercício do poder estranha-se que esteja a proferir sentenças que, a curto prazo, se virarão contra si, não só porque o Portugal 2020 tenderá a acelerar os indicadores relativos ao investimento e ao crescimento da economia, mas também porque, entrando em velocidade de cruzeiro, a produção do novo modelo da Autoeuropa propiciará uma dopagem significativa nos números das exportações.

Colocando-nos na pele de quem analisa friamente a atividade política o interesse dos tempos próximos consistirá em saber por quanto tempo resultará uma magistratura de influência política apenas baseada nos abraços e nas selfies. Quando a determinada ação governativa resultar numa adesão ainda mais significativa do eleitorado a tais resultados será interessante saber se Marcelo quererá ir a jogo para um segundo mandato. A vaidade poderá impulsioná-lo para essa hipótese, mesmo sabendo que se limitará ao papel de «corta-fitas». Mas se o objetivo seria o de suscitar uma firme guinada à direita na política nacional as circunstâncias podem aconselhar-lhe que espere sentado...

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Brincadeiras*

Brincadeiras*

  • Eduardo Louro
  • 17.11.17

Resultado de imagem para marcelo a correr com antónio costa

A indignação voltou a tomar conta do país, seguindo aquilo a que já poderíamos chamar os trâmites do costume. Tudo começou nas redes sociais, afinal o local onde hoje tudo começa, para depois passar para os mais altos representantes do poder: o Presidente da República e o primeiro-ministro.

Nestes trâmites costuma ser mesmo essa a ordem: primeiro chega sempre o presidente, e depois lá vem o primeiro-ministro.

Desta vez – e estou a referir-me, como não podia deixar de ser, ao celebérrimo repasto no Panteão Nacional de Santa Engrácia – António Costa, farto de ser segundo, de chegar sempre atrás de Marcelo, deu à perna e chegou primeiro. Desconfio que o presidente estaria ainda entretido a arranjar madrinha para os portugueses. Não fosse isso, e teria conseguido, também desta vez, chegar à frente.

Marcelo consegue ler 40 livros ao mesmo tempo, ver 10 filmes e ler 10 livros numa noite e ainda dormir três horas, mas não consegue – ainda, talvez lá chegue dentro de pouco tempo – arranjar madrinha e indignar-se ao mesmo tempo.

Pode parecer uma brincadeira, mas é um retrato do país. E um país que é uma brincadeira, só pode ter um retrato destes.

A indignação foi tal que ninguém se indignou com a brincadeira. Nem com a madrinha com que Marcelo quis brincar com a malta!

Sim. Só pode ter sido por brincadeira, pelo tal lado traquina do irrequieto Marcelo, já cansado de se portar bem.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O NOVO PÁTIO DAS CANTIGAS

O NOVO PÁTIO DAS CANTIGAS

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 16/11/2017)

palhete

Os populistas têm o dom de para todos os problemas encontrarem uma solução óbvia, se o país não progride é porque os políticos são incompetentes e corruptos, arranja-se um honesto, se há crime a causa está nas penas, adota-se a pena de morte. Tudo é fácil de resolver, basta que apareça o salvador certo, na hora certa. Poderão haver bons populistas e maus populistas, populistas de direita e populistas de esquerda, populistas fascistas e populistas democratas. Os populistas são simpáticos, mais inteligentes, mais lógicos, mais compreensíveis, mais honestos, mais competentes, mais brilhantes, receberam dons que os outros não receberam.

Marcelo trouxe uma nova forma de populismo, ele resolve todos os problemas com afetos, se há um problema Marcelo vai lá, dá beijinhos e abraços, posa junto da velhinha com o ar mais sofrido deste mundo, diz uns bitaites na hora, manda recados ao governo, define novas prioridades na hora e segue viagem, mais um grande problema que o país resolveu, venha o próximo.

O país resolve problemas a um ritmo nunca visto e está esclarecido como nunca esteve, se há uma dúvida Marcelo esclarece, se é necessário comentar Marcelo comenta, se um problema carece de uma solução o Marcelo resolve, tudo na hora, em direto, sem reflexão, sem a chatice de ouvir técnicos, sem a seca dos debates parlamentares, tudo resolvidinho logo ali.

Para Marcelo tudo se resolve na hora, problemas de séculos cuja solução demorará décadas são resolvidos com meia dúzia de beijinhos, uns abraços, algumas selfies e umas respostas dadas com passo apressado porque o irrequieto presidente já está a caminho de resolver outro problema. Antes do jogo da bola, já de noite, dá um pulo à barragem vazia e logo ali dá uns recados via jornalistas, de caminho serve umas sopas e a caminho do xixi ainda telefona para Lisboa para saber o que se passa na maldita capital.

Afinal, não havia razões para o atraso ou para o subdesenvolvimento, pede-se ao chefe da Casa Civil para telefonar aos autarcas para mobilizarem as velhinhas, manda-se o motorista encher o depósito, avisam-se as televisões e lá vai Sua Exª. mais a sua comitiva resolver o problema. Começa-se com os afetos, reúne-se com o autarca e de seguida o professor de direito e comentador televisivo que sabe de tudo, arranja logo ali uma solução, manda o governo resolver tudo num par de dias.

Que pena o Professor Marcelo e todo o seu imenso amor mais a sua sapiência não terem aparecido mais cedo, no século XIX, quando o atraso do país era evidente, porque não uns tempos antes, quando esgotados os negócios das especiarias, do ouro e dos escravos o país entrou em decadência. Marcelo está a passar ao país uma mensagem muito perigosa, a de que há uma solução milagrosa para tudo, que só não é adotada porque falta alguém tão sabichão e bondoso como ele.

É uma pena que o Professor Marcelo não tenha razão, que os grandes problemas não se resolvam com a sapiência dos nossos juristas, convencidos que todos os males se resolvem com decretos-leis bem escritos, que o atraso económico não se resolva com mezinhas, que a chuva não comece a cair com procissões e rezas do cardeal, que a saúde não se defenda com pulseiras com bolinhas, que a seca não se resolva com visitas noturnas às barragens, que o crescimento acima dos 3% não resulte de encomendas ou palpites presidenciais.

Marcelo tem a virtude de mobilizar o povo, mas se é verdade que a mobilização coletiva ajuda a resolver os problemas, também não é verdade que os problemas sejam assim tão simples de resolver. O desenvolvimento não é um jogo de futebol, não basta ter uma boa claque e um estádio cheio a empurrar a equipa. Os grandes problemas do país, resultam de atrasos de séculos ou dos desafios atuais ou do futuro e exigem muito mais do que bitaites acompanhados de muito amor e afeto. É esta a falsa ideia que o populismo marcelista está a fazer passar.

Com Marcelo há muita gente que fica convencida de que basta dar muitos beijinhos para que o petróleo comece a jorrar na Estrela.

É uma pena que, como diz o povo, isto não vá lá só com cantigas.

O que o País deve a Marcelo e o que não pode consentir

por estatuadesal

(Carlos Esperança, in Facebook, 15/11/2017)

Clonagem

Imagem in Blog 77 Colinas

Após a tomada de posse, Marcelo surgiu sem prótese conjugal, irradiando simpatia, em flagrante contraste com o antecessor. Com a cultura, inteligência e sensibilidade que minguavam a Cavaco, tornou-se um caso raro de popularidade.

O respeito pela Constituição da República, elementar no constitucionalista, levaram-no a aceitar o Governo legitimamente formado na AR e a que Cavaco dera posse com uma postura indigna de quem, sem passado democrático, é devedor à democracia dos lugares cimeiros que ocupou.

Marcelo, em vez de ameaçar o País e denunciar à Europa os perigos imaginários que um ressentido reacionário lobrigou no entendimento democrático dos partidos de esquerda, ajudou ao desanuviamento do ambiente político e à higienização do cargo para que fora eleito. Fez o que devia, e teve a decência de romper com a herança de dez anos.

Esgotado o mérito que lhe será sempre creditado, entrou num frenesim próprio de quem é hipercinético, por temperamento, e ansioso de mediatismo, por idiossincrasia, como se estivesse em permanente campanha eleitoral.

A presença constante nas televisões, a opinião sobre tudo, o comentário que vai da bola à alta política, o exercício das suas funções e a exorbitância delas, a ida a funerais e casamentos, a presença pública em cerimónias litúrgicas e a confusão entre o Palácio de Belém e a sacristia, onde se comemoram milagres, começa a inquietar quem vê na sua conduta o atropelo à laicidade do Estado e a ingerência abusiva em funções do Governo e no condicionamento do comportamento dos seus agentes.

Ao ler hoje o elogio do PR ao lastimável pedido de desculpas do ministro da Saúde por mortes causadas por uma bactéria, como se o ministro fosse responsável, vi uma cultura judaico-cristã de culpa e de arrependimento, incompatível com a dignidade das funções e os esforços para resolver situações imprevisíveis, e que, no seu dramatismo, tendem a ser exploradas e ampliadas pela morbidez instalada na comunicação social.

É altura de dizer basta à deriva presidencial, que não tem uma palavra para condenar os silêncios sobre os desvios dos fundos comunitários, as fraudes nas autarquias e os atrasos nas investigações sobre as eventuais burlas nos bancos GES/BES, Banif, BPN, BPP e BCP, e se torna excessivamente loquaz a querer transformar o OE-2018, em discussão na AR, num instrumento para a sua popularidade.

Há já dificuldade em distinguir a genuína empatia de um caso patológico de narcisismo.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Das madrinhas

por José Gabriel

Houve tempos em que um comércio - e mesmo indústria - de proximidade nos permitia o acesso a bens através de um consumo personalizado, uma escolha pessoal. Podíamos apalpar - honi soit...-, cheirar - idem...-, provar - então?...- tudo. Roupa, fruta, livros, discos, alimentos vários, tudo nos passava pelos sentidos e pelo sentido. E não era preciso ir muito longe. Era logo ali na loja. Cada um adquiria o que queria e podia. E o que comprava era seu e pago ao vivo por cada um - ou fiado, que também era coisa personalizada. O mesmo se passava com as madrinhas: cada um tinha a sua. Claro que, como todos sabemos, as madrinhas podem ser de baptismo, de casamento - religioso ou civil, tendo neste caso o nome menos poético de testemunhas - de crisma, de guerra e tudo o mais. Há, até, para cada um de nós, uma fada madrinha.
Mas agora estamos no tempo das grandes superfícies, do granel, das compras à distância. Das marcas brancas, do streaming. Da partilha digital, da rede, da nuvem.
Ora, é neste contexto que o presidente Marcelo resolveu proporcionar a todos os portugueses uma madrinha partilhada. Com a qual tenhamos uma relação ainda mais distante do que a que temos com a Amazon. E em regime de monopólio, diriam maldosamente os comunistas. Portanto, afilhados de Maria (Cavaco), rejubilai! Ler mais deste artigo


domingo, 5 de novembro de 2017

QUAL O PREFERIDO DE MARCELO? COSTA, SANTANA OU RIO?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 03/11/2017)

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A escolha do futuro líder do PSD não é indiferente a Marcelo Rebelo de Sousa; o almoço com Santana Lopes, cuja notícia alguém deixou escapar para os jornais de forma intencional, representou para o ex-primeiro-ministro desastrado uma espécie de bênção. Para muitos militantes do PSD a ascensão ao poder implica que sejam feitas as pazes entre Marcelo e o partido, pelo que o almoço foi entendido por muitos eleitores internos do partido como um sinal, o Presidente prefere Santana.

Mas quererá Marcelo coabitar com Pedro Santana Lopes? O país entraria num novo PREC, o PREC dos abracinhos e beijinhos, com o primeiro-ministro e o Presidente da República a participarem numa corrida aos afetos, o próprio Santana lançou a sua candidatura dizendo que ia dar muitos beijinhos, tal como Marcelo. Os afetos estão na moda, a própria Assunção Cristas já se tinha antecipado a Santana, durante as autárquicas.

Teríamos o país das maravilhas, com o Presidente a ir ao Porto servir refeições aos velhinhos e o Marcelo a reunir o conselho de ministros no meio das gaivotas das Berlengas.

Marcelo é um dos políticos portugueses que melhor conhece Santana Lopes e só se não estivesse no seu pleno juízo desejaria coabitar com ele no poder. Se conhece Santana, melhor conhece Rui Rio e dificilmente gostaria de ter como primeiro-ministro alguém que lhe bateu com a porta.

Rui Rio ocuparia melhor o espaço do centro direita que Marcelo considera ser agora seu, uma liderança do PSD por Rui Rio tiraria este partido da quase extrema-direita onde se encontra com a liderança de Passos e dos seus jovens tigres. Se um governo de Santana Lopes acabaria por ser uma paródia que acabaria por se virar contra Marcelo, um governo do bloco central reduziria Marcelo ao estatuto de reformado de Belém.

Com um governo de bloco central Marcelo perderia espaço político, não teria margem para criar fatos políticos, nem mesmo se ardesse o resto do país. Marcelo perderia todo o protagonismo e a sua presidência arrastar-se-ia sem grande chama.

O melhor primeiro-ministro para Marcelo é António Costa, com ou sem Geringonça. Desta forma os partidos à direita continuariam a apoiar Marcelo na esperança de receber uma ajuda, enquanto o Presidente ia gerindo a sua imagem à custa do governo. No caso de desgraça Marcelo supende a agenda e vai dar muitos abracinhos e beijinhos. Quando houver sucessos para festejar Marcelo antecipa-se e é ele a dar as boas notícias.

O Presidente da República e a transparência

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Carlos Esperança, in Facebook, 04/11/2017)

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(Este texto sugere-me a seguinte reflexão: será que o Governo não deverá, perante tantas delongas em dar a conhecer os resultados de um inquérito, escrutinar a Presidência, tal como esta não se cansa de advertir que o fará em relação ao Governo? Marcelo anda tão ocupado com beijos e abraços que não tem tempo para exigir que o dito inquérito seja concluído? Ou acha que, como a comunicação social esqueceu o assunto, não tem obrigação de prestar contas ao País?

Estátua de Sal, 04/11/2017)


O atual inquilino de Belém não precisava da comparação com o antecessor, o que, aliás, seria descabido, para ser considerado um cidadão probo em relação ao uso de dinheiros públicos ou à prática de negócios privados que desmerecessem o exercício do cargo, incluindo os gastos com o órgão de soberania cuja vigilância lhe cabe. É um cidadão honrado. Ponto.

Assim pudéssemos louvá-lo na defesa da laicidade do Estado ou na sobriedade exigível nas declarações políticas, quando excedem a competência das funções presidenciais, ou no derramamento de afetos ao domicílio!

Como excelente constitucionalista, qualidade que acrescenta a muitas outras, sabe que a CRP não lhe permite alimentar pretensões peronistas, se acaso as tivesse, e que Portugal não as aceitaria, ainda que dispusesse de uma Evita. Nesse aspeto estamos descansados.

Já quanto à utilização da sua alta popularidade para condicionar o voto dos portugueses, goste-se ou não, é a vida. Nada podemos fazer quando nos agrada ou desagrada. Não se pode exigir a um conservador que seja progressista e que vá além do que a Constituição lhe exige.

Se o abuso das funções, por irrefreável devoção pia, o leva a beijar os anéis dos bispos e o do Papa, numa humilhação que envergonha a República, não pode ser aplaudido pelos que defendem a separação do Estado e das Igrejas, nessa alarmante perversão simbólica.

Quando, na euforia beata, se desloca a Fátima, na qualidade invocada de PR, e se afirma representante de crentes e não crentes, os últimos consideram-no um mero acólito numa infeliz peregrinação em que deu caução à burla das aparições, um ato para que lhe falta alvará e onde carece de legitimidade para representar os crentes.

Do que Sua Excelência não está livre é do escrutínio dos portugueses, quer pelo que faz, quer pelo que esquece. E, no que esquece, é bom lembrar que o País desconhece o que foi feito dos quadros do Museu da República que alegadamente o antigo Diretor levou para casa, dizendo que eram seus. Eram ou não eram?

Quanto ao inquérito, (Ver notícia de 21/06/2016, aqui), sobre a displicente vigilância sobre os gastos pelo seu antecessor, quando é que o atual PR divulga as conclusões? Ou o País não deve exigir conhecê-las?

sábado, 4 de novembro de 2017

Depois das misses

Estátua de Sal



por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 04/11/2017)

Daniel Oliveira

Em momentos trágicos como os dos incêndios deste ano o debate político costuma ser substituído por discursos de tipo “miss mundo”. Eles escondem as contradições entre diferentes interesses que qualquer mudança estrutural tem de enfrentar, fazendo parecer fácil e consensual o que é difícil e fraturante ou dividindo o país entre um povo em sintonia e generoso e políticos incompetentes e mesquinhos. Só que no dia seguinte é a política que tem que fazer escolhas, desafiar interesses legítimos e ilegítimos e enfrentar resistências. Um desses interesses já deu a cara e promete resistir. De dedo em riste e em tom comicieiro, Jaime Marta Soares ameaçou, perante um primeiro-ministro mais frágil do que antes, levar os bombeiros para a rua se os seus poderes fossem tocados.

Não foram os bombeiros que gritaram “basta!”. Foi um cacique local, quatro décadas presidente de uma câmara onde deixou um buraco de 30 milhões de euros, duas décadas deputado, dirigente desportivo e tudo o mais que se possa lembrar. Como escreveu João Miguel Tavares, Jaime Marta Soares é “uma personagem emblemática da vida política portuguesa”. Há uma rede política formal e informal, com um enorme poder, que está espalhada pelo país e especialmente presente em todas as estruturas que trabalham mais diretamente com as populações: direções de bombeiros voluntários, provedores das misericórdias ou responsáveis por IPSS. A fraca organização e descentralização da nossa sociedade civil está subordinada às únicas estruturas associativas com implantação e poder reais: os partidos políticos e a igreja católica. Jaime Marta Soares representa aqueles que usam os bombeiros voluntários como instrumento de poder político. E usará esse poder para impedir uma das reformas mais difíceis e mais urgentes no combate e prevenção de fogos: a profissionalização dos bombeiros, reservando para o voluntariado um papel complementar.

Quatro fatores explicam a dimensão e efeito dos incêndios: as condições climatéricas únicas; a mão criminosa; anos de erros e de incúria no ordenamento do território, política florestal e prevenção e combate aos fogos; e falhas graves deste Governo, sobretudo nas nomeações dos comandos da Proteção Civil e na alocação de meios. Todos merecem discussão e até é natural que haja mais atenção às responsabilidades de quem está atualmente no poder. Mas, por conveniência política, Marcelo concentrou o debate apenas neste Governo e ajudou a cristalizar a ideia de que os acontecimentos deste verão se devem quase exclusivamente a fatores políticos circunstanciais, o que tornará muito mais difícil mobilizar o país para mudanças estruturais.

É verdade que o Presidente disse que mudar a política florestal e de combate aos fogos é a prioridade do seu mandato. Só que não é ele que o vai fazer. E ao enfraquecer o Governo nesta área, contribuindo para que ela fosse o centro da guerrilha partidária e institucional, Marcelo enfraqueceu o único poder que tem os instrumentos para impor esta reforma: o executivo.

As corporações sentem que estão, neste tema, perante um Governo fraco. O discurso incendiário do cacique dos bombeiros é sinal disso mesmo. E Marcelo teve um papel fundamental numa fragilização que não deixará de ser aproveitada por quem quer que tudo fique na mesma.




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O REI FALOU! Calem-se…


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 18/10/2017)

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O Excentíssimo Sr. Presidente da República, quero dizer o REI, porque amigo do Povo como todos os Reis, falou e disse! Mas o que disse? Nada! Como todos os Reis…

Mas, como parêntesis, eu não posso ser considerado um adepto incondicional deste Rei porque, antes mesmo dele ser eleito, eu escrevi umas diatribes acerca do cujo e às quais, como estão escritas, eu não posso renegar! Foram escritas e publicadas no meu Blog, esse que todos conhecem!, nos dias 11 e 13 de Dezembro de 2015, O Marcelo nada!O MARCELO NADA (2).

Mas ele hoje falou e disse! O quê? Pouco mais que nada. Mas o Rei Marcelo é o supremo Comandante-em-chefe de todas as Forças Armadas, e chefe maior da Nação, o que quer dizer o seu principal responsável. O responsável supremo, melhor dito.

Ou não? Será ele apenas decorativo? Pois não parece! Pois ele quer saber de tudo e sobre tudo opinar…embora não emitindo veementes avisos como o outro…

Ele comanda, como disse ( mas será que é apenas decorativo?), tudo o que são Forças Armadas, da terra, do mar e dos céus, armadas e não armadas, e já agora ele é, para além disso, dono de tudo o que é político e não político, para além de todos os beijos e abraços e também das selfies

Mas, perante a calamidade, da qual todos devemos pedir desculpa às vítimas pela nossa inoperância e alheamento, os militares que ele tão galhardamente comanda foram para o terreno? Isso era com as chefias…

Demiti-los e já! E os tais meios humanos que faltavam e não apareceram, ficaram onde? Nos quartéis! Fazendo escalas e jogando à sueca, para nào falar em jogos mais “hard”? Isso é com as chefias…

Mas então para que serve o Sr. Presidente, Comandante-Em-Chefe de todas as Forças Armadas e Rei daqui e de além mar, pois temos a Madeira e os Açores para além das Berlengas e das Selvagens, num momento de crise aguda? Para inspeccionar as tropas em desfile, para beijar e para ” selfiar”! E para falar…Mas só!

Ele revista as tropas, certifica-se que estão bem alinhadas, fazem-lhe continência e ele segue hirto e educado. Como manda o protocolo, dele e dos outros todos! Mas que manda? Nada!

Aí ele faz, sem dúvida, de figura decorativa! Mas, no caso premente, o que faltou? O Exército! E todo o mundo notou, Sr. Presidente-Rei-Em-Chefe! Culpa do Governo? Não, de V.Exª, quer dizer, das chefias…já me ia esquecendo…

Mas mais, para além dos meios humanos que todos reclamavam (não há bombeiros para acorrer a mais de quinhentos fogos, já lhe ocorreu?)  faltou também a sua larga e extensivamente frota, de tudo o que imaginar se possa, pois eu vejo-a amiúde desfilando aqui pelas ruas da Póvoa e pavoneando-se como que dizendo: “nós existimos”!

Mas elas têm tudo para desfilar, assim como desfilam no dia glorioso da Pátria e da grei, para além de Camões e das Comunidades, como desfilam todos os arsenais que reservadamente possuímos! Só não desfilam os submarinos pois estes, para além de boiarem na Doca de Santos, só andam pelos fundos dos mares, cumprindo funções de elevadíssimo risco…pois estão debaixo de água e isso é sempre um risco!

Mas, veja bem, ainda há quem pergunte, e só pode ser alguém que da sua própria Pátria mostra asco, para que servem as Forças Armadas e, concomitantemente, note a insinuação, o seu Comandante-Em-Chefe! Para desfilar, dizem eles, do fundo da sua enorme ignorância. Deus lhes perdoe, já que a Pátria tal não pode fazer…

Mas é isso, Sr. Presidente: Sua Exª disse nada, e nada é o que eu esperava ouvir, e sem surpresa!

Mas agora, digo-lhe com toda a franqueza Sr. Presidente, esperava mais de si! Para além de, sem quaisquer tibiezas, ter exigido do PM a demissão da Ministra e de toda a gente do aparelho de Estado, que como dizem os doutos comentadores falhou, enfim, que não da sua, o único imune a qualquer responsabilidade  como qualquer Rei deve ser, S. Exª, tal como a totalidade dos comentadores, opinadores, opinadores disto e daquilo e de tudo e de nada, sabedores e especialistas em tudo e até na “vox- populi”, não referiu nunca aquele pequeno pormenor: é que foram ateados mais de quinhentos fogos numa só noite!

A S. Exª, um ser tão arguto e de pensamento mais rápido que o do Lucky Luck, não lhe surgiu nada? Uma pequena estranheza que fosse? Nenhum assessor, na ausência de sua lembrança ( o Senhor pode ser dotado mas na intempérie de informaçào há sempre algo que pode escapar pois ninguém é sobre-humano, embora haja quem assim faça por parecer…), lhe insinuou sequer: Mas, Sr. Presidente  e Comandante-Em-Chefe de todas as Forças Armadas, do mar,da terra e do céu, é que são mais de quinhentos …! Eu sei, disse V. Exª seca e distraidamente…

E foi assim a decisiva intervenção das nossas Forças Armadas, neste inaudito e inusitado conflito entre as forças do bem e do mal, do mafarrico contra as gentes ordeiras, com o seu Comandante Supremo na chefia!

Tão grandiosa foi a vitória, pesem as mais de trinta vítimas (pedimos-lhe desculpa), que resta apenas dizer: Parabéns incendiários…great job!

PS: Perante as tamanhas alarvidades que eu tenho ouvido, as minhas banalidades são pormenor…

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Cavaco Silva: o regresso dos mortos-vivos


por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 04/09/2017)
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A esta hora Cavaco deve estar a preparar uma viagem a Fátima, acompanhado da Maria, para pedir à Virgem que acabe com tanta porrada que tem levado nos últimos dias. Estava tão bem posto em sossego no Convento do Sacramento, gozando da sua parca reforma dourada, que em tempos disse que mal lhe dava para pagar as suas enormes despesas, e a destilar fel para o segundo volume das suas memórias, que acredito que perante tanta tosa, já se tenha arrependido de ter saído da toca.
Aqui vão mais umas bordoadas a preceito, dadas desta vez pelo Daniel Oliveira. Eu não tenho pena nenhuma do personagem, e aliás, fui dos primeiros a molhar a sopa.
A poucos se aplica melhor do que Cavaco o sábio ditado popular que assim reza: Só se perdem as que caem no chão.
Estátua de Sal, 04/09/2017


Durante quatro décadas um dos políticos profissionais há mais tempo no ativo apresentou-se como um técnico, um outsider, um antipolítico. Durante quatro décadas um dos políticos mais perdulários, responsável pela perda de uma oportunidade histórica, como primeiro-ministro, e com uma das casas civis mais dispendiosas da nossa democracia, que chocou o país ao dizer que 10 mil euros quase não davam para as suas despesas, apresentou-se como um político austero.
Durante a sua longa carreira política rodeou-se de homens como Duarte Lima, Dias Loureiro ou Oliveira Costa, mantendo com este último relações financeiras promíscuas, e isso não o impediu de dizer que era preciso nascer duas vezes para ser mais sério do que ele.
A dissociação entre o que Cavaco Silva é e a imagem que tem de si mesmo é o seu traço psicológico mais perturbante. Um traço megalómano que o aproxima, curiosamente, de José Sócrates.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O poder que voltou

André  Veríssimo
André Veríssimo | averissimo@negocios.pt 21 de julho de 2017 às 00:0´

Antes de a banca cair do pedestal do poder em Portugal já ele se tinha esvaído. Nos tempos que correm só o dinheiro garante a autonomia e quando deixou de o haver entregámo-la. Partiu para outras geografias, Berlim, Frankfurt, Washington, Bruxelas. Mas está a voltar.
Não todo o poder, porque o fomos cedendo em nome de um projecto europeu sobre o qual crescem dúvidas, mas que soube atravessar aquela que foi a sua maior provação. A soberania sobre o sistema financeiro foi a última a partir.
Não todo, porque há fragilidades que ainda nos tolhem e independências por firmar – vivemos ainda no aconchego do BCE.
Não todo, porque na míngua de dinheiro português venderam-se a capital estrangeiro valiosos anéis empresariais e vários dedos dessa mão poderosa da economia que é a banca .
Há, ainda assim, um regresso, construído à força do cumprimento de metas orçamentais, da recuperação do acesso aos mercados, de um crescimento económico mais robusto. Um esforço colectivo, sofrido, teimosia de vários anos, seguindo obedientemente as regras do jogo que outros desenharam. Mas emergimos.
A maior confiança, esse sentimento que os matemáticos aprenderam a medir e as estatísticas colocam agora nos píncaros, bebe também dessa maior autonomia. Está na auto-estima. Está na capacidade para tomar opções.
Liberdade é poder. Lisboa tem mais poder. E quem diz Lisboa, diz São Bento, diz Belém. Os actores políticos são hoje mais protagonistas e menos intérpretes de um papel secundário. Podem escrever um argumento mais original. António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa têm mais poder do que teve Pedro Passos Coelho ou Cavaco Silva. Também por espessura própria, deve reconhecer-se.
Há também novos protagonistas, uns saídos da destruição criativa da crise, outros da retoma. A convulsão trouxe um maior equilíbrio. O Estado é menos imponente, a banca menos influente, o poder judiciário está mais presente. Eminências pardas ainda as há, mas o poder é mais difuso, há mais matizes. O que é até mais saudável, pode é ser passageiro.
São os rostos desta nova ordem, mestiça ainda da antiga, que o Negócios vai dar a conhecer nas próximas semanas em mais uma edição de "Os mais poderosos".

Fonte: Jornal de Negócios

Nota do Blogue: As nossas Televisões, incluindo a RTP que todos nós pagamos, não falam deste assunto, enfeudadas que estão ao serviço da Direita que nos martirizou durante quatro e meio.

O humor de Marcelo e a saudação a Cavaco Silva



por estatuadesal
(Por Carlos Esperança, in Facebook, 20/07/2017)
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Marcelo tem um humor refinado e desconcertante. Nem sempre a sua pontaria é tão certeira como a que dispara ósculos para anelões episcopais, com particular acuidade para o do papa, onde, à precisão, acrescenta abundante secreção de saliva pia, em pleno alvo.
A atribuição do mais alto grau da Ordem da Liberdade a Cavaco Silva foi o mais alto e refinado momento de humor. Parecia o Pedro dos Leitões a condecorar um vegetariano, e houve quem não lhe apreciasse o humor… negro!
Não se pode negar a quem tem manifestado notável sentido de Estado, e a quem o País deve parte do ambiente descontraído que o ressentido antecessor perturbou até ao último dia, que continue a brindar-nos com inofensivos rasgos de sofisticado humor.
Ao saudar Cavaco Silva "de forma muito especial e calorosa", pelo 30.º aniversário da primeira maioria absoluta monopartidária da democracia portuguesa, conquistada pelo PSD a 19 e julho de 1987, humilha Passos Coelho e sabe que o País não corre o risco de voltar a ver Cavaco nem como vogal de uma Junta de Freguesia.
Com este ato de humor, Marcelo há de ter-se divertido, por ter sido ele próprio o criador de Cavaco, na Figueira da Foz, e sabe que a sua popularidade se deve também à comparação com o inculto e rancoroso antecessor.
E foi o único a lembrar-se do defunto político!

A comparação desleal entre Marcelo e governo


por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 20/07/2017)
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Como diria Herman José, as dinâmicas mediáticas são como os interruptores: umas vezes para cima outras vezes para baixo. E se há um mês e meio o Super Mário fazia as maravilhas dos jornalistas, que se ririam de quem não vaticinasse todos os sucessos para este governo, agora não há nada que não confirme a dinâmica do desastre. Até outra coisa voltar fazer mudar o tom. Sendo certo, isso nem António Costa ignora, que Pedrógão deixará marca permanente, mesmo que ela não seja eleitoral, é sempre bom relativizar este mundo muito próprio em que vivem jornalistas, comentadores e políticos. As sondagens conhecidas recordam isso mesmo.
A última novidade é o facto do Presidente da República ter respondido a uma carta de uma sobrevivente de Pedrógão, que justamente se queixava de várias falhas do Estado, e o governo não o ter feito. Na SIC, Clara de Sousa até perguntou a Pedro Marques se o executivo não se sentia “humilhado”. A partir disto construiu-se uma nova narrativa, diferente daquela que punha o Presidente a reboque do governo, sempre pronto para aparar os seus golpes: num mar de incompetência que assola, como nunca antes aconteceu, o Estado, há um Presidente absolutamente excecional. Uma ilha de competência e sensibilidade.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Presidente e Governo criaram "novo sentido de esperança em Portugal"

O presidente do conselho de administração da Mota-Engil, António Mota, considerou hoje que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Governo do PS criaram, no último ano, "um novo sentido de esperança em Portugal".


Presidente e Governo criaram
© Lusa

António Mota falava na presença do Presidente da República e do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, durante a cerimónia de inauguração dos escritórios da Mota-Engil na Cidade do México.
"Vossa excelência, senhor Presidente, e o atual Governo criaram, no último ano, um novo sentido de esperança em Portugal. Esperamos, é nisso que apostamos, que tenhamos uma economia mais ágil em Portugal em pouco tempo", declarou.
"Somos tão bons como os melhores. Eu costumo dizer que temos de ser um bocadinho melhores, porque somos mais pequenos", defendeu.
Minutos antes, António Mota tinha ouvido o Presidente da República sustentar que "Portugal sozinho já é imbatível", que "o México sozinho, pensem o que pensarem alguns, é imbatível" também, e que os dois países juntos são "definitivamente imbatíveis".
No final da sua intervenção, dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa e a Manuel Caldeira Cabral, o presidente da Mota-Engil acrescentou: "senhor Presidente, senhor ministro, agradeço a vossa presença, mas acima de tudo agradeço o que têm feito na recuperação do orgulho português".
Sobre a Mota-Engil, António Mota referiu que a construtora tem "26 mil colaboradores no mundo inteiro" e é "o maior empregador português fora de portas, com 1.700 portugueses a trabalhar por esse mundo espalhados", mas queixou-se da "dificuldade em fazer formação em Portugal para renovar esses quadros".
"É bom que o setor em Portugal recupere", observou.
Em declarações aos jornalistas, António Mota congratulou-se com a presença do Presidente da República nas instalações da Mota-Engil no México, no mesmo dia em que, em Portugal, "o senhor primeiro-ministro esteve a inaugurar o Aeroporto de Faro, que é uma obra feita pela Mota-Engil para a ANA".
"Por isso, é um dia grande para a Mota-Engil", considerou.
António Mota disse que "o continente americano é a maior zona de negócio da firma", que "o México é o maior mercado do grupo neste momento" e adiantou: "No presente ano de 2017, mais uma vez, voltaremos a crescer".
No seu entender, "nada disto teria sido possível sem o apoio da diplomacia portuguesa", a quem agradeceu, após elogiar os parceiros locais da Mota-Engil e os quadros portugueses.

Fonte: Notícias ao Minuto

domingo, 9 de julho de 2017

Semanada



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 09/07/2017)
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Há muito tempo em silêncio a direita militar esteve há beira de vir para a rua, isto é, aqueles que no passado sanearam a esquerda militar com o argumento das manifestações esperaram pela aposentação e pela consolidação da democracia para se armarem em MRPP. Entretanto, alguns generais decidiram aproveitar-se do roubo de Tancos para extravasarem sentimentos antigos. Maus dias para a tropa, primeiro ficámos a saber que os arsenais de material militar são mais fáceis de roubar do que uma caixa de Multibanco, agora assistimos a um míni PREC da direita militar, a tal que era a defensora dos bons valores.
Marcelo parece estar à beira de mudar o Palácio de Belém para Pedrógão, se não vai à missa das oito vai ao concerto da noite, tudo o que por lá se passa conta com a presença do Presidente, está prometida a passagem do Natal e até lá é de esperar que seja o padrinho de todas as crianças que sejam batizadas. Talvez Marcelo não se aperceba, mas Pedrógão não é o único problema do país, vale pela dimensão, o somatório de todas as pequenas desgraças do país resulta num incêndio bem maior do que o que ocorreu naquela localidade.

sábado, 17 de junho de 2017

A ternura dos 71



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 16/06/2017)
quadros

Donald Trump celebrou, na passada quarta-feira (14 de Junho), o seu aniversário. Trump fez 71 anos. Também na quarta-feira Trump foi acusado de obstrução à justiça. Se fosse Presidente dos EUA, seria grave.
O procurador especial Robert Mueller, que está a investigar Donald Trump, acusa o Presidente dos EUA de obstruir a justiça, segundo o Washington Post. Cheira a "impeachment", o que acaba por ser um presente de anos original para o Trump, porque é tramado dar uma prenda a quem já tem tudo.
Trump pode alegar, como Clinton, que não chegou a obstruir a justiça. Se Trump pressionou e apertou com o director do FBI, então, desta vez, em lugar do vestido vermelho manchado da Monica Lewinsky, queremos ver as calças molhadas de chichi do James Comey. Se Trump se limitou a dar-lhe uns berros para ele parar com a investigação, mas não lhe chegou a roupa ao pelo, no fundo, não houve consumação, acabou por ser apenas uma cena oral. Não sei onde isto vai parar, mas ainda pode acabar com o Presidente dos Estados Unidos a pedir asilo político na Embaixada da Rússia.
O Trump, para 71 anos, até está bastante bem. Não tem a energia do nosso Presidente,mas o professor Marcelo também não tem uma primeira-dama. Mas o Trump é muitopostiço, se mergulhasse no mar do Estoril, perdia metade da cor e dois terços do cabelo. Acho que o nosso Presidente ganha. Com aquela idade, tem uma energia tal que estou convencido que o professor Marcelo é o único português que poderia pertencer aos Rolling Stones.
Tenho de dizer uma coisa que me está aqui atravessada. No meio das trapalhadas todas do Trump, aquela cena da filha ter uma marca de roupa é o que mais me faz confusão. Porque eu não consigo imaginar a filha do Trump com roupa. É uma coisa minha. Por mais que tente, não dá.
Voltando ao "impeachment". Se Trump fosse afastado da presidência dos EUA, eu fazia uma festa com foguetes "made in" Correia do Norte. Confesso que o Trump assusta-me. Tenho um bocado de medo que venha para aí uma terceira guerra mundial que acabe com o mundo e, pior que tudo, que impeça o SCP de vencer o campeonato para o ano. Por outro lado, estive a pensar, e se é para o mundo acabar, é capaz de ser a melhor altura. O mundo acabava com Guterres na ONU, Portugal campeão da Europa de futebol e vencedor do festival Eurovisão da canção. O mundo acabava, mas nós saíamos por cima. Só faltava o Centeno ir para presidente do Eurogrupo e acabaríamos ao nível dos Descobrimentos.
Por acaso, o António Costa é que dava um bom Presidente do Estados Unidos. Se ele conseguir convencer o Mário Nogueira a desistir de uma greve dos professores, também consegue convencer o Kim Jong-Un a desistir dos mísseis.

TOP 5
Festas de anos
1. Presidente da TAP diz que Lacerda Machado conhece a empresa melhor do que ele - mas pagam-lhe, há 17 anos, como se ele percebesse mais que todos.
2. Presidente executivo da Uber tira licença sem vencimento - vai para a Rádio Táxis.
3. Cristiano Ronaldo pode pagar mais de 28 milhões de euros e ter prisão efectiva por fuga ao fisco - com 3 filhos de aluguer nos EUA e o Cristiano Ronaldo ainda não foi acusado de fuga de esperma.
4. Isaltino Morais ter-se-á candidatado à Câmara de Oeiras quando ainda devia ao Estado e com bens penhorados - também devem ser bens que, em tempos, pertenciam a Câmara.
5. O melhor amigo do primeiro-ministro, nas palavras do próprio António Costa, Lacerda Machado, vai ser administrador da TAP - se for de novo à borla, acho fixe.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Bardamerda para o mérito



(In Blog O Jumento, 25/05/2017)
cheer


Tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa decidiram considerar que a saída do procedimento dos défices excessivos foi mérito de todos os portugueses, de caminho Marcelo terá telefonado ao primeiro-ministro para o felicitar, tendo ainda feito o elogio público do ex-primeiro-ministro. Pelo ambiente de festa e de parabéns fiquei com a sensação de Portugal tinha feito anos e até haveria bolo de aniversário e o competente espumante produzido segundo o método champanhês.
Mérito de quê?
Tanto quanto me recordo nunca fui voluntário de qualquer esforço coletivo, muitos portugueses e principalmente os que votaram no PSD foram enganados com falsas promessas eleitorais, muitos dos que votaram PS não esperariam pelo espetáculo triste proporcionado por Seguro. Muitos dos que votaram no PSD e ficaram com cortes nos vencimentos e nas pensões confiaram em quem lhes garantiu que não o faria.
Mérito por ter sido enganado, mérito por ter ficado com um corte de rendimentos de quase 30%, depois de somadas todas as artimanhas inventadas pelo governo de Passos e Portas para empobrecer os portugueses e, principalmente, os funcionários públicos e reformados? Mérito por ver os filhos partir para os quatro cantos do mundo? Mérito por ter um salário mínimo congelado ao mesmo tempo que se aumentava o IVA nos bens essenciais e na energia? Mérito por se morrer à espera de ser atendido numa urgência?
Há uma grande diferença entre o líder de uma claque ou um treinador de futebol e um primeiro-ministro ou um ministro das Finanças. O que sucedeu em Portugal foi muito mais do que um esforço coletivo, foi uma tentativa desastrada de promover uma brutal transferência de rendimentos, aumentando a injustiça social, com o objetivo de resolver a falta de capital de uns à custa da subsistência de outros.
Da parte que me toca não tive qualquer mérito sem ver aumentado o horário de trabalho sem qualquer compensação, de ter ficado sem feriados sem ser remunerado por isso, por ter perdido direito a férias só para que Passos me exibisse ao ministro das Finanças da Alemanha. Não sinto que tenha tido mérito quando fui exibido como uma "despesa pública", quando fui acusado de ganhar mais do que os outros, quando fui acusado de, enquanto funcionário público ou reformado, de ser o culpado dos males do país.
O país não é um imenso grupo de cheerleaders (como as da foto) a quem o chefe vem agradecer o belo desempenho no fim do jogo. Há os que partilhavam a mesa e os negócios com o Ricardo Salgado e os que foram enganados pelos BES, os que aguentaram a austeridade e os que diziam que os outros aguentavam, aguentavam, os que passaram fome e os que compraram carros de luxo cujas vendas aumentaram.

Ovar, 25 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira

terça-feira, 23 de maio de 2017

Avaliar a política económica de Passos Coelho

 

(In Blog O Jumento, 23/05/2017)
selfies
 
O PS cometeu o erro de nunca ter promovido a avaliação da política económica de Passos Coelho e Vítor Gaspar, apadrinhada pelo defunto António Borges, tendo permitido que nos momentos de falhanço a direita se escondesse atrás do memorando com a Troika. A política económica de Passos Coelho foi muito além do previsto no memorando, Portugal foi um banco de testes para experiências de política económica.
Essa ausência de avaliação permite a Marcelo Rebelo de Sousa branquear muito do que se passou, passando a mensagem falsa de que há uma complementaridade ou continuidade no domínio da política económica. Marcelo tenta passar a ideia de que a política económica e a medicina são coisas parecidas, isto é, a economia portuguesa está doente e não há grande diferença entre Gaspar, Maria Luís Albuquerque e Mário Centeno, como se fossem médicos que aplicam ao doente a receita adequada a cada fase do tratamento.
Marcelo está tentando enganar o país, como se essa mentira fosse benigna por ser em nome do bem da Nação, do crescimento e do emprego. Se a abordagem da política económica por parte de Marcelo é muito honesta, esta forma de ver a democracia, em que chama a si o papel de eliminar diferenças é muito duvidosa.
A democracia é feita de confrontos o que justifica que Marcelo sempre tenha assumido os confrontos políticos, desde António Guterres, um dos seus melhores amigos, a Passos Coelho, seu sucessor na liderança do PSD. Agora que é Presidente Marcelo tenta fazer passar a ideia de que a democracia é paz e amor de mistura com muitas selfies.
A democracia é confronto de ideias e de projetos e é por isso que Passos caiu e Costa adota políticas contrárias e antagónicas às do seu sucessor. Como é possível que alguém tente dar a entender que não há diferenças no mérito de políticas diferentes, quando um dos trabalhos deste governo foi corrigir as asneiras e abusos do governo anterior?
Se, como Marcelo parece defender, as políticas não devem ser avaliadas e não passam de políticas idênticas e sem qualquer conflitualidade, para que servem as eleições e o debate político? Mas, ao mesmo tempo que Marcelo defende que o debate deve ser feito em águas mornas, chama a si o papel de meter o primeiro-ministro e o líder da oposição na linha. Umas vezes dá uma porradinha num, outras dá a porradinha no outro. Umas vezes passa a ideia de que um é muito otimista, nas outras deixa que os jornais sugiram que Marcelo está a ajudar a derrubar o outro.
Aos poucos o debate político está entrando num pântano onde só Marcelo consegue andar. É preciso contrariar esta estratégia de Marcelo e começar por lançar o debate em torno das políticas económicas. Já há dados mais do que suficientes para que se avalie a política económica conduzida durante o governo de Passos Coelho.
 
Ovar, 23 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 21 de maio de 2017

O MendesLeaks por estatuadesal

 

 

(In Blog O Jumento, 15/05/2017)
noia
Compreende-se a elegância com que António Costa ignora o papel que tem vindo a desempenhar desde que Marques Mendes assumiu as funções de “Garganta Funda” de Pedro Passos Coelho. No governo de Passos, Marques Mendes assumiu as funções de informador não oficial do governo, divulgando aquilo que convinha a Passos que fosse Marques Mendes a comunicar.
Com o fim do governo de Passos Coelho seria de esperar que Marques Mendes não sobrevivesse enquanto comentador. Seria de esperar que que tivesse menos acesso à informação, passando a ter que se esforçar para opinar com qualidade os acontecimentos do dia a dia. Mas Marques Mendes estava tão habituado ao papel de bisbilhoteira nacional, que lhe dava tanto destaque, que não desistiu do papel.
Perdendo as funções de bisbilhoteira oficial do regime parece que Marques Mendes se transformou numa espécie de MendesLeaks, o TugaLeakes ao serviço da direita. Não faltam no poder ilhas do PSD com acesso a informação confidencial que Marques Mendes usa em proveito da sua imagem e em benefício da direita. O esquema das nomeações por concurso permitiu ao PSD ter antenas em grande parte dos serviços do Estado, desde a REPER em Bruxelas até à mais modesta Direção Geral. Não se sabe muito bem o que ganham os que confidenciam a Marques Mendes o que é suposto ser confidencial, mas sabemos que o tráfico da informação confidencial do Estado proporciona grandes lucros a Marques Mendes; desde logo os honorários que a SIC lhe paga, bem como os benefícios indiretos proporcionados pelo poder que o estatuto lhe confere.
Quando o MendesLeaks torna pública a proposta feita pelo BdP em relação à venda do Novo Banco, ou quando antecipa dados estatísticos do INE Marques Mendes viola todos os princípios. Mas o governo é obrigado a ignorar o trabalho sujo do Conselheiro de Estado, se mexer um dedo cai o Carmo e a Trindade, surgirão as queixas de asfixia democrática e não seria de admirar se Marques Mendes pedisse para ser recebido pelo residente da República, para se queixar da perseguição do governo das perigosas esquerdas.
Já o que pensa Marcelo Rebelo de Sousa sobre o papel estranho que o seu conselheiro desempenha em prol do apodrecimento do sistema político deverá ser só da sua conta. Isso não deixa de ser estranho, já que parece que a Presidência da República é a única instituição nacional que se escapa à rede de informadores do MendesLeaks. Só Deus sabe se é Marques Mendes que se abstém de bufar as informações confidenciais da Presidência da República ou se o faz por pensar que dessa forma não prejudica o Presidente.
Imagino que este país é um Estado de direito e que a divulgação de matérias que deveriam ser mantidas em segredo, até que fossem divulgadas pelas entidades competentes, constitui matéria que pode violar alguma lei. A questão está em saber se Marques Mendes pode manter a sua MendesLeaks em total impunidade e perante a passividade de todos os órgãos de soberania, como se qualquer badameco pudesse transformar o Estado num passador de informação.
 
Ovar, 21 de Maio de 2017
Álvaro Teixeira

domingo, 14 de maio de 2017

O SUICÍDIO DO PSD (estatuadesal)

 

(Clara Ferreira Alves, in Expresso, 13/05/2017)
Autor
      Clara Ferreira Alves
Parece que o primeiro-ministro, António Costa, vê sol nos dias de chuva. Vindas do Presidente, um homem que toma banho de mar no inverno e com a água a 12 graus, estas palavras têm graça. É um pouco como aquela deliciosa expressão portuguesa, diz o roto ao nu… Para os eternos pessimistas como eu, que veem a chuva que há de vir quando o sol brilha, um otimista é uma bênção. Por trás deste otimismo escondem-se coisas mais graves que desaguam numa conclusão dura. Esta coligação de esquerda, esta estranhíssima aliança entre europeístas e antieuropeístas, entre radicais e moderados, entre socialistas, bloquistas e comunistas, entre dois partidos que passaram uma boa parte da sua existência a combater o desvio capitalista (uma mania típica do esquerdismo) de um partido do centro do sistema, tem funcionado. E não só tem funcionado como tem dado resultados, embora se saiba que com outro presidente não funcionaria assim. Estou à vontade para escrever isto porque não gostei desta aliança e desconfiei dela. Ou por outra, nunca acreditei que pudesse governar com eficácia e préstimo. Governa. E tenho a certeza que muito do mérito vem da figura do primeiro-ministro, um homem que sabe de política e sabe o valor de negociar em política.
A direita, que não pode ver um António Costa que julga ser o usurpador do que lhe pertencia por direito consuetudinário, está furiosa e desorientada. A direita tem de perceber que parte substancial da responsabilidade do sucesso da esquerda também é sua. Não se consegue imaginar uma oposição mais desastrada, casuística, empírica, magra na retórica e esquelética no pragmatismo, do que a que Passos Coelho e os seus homens têm feito, dentro e fora do Parlamento. Muitas vezes, o discurso da oposição é teorizado por jornalistas e analistas, incluindo o porta-voz Marques Mendes, ou por um discurso vindo das esquerdas à esquerda do PS, enquanto os sociais-democratas se enredam no complexo do mau perdedor. Depois de mim o dilúvio? Sabe-se no que deu.
Em política, saber perder é mais importante do que saber ganhar. Passos Coelho teve um papel ingrato à frente do país numa fase histórica em que tivemos de pedir dinheiro emprestado e tivemos de ser castigados por isso. O erro fatal foi o de não só considerar que o castigo era bom para Portugal como a austeridade era necessária para reformar e purificar os pecados dos portugueses a viverem acima das suas possibilidades. Sabemos agora, por algumas investigações criminais, quem é que andava a viver acima das suas possibilidades, e não eram os pobres portugueses. Na frase imortal do ex-ministro Miguel Macedo, também ele indiciado por crime, o “país das cigarras” não era o dos pequenos funcionários públicos ou dos detentores de benefícios sociais como o rendimento mínimo. O país das cigarras era o dos banqueiros insolventes e falidos e dos altos quadros políticos do Estado sufragados pelo partido ou a nomeação. Passos Coelho pronunciou alguns dos discursos mais desastrados do ponto de vista político que alguém pode pronunciar, enredado na mania da verdade que tem de ser dita. E não levantou um dedo contra o tráfico das suas clientelas, que imediatamente tomaram posse dos grandes negócios do Estado e da venda do Estado. Enquanto Cavaco Silva foi Presidente isto passava, com a ajuda dos prosélitos da austeridade virtuosa, entretanto silenciados (ajudaram à vitória eleitoral não maioritária da coligação de direita). Quando Cavaco saiu, deixou de passar. Cavaco saiu com a popularidade de rastos, e Passos Coelho ficou para a história como o rosto severo dos anos da crise, da miséria e da perda de soberania. A pose de Passos e Maria Luís face à Alemanha era embaraçosa e escondia um desejo pouco patriótico de fazer a vontade ao patrão. Chamava-se a isto, antigamente, ser lambe-botas. Os portugueses não esqueceram. Nem toda a gente morre de amores por Costa e amigos, mas não esqueceram.
O PSD tem de arranjar um novo chefe e como o aparelho está inevitavelmente colado a Passos, e à remota possibilidade de Passos vir a reocupar o poder, não cede. Nenhuma ideologia preside a tais manobras. Trata-se de darwinismo político, luta pela sobrevivência, oportunismo e ganância. Com uns pós de ressentimento e vingança. Ora, a vingança sobre os portugueses tem péssimos resultados. É pior do que granizo depois de um dia de sol. O PSD tem de arranjar um pensamento e uma inteligência ou será comido vivo pela esquerda.
A Europa é uma questão interessante e nem um pio saiu do PSD, nestes últimos tempos, que sirva para um módico de reflexão. O partido está parado, paralisado no ódio a Marcelo e a Costa e entretido com a politiquice. Sem outro PSD, as reformas de que o país necessita jamais serão feitas. E sem outro PSD, António Costa não tem com quem conversar à direita e fica ainda mais refém da esquerda. O facto de Passos não entender isto não é teimosia. É suicídio.
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Ovar, 14 de maio de 2017
Álvaro Teixeira