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sexta-feira, 21 de julho de 2017

O petróleo verde, assim lhe chamou Mira Amaral

Lembro-me perfeitamente do artigo plasmado nas páginas do Público no qual se defendia a tese de Mira Amaral sobre a floresta ser o nosso petróleo verde. Por floresta leia-se eucalipto, que era o que estava em alta nessa altura, nos tempos áureos de Cavaco Silva como primeiro-ministro. Infelizmente, não encontro o artigo, pois seria interessante revisitá-lo.

Não sou o único a disso me recordar. Miguel Sousa Tavares já disso tinha falado em 2003 no Público e agora retornou o tema no Expresso.
Miguel Sousa Tavares diz que o ministro da Agricultura desta altura defendeu o abandono da agricultura a “troco de indemnizações” e que o da Indústria e Energia defendeu a “eucaliptização” do país, lembrando ainda que o ministro disse que os eucaliptos eram “o nosso petróleo verde”.
O comentador aproveitou até para deixar uma mensagem a Mira Amaral: “o seu petróleo não é verde, é da cor do fogo”.
Para Miguel Sousa Tavares, estes fatores estão todos ligados, pois acredita que vamos ter cada vez mais incêndios em zonas que a agricultura foi abandonada e onde não há ninguém.

30 anos de eucaliptos, numa aposta no lucro imediato. A cada 10 anos os proprietários recebiam um dinheiro extra graças à venda da madeira, com muito pouco investimento e reduzida manutenção. Com duas nuances. Em primeiro lugar, não gastar dinheiro na manutenção da floresta, limpando-a, por exemplo, é como jogar à roleta russa. É uma questão de tempo até que aconteça a detonação que tudo lance em chamas. Em segundo lugar, como agora estão a descobrir os proprietários de um pedaço de pinhal, que na verdade é um eucaliptal, ao fim de três cortes é preciso arrancar os cepos dos eucaliptos e replantar. Nada de especial, não se se desse o caso desta operação levar o dinheiro amealhado nos anteriores cortes.
O petróleo verde é muito interessante, mas para uma parte sobretudo, a indústria do papel. Pelo caminho sobra um país que se moveu para uma estreita faixa do litoral, deixando nas suas costas um tapete de fósforos à espera de uma faísca. Obra do acaso? Nada disso. Resultou de um plano pensado e executado, desde os tempos do incontornável Cavaco Silva no papel de primeiro-ministro, que pagou para se acabar com a agricultura, ao mesmo tempo que dava subsídios à plantação do eucalipto.
Querem apontar dedos à falência do Estado? Comecem no devido tempo, ó hipócritas.

Fonte: Aventar (21/07/2017 por j. manuel cordeiro)

sábado, 15 de julho de 2017

A propósito de empresários e políticos


Posted: 14 Jul 2017 05:21 PM PDT
Jornal Público, 30/9/2000, artigo de José Augusto Moreira


Um dia nos meus primeiros anos de jornalista, algures entre 1986 e 1989, estava no Diário de Lisboa, e chega um envelope, acho que endereçado ao José António Cerejo que, nessa altura, trabalhava na secção de Economia, com o Daniel Reis e eu.
Eram meia dúzia de folhas dactilografadas e agrafadas. Uma com organogramas do grupo Amorim, uma outra com uma lista de pessoas que trabalhavam no grupo, com os seus telefones e moradas. E noutra uma carta de denúncia, naquele estilo corrido, de desabafo, anónimo. Entre as denúncias, contava-se que o grupo Amorim andava a desviar dinheiros do Fundo Social Europeu (FSE) para a formação profissional.
Naqueles anos - como o próprio ex-ministro da Economia Mira Amaral reconheceu depois - o que interessava era que Portugal esgotasse as verbas possíveis do FSE. Eram dinheiros para os empresários nacionais...
No Diário de Lisboa, ainda demorámos a pensar o que fazer. O Cerejo disse-me para ir telefonando para aquelas pessoas, a ver o que dava. E assim foi. Fui ligando, um a um. Sem resultados. O quarto da lista - deveria ser o autor da denúncia - dispôs-se a conversar. Mas não pelo telefone. Fui para o norte, para a freguesia onde estava instalado o grupo Amorim. Já não me lembro onde nos encontrámos. Na conversa, o desabafo continuou. Um enorme grupo gerido de forma altamente centralizada na pessoa de Américo Amorim, com práticas nada abonatórias do que hoje é descrito na comunicação social como sendo um "empresário". E lá vinham as descrições do desvio de dinheiro do FSE. Supostamente, a formação era para jovens, mas o dinheiro ficava na empresa. Pude falar com trabalhadores que me confirmaram que tinham tido formação numa manhã, mas sem continuação.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Mira Amaral: "Catroga e Mexia convenceram Governo de Passos Coelho a manter as rendas da EDP"

O antigo ministro voltou a criticar as rendas excessivas na energia e tem esperança que o actual Governo consiga negociar com sucesso nos contratos CMEC.

Mira Amaral: "Catroga e Mexia convenceram Governo de Passos Coelho a manter as rendas da EDP"

André Cabrita-Mendes
André Cabrita-Mendes andremendes@negocios.pt
21 de junho de 2017 às 18:35
O antigo ministro da Indústria e Energia voltou a criticar as rendas excessivas na energia em Portugal. E considera que o Governo de António Costa vai conseguir ter algum sucesso na renegociação dos contratos CMEC da EDP.
"Eu acho que o Governo vai conseguir fazer alguma coisa, mas há uma privatização que foi feita com rendas excessivas", disse Mira Amaral ao Negócios esta quarta-feira, 21 de Junho, à margem de uma conferência na Ordem dos Engenheiros.
"Os chineses compraram a EDP com estas regalias todas. A dupla Catroga Mexia convenceu o Governo de Passos Coelho que as rendas se deviam manter para venderem mais caro", afirmou o antigo ministro de Cavaco Silva.
"A gestão de topo da EDP convenceu o Governo de Passos Coelho a embelezar a noiva. O engenheiro Henrique Gomes queria atacar essas rendas excessivas, mas foi entalado", disse Mira Amaral, referindo-se ao secretário de Estado da Energia do Governo anterior, que acabou por pedir a demissão.
Sobre a investigação que o Ministério Público abriu aos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) assinados pela EDP e governos anteriores, rejeitou fazer comentários. "Não comento processos judiciais, nem aceito que haja processos em praça pública ou justiça mediática". A partir desta investigação já foram constituídos sete arguidos, incluindo o presidente executivo da EDP, António Mexia.
Mira Amaral deixou ainda elogios para o actual secretário de Estado da Energia. "Tenho um grande apreço pelo comportamento do secretário de Estado da Energia, que tem uma clara vontade" de combater as "rendas excessivas" na energia, disse, referindo-se a Jorge Seguro Sanches.
Recorde-se que o Parlamento aprovou recentemente uma recomendação ao Governo para cortar nos contratos CMEC, que custaram 2.500 milhões de euros na última década aos consumidores portugueses. Este ano vai ter lugar o processo de revisibilidade, onde o Governo vai definir, a partir de um estudo do regulador ERSE, os valores a cobrar no âmbito dos CMEC até 2027, ano em que termina o último destes contratos.