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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Tenham VERGONHA. Carlos Costa não pode continuar como Governador do Banco de Portugal.

por J. Norberto Pires


Ontem estive a ver a reposição do "Assalto ao Castelo" da SICN. Penso que não tinha visto com a devida atenção em Março. Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal é particularmente visado e diretamente acusado.
Hoje ficamos a saber que CARLOS COSTA não sabia nada sobre RUI CARVALHO, o funcionário do BdP (Departamento de Mercados e Gestão de Reservas), que vendeu ações do BES dois dias antes da resolução do banco, tendo acesso a informação priveligiada. Carlos Costa argumenta que nada sabia e culpa o DMR e o consultor de ética (Orlando Caliço) do banco por não reportarem a siatuação à administração do BdP.
ORLANDO CALIÇO terá tido conhecimento do caso 3 meses depois da resolução, mas como obteve de Rui Carvalho a declaração que "comprou as ações, mas vendeu-as na manhã de 1 de agosto quando soube que iria trabalhar diretamente sobre o BES", achou que estava tudo esclarecido e "... já não havia uma situação de conflito de interesse para avaliar“.
RUI CARTAXO, administrador do Novo Banco (o banco BOM do processo de resolução do BES) é arguído no caso EDP/REN, que tresanda a corrupção e em que as ligações ao BES são mais do que muitas, mas o BdP e Carlos Costa em particular não tem nada a dizer.
Em qualquer país DECENTE do mundo, Carlos Costa não poderia ser Governador do Banco Central. A pressão mediática obrigaria a que se demitisse de imediato. O facto de este país continuar a TOLERAR este homem como Governador do Banco de Portugal diz tudo sobre o nosso amor-próprio e o respeito que temos por nós mesmos.
Esta gente não tem a MENOR VERGONHA e nós não nos damos ao respeito.

Fonte: Aventar



sábado, 8 de julho de 2017

Lamentável forma de fazer política.

08/07/2017 por J. Norberto Pires


O ex-ministo Miguel Poiares Maduro deu uma entrevista à TSF que tem coisas inaceitáveis e é um exemplo de política de muito baixo-nível. Nem me quero referir às inverdades que diz sobre fundos comunitários, muito menos ao facto de ser responsável por mais um programa de financiamento totalmente desajustado do país, pouco operacional, nada exigente e totalmente tomado pelos interesses. Mas aquilo que diz sobre os fundos para combate a incêndios é inaceitável: só faltou mesmo responsabilizar o PM António Costa pelas mortes em Pedrógão. Este tipo de intervenção não é própria de um académico. Inaceitável.
Portugal precisa de política feita com elevação, servida por pessoas que dão o exemplo e falam pela positiva, com alternativas, centrada nas pessoas, nas suas necessidades e na construção de um país que percebe as suas limitações, identificou os problemas que tem, percebeu o enorme potencial de um território que precisa de ser ocupado e explorado, conhece as suas vantagens e pensou e planeou o futuro. Os fundos comunitários eram para isso, mas, programa-atrás-de-programa, os fundos foram sendo desperdiçados em festa, show-off e muito dinheiro atirado ao lixo.
Sobre os fundos do POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), este artigo do ECO é razoávelmente correto.
O fact-check sobre QREN e PT2020, mas essencialmente o péssimo trabalho realizado pelo Governo anterior na preparação do PT2020, no seu modelo e na construção de um verdadeiro programa de desenvolvimento regional, nem vou perder tempo a esclarecer, porque esta entrevista não o merece.
Lamentável forma de fazer política.

Fonte: Aventar

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Kim Kardashian e Maria Leal: o triunfo de uma sociedade doente

A sociedade moderna está doente, porque constrói bonecos para rapidamente os destruir, pontapear e esmagá-los sem piedade.

Quem ler apenas o título vai pensar que eu estou a tornar-me um “colaboracionista” com a mediocridade, pois ao citar estes nomes estou a promovê-los. Se calhar é o pecado deste meu artigo, assumo, “mea culpa”, mas quem é racional tem de alertar para o folclore em torno destas criaturas e para o vazio das sociedades contemporâneas.
Na semana passada, o “El País” escrevia que a marca Kim Kardashian «caía a pique». Até 2016 ocupava o 42º lugar das celebridades mais bem pagas, liderava o ranking das estrelas de “reality shows” com 49 milhões de euros, cobrava 286 mil por post e 478 mil por presenças em festas. Isto porquê? Porque é uma celebridade promovida pelas redes sociais, uma profissional de “selfies” que saltou para a televisão e que casou com outra estrela, Kanye West. Tem algum talento? Não.
Por cá, mais modesta, uma senhora de nome Maria Leal tornou-se em 2016 uma “celebridade” porque apareceu num programa matinal a cantar e a dançar mal. As redes sociais partilharam as imagens, fizeram-na motivo de chacota nacional, mas com isso ganhou presenças e algum dinheiro, virou notícia de jornal e a sua alcova também se tornou de domínio público. Tem algum talento? Não.
Sobre a monumental trilogia dos sentimentos (“A Aventura”, “A Noite” e “O Eclipse), o seu genial criador, Michelangelo Antonioni, dizia que procurava «vestígios de sentimentos». Porque o mestre italiano antevia a sua desaparição nas sociedades frias e sem alma do presente e do futuro. O problema é que os maus instintos, o “voyeurismo”, o deplorável gozo em achincalhar o ridículo se sobrepôs à cultura, ao respeito pelo talento.
Assistimos, inexoravelmente, à morte dos sentimentos. Como em “O Eclipse”, quando um corretor da Bolsa morre e se guarda um minuto de silêncio, mas que um segundo depois a azáfama volta e já ninguém se lembra que o homem existiu. A sociedade moderna está doente, porque constrói bonecos para rapidamente os destruir, pontapear e esmagá-los sem piedade. Só espera que algum imperador lhes pergunte se os salvam ou não como nos circos romanos.
Uma sociedade doente que venera inúteis, entroniza analfabetos funcionais, lhes pede autógrafos, dá contratos e paga “cachets”. Kim Kardashian e Maria Leal são apenas dois rostos, mas há tantos mais que o universo mediático promove sem qualquer retorno útil para a comunidade. Tanto talento que existe e as pessoas não conhecem. Quantos, por exemplo, já viram um filme de Antonioni, quem já viu Alain Delon e Monica Vitti, soberbos, em “O Eclipse”? Pois não viram, mas sabem quem é a Kardashian e a Leal, e isso é que é pena.
George Bernard Shaw dizia que «há duas tragédias na vida. A primeira é não obter o que o seu coração mais deseja. A segunda é obter». As duas citadas conseguiram os seus 15 minutos de fama. E há quem as elogie porque tiveram a esperteza de ganhar com isso. Conquistaram-no pelo vazio, pelo bizarro, pelo grotesco. A sociedade bate-lhes palmas, ri delas, vilipendia em seguida. A sociedade está entretida. Que doente está a sociedade.

Rui Calafate - ECO.pt

Ovar, 5 de janeiro de 2017
Álvaro Teixeira