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sábado, 22 de julho de 2017

BE-Ovar–Requerimento ao Presidente da Ass. Munic. de Ovar

Grupo Municipal do Bloco de Esquerda

Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Ovar

Requerimento

Assunto: Descargas no Canal de Ovar da Ria denunciadas pela NADO - Náutica Desportiva Ovarense

Dirigido ao: Presidente da Câmara Municipal de Ovar

1- Considerando o alerta e denúncia assumido em comunicado pela NADO sobre descargas poluentes ocorridas na madrugada de domingo e segunda-feira (16 e 17 de julho) no canal de Ovar da Ria na zona do Carregal em que se fizeram sentir cheiros nauseabundos, com aspeto indescritível da água e os detritos a boiar segundo testemunhos no local que persistiram nos dias seguintes.
2- Estas descargas de esgotos na área da Marina do Carregal consideradas de larga escala, já que resultaram mesmo na morte de peixes de várias espécies observados a boiar, como é afirmado, não sendo caso isolado, a “magnitude” da descarga poluente exige apuramento de responsabilidades junto da entidade competente pelo sistema de tratamento de afluentes, como é a SIMRIA.
3- Perante mais este atentado ambiental que reflete inoperância dos serviços que deveriam assegurar a manutenção da rede do sistema de tratamento de efluentes do Baixo Vouga (SIMRIA), o Bloco de Esquerda requer o seguinte:
a) que medidas tomou a Câmara Municipal de Ovar para identificar a origem das denunciadas descargas no Carregal;
b) que esclarecimentos e responsabilidades foram solicitados à SIMRIA;
c) que relação há entre estas descargas e o sistema da Estação Elevatória no Carregal da SIMRIA;
d) que informação foi assumida junto de entidades competentes para alertar a comunidade piscatória que ali opera.

19/07/2017
P´lo Grupo Municipal do Bloco de Esquerda
José Lopes

Clique para ler:
Nota de Imprensa do BE - Ovar

Um virtuoso do racismo



por estatuadesal
(Francisco Louçã, in Público, 22/07/2017)
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A propósito das declarações homofóbicas de Gentil Martins, médico, ou das declarações xenófobas de André Ventura, dirigente e candidato do PSD em Loures, houve quem ensaiasse uma fuga indiscreta com um protesto contra o “politicamente correcto”, uma espécie de censura que intimidaria a liberdade de expressão dos coitadinhos. Aceitar essa discussão admitiria que se trate de um simples problema de linguagem, quando é uma questão de atitude social e de discriminação que fere porque pretende ferir. Lastimo esse nevoeiro, tanto mais que se conhece bem como os termos mobilizam os significados: se hoje ninguém usa a sério uma expressão do tipo “fazer judiarias”, é simplesmente porque sabemos o que foi a perseguição a judeus ao longo de séculos e que culminou nos tempos da nossa perigosa civilização.
A linguagem deste caso só é interessante porque o dirigente do PSD, tendo provocado uma tempestade política, veio reafirmar a sua posição, amparado pelo apoio de Passos Coelho e da chefatura laranja. Ou seja, fez questão de manter as suas palavras e de as realçar com mais boçalidades (desejar que o primeiro-ministro vá de férias para sempre, o que é que isso quer dizer?). Ele, doutorado em Direito e professor universitário, quer fazer-se notar por ser boçal. É o estilo que faz a sua candidatura, é aí que joga o seu destino. Ele quer ser conhecido no país pelo modo Trump.
A sua defesa pelo PSD é um risco político. O CDS, que agradece esta possibilidade de se apresentar mais o centro, foge da aliança. Mas até se poderia explicar que, na dúvida, os partidos tendem a defender-se: o autarca socialista de Loures, antes da eleição de Bernardino Soares do PCP, já tinha dado alguns passos no mesmo caminho, e o presidente de junta de Cabeço Gordo, do PCP, impediu o funeral de um cigano na sua terra usando qualquer pretexto (e foi defendido pelo partido).
No entanto, o caso de Ventura é de outra dimensão. Fazer-se amado pela extrema-direita (“é um dos nossos”, diz com orgulho o PNR) é um sinal político, aliás prejudicial do ponto de vista eleitoral, mas acho que há muito mais nesta história.
Ventura é um produto de outra escola: do partido, certamente, admito que até dessas juventudes onde se aprende a matreirice e o carreirismo, mas o que determina a sua pose é a televisão e o comentário desportivo onde iniciou a sua carreira pública. É na pesporrência, na ligeireza, no fanatismo que determina os lugares da normalidade no comentário desportivo (há excepções), que Ventura aprendeu a lançar achas para a fogueira.
Como os dirigentes dos clubes, Ventura percebeu que, para ser notícia, é preciso saber ser detestável. O facínora é quem vence na comunicação clubística. E o futebol é um bom caminho para a política (esta semana abri a televisão e vi um debate entre apoiantes dos três maiores clubes, dois deles eram dirigentes do CDS, que sabem por onde vai a sua carreira).
desigualdade-comunidade-cigana
Que a grande maioria dos ciganos trabalhe e não depende de prestações sociais (vd. o gráfico), que importa isso para Ventura? Ele já se colocou no mapa nacional, graças à sua exibição xenófoba. Sairá depressa, é certo, a sua derrota nas eleições em Loures é inexorável, mas ele pensa em outros voos. Para isso, só precisa de ficar agarrado a um clube de futebol numa televisão perto de si e ir proferindo uns dislates ofensivos, para que alguém vá reagindo e se fale dele.

A Altice não é flor que se cheire



por estatuadesal
(Nicolau Santos, in Expresso, 22/07/2017)
nicolau

A preocupação do primeiro-ministro e dos partidos de esquerda com o destino da PT vem tarde. Com efeito, a Altice comprou a PT Portugal por €5,7 mil milhões aos brasileiros da Oi em 2015. Foi um negócio entre empresas estrangeiras. Sim, a operação teve a bênção do Governo de então, mas o Estado português não pode vir agora colocá-la em causa. E quando a Altice avança para a compra da TVI, detida pela Prisa, é de um negócio entre duas empresas europeias que se trata.
A preocupação com a PT vem tarde. A compra foi em 2015. E o nome vai mudar para Altice. A PT, como a conhecemos, já não existe
Dito isto, há ou não razões de preocupação? Há e são muitas. Desde logo pelo perfil do fundador e presidente da Altice, Patrick Drahi, que tem nacionalidade israelita, francesa e portuguesa. Quando comprou a Cabovisão em 2015, a sua primeira aquisição em Portugal, disse: “Não gosto de pagar salários. Pago o menos possível.”
E um excelente trabalho publicado esta semana na revista “Visão” diz que ele “trata as pessoas com desprezo desde o primeiro dia”. Poderiam ser só palavras do próprio ou de quem não gosta dele. Mas não são. Na Cabovisão, na ONI e depois na PT, as empresas que já comprou em Portugal, a Altice tem-se comportado como um típico raider financeiro: lança de imediato um ultimato aos fornecedores, impondo-lhes uma descida drástica no preço dos serviços que fornecem (no caso da PT, o corte foi de 30%); e faz despedimentos coletivos ou cria situações de enorme desconforto aos trabalhadores (retirada de benefícios sociais e de fringe benefits, cortes de parte dos salários, eliminação de postos de chefia, colocação noutras empresas do grupo ou associadas) que levam muitos deles a demitir-se. A estratégia tem um único objetivo: obter rapidamente cash pelo corte dos custos para fazer face à montanha de endividamento do grupo, que ascende a €82,1 mil milhões (!). É que Drahi faz aquisições atrás de aquisições, mas com base no dinheiro dos bancos (a quem deve perto de €50 mil milhões), uma corrida que tem tanto de embriagadora como de perigosa. Drahi discorda, claro: “Se parar com o meu desenvolvimento ‘bulímico’, por assim dizer, dentro de cinco anos não terei dívidas. E depois? Isso seria idiota porque durante cinco anos não teria registado crescimento”, disse na Assembleia Nacional francesa.
O que Drahi pretende é desenvolver um grupo multinacional de telecomunicações e media, para combater gigantes como a Google, Facebook, Amazon, WhatsApp e Yahoo, que utilizam sem pagar os suportes digitais construídos e pagos pelas telecoms e os conteúdos produzidos pelos media. Só que esta estratégia de integração já foi tentada e correu mal em todo o mundo. Com Drahi vai correr bem? Logo veremos. Mas quando se começa a pagar mais pelo que se compra do que aquilo que vale (caso da TVI), isso é sinal senão de desespero, pelo menos de fuga para a frente, que costuma acabar sempre mal.

Uma nova e excelente oportunidade dada por André Ventura ao PSD.

Francisco Seixas da Costa‏ @seixasdacosta

Uma nova e excelente oportunidade dada por André Ventura ao PSD.



01:43 - 22 de jul de 2017
Enviado por Twitter para @alvaroteixeira

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O petróleo verde, assim lhe chamou Mira Amaral

Lembro-me perfeitamente do artigo plasmado nas páginas do Público no qual se defendia a tese de Mira Amaral sobre a floresta ser o nosso petróleo verde. Por floresta leia-se eucalipto, que era o que estava em alta nessa altura, nos tempos áureos de Cavaco Silva como primeiro-ministro. Infelizmente, não encontro o artigo, pois seria interessante revisitá-lo.

Não sou o único a disso me recordar. Miguel Sousa Tavares já disso tinha falado em 2003 no Público e agora retornou o tema no Expresso.
Miguel Sousa Tavares diz que o ministro da Agricultura desta altura defendeu o abandono da agricultura a “troco de indemnizações” e que o da Indústria e Energia defendeu a “eucaliptização” do país, lembrando ainda que o ministro disse que os eucaliptos eram “o nosso petróleo verde”.
O comentador aproveitou até para deixar uma mensagem a Mira Amaral: “o seu petróleo não é verde, é da cor do fogo”.
Para Miguel Sousa Tavares, estes fatores estão todos ligados, pois acredita que vamos ter cada vez mais incêndios em zonas que a agricultura foi abandonada e onde não há ninguém.

30 anos de eucaliptos, numa aposta no lucro imediato. A cada 10 anos os proprietários recebiam um dinheiro extra graças à venda da madeira, com muito pouco investimento e reduzida manutenção. Com duas nuances. Em primeiro lugar, não gastar dinheiro na manutenção da floresta, limpando-a, por exemplo, é como jogar à roleta russa. É uma questão de tempo até que aconteça a detonação que tudo lance em chamas. Em segundo lugar, como agora estão a descobrir os proprietários de um pedaço de pinhal, que na verdade é um eucaliptal, ao fim de três cortes é preciso arrancar os cepos dos eucaliptos e replantar. Nada de especial, não se se desse o caso desta operação levar o dinheiro amealhado nos anteriores cortes.
O petróleo verde é muito interessante, mas para uma parte sobretudo, a indústria do papel. Pelo caminho sobra um país que se moveu para uma estreita faixa do litoral, deixando nas suas costas um tapete de fósforos à espera de uma faísca. Obra do acaso? Nada disso. Resultou de um plano pensado e executado, desde os tempos do incontornável Cavaco Silva no papel de primeiro-ministro, que pagou para se acabar com a agricultura, ao mesmo tempo que dava subsídios à plantação do eucalipto.
Querem apontar dedos à falência do Estado? Comecem no devido tempo, ó hipócritas.

Fonte: Aventar (21/07/2017 por j. manuel cordeiro)