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terça-feira, 5 de novembro de 2019

O aviso que saiu do frio: todos estamos a ser manipulados

Elisabete Miranda

Elisabete Miranda

Jornalista

05 NOVEMBRO 2019

Edward Snowden foi recebido com entusiasmo por milhares de espetadores dos quatro cantos do mundo na abertura da Web Summit, e Lisboa, mas é provável que os aplausos calorosos fiquem mais a dever-se a seu estatuto de 'pop-star' do que propriamente ao conteúdo da sua mensagem.
Perante uma plateia relativamente jovem, que se desloca à meca da tecnologia à procura de inspiração para novos projetos, e que, à luz deste inquérito europeu, é medianamente conhecedora dos seus direitos digitais e pouco precavida com os seus dados pessoais, Snowden esforçou-se mais por desfazer a utopia tecnológica do que por explorar as suas extraordinárias potencialidades.
O antigo espião norte-americano, temporariamente exilado na Rússia, avisa que nada está a salvo e que toda a informação, mesmo a encriptada, é permeável à pirataria. Que empresas como a Google ou o Facebook fazem do abuso o seu modelo de negócio e que nós somos co-responsáveis, porque "legalizámos o abuso das pessoas, aceitámos um sistema que deixa as pessoas vulneráveis e que abusa delas para benefício dos privilegiados". Que mecanismos como o regime de proteção de dados criam um falso sentimento de segurança, porque “o problema não está na proteção dos dados, está na sua recolha”. E que as pessoas estão a ser manipuladas, sendo indispensável redesenhar o sistema - os dados só devem ser acedidos por quem os envia e quem os recebe.
No fim ainda pediu um minuto de compensação para deixar um importante repto aos empresários e empreendedores: "Não convençam os vossos clientes que devem confiar em vocês, mostrem-lhes que não têm de confiar em vocês porque vocês não têm acesso à sua informação". A plateia voltou a aplaudir - mas será que concordou?

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