por Bruno Santos
A Web Summit é um acontecimento relevante sob vários pontos de vista. Para Portugal é-o duplamente, uma vez que é aqui que se realiza, sendo que esse facto é visto e tido como uma vantagem pela generalidade dos agentes do poder.
Em nada isto contraria o facto de se tratar de uma assembleia evangélica, similar, em todos os aspectos fundamentais, a uma cerimónia de culto religioso, promovida e levada à prática segundo códigos, símbolos, discursos, encenações e rituais em tudo semelhantes aos que as maiores igrejas utilizam nas suas próprias celebrações e estratégias de evangelização.
Não sendo isto, à partida, bom nem mau, é assim. Tudo na Web Summit está de acordo com os princípios reguladores de uma cerimónia extática, hipnótica e persuasiva, cujo propósito é unir em torno de uma verdade sacra e de uma vontade de transcendência, a enorme massa de almas hoje rendidas ao esplendor universal da máquina.
Repete-se: isto não é, à partida, nem bom, nem mau. Há quem ache que é bom e há quem ache que é mau. O que é mau, por ser injusto, é negar à Web Summit o seu lugar de direito na História da Magia e na Antropologia das Religiões. Porque esse é um truque que os “tecno-laicos” utilizam recorrentemente para ocultar o seu monoteísmo visceral, a sua religiosidade fanática e a sua intolerância irredutível.
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