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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Banif, TVI e Altice

Aventar

por João Mendes

Vítor Rios

Fotografia: Vítor Rios/Global Imagens@DN

Não passou muito tempo desde o estranho caso da estação televisiva que criou artificialmente o pânico sobre uma instituição bancária, que atravessava um momento de particular vulnerabilidade. Dita estação, curiosamente, era propriedade de uma empresa que tinha como accionista de referência uma outra instituição bancária, maior e mais poderosa, interessada em engolir o pequeno e fragilizado concorrente.

Como seria de esperar, porque estamos em Portugal, paraíso à beira-mar plantado onde vale quase tudo, o truque funcionou, seguindo-se uma avalanche de levantamentos e fecho de contas, fragilizando ainda mais a pequena instituição que acabaria por ser adquirida, por meia dúzia de patacos, pelo predador proprietário da TV incendiária, que aguardava calmamente na penumbra. Ler mais deste artigo

sábado, 22 de julho de 2017

A Altice não é flor que se cheire



por estatuadesal
(Nicolau Santos, in Expresso, 22/07/2017)
nicolau

A preocupação do primeiro-ministro e dos partidos de esquerda com o destino da PT vem tarde. Com efeito, a Altice comprou a PT Portugal por €5,7 mil milhões aos brasileiros da Oi em 2015. Foi um negócio entre empresas estrangeiras. Sim, a operação teve a bênção do Governo de então, mas o Estado português não pode vir agora colocá-la em causa. E quando a Altice avança para a compra da TVI, detida pela Prisa, é de um negócio entre duas empresas europeias que se trata.
A preocupação com a PT vem tarde. A compra foi em 2015. E o nome vai mudar para Altice. A PT, como a conhecemos, já não existe
Dito isto, há ou não razões de preocupação? Há e são muitas. Desde logo pelo perfil do fundador e presidente da Altice, Patrick Drahi, que tem nacionalidade israelita, francesa e portuguesa. Quando comprou a Cabovisão em 2015, a sua primeira aquisição em Portugal, disse: “Não gosto de pagar salários. Pago o menos possível.”
E um excelente trabalho publicado esta semana na revista “Visão” diz que ele “trata as pessoas com desprezo desde o primeiro dia”. Poderiam ser só palavras do próprio ou de quem não gosta dele. Mas não são. Na Cabovisão, na ONI e depois na PT, as empresas que já comprou em Portugal, a Altice tem-se comportado como um típico raider financeiro: lança de imediato um ultimato aos fornecedores, impondo-lhes uma descida drástica no preço dos serviços que fornecem (no caso da PT, o corte foi de 30%); e faz despedimentos coletivos ou cria situações de enorme desconforto aos trabalhadores (retirada de benefícios sociais e de fringe benefits, cortes de parte dos salários, eliminação de postos de chefia, colocação noutras empresas do grupo ou associadas) que levam muitos deles a demitir-se. A estratégia tem um único objetivo: obter rapidamente cash pelo corte dos custos para fazer face à montanha de endividamento do grupo, que ascende a €82,1 mil milhões (!). É que Drahi faz aquisições atrás de aquisições, mas com base no dinheiro dos bancos (a quem deve perto de €50 mil milhões), uma corrida que tem tanto de embriagadora como de perigosa. Drahi discorda, claro: “Se parar com o meu desenvolvimento ‘bulímico’, por assim dizer, dentro de cinco anos não terei dívidas. E depois? Isso seria idiota porque durante cinco anos não teria registado crescimento”, disse na Assembleia Nacional francesa.
O que Drahi pretende é desenvolver um grupo multinacional de telecomunicações e media, para combater gigantes como a Google, Facebook, Amazon, WhatsApp e Yahoo, que utilizam sem pagar os suportes digitais construídos e pagos pelas telecoms e os conteúdos produzidos pelos media. Só que esta estratégia de integração já foi tentada e correu mal em todo o mundo. Com Drahi vai correr bem? Logo veremos. Mas quando se começa a pagar mais pelo que se compra do que aquilo que vale (caso da TVI), isso é sinal senão de desespero, pelo menos de fuga para a frente, que costuma acabar sempre mal.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Usar a TVI para destruir um já existente e comprá-lo a preço de saldo?



Em 2015, o grupo Altice passou pela quermesse de Passos Coelho e levou a PT, por um simpático valor que rumou, na sua quase totalidade, para o Brasil. Para isso e para pagar dívidas que a meritocracia capitalista – leia-se boys & girls do regime – nos deixou de herança, como forma de agradecimentos pelos milhões em bónus que lhes pagamos ao longo dos anos. Maravilhas da boa nova liberal.
Dois anos volvidos, a Altice adquiriu hoje uma posição maioritária na Media Capital, acumulando assim o controle da MEO com o da TVI, o canal português que se encontra no patamar de sensacionalismo e parolice imediatamente anterior ao do Correio da Manha.
O próximo passo, revelou ontem o Expresso, será a entrada no sector da banca, através do lançamento do Alticebank. Estará a compra da TVI relacionada com a decisão do grupo francês? É que, a julgar pelo papel decisivo que estação televisiva teve na derrocada do Banif, imediatamente adquirido pelo Santander, accionista do grupo Prisa, que detinha até hoje a TVI, quer me parecer que poderá haver aqui alguma relação. Assim, em vez de criar um novo banco de raiz, poderá a Altice limitar-se a arruinar um dos já fragilizados bancos portugueses, que são quase todos, senão mesmo todos, e resolve-se a coisa por meia-dúzia de milhões. Para pagar o remanescente estamos cá nós.
Eric Piermont/Getty@Expresso
Fonte: Aventar