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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O que o País deve a Marcelo e o que não pode consentir

por estatuadesal

(Carlos Esperança, in Facebook, 15/11/2017)

Clonagem

Imagem in Blog 77 Colinas

Após a tomada de posse, Marcelo surgiu sem prótese conjugal, irradiando simpatia, em flagrante contraste com o antecessor. Com a cultura, inteligência e sensibilidade que minguavam a Cavaco, tornou-se um caso raro de popularidade.

O respeito pela Constituição da República, elementar no constitucionalista, levaram-no a aceitar o Governo legitimamente formado na AR e a que Cavaco dera posse com uma postura indigna de quem, sem passado democrático, é devedor à democracia dos lugares cimeiros que ocupou.

Marcelo, em vez de ameaçar o País e denunciar à Europa os perigos imaginários que um ressentido reacionário lobrigou no entendimento democrático dos partidos de esquerda, ajudou ao desanuviamento do ambiente político e à higienização do cargo para que fora eleito. Fez o que devia, e teve a decência de romper com a herança de dez anos.

Esgotado o mérito que lhe será sempre creditado, entrou num frenesim próprio de quem é hipercinético, por temperamento, e ansioso de mediatismo, por idiossincrasia, como se estivesse em permanente campanha eleitoral.

A presença constante nas televisões, a opinião sobre tudo, o comentário que vai da bola à alta política, o exercício das suas funções e a exorbitância delas, a ida a funerais e casamentos, a presença pública em cerimónias litúrgicas e a confusão entre o Palácio de Belém e a sacristia, onde se comemoram milagres, começa a inquietar quem vê na sua conduta o atropelo à laicidade do Estado e a ingerência abusiva em funções do Governo e no condicionamento do comportamento dos seus agentes.

Ao ler hoje o elogio do PR ao lastimável pedido de desculpas do ministro da Saúde por mortes causadas por uma bactéria, como se o ministro fosse responsável, vi uma cultura judaico-cristã de culpa e de arrependimento, incompatível com a dignidade das funções e os esforços para resolver situações imprevisíveis, e que, no seu dramatismo, tendem a ser exploradas e ampliadas pela morbidez instalada na comunicação social.

É altura de dizer basta à deriva presidencial, que não tem uma palavra para condenar os silêncios sobre os desvios dos fundos comunitários, as fraudes nas autarquias e os atrasos nas investigações sobre as eventuais burlas nos bancos GES/BES, Banif, BPN, BPP e BCP, e se torna excessivamente loquaz a querer transformar o OE-2018, em discussão na AR, num instrumento para a sua popularidade.

Há já dificuldade em distinguir a genuína empatia de um caso patológico de narcisismo.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

QUE “FALTA DE POUCA VERGONHA!”

QUE “FALTA DE POUCA VERGONHA!”

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 15/11/2017)

hugo_soares

A gente, nas aldeias e meios mais populares, onde a exigência linguística não é bem de primeira necessidade, ouve frequentemente esta frase, em que o “pouca”, é bom de ver, está a mais. Mas é assim que se usa dizer, do mesmo modo que se costuma também dizer “eu não me acredito”, estando, também aqui, o “me” a mais. E até poderia dar mais exemplos…

Mas, apesar de tudo e disso sabendo, percebemos o sentido e o regionalismo. O que é mais difícil de entender é dizer-se de alguém que “ tem pouca vergonha” , logo a seguir, que “tenha vergonha” e, ainda, quetem vergonha”!. Não é, portanto, de difícil conclusão que quem assim o diz tem é “falta de vergonha”! Mas aqui de “muita vergonha”!

É que, agora afundando-me na política caseira, ouço constantemente o imberbe Huguinho dizer, por tudo e por nada, que “Costa tem falta de vergonha”! Dou como exemplo o congelamento, ou antes, o descongelamento das carreiras dos Professores, pois congeladas já elas estavam e há muito.

E diz ele que é “recorrente a falta de vergonha do Primeiro Ministro”. Mas, logo a seguir, ele afirma que Costa “tem vergonha”! E de quê? De ter estado vários anos nos Governos do PS e do Sócrates em particular! E diz mais ainda: que ele (o Costa, bem entendido) “deve ter vergonha de constantemente não assumir as suas responsabilidades”.

Mas responsabilidades de quê? De ter sido Ministro no governo de Sócrates! Vejam lá o que o cérebrozinho do Huguinho consegue concluir. Assim sendo ele, que não foi Ministro do Passos Coelho, disso se safou e, por isso, assim conclui. E os colegas, ó moço? Enfim, gente iluminada!

Portanto o Costa, para o Huguinho, coitadinho, tem ao mesmo tempo “falta de vergonha” e “vergonha”! Decide-te, ó Huguinho, coitadinho,  é o mais que eu posso dizer já com uma indigestão de tanta “sem vergonhice”.

Mas o Huguinho, coitadinho, para além de um grande pândego, de um ofensivo malcriado e de um político de pacotilha e feito à pressa, é um perito em silogismos.

Notem este raciocínio do Huguinho, coitadinho, por exemplo: Premissa primeira: quem congelou as carreiras foi o Sócrates; Premissa segunda: o governo que nos levou à pré-bancarrota, que foi salva ( a rota, porque a outra não salvou) pelo governo da PAF; Premissa terceira: eles, a Paf, coitados, embora o quisessem não o puderam fazer, mais uma vez coitados, pelo que quem as deve descongelar, agora que já se pode, é o seu herdeiro Costa! Estão a ver a clarividência?

Lavoisier, Pascal, Aristóteles, Arquimedes, Pitágoras e mesmo o próprio Sócrates, devem dar pulos nas tumbas com tamanha argúcia interpretativa das suas teorias…mas eu, mais comedido, fico-me muito simples e prosaicamente pelo mero silogismo!

Mas mais ainda: como acrescento à sua silogística argumentação, perante o crescimento económico que se tem vindo a verificar, que eles também queriam mas, coitados outra vez, não puderam, e as consequentes folgas orçamentais, o Huguinho, o seu PPD ou PSD e todos aqueles pontas de lança que pululam pelos Expressos e demais Comunicação Social e ainda mais a Teodora, que vêm dizendo? Que existem latentes perigos e que é preciso fazer como a formiga: amealhar e poupar para quando vierem tempos mais difíceis…

É bonito sim senhor mas, mais uma vez, daqui deriva como conclusão mais um silogismo : pois se o Governo, gastando ( só, segundo o Expresso, ao PCP e ao BE foram entregues 1,2 mil milhões de aéreos), é irresponsável e o Costa um marginal mesmo (pouca vergonha de quem tem vergonha), também o será se não proceder ao descongelamento de todas as carreiras…custe o que custar. Porquê? Porque o Huguinho assim quer e lhe mandaram dizer…Para quê? Para minar o Governo, claro, e para isso nada melhor que inundá-lo de silogismos à Huguinho…

De modo que, para finalizar, direi como o nosso Povo: Que “falta de pouca vergonha”, ó Huguinho!

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Jantar com os mortos para recordar as asneiras dos vivos


por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 13/11/2017)
Daniel
Daniel Oliveira
O jantar da Web Summit, que tanta e tão justificada indignação causou, não é o primeiro nem o segundo que se realiza no Panteão Nacional. Ao que parece, mesmo antes do regulamento existir, já tinham dado essa estranha função ao lugar onde estão aqueles que o País mais quer recordar. O regulamento, de 2014, aprovado pelo secretário de Estado da Cultura de Passos Coelho, Jorge Barreto Xavier, determina a possibilidade de alugar, para eventos sociais e culturais, os vários monumentos nacionais, apenas vedando isso a sindicatos (mas não associações patronais) e partidos. E diz que que o uso dado aos monumentos não pode colidir com a sua dignidade. Deveria chegar para impedir este aluguer? Não, mas já lá vamos.
Este regulamento, que autoriza o que não devia ser autorizado – não me refiro a todos os monumentos, mas a espaços como o Panteão –, corresponde a um pensamento hoje dominante: o da rendibilidade. A lógica de tornar os “ativos” do Estado rentáveis, aplicando-lhes a mesma lógica de qualquer empresa, só podia dar disparate. O predomínio absoluto dos critérios financeiros sobre os simbólicos, ignorando a importância da memória coletiva para a sobrevivência de uma comunidade, levou à tentativa de extinguir o 5 de outubro e o 1º de dezembro e ao total desinvestimento na cultura e no património. O regulamento que expressamente permite a utilização do Panteão Nacional para jantares e beberetes corresponde ao abandalhamento institucional que o período da troika impôs ao Estado. E que este governo, em demasiadas matérias, não abandonou.
É claro que o governo de António Costa tinha o dever de revogar este regulamento sem esperar que o escândalo rebentasse nas redes sociais. Até porque ainda há pouco tempo a Navegação Aérea de Portugal (NAV), que é uma empresa pública, tinha usado o Panteão para a mesmíssima função. A parte interessante desta e de outras críticas que vamos ouvido a este governo é que elas correspondem, na realidade, ao lento acordar de um pesadelo. Cada vez que levantamos uma pedra descobrimos os efeitos que a austeridade teve nos serviços públicos e na dignidade do Estado. E o principal reparo a fazer a este governo é não ser suficientemente rápido a reparar o que o anterior foi fazendo.
Mas voltemos ao regulamento. Sim, é verdade que que nele se diz que os eventos a realizarem-se nos monumentos nacionais não podem colidir com a sua dignidade. Todos achamos, ao que parece, que a organização de um jantar colide com a dignidade do Panteão. Suponho que não nos choca mais um jantar de empresários e convidados da Web Summit, evento apoiado pelo Estado, do que um qualquer outro.
O problema não é quem jantou e como jantou, é mesmo o jantar. Ora, o mesmo regulamento prevê expressamente o aluguer do Panteão para jantares e cocktails. O que quer dizer que, no espírito e na letra daquele regulamento, organizar jantares no Panteão não colidia com a dignidade daquele espaço. As regras, que existem, foram todas cumpridas. Elas não incluem nem aconselham a interdição de jantares. De tal forma não interditam e não aconselham que os jantares estão previstos, com uma tabela de preços definidos no regulamento em causa. Três mil euros para o aluguer do corpo central do Panteão para jantares, 1.500 para cocktails.
Não cabe aos governos alugar espaços ou tratar da sua gestão quotidiana. Cabe aos governos definir regras, garantir que elas são cumpridas e dar os meios para que isso aconteça. Essas regras, que foram cumpridas, existiam e têm um autor: Jorge Barreto Xavier. A responsabilidade deste governo é, como já disse, não as ter alterado. E a responsabilidade do aluguer é da diretora do Panteão e da Direção Geral do Património Cultural (DGCP), que não é governo, e que tem a gestão destes espaços como dever seu. A DGCP não devia ter alugado para este e para outros jantares, mesmo que o regulamento não só o permita como expressamente o preveja. Mas não aceito que se cruxifiquem os serviços por cumprirem, na letra e no espírito da lei, o que o poder político definiu como regras para a utilização dos monumentos nacionais. Barreto Xavier queria que se usasse o Panteão Nacional para jantares, determinando que isso deveria corresponder a um pagamento de três mil euros. O pecado da diretora do Panteão e da DGCP foi cumprir o regulamento, o do atual ministro foi não o rever. Mas os últimos a poderem apontar o dedo a alguém são os responsáveis políticos pelas regras que levaram a isto.
Mas nem isso os impediu de o fazer. Em declarações à TSF, Barreto Xavier atribui as responsabilidades à DGCP, recordando que é ela que tem a última palavra para avaliar se uma determinada iniciativa põe em causa a dignidade de um determinado espaço. O antigo secretário de Estado pensa que, neste caso, é isso que sucede. Como neste caso a única coisa a apontar é ser um jantar, fica a pergunta: se um jantar põe em causa a dignidade do Panteão (eu acho que põe), porque raio definiu o mesmíssimo secretário de Estado um preço para que ele tivesse esse preciso uso? Era para dizer quanto é que não se devia cobrar por jantares no Panteão?
Apesar disto, um deputado do PSD não hesitou em vir a terreiro pedir a demissão de funcionários do Estado. Acho incrível que tenham alugado o Panteão para um jantar, como o regulamento aprovado pelo governo do PSD expressamente previa. Sim, o jantar colide com a dignidade daquele monumento. Mas não consegue estar ao nível da falta de dignidade de quem toma decisões políticas e depois pede a demissão de quem as cumpre.

TAXAS, TAXINHAS, JANTARES E JANTARINHOS

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 13/11/2017)

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Parece que o país anda muito atrapalhado porque o Panteão Nacional é um dos monumentos que as empresas de catering oferecem como alternativa para a realização de eventos. Como neste país o que não faltam são “putas ofendidas” foi um borborinho que junto os que agora falam mal do Web Summit com os que são muito apegados aos valores nacionais. De repente, esqueceu-se o passado mais recente.

Quando Portas anunciou a realização em Portugal das próximas Web Summits não faltaram elogios, era o tempo do empreendedorismo, quando Portugal caminhava para ser um dos países mais competitivos do mundo, como prometia Passos Coelho. Agora que quem aparece é o António Costa, já o evento é parolo e tudo o que lá sucede serve para ser gozado pela gente fina do “Governo Sombra” que, como se sabe, é gente que está acima de qualquer parolice.

Os mesmos que acabaram com feriados nacionais como o 1.º de dezembro estão agora preocupados com os heróis nacionais, os que acabaram com o feriado do Dia de Todos os Santos preocupam-se agora com o respeito pelos mortos, os mesmos que gozaram com António Costa por causa das taxas e taxinhas, sabe-se agora, criaram uma tabela de taxas e taxinhas de aluguer dos monumentos nacionais, diz um ex-governante que foi para regularizar a situação.

O mesmo ex-governante diz agora que caberia a este governo decidir se um jantar poderia ou não ser realizado, isto é, o homem regularizou o negócio, mas esqueceu-se de especificar critérios para determinar o que ficavam bem para o local. Os que defendem que a escolha dos altos dirigentes do Estado deve ser feita por concurso acham que podem ser despedidos e humilhados por despacho. OS que regulamentaram, mas não definiram critérios acham que uma diretora-geral devia adotar os critérios que eles entenderam ser desnecessários.

Mas há outra questão que está sendo ignorado, o Estado português é assim tão pelintra que necessite de alugar o Panteão Nacional por três mil euros? Por este andar vão passar a alugar o Palácio de Belém para casamentos, incluindo os aposentos presidenciais para a consumação do matrimónio na Lua de Mel.

Seria interessante saber se os tais três mil euros que rendeu o aluguer do panteão Nacional são mesmo receita do orçamento do Estado, ou vai direitinho para um saco azul da direção-geral ou da secretaria de Estado da Cultura.

Nos últimos anos os portugueses, para além do IMI, do imposto de selo, do IRS, do Imposto de Circulação e do IVA, passaram a estar sujeito a mais um pesado imposto, constituído por taxas, taxinhas, multas, multinhas e outros expedientes inventados para alimentar sacos azuis dos mais diversos organismos. Há muitas passagens à reserva nas forças policiais, muitos jantares e jantarinhos de diretores-gerais, suplementos para dirigentes e outras mordomias pagas por este novo imposto aplicado de forma impiedosa, oportunista e sem regras.

sábado, 4 de novembro de 2017

A “GERINGONÇA” TEM FUTURO? TEM QUE TER!

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 04/11/2017)

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O Daniel Oliveira publicou por estes dias um texto, que quase na íntegra corroboro, que se intitula: “O Orçamento é de Esquerda. Mas deixa Esquerda para o futuro?”.

Enumera, embora não exaustivamente, o que de bom já se fez mas, recordando o ainda não realizado, preocupa-o que deixando tudo isso para o futuro, tal fique como uma “marca” negativa desta governação. O que quer dizer, para o Daniel, não ter este Governo feito tudo o que os Partidos à sua esquerda reclamaram e reclamam, como a Contratação Colectiva e a sua caducidade, por exemplo.

É inquestionável ser substancialmente correcto e factual que ainda há muito por fazer, mas como comentador e analista político que é, o Daniel esbarra na dúvida sistemática que o assalta, a ele e a outros, que se manifesta na tendência para o politicamente correcto (deixar sempre pontas soltas na sua abrangente linguagem) e no receio de assumir o papel de antecipador, utilizando para isso a dúbia interrogação.

Mas eu, como não sou analista nem comentador de serviço, não convivo com essa tal dúvida sistemática e procuro sempre simplificar. E não concordo que essas importantes medidas ainda não tomadas ou mesmo adiadas, fiquem como uma “marca” negativa para as Esquerdas. Não penso mesmo isso!

Penso, antes pelo contrário, que o que já foi feito e conseguido é que fica como uma “marca”! E fica por várias razões. A saber:

· Porque nem o mais iluminado optimista imaginaria ser possível que, em pouco mais de dois anos, esta solução governativa tivesse tanto sucesso.

· Porque nem o mais empedernido optimista a sonharia há pouco mais de dois anos.

· Porque o que também fica como uma indelével “marca” é o fim do mito de que as Esquerdas não sabem governar. As Esquerdas mostraram e têm mostrado que são competentes e que sabem conjugar uma certa austeridade (cativações, por exemplo) com reposição de direitos e rendimentos, com crescimento económico e controlo das Finanças Públicas. Coisas que as Direitas nunca saberão.

· Porque com tudo isto as Esquerdas ganharam crédito e respeito insuspeitáveis. Até lá fora!

· Pelo que esta “marca” tem que ser ainda mais fortemente sedimentada. Porque se ajusta às vontades da grande maioria da sua base de apoio e, ia apostar, da grande fatia da população e desperdiçá-la, para além de um grosseiro erro, seria um crime de lesa pátria.

E isso mesmo ficou bem visível ainda hoje na discussão e aprovação do Orçamento de Estado para 2018 e em que à irritação de toda uma quezilenta Direita, perdida e incapaz de apresentar alguma alternativa, correspondia um acerto cada vez maior e mais pacífico das Esquerdas.

Por tudo o exposto e também porque entendo que não pode ser tudo feito de uma vez só, há coisas mesmo que requerem o seu tempo, é imprescindível que o que ainda não foi realizado e é forçoso que se realize, continue a constar da agenda como um essencial objectivo conducente ao combate efectivo à precariedade, à estabilização das leis do trabalho e à segurança no emprego.

Mas, ainda assim, é minha convicção que tem aumentado paulatinamente o número daqueles que já compreendem que, tal como Roma e Pavia não se fizeram num dia, quer queiramos quer não, só poderemos todos esses desideratos alcançar se tivermos as contas públicas controladas, o défice a descer, o saldo primário excedentário e a dívida pública a diminuir.

E isso não só é importante para que o financiamento do Estado e da economia estejam assegurados e a taxas cada vez mais baixas, mas também para que a nossa credibilidade e afirmação fiquem, elas igualmente, como uma “marca”! Mas essa “marca” cada vez mais vincada, necessita de cada vez maior sustentabilidade, que só pode ser alcançada através do cumprimento dos pressupostos acima enunciados.

A Esquerda, toda a Esquerda, ou Esquerdas, tem que estar bem ciente disso e quando digo que a grande maioria do Povo das Esquerdas está cada vez mais elucidado a esse respeito, é para dizer claramente que quem isto subestimar será fortemente penalizado por todo esse eleitorado.

Esticar a corda, seja de um lado, ou seja do outro, mais à esquerda ou menos à esquerda, será sempre contraproducente, tanto mais que o que se notam são substantivos avanços e não recuos. Do mesmo modo que o precipitado aproveitamento de algum sinal que as sondagens possam fornecer o será inevitavelmente. A “marca”, a tal “marca” é já indissociável dos Partidos que sustentam este Governo e, estou convencido, esse mesmo Povo não perdoaria ao PS nem a arrogância nem o distanciamento.

O que esta solução governativa teve e tem de grande mérito é mesmo isso: é, na sua diversidade, os Partidos que a compõem terem conseguido estar juntos e coesos no essencial. No possível, ou no imediatamente possível melhor dito, em detrimento precisamente daquilo que ainda está fora do seu tempo e se mostra, neste momento, mais separador que agregador.

Devemos a este Governo os louros pelos resultados alcançados, mas devemos aos restantes Partidos da “coligação” (a que agora o PSD resolveu chamar de “Social Comunista”!) a justeza, firmeza e resiliência na exigência de medidas que pareciam impossíveis, mas que, como disse, se mostraram salutares e, igualmente de suprema importância, no desabar de um vetusto “tabu”: o de que os tais Partidos, a que as Direitas chamam de “Radicais”, estavam impossibilitados de pertencerem ao arco da governação.

E a quebra deste “tabu”, ao mesmo tempo que abriu importantes janelas para o futuro, abriu também a porta a cada vez maiores responsabilidades.

E hoje virei “analista”! Como diz um Irmão meu: dizes que não és, mas afinal…