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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A vantagem do demagogo é acreditar que só há burros na plateia


por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 08/07/2017)
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Nunca lutes com porco, ficas sujo e ainda por cima o porco gosta”. O artigo de Fernanda Câncio de ontem começa assim. Nunca menciona o candidato apoiado pelo PNR que concorre à Câmara de Loures pela sigla do PSD, mas suspeito que é nele que está a pensar. Talvez não o mencione porque é disso mesmo que ele depende: “Quando estamos, ao rebater um demagogo populista, a fazer o que ele mais quer – dar-lhe oxigénio, atenção, fazê-lo conhecido, acicatar a sua possível base de apoio através daquilo que ele qualificará como a ‘censura’ dos ‘elitistas’ e ‘politicamente corretos’ – e quando temos mesmo de o combater. É um dilema terrível, como o fenómeno Trump demonstrou – e os seus imitadores tentam explorar.” Como Ventura é um fenómeno inédito no PSD, é impossível não falar do assunto.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Esclarecimento Sobre a Lei de Estrangeiros

Esclarecimento Sobre a Lei de Estrangeiros

Para ler o Esclarecimento, clique no Título do Artigo.

Enviado para @alvaroteixeira

Confusão no Paralelo

08/08/2017 por João Mendes



O Kim anda para lá maluco, a disparar mísseis para o mar, atreveu-se mesmo a disparar um que atingiu águas japonesas, e a malta fica toda extasiada, a ver se é desta. Mas ainda não foi. Provavelmente nunca será e, a ser, será muito provavelmente interceptado pelo sistema de defesa norte-americano. O Kim é uma besta, todos sabemos, mas não quererá perder a sua casa dos horrores, para poder continuar a brincar aos ditadores lá dentro, uma vez que cá fora não é ninguém. Atacar o vizinho do sul, o Japão ou os EUA colocará um ponto final na brincadeira, e o Kim não quer apodrecer numa prisão ou ter o mesmo destino de Saddam ou Khadafi. São tiros de pólvora seca, para incendiar as multidões em comícios do partido do Kim e dos amigos dele.
Então porque será que a China está tão preocupada em retomar as negociações a 6 (China, EUA, Rússia, Japão e as duas Coreias)? Estará preocupada com o aliado norte-coreano, com o que ele possa estar a tramar? Ou estará, tal como a Coreia do Sul, preocupada com o cowboy americano? É que a China agora tem muito dinheiro, uma vasta rede de oligarcas internacionais, preparados para adquirir boas empresas a estados falidos e fulminados pelo capitalismo selvagem, e a última coisa que precisa é de uma guerra no seu quintal. Estão a imaginar os milhões de refugiados norte-coreanos a fugir pela fronteira com a China? O Partido Comunista Chinês também. Not gonna happen.
Mas uma coisa é controlar o Kim. O Kim é maluco mas não tem amigos, até o Rodman só o quer pelo dinheiro, e a China é o mais próximo de um aliado que ele tem. Sempre dá margem para alguma “diplomacia”. Outra coisa é existir um Trump do outro lado do ringue. Podia ser um Obama, podia até ser um Bush, e a incerteza seria menos creepy. Mas o que temos agora a mandar é mesmo um Trump, pelo que todo o cuidado é pouco. Porque quando a China tem esta postura, e até a Coreia do Sul, o némesis do regime do norte, pede contenção ao presidente norte-americano, talvez seja caso para ficar preocupado. Começam a ser malucos a mais.

Fonte: Aventar

Autopsicografia de um homem de esquerda

João Valentim André
A pergunta ressoa no mais fundo do corpo ético do homem de esquerda: “como posso eu aceitar, sem forçar todo o meu ser à dissolução, que a sociedade de que participo condene mil homens à pobreza para que possa criar um que seja rico?”
A pergunta é labiríntica. A resposta reside no seu centro mental, um ponto cósmico, guardada por um temível animal mítico. Mas uma vez chegado a esse centro, não tem, o homem de esquerda, como evitar o confronto. E ele dá-se precisamente no lugar do eixo, no axis mundi, na base da árvore da vida pela qual se ascende à resposta.
Para que o mistério não viesse a ser simplesmente um maneirismo literário, o demiurgo achou por bem fazer depender a vitória sobre a besta mítica da resposta a uma outra pergunta: desses mil homens condenados à pobreza, quantos não sacrificariam outros cem mil ao mesmo mísero destino para que a fortuna lhes sorrisse a eles?
Se o homem de esquerda responder “Nenhum”, restar-lhe-á a esperança na doce Ariadne. Fugirá do Minotauro pelo fio e uma vez livre da encruzilhada reformulará a primeira pergunta, a tal que ressoa no mais fundo do seu corpo ético. Descobrirá, talvez, que é ele próprio o obstáculo à sua iluminação, pois que fantasia na humanidade a condição dos deuses e não compreende que essa ética que reclama como sua matriz e que sonha estender a toda a humanidade, não é mais do que uma grosseira arrogância perante a sua própria natureza, que claramente desconhece. Mais ainda, é uma incompreensão pueril da verdade, da justiça e da misericórdia actuantes nos três mundos: o humano, o natural e o divino.
O homem de esquerda sente, por exemplo, uma infinita compaixão pelos cães. Ama-os por vezes mais do que aos seus próprios semelhantes, mas nada o preocupa a miríade de bactérias que sacrifica em cada respiração. Nem atenta sequer que essa mesma respiração representa, com todo o esplendor, a tal matriz ética divina: a vida pertence à morte e a morte pertence à vida. Para lá disto, toda a filosofia é basicamente inútil.
Opõe-se, na titânica luta travada na consciência, que esse é o caminho da barbárie. Que assim sendo, nenhum sentido mais se encontra na civilização que quis ajudar a construir. Mas só compreendendo que essa mesma civilização com que sonha e a barbárie que o aterra são o respirar do mundo humano, pode regressar ao centro do labirinto, derrotar a besta e ascender, pelo eixo do mundo, à plenitude.
Nesse dia não será mais de esquerda nem de direita. E não pertencerá também ao centro que lhe serviu, uma vez conquistado, a salvação. Será um Homem Novo, renascido das próprias cinzas existenciais, liberto, finalmente, de si próprio.
Reformulou a pergunta: “Como posso eu compreender que a sociedade que ajudo a construir crie mil homens pobres para que possa condenar um à riqueza?” Assim a resposta é bem mais singela e vive na própria pergunta, o círculo fecha-se e o Universo respira na eternidade.

Fonte: Aventar

Do racismo e outros demónios

por Daniela Major

Uns bravos pescadores tunisinos travaram o barco dos fachos que anda pelo Mediterrâneo.
“Já seguíamos com preocupação as actividades deste grupo. Quando soubemos que vinham para Zarzis, mobilizámo-nos para evitar que entrassem no porto. Não queremos o barco fascista na Tunísia”, disse ao El País Shamseddin Bourasin, presidente da associação de pescadores local, que conta com cerca de 500 membros. “Há dez ou 15 anos que salvamos migrantes que naufragam. Não queremos que um barco que quer que se afoguem e usa lemas fascistas e contra o islão seja ajudado nos nossos portos”, declarou."
Para quem não sabe, o referido barquinho foi tomado por uma associação (chamemos-lhe isto para não lhe chamarmos grupelho) "juvenil" chamada Geração Identitária que pretende: "“defender” a Europa de refugiados e migrantes, para evitar “a grande substituição” – um conceito popular entre a extrema-direita nacionalista europeia, que teme que os muçulmanos substituam os cristãos no Velho Continente." (as aspas são do Público, mas eu concordo com elas).
Esta ideia dos muçulmanos substituírem os cristãos tem alguma piada, especialmente porque segundo as estatísticas o maior perigo para a "Cristandade" europeia não são os muçulmanos (actualmente 2% da população União Europeia) mas sim os ateus e os não crentes. (Fonte) Então, para quando um barco (ou um camião ou uma mini-van ou um carocha) contra os ateus?

Fonte: Aventar