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sábado, 19 de agosto de 2017

QATAR – A geopolítica e o negócio Neymar



por estatuadesal
(Margarida Mota, In Expresso, 19/08/2017)
NEYMAR
Alvo de um bloqueio político, o Qatar contra-ataca com o futebolista mais caro de sempre.

O Qatar é um caso de persistência nas manchetes internacionais. Em inícios de junho, o pequeno emirado ribeirinho ao Golfo Pérsico foi notícia dias a fio após ser alvo de um bloqueio diplomático e comercial — que ainda dura — decretado por quatro ‘irmãos’ árabes (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrain e Egito). Há poucas semanas, arrebatou noticiários nos quatro cantos do mundo ao estar por detrás da contratação mais cara da história do futebol — a do brasileiro Neymar, comprado ao Barcelona pelo Paris Saint-Germain (PSG), propriedade de um fundo soberano do Qatar, por 220 milhões de euros.


Um crescimento em bases diferentes?


por estatuadesal
(Nicolau Santos, in Expresso, 19/08/2017)
nicolau
O crescimento da economia portuguesa no primeiro semestre do ano está a surpreender tudo e todos. A catadupa de projeções apontando para um muito maior crescimento em relação ao inicialmente estimado (Banco de Portugal, OCDE, Unidade Técnica de Apoio Orçamental, ISEG, Universidade Católica, Barclays) tem o seu ponto mais alto nos considerados infalíveis técnicos do Fundo Monetário Internacional, que em outubro de 2016 previam que a economia portuguesa crescesse apenas 1,1% este ano; em 18 de abril de 2017, reviram essa projeção para 1,7%; e somente dois meses e meio depois, em 30 de junho, passaram a previsão para 2,5%, mais do dobro do inicial. Convenhamos que é uma margem de erro demasiado elevada para que possamos confiar cegamente nas previsões e nas recomendações do FMI, que mantém, aliás, a sua previsão para uma taxa de desemprego acima dos 10% este ano, quando o último dado conhecido para a taxa de desemprego é de 8,8%. Não nos iludamos, contudo: tanto o FMI como o Banco de Portugal alertam-nos já para não nos habituarmos a estes ritmos de crescimento, porque para o ano será menor.
Entretanto, o segundo trimestre do ano confirmou o ritmo de crescimento do primeiro: 2,8%. A não ser, portanto, que haja uma aceleração da atividade económica nos últimos seis meses do ano, será difícil que o valor final se fixe acima dos 3%, como alguns políticos chegaram a prever. Em qualquer caso, este será sempre o melhor resultado desde o início do século XXI e um crescimento indispensável para nos ajudar a resolver os problemas da dívida, dos défices orçamentais, do desemprego, da segurança social e do sector financeiro.

Entretanto, pela imprensa estrangeira e arredores…

por j. manuel cordeiro






Alguma comunicação social retratou Trump como ele é. Um merdas da extrema-direita, cheio de cautelas para não perder o apoio desses grupos. Pelo ritmo de demissões, não faltará muito para que apenas lhe sobrem esses.
Este é um bom momento para recordar as investidas que alguns opinadores realizaram, na comunicação social, em blogs e no Facebook,  com o intuito de suavizar e racionalizar esse doido que ocupa o lugar de presidente dos EUA. E acho engraçadas algumas reacções do comentadorismo nacional face a esta inequívoca colagem de Trump à extrema-direita. Alguns exemplos: o discurso de ódio na América não é novo; nazismo e comunismo são a mesma coisa; falam da América mas calam-se sobre a Venezuela. A técnica é muito simples. Dado que não podem negar a realidade, procuram relativizá-la para a diminuir.
Mas a realidade é clara. Apenas algumas décadas passadas sobre a loucura do nacionalismo que conduziu à Segunda Guerra Mundial, os extremistas chegaram de novo ao poder de mais uma potência económica e militar. Maus augúrios se anunciam. Quem tiver dificuldade em ler o actual contexto a partir da História pode sempre optar por uma versão romanceada, como a de Ken Follet.


Fonte: Aventar

Incendiários


por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 18/08/2017)

fogo


É evidente que o país tem de questionar tudo em matéria de incêndios e quando se diz tudo é porque não se pode deixar de fora a atuação das televisões. Com o argumento de que informam os portugueses as televisões não resistem à tentação de transformar os incêndios num reality show, em que se fica com a impressão de que se procuram as imagens que mais deslumbram, que chocam ou que dramatizam a situação.

A forma como os incêndios são tratados nas televisões faz lembrar os incitamentos de uma conhecida apresentadora de reality shows para que os concorrentes proporcionem imagens picantes. As televisões parece desejarem incêndios cada vez maiores e mais deslumbrantes, o maior número possível de feridos e mortos, tudo o que dramatize a realidade prendendo as audiências. Quando os espetáculo deixar de ter interesse esquecem-se das vítimas que tanto os preocuparam e que serviu de argumento para a sua dedicação noticiosa.

O incêndio de Pedrógão Grande ficará na história da televisão portuguesa e terá jornalistas como Judite Sousa como protagonistas pouco honrosos. Mas, infelizmente, o pior do que se passou não está no oportunismo e falta de respeito pelas vítimas por parte de quem pedia esse respeito em relação a si própria. O pior está na irresponsabilidade com que o tema foi tratado.

Muitos dos incendiários são psicopatas que regem as estímulos, para um incendiário as imagens de um grande incêndio serão muito provavelmente a mesma coisa que seria a exibição de um vídeo de pornografia infantil para os pedófilos. de um dia para os outro assistimos ao acendimento  de dezenas de incêndios, muitos deles durante a noite. O que levará a que num momento em que as televisões exibem imagens de incêndios a tempo inteiro todos os pirómanos do país acordem e ateiem centenas de outros incêndios.

É verdade que os eucaliptos ardem melhor do que os carvalhos e que os incêndios são maiores em dias de calor e ar seco. Mas a maioria deles são ateados por psicopatas ou por gente mal formada. Da mesma forma que no passado se apontava o dedo aos madeireiros, acusados de pagar aos incendiários, também teremos de apontar os dedos às televisões que provocam o frenesim dos psicopatas. Os madeireiros ganhavam dinheiro com a madeira barata, as televisões ganham dinheiro com as audiências. o mecanismo corrupto é o mesmo, ainda que tenham tratamento diferente no Código penal.

Make Mein Kampf great again



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 18/08/2017)
quadros
Os EUA são tão grandes que a diferença horária faz com que exista gente a viver no século XIX.

A cidade norte-americana de Charlottesville foi palco de graves confrontos durante uma manifestação de nazis americanos e uma contramanifestação de pessoas. O resultado final do confronto foi um morto por atropelamento, por um adepto do Alt-right, e vários feridos.
As manifestações foram convocadas depois de uma estátua do general sulista da Guerra da Secessão dos EUA e defensor da escravatura, Robert E. Lee, ter sido removida da cidade. Deviam ter-lhes dito: calma, vamos levar a do general Lee, mas vamos pôr uma do Adolfo. Os EUA são tão grandes que a diferença horária faz com que exista gente a viver no século XIX.


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

“Não vem ao caso”*


por estatuadesal

(José Sócrates, in Público, 17/08/2017)
socratesx
A propósito da maliciosa reportagem do Público sobre a “velha PT” gostaria de fazer os seguintes comentários:
1. É falso que o Governo da altura, e em particular eu próprio, como primeiro-ministro, se tenha oposto à OPA da Sonae. Este é um embuste que a Sonae, o Ministério Público e os jornais afetos repetem com frequência, não deixando, por isso, de ser uma descarada mentira. Durante todo o processo, o Governo sempre se portou com total imparcialidade, nunca tomando partido e ordenando o voto de abstenção ao representante do Estado. Acontece, aliás, que um dos momentos em que o Governo teve que reafirmar essa equidistância aconteceu justamente poucos dias antes da data da Assembleia Geral em que se tomaria a decisão e na sequência de um telefonema do Dr. Paulo Azevedo, durante o qual pediu expressamente a minha intervenção para que a Caixa Geral de Depósitos votasse a favor da OPA. Respondi-lhe que o Governo não tinha nenhuma razão para o fazer e não o iria fazer. Para o Público e a para a jornalista, que conhecem a história, este episódio não vem ao caso.
Suspeitas de gestão danosa na antiga PT
Suspeitas de gestão danosa na antiga PT
2. É falso que eu próprio, ou alguém em nome do Governo, tenha dado qualquer indicação de voto à Administração da Caixa Geral de Depósitos ou a qualquer dos seus membros. Isso foi já desmentido pelos Administradores, que confirmam que a decisão foi tomada em reunião do Conselho de Administração e com o único fundamento de ser esse o melhor interesse da instituição. Acresce - novo ponto que não vem ao caso, para o Público - que mesmo que a Caixa tivesse votado a favor da OPA ela teria sido recusada.


O que Cavaco vai ensinar aos jotas

Cavaco Silva semeou alcatrão por todo país, que ainda hoje pagamos e continuaremos a pagar, enquanto mandava matar agricultura e pescas.

Qualquer iniciativa partidária de aproximar os jovens da política e de lhes dar melhor formação é de louvar. Todos o fazem, por cá e lá fora, e a bondade das suas intenções é positiva. Li que na próxima Universidade de Verão da JSD, uma organização de muitos anos de um político de bem que é o Carlos Coelho, terá como convidado Cavaco Silva numa intervenção que terá por título: «A política da verdade vs. a da ideologia». E vou escrever o que ele deverá ensinar com a sua experiência.
Comer, mas fazer de conta que não gosta – Toda a vida política de Aníbal Cavaco Silva, a sua mitologia, é baseada no homem despojado, de serviço público, que não tinha nada a ver com politiquices. Era um homem providencial que, por mero atalho dos deuses, foi fazer a rodagem do seu novo Citroën e acabou entronizado líder do PSD num congresso. Nunca gostou da política, mas comeu, viveu dela, na carreira de poder mais longa do pós-25 de Abril. Apesar da cara de enjoado, nunca se enjoou do poder. Comeu e gostou. Espero que o diga em Castelo de Vide. Com verdade.