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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Paulo Morais revela destino dos 3 mil milhões do BES

Paulo Morais revela destino dos 3 mil milhões do BES

● Portugal Glorioso  ● 21:50


Uma das principais causas da derrocada do BES Portugal resulta de um enorme desvio de capitais para Angola, da ordem dos três mil milhões euros. E qual foi o destino desse dinheiro? Evaporou-se? O antigo presidente do BES Angola disse que não sabia onde estava o dinheiro o que é, no mínimo estranho, porque nos bancos há papeis, há registos. Mas então, para onde é que foi esse dinheiro? Foi, essencialmente, para a elite do MPLA:dirigentes políticos angolanos, numa lista interminável encabeçada por um crédito de 800 milhões de dólares autorizado a Marta dos Santos, irmã do presidente.
Tudo empréstimos sem garantia.
Os membros do comité central do MPLA receberam empréstimos sem garantia, aproximadamente, da ordem dos 10 milhões de dólares cada um. O mais curioso, é que há um General a quem pedem o dinheiro de volta, ele tem o descaramento de dizer: "eu pensei que isto era oferecido". E de facto, é oferecido porque não há garantias. Foi tudo aos milhões! Foi um fartar, vilanagem!
Mas há algo ainda mais dramático que é: parte das compras que as elites angolanas fizeram em Portugal foram feitas, não com dinheiro que vinha de Angola, mas com dinheiro dos depositantes do BES. Isto é completamente imoral para quem foi depositante do BES: saber que, aqui bem perto em Aveiras de Cima, há uma propriedade dos filhos de Eduardo dos Santos que foi comprada, não com dinheiro do petróleo angolano, mas com dinheiro dos depositantes do BES.

Questões mais ou menos triviais


Questões mais ou menos triviais

Posted: 01 Feb 2018 01:00 AM PST

A nova suspeita de que há decisões judiciais que são comprada e vendidas é potencialmente a enésima ilustração de uma velha ideia bem actual, mas talvez trivial, de economia moral, segundo a qual para que haja uma esfera mercantil em que os preços moldam os comportamentos é absolutamente necessário que haja esferas onde os preços o não fazem, sendo recusados.
O que talvez seja menos trivial é a ideia, da tradição crítica da economia moral, enquanto área que cruza história, economia ou filosofia políticas, segunda a qual a esfera mercantil pode em certas circunstâncias políticas, típicas por exemplo da época histórica neoliberal onde o dinheiro é incensado, corroer os valores, as instituições e as práticas não-mercantis, tornando tudo tudo mais indecente e disfuncional: dos perigos da hegemonia da mentalidade de mercado, denunciados por Karl Polanyi nos anos quarenta aos riscos dos mercados em expansão não conhecerem limites morais, denunciados mais recentemente por Michael Sandel.
De resto, as sociedades mais desiguais, onde o poder do dinheiro está mais concentrado, têm uma maior propensão para corromper indivíduos e instituições, para fazer desaparecer uma necessária separação de esferas. Complementando um historiador desta tradição, em livro acabado de sair, o problema da desigualdade económica não pode ser apenas visto pelo prisma mais ou menos utilitarista da distribuição de rendimentos de baixo para cima ou de cima para baixo entre indivíduos que cuidam do seu interesse próprio definido de forma estreita. Também tem de ser colocado no contexto dos seus efeitos numa comunidade, nos hábitos, e logo no carácter, favorecidos. Nada é neutro no capitalismo.

O código saiu pela culatra

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por Sérgio Barreto Costa

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Logo na sequência de abertura do filme Os Salteadores da Arca Perdida, Indiana Jones, depois de recuperar o ídolo de ouro das mãos do guia que o traíra, é perseguido por uma gigante bola de pedra da qual tem de fugir a toda a velocidade por forma a não ser implacavelmente esmagado. Havendo algum fundo de verdade nas abordagens psicanalíticas de Freud, Jung e outros, e eu julgo que há, é extremamente provável que, ultimamente, o ministro das finanças Mário Centeno ande a acordar a meio da noite, ensopado em suor, depois de ser assombrado por pesadelos que o colocam nessa correria febril à frente do monólito redondo, desempenhando o papel que, na fita, era de Harrison Ford.

Ser esmagado por uma bola, mesmo que de futebol, como é o caso que tem enchido as páginas dos jornais, não é um fenómeno raro no nosso país. Ainda há pouco tempo, por causa de uns jogos da Selecção Nacional no Campeonato da Europa, três secretários de Estado foram obrigados a arrumar a secretária e a mudar de vida, levando o Governo a, posteriormente, aprovar um código de conduta ligeiramente pueril e beatinho que proíbe os seus membros de aceitarem qualquer oferta de valor superior a 150 euros. Mas agora que Centeno, a estrela da companhia, teve a infeliz ideia de pedir uns bilhetes para ir ver o Benfica, o moralismo deixou de ser conveniente e de todo o lado surgem as mais divertidas interpretações do referido código.

De todas essas interpretações, a minha preferida, de longe, é a “teoria do não está à venda”. Como o ministro solicitou lugares na tribuna presidencial, que não são comercializados nas bilheteiras, dizem ser impossível fazer o enquadramento do limite dos 150 euros. Ficamos assim a saber que se a Gulbenkian oferecer ao secretário de Estado da Cultura um daqueles pósteres dos cães a jogar bilhar encaixilhado numa moldura bonita, este está tramado; no entanto, se no lugar dos simpáticos canídeos a Fundação lhe der um dos Amadeo de Souza-Cardoso da colecção, já não há qualquer problema, uma vez que as telas do famoso modernista não estão disponíveis no mercado.

Miguel Sousa Tavares, defendendo Mário Centeno no seu comentário televisivo, afirmou que, por causa deste tipo de exigências, qualquer dia ninguém quer governar Portugal. Não podia estar mais de acordo com o comentador. É uma observação tremendamente perspicaz e basta analisar o que se passou nas últimas legislativas para a confirmar. Neste país, o desapego ao poder é já tão grande, que foi preciso ir pedir encarecidamente ao 2º partido mais votado nas eleições que fizesse o sacrifício de assumir as funções executivas, sob pena de ficarmos para sempre numa situação de sede vacante. Felizmente para todos, António Costa, num bonito acto de abnegação, sacrificou a confortável reforma antecipada que o esperava, e acolheu as súplicas em prol da felicidade da nação. Assim sendo, é de toda a justiça que não o incomodemos muito com os aborrecidos diplomas legais que ele próprio elaborou.