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terça-feira, 20 de março de 2018

Parlamento Europeu e britânico convocam Mark Zuckerberg para explicar uso de dados do Facebook

20 mar 2018 17:29

MadreMedia / Lusa

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, instou hoje o fundador e administrador executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a prestar contas aos eurodeputados sobre o uso de dados de cidadãos europeus na sequência do escândalo da Cambridge Analytica. Porém, este não foi o único 'convite' a si dirigido. Uma comissão parlamentar do Reino Unido colocou a mesma questão ao fundador da rede social.

Parlamento Europeu e britânico convocam Mark Zuckerberg para explicar uso de dados do Facebook

“Convidamos Mark Zuckerberg para vir ao Parlamento Europeu porque o Facebook precisa de clarificar, diante dos representantes de 500 milhões de europeus, que os dados pessoais não são usados para manipular a democracia”, escreveu Tajani no Twitter.

O pedido surge numa altura em que têm saído notícias de que uma empresa com sede no Reino Unido, a Cambridge Analytica, usou indevidamente informação do Facebook para ajudar o candidato republicano Donald Trump a ganhar as presidenciais norte-americanas em 2016. A empresa, acusada de usar a informação de mais de 50 milhões de contas do Facebook, nega qualquer utilização indevida.

O líder da Eurocâmara já tinha anunciado na segunda-feira a sua intenção de pedir responsabilidades.

“As alegações de uso indevido de dados de utilizadores do Facebook é uma inaceitável violação dos direitos de privacidade dos cidadãos”, salientou Tajani na segunda-feira.

A consultora Cambridge Analytica obteve, em 2014, informação relativa a mais de 50 milhões de utilizadores do Facebook nos Estados Unidos e usou-a para construir um programa informático destinado a prever as decisões dos eleitores e, por isso mesmo, influenciá-los, revelaram no sábado os diários London Observer e o New York Times.

“Têm sido enganadores para com a comissão”

Uma comissão parlamentar do Reino Unido já tinha anunciado hoje que convocou Mark Zuckerberg para responder sobre o alegado uso de dados da rede social para influenciar indevidamente processos eleitorais.

O presidente da Comissão de Media do parlamento do Reino Unido, Damian Collins, revelou hoje que os deputados pediram, repetidas vezes, ao Facebook, que explicasse como é que usa os seus dados, mas que os responsáveis do gigante informático “têm sido enganadores para com a comissão”.

“É altura de ouvir um executivo de topo do Facebook, com autoridade suficiente para dar uma explicação precisa sobre esta catastrófica falha processual”, indicou Collins na carta dirigida diretamente a Zuckerberg. “Face ao seu compromisso, no Ano Novo, de ‘consertar’ o Facebook, espero que o representante seja você”, concluiu.

A comissária da informação do Reino Unido, Elizabeth Denham, também já disse que vai usar todos os poderes ao seu alcance para investigar o gigante das redes sociais e a Cambridge Analytica acerca do alegado uso indevido dos dados.

Denham está a tentar obter um mandato para fazer uma busca aos servidores da Cambridge Analytica. Também solicitou ao Facebook que pare a auditoria que a companhia estava a fazer ao uso de dados por parte da Cambridge Analytica.

“O nosso conselho ao Facebook é o de que se afaste e nos deixe entrar e fazer o nosso trabalho”, disse a comissária.

A Cambridge Analytica já anunciou que está empenhada em ajudar a investigação no Reino Unido. No entanto, Denham deu um prazo limite à empresa para apresentar a informação solicitada – e esse prazo não foi respeitado, indicou o gabinete da comissária.

Denham disse que a principal acusação contra a Cambridge Analytica é a de ter adquirido, por meios não autorizados, dados pessoais. No entanto, ressalvou que as leis britânicas exigem às plataformas como o Facebook que tenham fortes medidas de segurança que previnam o uso indevido dos dados.

Chris Wylie, que já trabalhou para a Cambridge Analytica, afirmou – citado pela imprensa – que a empresa usou os dados para construir perfis psicológicos para conseguir visar diretamente certos tipos de eleitores com anúncios e peças supostamente noticiosas.

Por outro lado, o Channel 4 do Reino Unido conseguiu gravar declarações do principal executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix (sem o seu conhecimento) nas quais este admite usar métodos pouco ortodoxos nas campanhas políticas dos seus clientes.

Nix afirmou que a Cambridge poderia, por exemplo, “enviar algumas raparigas” à casa de um candidato rival, e sugeriu que raparigas ucranianas são bonitas e eficazes nesse tipo de trabalho.

Também disse que a empresa poderia “oferecer uma grande quantidade de dinheiro” a um candidato rival e gravar o momento em que é feita essa oferta, para depois pôr tudo na Internet para mostrar que o candidato é corrupto.

Após a transmissão da peça de investigação do Channel 4, Nix afirmou – em comunicado – que lamenta o papel que desempenhou na reunião fictícia e pediu desculpa aos seus funcionários.

“Estou consciente daquilo que isto parece, mas simplesmente não é o caso. Declaro aqui, enfaticamente, que a Cambridge Analytica não aceita nem se envolve em ciladas, subornos ou as chamadas ‘armadilhas com mel [honeytraps]’, nem usa material falso para qualquer tipo de propósito”, afirmou.

O método de colheita de dados usado pela Cambridge Analytica também motivou investigações por parte da União Europeia, bem como de responsáveis federais e estaduais nos Estados Unidos.

Nicolas Sarkozy detido

20 mar 2018 07:42

MadreMedia

Atualidade · 20 mar 2018 16:00

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi detido terça-feira, 20 de março, e está a ser ouvido pela polícia em Nanterre, nos arredores de Paris, no âmbito de uma investigação sobre o financiamento da sua campanha eleitoral em 2007.

Nicolas Sarkozy detidoEPA/IAN LANGSDON

Nicolas Sarkozy, presidente de França entre 2007 e 2012, está a ser ouvido no âmbito de suspeitas de financiamento ilícito da Líbia, sob a liderança de  Muammar Kadhafi, da sua campanha eleitoral de 2007.

A notícia está a ser avançada pelo francês Le Monde.

Escreve o jornal que esta é a primeira vez que Sarkozy é ouvido desde a abertura do inquérito judicial, em abril de 2013.  O ex-presidente está a ser ouvido por agentes do Escritório Central de Luta contra a Corrupção e as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) em Nanterre, nas proximidades de Paris.

As acusações de financiamento ilício foram formuladas pelo franco-libanês Ziad Takieddine e por alguns ex-funcionários líbios. O ex-chefe de Estado francês sempre desmentiu as denúncias. Sarkozy poderá ficar sob custódia policial durante 48 horas, podendo depois ser presente a juízes para ser indiciado.

No âmbito deste caso — revelado em 2012 após a publicação pela Mediapart de um documento sobre um alegado financiamento líbio da campanha de Sarkozy — já está a ser investigado o ex-secretário-geral do Palácio do Eliseu Claude Guéant, por falsificação de documentos e fraude fiscal.

Os magistrados investigam uma transferência de 500.000 euros recebida por Guéant em março de 2008, procedente da empresa de um advogado malaio. Este sempre afirmou que a quantia dizia respeito à venda de dois quadros.

Outro intermediário, o empresário Alexandre Djouhri, apresentado como um personagem chave da investigação, foi detido em janeiro, em Londres. Djouhri continua em prisão preventiva, à espera de uma audiência sobre a eventual extradição para a França, prevista para julho.

Um dos juízes que dirigiu esta investigação é o mesmo que o acusou no caso dos fundos para a campanha de 2012, em que Sarkozy não foi eleito, perdendo para François Hollande.

Em 2007, Sarkozy – 'Sarko' para os mais próximos –  foi eleito com 53 por cento dos votos na segunda volta, derrotando a rival socialista Ségolène Royal, sob promessas de “rutura”, de “mudança” e de “transformação”.

Durante o seu mandado, Sarkozy baixou os impostos dos ricos – medida que lhe valeu a alcunha de Presidente 'bling-bling’ –, flexibilizou a legislação laboral para diluir as 35 horas semanais instituídas por um anterior Governo socialista – com o ‘slogan’ “trabalhar mais para ganhar mais” – e levou a cabo uma reforma do sistema de pensões para aumentar a idade da reforma dos 60 para os 62 anos até 2018.

No plano internacional, aproximou a França dos Estados Unidos, foi o rosto da libertação de Ingrid Betancourt, refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) desde 2002, negociou o cessar-fogo no conflito que opôs, em 2008, a Rússia à Geórgia, foi a figura ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, na condução dos destinos europeus e na busca de soluções para a crise, foi o número um da intervenção na Líbia.

Ministra do Mar assegura que não faltam lanchas para pilotos no Porto de Lisboa

PORTO DE LISBOA

HÁ 23 MINUTOS

Ana Paula Vitorino afirmou que "não há falta de lanchas para os pilotos no Porto de Lisboa", depois de a ACICO ter mostrado preocupação com a suspensão da entrada e saída de navios do porto.

TIAGO PETINGA/LUSA

Autor
  • Agência Lusa
    A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, garantiu esta terça-feira, no parlamento, que não faltam lanchas no Porto de Lisboa, após manifestações de preocupação do setor, e disse que por vezes não são usadas devido às condições atmosféricas.

“Não há falta de lanchas para os pilotos no Porto de Lisboa. Por vezes há é condições atmosféricas que não permitem a sua utilização”, afirmou a governante, que falava numa audição na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas. Nessas situações, “não se pode exigir a ninguém e a nenhuma classe profissional que não exerça a sua profissão em condições de segurança”, salientou a ministra do Mar.

A reação surge após a Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas (ACICO) ter manifestado, através de uma missiva enviada ao grupo parlamentar do PSD e divulgada neste dia na audição pelo deputado social-democrata Cristóvão Norte, a “preocupação com a suspensão do tráfego marítimo regular de entrada e saída de navios […] no Porto de Lisboa, desde pelo menos final de fevereiro” deste ano.

Na carta, a ACICO fala na “avaria” e na “inoperacionalidade das lanchas dos pilotos de barra”.

Em resposta, Ana Paula Vitorino reforçou que “existem lanchas [no Porto de Lisboa] e que, se faltassem, seria feito já o investimento”, pois “existe capacidade para esse investimento”, nomeadamente no âmbito do Programa Operacional Mar 2020.

Ainda assim, reconheceu que “há duas lanchas que estão inoperacionais”, vincando, contudo, que “não fazem falta”. A governante indicou já ter recebido a denúncia da ACICO, mas garantiu que esta é “uma falsa questão”.

“As condições de segurança são sempre respeitadas e temos de compreender que nem sequer se pode sugerir [não o fazer], ainda para mais quando, há poucas semanas, um colega deles morreu em serviço”, assinalou a responsável, aludindo à recente morte de um piloto da barra de Lisboa ao cair ao mar durante uma operação de desembarque do navio mercante “Singapura Express”.

“Perante uma situação destas, como é que é possível insistirem”, questionou a governante, referindo-se à carta.

Na missiva, a que a agência Lusa teve acesso, a ACICO aponta que, “de acordo com informações das autoridades competentes”, a suspensão do tráfego marítimo “deve-se à indisponibilidade na Barra de Cascais de lancha para transporte dos pilotos, estando avariadas quatro das cinco lanchas afetas ao serviço”.

“Esta situação afeta o normal abastecimento do mercado português de matérias-primas para a agroindústria, verificando-se já a rutura dos ‘stocks’ e paragens de laboração”, lamenta a associação.