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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Presidente do Irão diz que Israel “só entende a linguagem da força”

IRÃO

16/5/2018, 14:02

O Presidente do Irão disse que Israel "só entende a linguagem da força", depois de 60 palestinianos terem sido mortos pelo exército israelita durante protestos junto à fronteira com a Faixa de Gaza.

PRESIDENTIAL OFFICE / HANDOUT/EPA

Autor
  • Agência Lusa
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O Presidente do Irão, Hassan Rohani, disse que Israel “só entende a linguagem da força”, depois de 60 palestinianos terem sido mortos pelo exército israelita durante protestos junto à fronteira com a Faixa de Gaza.

“O regime sionista não é um regime comprometido com a moralidade e as normas internacionais, só entende a linguagem da força”, disse Rohani numa reunião do executivo, segundo um comunicado da Presidência.

Tais ações, considerou, “farão com que os palestinianos estejam mais determinados a resistir e demonstram aos muçulmanos de todo o mundo que não há outro caminho que não seja o da unidade e do apoio ao povo da Palestina para libertar os seus territórios”.

“O povo palestiniano resistiu durante 70 anos e vai continuar a fazê-lo até que os seus direitos legítimos estejam garantidos. As ações do regime sionista foram sempre as agressões, a tirania e o assassínio de inocentes”, afirmou.

Para Rohani, “a autodefesa legítima” aplica-se à população a quem pertence o território, pelo que aplicar a expressão a Israel é “um absurdo”.

O Presidente iraniano lamentou, por outro lado, que “alguns países árabes da região se mantenham em silêncio em relação aos recentes crimes sionistas”.

Cerca de 400 pessoas manifestaram-se hoje frente à antiga embaixada dos Estados Unidos em Teerão em protesto pela transferência da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém e pela repressão israelita dos protestos palestinianos.

Sessenta palestinianos morreram e 2.711 ficaram feridos nos confrontos com o exército israelita de segunda-feira, o dia mais sangrento desde a guerra do verão de 2014 em Gaza.

Entre Mário Centeno e Pedro Nuno Santos

CONGRESSO DO PS

Luís Aguiar-ConrariaSeguir

16/5/2018, 7:39

Se há muitos no PS que andaram a assinar manifestos, também há quem não tenha empatado o prestígio nessas actividades. Qual dos lados vai ganhar o partido será decisivo para o voto de pessoas como eu.

Como referi na semana passada, o PS tem de se definir em dois domínios. No artigo anterior, falei na necessidade de se demarcar da herança socrática, o que inclui afastar algumas das pessoas mais proeminentes dessa herança. Isso é condição indispensável para voltar a ser um partido respeitável.

Mas há uma outra discussão importante a decorrer. Como se deve o PS posicionar politicamente para as próximas eleições? Deve procurar o apoio dos partidos à sua esquerda, eventualmente apenas de um, ou deve voltar a apresentar-se com um programa centrista como se apresentou às últimas eleições? Uma novidade neste debate é que é perfeitamente claro quem faz parte de cada corrente dentro do governo (e do PS).

Uma das correntes é protagonizada por Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que a 4 de Maio escreveu um excelente artigo no Público defendendo que se deve continuar com a convergência à esquerda. Esse artigo foi uma resposta a um artigo anterior de Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, que vê nas próximas eleições uma oportunidade para o PS se recentrar e seguir o seu caminho, recusando-se a renegar a herança liberal da Terceira Via.

É impossível desligar estas visões para o futuro do PS das interpretações que se possam fazer do relativo sucesso económico conseguido durante o mandato do actual governo. Se por um lado Pedro Nuno Santos insiste na ideia de que foi a política de devolução de rendimentos a responsável pelo crescimento económico e pela recuperação de emprego, do outro lado Mário Centeno parece ter consciência de que Portugal cresceu por ter sabido aproveitar a boa conjuntura internacional e que para esse aproveitamento foi essencial a forte contenção orçamental que permitiu reduzir o défice para valores historicamente muito baixos.

Eu tenho dificuldades em perceber a linha de pensamento de Pedro Nuno Santos essencialmente por dois motivos. Em primeiro lugar, porque desde 2013, ano em que aumentou bastante, que a carga fiscal se mantém mais ou menos constante. Ou seja, de um ponto de vista fiscal, não há, objectivamente, qualquer alívio relevante. Em segundo lugar, porque o investimento público continua pelas ruas da amargura. Não faz sentido, muito menos na perspectiva keynesiana, que penso ser a de Pedro Nuno Santos, considerar que o corte nos salários dos funcionários públicos retira rendimentos, mas que os cortes no investimento público não. Socorro-me das palavras do saudoso Pedro Romano, que contribuiu como ninguém para a elevação do debate público: «À primeira vista, essa distinção faz sentido. Eu sinto no meu bolso a sobretaxa de IRS, da mesma forma que os funcionários públicos sentem o corte salarial de 2011, ou a retenção dos subsídios de 2012. A minha percepção de um corte no investimento público é muito mais indirecta e mediada. Mas o investimento e os bens e serviços cortados também são rendimento — são rendimento das empresas que fornecem bens e serviços ao Estado, ou que com eles contratualizam obras públicas. Essas empresas têm de ter receitas para pagar salários e gerar lucros, e se não houver facturação não haverá nem um nem outro. O conceito de rendimento é um pouco mais lato do que ‘aquilo que aparece no recibo de vencimento’. Toda a despesa pública é sempre rendimento de alguém.»

Independentemente de se considerar uma das opções mais justas do que a outra, a verdade é que é difícil argumentar que do ponto de vista macroeconómico os efeitos serão muito diferentes. Ou seja, as causas que Pedro Nuno Santos aponta para o fim da crise são, no essencial, causas que não chegaram a existir.
Já os efeitos da redução do défice são mais do que evidentes na redução do spread das taxas de juro que Portugal tem vindo a pagar, constituindo esta, com o crescimento económico, o principal motivo pelo qual é possível reduzir o défice sem que se recorra a medidas de austeridade adicionais.

A preocupação com o défice também traduz visões diferentes sobre quais as nuvens negras que mais ameaçam Portugal. Quem considera que a existência de défices é essencial para que haja crescimento económico, que por sua vez é a única forma de garantir uma trajectória sustentável para a dívida pública, é normal ficar assustado com a linha económica protagonizada por Centeno. Recuando uns anos, não surpreende que socialistas como Pedro Nuno Santos, Ferro Rodrigues, Eduardo Cabrita ou João Galamba tenham estado entre os signatários do Manifesto dos 74, o qual considerava que «sem reestruturação da dívida o Estado continuará enredado e tolhido na vã tentativa de resolver os problemas do défice orçamental e da dívida pública pela única via da austeridade» e que «subsistirá o desemprego a níveis inaceitáveis, agravar-se-á a precariedade do trabalho, desvitalizar-se-á o país em consequência da emigração de jovens qualificados, crescerão os elevados custos humanos da crise, multiplicar-se-ão as desigualdades, de tudo resultando considerável reforço dos riscos de instabilidade política e de conflitualidade social, com os inerentes custos para todos os portugueses.»

Já quem compreende que os impactos favoráveis de aumentos de défices são temporários também entende que uma estratégia de crescimento de longo prazo assente em défices é um disparate. A longo prazo, necessariamente, o crescimento apenas existe se houver inovação, melhoria das qualificações dos trabalhadores e investimento na capacidade produtiva. Com taxas de poupança tão baixas como a nossa, uma nuvem bem negra no nosso horizonte é a possibilidade de deixarmos de nos conseguir financiar lá fora. Sendo assim, a redução da dívida pública devia ser um desígnio nacional. Enquanto esta, em percentagem do PIB, não descer para 60% — número a que estamos obrigados desde 1992 com o Tratado de Maastricht — não há motivos para sermos laxistas.

É natural que pessoas que andaram a assinar manifestos a pedir a reestruturação da dívida não percebam a necessidade de ter contas equilibradas. Mas, lá está, se há muitos no PS que andaram a assinar manifestos, também há quem não tenha empatado o seu prestígio nessas actividades.

Qual dos lados vai ganhar peso dentro do partido vai ser decisivo para o voto de pessoas como eu no dia de ir às urnas.

As longas 96 horas que envergonham o Sporting

16 Maio 2018362

Tiago Palma

Bruno Roseiro

Primeiro, uma entrevista que desenterrou o que parecia já enterrado. A paz era podre entre Bruno e Jesus, entre o presidente e os jogadores. À derrota na Madeira seguiu-se a violência em Alcochete.

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Há muito que o ambiente em Alvalade, entre Bruno e Jesus, entre os capitães e alguns elementos das claques — as tochas arremessadas para a baliza onde estava Patrício no começo do último Sporting-Benfica são bem reveladoras –, é tenso, situação que se arrasta desde o início de abril, altura da derrota em Madrid, com o Atlético. À derrota seguiram-se suspensões, recuos destas, posts inflamados nas redes sociais e críticas de parte a parte. No relvado, o Sporting respondeu com vitórias atrás de vitórias, seis ao todo, incluindo ao próprio Atlético de Madrid (ainda que sendo eliminado) e ao FC Porto, na Taça de Portugal. No entanto, o empate no dérbi com o Benfica e, sobretudo, a derrota com o Marítimo — que afastaria o Sporting dos (muitos) milhões da Champions –, vieram precipitar o clima de mal-estar em Alvalade e a violência, inqualificável e injustificável, ocorrida na tarde desta terça-feira na Academia de Alcochete. Esta é a cronologia (ainda muito ocorrerá nas próximas horas) possível dos acontecimentos que envergonham o clube e que, certamente, muito vão mudar no clube.

Sábado, 00:00

A entrevista de Bruno de Carvalho ao Expresso

A entrevista foi concedida antes mesmo do encontro de Madrid, e da derrota com o Atlético, retomada depois, e publicada na última edição do Expresso. Bruno de Carvalho nela abordaria a crise institucional que se gerou após a derrota em Espanha, crise que foi potenciada por uma publicação crítica do presidente do Sporting no Facebook aos jogadores. Recorde-se que os jogadores reagiram, poucas horas depois, num comunicado partilhado por quase todo o plantel, chegando mesmo a ser ponderada pela direção a suspensão destes — foi Bruno de Carvalho que o avançou também no Facebook, mas agora na sua conta privada — , afastando-os do encontro seguinte com o Paços de Ferreira, em Alvalade.

A suspensão não avançaria. E Bruno de Carvalho, ao Expresso, explicaria a sua publicação no início de abril, reforçando as críticas aos atletas: “As críticas fazem parte e os jogadores vivem numa bolha. Há uma superproteção dos jogadores e eles com muita facilidade vão para um patamar de total incoerência. Se calhar os jogadores teriam outro comportamento em campo se não fosse essa teoria absolutamente mirabolante de que são um mundo à parte que tem de ser altamente protegido”, começou por lembrar o presidente do Sporting. Questionado sobre se repetiria a publicação da discórdia, garantiu ao Expresso que “não”. Mas lançou nova farpa para dentro: “Se voltaria a escrever aquele post dos mimados? Não, até porque apaguei a página do Facebook. Arrependido? Não é uma questão de arrependimento. Não procuro o amor dos jogadores, porque o meu dever é defender, por um lado, os interesses do clube e, por outro, gerir as emoções dos futebolistas. Se ficou combinado que nos iríamos reunir no dia seguinte, porque é que escreveram aquele post? Obviamente não me senti bem com aquilo. Precipitei-me mas não fui o único. A relação é esta: há uma hierarquia que tem de ser respeitada e um líder que tem de dizer às vezes que não”.

[Veja no vídeo o caos deixado pelos adeptos do Sporting em Alcochete]

Referindo-se ao “líder”, Bruno de Carvalho refere-se ao treinador Jorge Jesus. Mas seria mesmo este o líder do balneário aquando da tomada de posição dos jogadores? O presidente do Sporting responde sem teias nem peias: “Então acha que um treinador permitiria que os jogadores fizessem aquilo que se escreveu ao seu presidente? Que os jogadores tinham virado as costas ao presidente, que se tinham recusado a treinar, e por aí fora. Só pode ser invenção da comunicação social, não é? Porque se fosse verdade era gravíssimo. Tem tudo de ser invenções, não é? Porque se não era mau sinal haver um líder de balneário assim. E o líder de balneário é o treinador. Se geriu bem todo esse processo? Partindo do princípio de que é tudo mentira, menos o post, sim, geriu bem”, comentou sobre o técnico leonino. E rematou, deixando uma pergunta no ar: “Você acredita que alguma coisa acontece no balneário sem o OK do líder?”

Sábado, 17:00

A conferência de imprensa de Jorge Jesus

Na antevisão do encontro do domingo seguinte, contra o Marítimo, Jorge Jesus não comentou a entrevista de Bruno de Carvalho ao Expresso. Mas comentaria outra polémica, recente, que envolve o presidente e o treinador do Sporting.

Após o empate com o Benfica, Rui de Carvalho, pai de Bruno de Carvalho, criticou no Facebook, através do grupo fechado “Sportinguistas de Alma e Coração”, a exibição da equipa frente no dérbi de Alvalade, apontando baterias ao treinador leonino. “Será necessário aumentar o ordenado do treinador? Era um jogo da maior importância por todas as razões e não vi a equipa fazer o que se esperava dela para ganhar como era tão necessário para o Sporting. Pareceu-me desorganizada. Não sei o que será necessário fazer para a equipa ficar ao nível de tantas outras em outras modalidades”, escreveu Rui de Carvalho.

Confrontado com o conteúdo da publicação, o técnico do Sporting frisaria que o pai do presidente tem “direito” à sua opinião, mas afirmou ter a certeza que o filho, Bruno, não se reveria no que lá foi escrito. “O pai do presidente, como sócio, tem direito a ter opinião. O meu presidente é o filho e tenho a certeza que não se revê naquilo que o pai disse. Como é normal muitas vezes entre pais e filhos”, afirmou Jorge Jesus.

Poucas horas depois, na noite de sábado, Bruno de Carvalho, em entrevista à Sporting TV, voltaria ao assunto, mostrando-se incomodado com a resposta do treinador na sala de imprensa. “Tinha pedido internamente às pessoas para não comentarem o caso e, por isso, tenho pena que comentem. Não estou muito de acordo com o que o meu pai disse. Mas tenho orgulho por ser meu pai. Ao menos deu a cara. Jorge Jesus também não gosta, apesar de serem amigos, quase irmãos, das alarvidades de Octávio Machado, Rui Santos e João Bonzinho [diretor d’A Bola TV]. Tenho a certeza que não se revê nas alarvidades e mentiras”, comentou o líder dos verdes-e-brancos.

Domingo, 18:00

As tarjas da claque nos Barreiros

O ambiente há muito que é de separação entre as claques e alguns jogadores do plantel, sobretudo os capitães William e Patrício. E pior ficaria após a derrota na Madeira, no domingo. Mas antes mesmo do início do jogo, da bancada onde se encontravam as claques do Sporting desfraldaram-se tarjas onde se pedia, em letras garrafais, “ATITUDE” aos jogadores leoninos.

Domingo, 20:00

Os assobios e a recusa de saudação de alguns jogadores

Já no final do encontro, consumada que estava a derrota e consequente afastamento da Champions, foi Patrício (como habitualmente após o final dos jogos) quem reuniu os restantes colegas no relvado, apelando a que se dirigissem à bancada para agradecer a presença dos adeptos no Estádio dos Barreiros. No entanto, ao perceber que estava a ser apupado — o guardião “facilitou” no segundo golo do Marítimo –, Patrício recuou e recusou-se a saudá-los. O mesmo fariam, por exemplo, Gelson e Acuña. O ambiente ficou tenso, mais tenso ainda.

Créditos: Hélder Santos/Global Imagens

Domingo, 20:30

Os ânimos exaltados no exterior

Em seguida, e já no exterior do estádio, algumas dezenas de adeptos do Sporting aguardavam, visivelmente insatisfeitos e apupando, a entrada dos jogadores no autocarro leonino. E seria mesmo preciso reforçar o cordão policial naquele local. Quase todos os jogadores seguiram em passo apressado para o interior do autocarro, sendo o capitão William o único que abrandou e escutou durante alguns instantes os adeptos.

Jaime Marta Soares, o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, diria à Sport TV, ainda no estádio e a propósito da contestação a que se assistia no exterior: “[Os adeptos] estão desanimados, é uma reação natural”. Bruno de Carvalho não esteve na Madeira por ter assistido naquele domingo, em Gondomar, à final da Taça de Portugal de futsal.

Domingo, 21:30

O bate-boca com os jogadores no aeroporto

Tudo se complicaria já no Aeroporto Cristiano Ronaldo, no Funchal. Enquanto aguardavam pelo embarque, os jogadores foram abordados por Fernando Mendes, antigo líder da claque Juventude Leonina, tendo o mesmo conversado durante alguns minutos com William Carvalho e Jorge Jesus. A situação deteriorou-se aquando da chegada de Battaglia e Rui Patrício ao embarque. Ouviram-se insultos naquela direção e Fernando Mendes seria afastado do local por elementos da PSP.

Apesar da confusão que se gerou, com alguns empurrões e gritos, quase todos os jogadores do Sporting se manteriam serenos, tendo apenas Acuña, visivelmente irritado com a situação, que ser empurrado para o interior do embarque (contornado mesmo os torniquetes) por Petrovic e Rúben Ribeiro.

Segunda-feira, 00:30

As ameaças nas garagens de Alvalade aos capitães

Mais tarde, antes ainda da meia-noite, a equipa do Sporting aterrou em Lisboa e acabou por sair por Figo Maduro, onde estava montado um dispositivo policial para prevenir um eventual ajuntamento de adeptos, que não se confirmaria. Já em Alvalade, a polícia criaria um perímetro de segurança largo na zona da saída das garagens, onde algumas dezenas de adeptos já se tinham concentrado em protesto. Ouviram-se apupos à passagem das viaturas dos jogadores, mas todas acabaram por sair sem registo de qualquer problema.

O problema, esse, ocorreu no piso -2 da garagem do estádio José Alvalade, onde cerca de duas dezenas de adeptos chegaram à zona onde se estavam os jogadores e a equipa técnica. Vários tentaram agredir Patrício e William Carvalho. Os agressores acabaram por não conseguir chegar até aos capitães leoninos graças à intervenção rápida dos restantes jogadores da equipa.

Segunda-feira, 16:00

A reunião de emergência entre Bruno e Jesus

Na tarde de segunda-feira, Jorge Jesus e os restantes elementos da equipa técnica (Raul José, Mário Monteiro, Márcio Sampaio e Miguel Quaresma) foram chamados para uma reunião de emergência nos escritórios da SAD do Sporting (que tem como membros executivos, além de Bruno de Carvalho, Carlos Vieira, Guilherme Pinheiro e Rui Caeiro), tendo chegado a Alvalade por volta das quatro da tarde, a par de elementos do departamento médico e do scouting. A equipa técnica acabou por abandonar as instalações por volta das 19 horas, após hora e meia de reunião.

Meia hora depois, circulou a informação de que a equipa técnica fora suspensa, sendo mesmo avançado que Luís Martins, coordenador da Academia e treinador da equipa B, e Nélson, técnico dos guarda-redes, poderiam orientar o Sporting no Jamor. Segundo informação recolhida pela Observador, Bruno de Carvalho terá admitido a Jorge Jesus que, após mais um ano em que termina o principal objetivo da temporada, o título, na terceira posição, à semelhança do que já tinha acontecido na última época, o seu projeto em Alvalade chegara ao fim. No entanto, o treinador terá recusado acordar com o presidente uma rescisão mútua do último ano de contrato do técnico. Não havendo essa hipótese, terá sido equacionada a possibilidade de levantamento de um processo disciplinar por quebra de lealdade, entre outros factos, sem que, ainda assim, tenha sido entregue qualquer nota de culpa a Jorge Jesus.

Após sair de Alvalade, Jesus deslocou-se para o hotel Ritz, em Lisboa, onde terá reunido com o seu advogado, Luís Miguel Henrique.

Segunda-feira, 19:00

Toque a reunir com o plantel em dia de folga

Depois da equipa técnica deixar Alvalade, a SAD do Sporting reuniu-se com o plantel, uma reunião solicitada de emergência durante a folga deste. Um encontro bem mais curto do que o que aconteceu com a equipa técnica e, segundo explicaram ao Observador, com um teor bem distinto: Bruno de Carvalho admitiu que a derrota na Madeira, fruta da exibição menos conseguida, teve como reflexo direto a saída da fase de apuramento da Champions (numa lógica de mais de 20 milhões de euros perdidos), salientou que a direção estaria a contar com essas verbas na projeção da nova temporada, mas recolocou o foco na conquista do troféu que fecha a temporada, no Jamor.

Segunda-feira, 20:00

Bruno recusa suspensão da equipa técnica

Já de noite, à saída de Alvalade, o presidente do Sporting reagiu a notícia da suspensão da equipa técnica, negando-a, visivelmente irritado. “Estão a fazer-me perguntas? Parece que não, que até sabem mais… Percebo que tenham de trabalhar, fabricar notícias não. Todos assistimos a um jogo [com o Marítimo] que prejudicou bastante o Sporting e que nos fez perder bastantes milhões — que estavam contabilizados — e isso origina a várias mudanças. Também não gostámos da interação dos sócios com os jogadores. Por isso, fizemos uma série de reuniões e vocês fizeram uma série de invenções. Ninguém foi suspenso. Têm de esperar pelo Bruno para falar com o Bruno que suspendeu o Jorge. O presidente não suspendeu ninguém”, referiu.

Créditos: FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images

Depois das curtas declarações à saída, Bruno de Carvalho falou mais tarde ao telefone no programa Pós-Jogo, da Sporting TV, colocando o enfoque nas decisões a tomar para a próxima época. “Temos não só uma taça para ganhar mas também estamos a preparar a próxima época. Os resultados com o Benfica e com o Marítimo alteraram muitas coisas e têm de ser falados, não é por causa de uma final que as coisas não têm de ser faladas. Estivemos a trabalhar, jamais pensei o que se estaria a passar na comunicação social [sobre a suspensão de Jorge Jesus]. O que gostava de ver dos sportinguistas era um bocado de calma, as questões devem ser resolvidas dentro de casa. Temos trabalho para fazer, decisões importantes para tomar como em qualquer empresa que se vê privada de atingir dezenas de milhões de euros. Dei uma resposta clara sobre isso de Jorge Jesus. Não houve em nenhuma reunião de hoje [segunda-feira] nada de errado, nem na forma, nem no conteúdo, nem no substrato”, comentou Bruno de Carvalho.

Terça-feira, 00:00

A alegada corrupção no andebol leonino

O título de campeão nacional atribuído à equipa do Sporting na época 2016/2017 pode ter sido conquistado com recurso, alegadamente, a pagamentos a árbitros. A notícia é do Correio da Manhã. Os dirigentes de Alvalade terão pagado às equipas de arbitragem para serem beneficiados. No entanto, o esquema também terá sido usado para que o Benfica fosse beneficiado no jogo que disputou com o Futebol Clube do Porto — e que deixou então o Sporting isolado na liderança. A Procuradoria-Geral da República confirmou entretanto que foi instaurado um inquérito para investigar os eventuais crimes.

André Geraldes seria o líder do esquema. Atual diretor de futebol do Sporting, Geraldes é suspeito de coordenar o suborno de árbitros por valores que chegavam aos dois mil euros por jogo. Era Paulo Silva que, alegadamente, pagava aos árbitros, servindo de intermediário de André Geraldes, que no ano passado coordenava as modalidades do Sporting. Foi o próprio empresário de futebol, que se dedicava a recrutar novos valores, quem acabou por revelar a troca de mensagens entre os envolvidos, depois de se ter arrependido de colaborar nos pagamentos. Paulo Silva diz ter agido por “sportinguismo”, apesar de receber 350 euros por cada árbitro de andebol alegadamente corrompido. “Só fiz isto para combater a fraude que já existia nas modalidades”, justifica.

Paulo Silva nunca falou com André Geraldes, mas acredita que seria o homem-forte do futebol de Alvalade a coordenar o esquema de corrupção. O empresário apenas comunicava com João Gonçalves, perante o qual responde, diz, pelos pagamentos.

O Sporting reagiu ao início da tarde ao alegado esquema de corrupção, negando qualquer tipo de ilícito na conquista do título. “Estamos perante o primeiro capítulo de uma campanha, mais uma, que visa exclusivamente denegrir a imagem da instituição Sporting, a qual se estenderá, já o sabemos, a todas as modalidades do clube. Repudiamos de forma veemente estas notícias, o modo como são construídas e a intenção que lhes está associada. De igual modo, não nos revemos em qualquer prática que desvirtue a verdade desportiva ou que sejam ética, moral e socialmente censuráveis”, referiram os leões em comunicado oficial difundido nas plataformas do clube.

Ao final da tarde, Gonçalo Rodrigues, o responsável do Sporting pelo Gabinete de Apoio ao Atleta e Modalidades Profissionais, e que é um dos principais nomes associados ao alegado esquema para conquistar o título de campeão nacional de andebol, decidiu autospender-se de funções. Os dirigentes do clube terão chamado Gonçalo Rodrigues e o funcionário terá afirmado que está de consciência tranquila, tomando depois a decisão de se autosuspender quando lhe foi comunicado que iria ser alvo de um processo de inquérito.

Terça-feira, 17:52

A invasão da Academia de Alcochete e as agressões

O treino teve início às quatro da tarde. Quase duas horas depois, um grupo de mais de 50 adeptos, encapuzados e armados, invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete. Chegaram primeiro ao relvado onde o Sporting treinava e agrediram pelo menos três jogadores, Bas Dost (o holandês acabou por ser suturado na cabeça), Battaglia e Misic, tendo igualmente o treinador, Jorge Jesus, sido alvo de agressões. Marcos Acuña, Patrício, William Carvalho e o treinador adjunto Raul José terão sido também alvo da fúria do grupo que permaneceu na Academia durante cerca de cinco minutos, deixando um rasto de destruição à sua passagem, nomeadamente no balneário da equipa principal. A GNR terá chegado à Academia por volta das seis da tarde.

Terça-feira, 18:09

O repúdio do Sporting à violência

Nenhum alto dirigente leonino se encontrava na Academia aquando da invasão. No entanto, em comunicado, prontamente o Sporting reagiria aos acontecimentos de Alcochete. “O Sporting Clube de Portugal repudia de forma veemente os acontecimentos registados hoje na Academia Sporting. Não podemos de forma alguma pactuar com atos de vandalismo e agressão a atletas, treinadores e staff do Futebol Profissional, nem com atitudes que configuram a prática de crime que em nada honram e enobrecem o Sporting Clube de Portugal. O Sporting não é isto, o Sporting não pode ser isto. Tomaremos todas as diligências no sentido de apurar cabais responsabilidades pelo que aconteceu e não deixaremos de exigir a punição de quem agiu desta forma absolutamente lamentável”, podia ler-se.

Terça-feira, 18:36

Bruno de Carvalho chega a Alcochete

O presidente do Sporting chegaria à Academia do Sporting acompanhado por André Geraldes. Os jogadores, alegadamente, recusaram a conversar com o presidente e com o homem-forte do futebol de Alvalade. Quando Bruno de Carvalho chegou à ala do futebol profissional do Sporting, na Academia, os jogadores terão abandonado o local. No entanto, Bruno de Carvalho esteve reunido com Jorge Jesus e os adjuntos até perto das 11 da noite.

Terça-feira, 20:00

As detenções e as tomadas de posição

Pelo menos 21 pessoas foram detidas esta terça-feira pela GNR na sequência das agressões a jogadores e equipa técnica do Sporting. Segundo avançou ao começo da noite a SIC Notícias, tratam-se de membros de claque Juventude Leonina. Os detidos permanecem ainda no posto da GNR do Montijo e serão presentes a tribunal na manhã desta quarta-feira.

Ao longo da noite, foram diversas as reações de repúdio (esta terá sido a palavra mais ouvida ao longo da noite)  à violência na Academia do Sporting. A Holdimo, do empresário Álvaro Sobrinho, e que é detentora de quase 30% do capital da SAD do Sporting, vai exigir o apuramento de tudo aquilo que se passou. O vice-presidente Nuno Correia da Silva, que é igualmente administrador não executivo da SAD, afirmou que “a Holdimo repudia totalmente o que se passou e é importante dizer agora que quem fez isto não é do Sporting, apesar de poder julgar que é”.

Já a Liga de futebol profissional emitiu um comunicado onde “repudia veementemente” os atos violentos de que foram alvo os futebolistas e a equipa técnica do Sporting. “Os comportamentos que estão a ser relatados são lamentáveis e não têm lugar no futebol profissional promovido pela Liga. Os executores destes comportamentos não são adeptos de futebol, mas sim criminosos”, pode ler-se no comunicado.

Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, revelou que tem estado em contacto com os jogadores do Sporting. “Tenho estado em contacto com eles nos últimos dias, hoje também. Vários jogadores ligaram-me em desespero, a perguntar o que podia ser feito. Temos de repudirar este ato”, disse Evangelista, admitindo que alguns jogadores mostraram vontade de abandonar o clube.

José Maria Ricciardi também reagiu às agressões aos jogadores do Sporting. Em declarações à CMTV, disse que os atos de violência foram permitidos “com total incúria pela administração da SAD”. “A atual direção não tem condições para continuar”, defendeu Ricciardi, que apoiou Bruno de Carvalho na fase inicial do mandato mas apresentou a demissão do Conselho Leonino em abril, em divergência com o presidente.

A secretária de Estado Adjunta da Administração Interna e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto repudiaram igualmente os atos de violência, afirmando que “ocorreram atos criminosos”. Isabel Oneto e João Paulo Rebelo garantiram que o Governo está a trabalhar em conjunto com a Federação Portuguesa de Futebol para assegurar a “segurança e tranquilidade” na final da Taça de Portugal, este domingo. “Vamos continuar a investigação. As forças de segurança continuam a trabalhar em conjunto com o Ministério Público para investigar esta ocorrência”, garantiu a secretária de Estado adjunta. “Os verdadeiros adeptos do futebol e do desporto merecem que no domingo aconteça um jogo de futebol onde se comemore a festa do futebol. Do meu ponto de vista, estas pessoas que não são sequer adeptos do desporto têm de ser repudiados”, disse o secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

A Federação Portuguesa de Futebol, por sua vez, repudiou os atos de violência ocorridos na Academia do Sporting, em Alcochete, apelando à punição dos responsáveis pelos atos criminosos. “Agressões e atos de vandalismo são inaceitáveis e merecem o mais veemente repúdio da parte da Federação. A Federação espera que as autoridades públicas não olhem a recursos para levar perante a justiça os responsáveis por atos criminosos que não podem deixar de ser punidos”, afirmou fonte oficial do organismo que rege o futebol nacional à Agência Lusa.

Terça-feira, 21:41

A “angústia” de Dost e um pedido de desculpa

Bas Dost reagiu às agressões de que foi alvo na Academia do Sporting. Em declarações ao jornal holandês AD, o avançado disse que não estava à espera da situação e é “angustiante”. “Não tenho palavras. Não estava à espera desta situação. Foi uma situação angustiante e estamos todos chocados. Isto é um drama para todos. Estou vazio”, afirmou Bas Dost, que foi agredido na cabeça e teve de ser suturado.

Àquela hora, em Alvalade, nas imediações do estádio, algumas dezenas de adeptos reuniram-se e manifestaram-se contra a violência ocorrida, pedindo desculpa ao avançado, empunhando até bandeiras holandesas. O Sporting, através do Twitter, agradeceu oficialmente a manifestação em Alvalade.

Al’Nakba: A ferida que sangra e a profecia que não se cumprirá

Nesta terça-feira (15) os palestinos registram a passagem do 70º aniversário do episódio fatídico em sua histórica, por eles chamado de “A Catástrofe” (Al’Nakba).

  • 16 Maio, 2018
  • No dia 15 de maio de 1948, um dia depois da proclamação oficial da criação de Israel, os sionistas iniciaram uma cruel limpeza étnica contra o povo que habitava, há séculos, aquela região, chamada por todos, inclusive pelos sionistas, de Palestina.

Nesta segunda-feira (14), apenas um dia antes do Al’Nakba, os EUA inauguram sua embaixada em Jerusalém, de maneira ilegal e unilateral, desprezando inúmeras resoluções da ONU sobre a questão.

Tal ato representa uma clara provocação e um escárnio contra o sofrido, mas indômito, povo palestino, que mais uma vez protestou com destemor enfrentando a máquina de morte sionista. Franco-atiradores de Israel abateram, nesta segunda-feira, 58 pessoas que protestavam pacificamente em defesa da sua terra ancestral. Já são 111 mortos desde 30 de março, quando os palestinos iniciaram as manifestações.

Al’Nakba

A aprovação, pela ONU, da partilha da Palestina, em 29 de novembro de 1947, entregando boa parte do território palestino aos sionistas para a fundação de Israel, aconteceu em um contexto fortemente influenciado pelo genocídio contra os judeus, cometido pelo nazismo durante a 2ª guerra mundial, que recém terminara, tornando a causa da criação de um “Estado Judeu” quase que em uma obrigação moral da humanidade.

A URSS, que além disso também considerava a criação de Israel como um sinal de decadência do colonialismo britânico (cujas forças ocupavam territórios palestinos) e, portanto, um fato positivo, foi a primeira nação a reconhecer Israel depois de sua proclamação como Estado em 14/05/1948. Contudo, menos de dois anos depois, em 1950, Stálin rompe politicamente com o Estado sionista, que caminhava claramente para se tornar, como de fato se tornou, um protetorado do imperialismo estadunidense no Oriente Médio. De 1950 até o fim da URSS esta nação foi uma firme e constante aliada da causa palestina.

De qualquer maneira, o povo palestino, que não tinha nada a ver com o genocídio sofrido pelos judeus, pagou um preço incalculável de dor e sofrimento pela criação do Estado de Israel em suas terras. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, relata assim a Nakba:

A Palestina e nós, sua gente (…) sofremos nossa maior catástrofe, em árabe al Nakba. Em 1948, as milícias sionistas expulsaram pela força mais de 800 mil homens, mulheres e crianças de sua terra natal, perpetrando massacres horríveis e destruindo centenas de aldeias no processo. Eu tinha 13 anos no momento da expulsão de Safad. A ocasião em que Israel celebra sua criação como Estado, os palestinos o recordamos como o dia mais sombrio de nossa história (…) hoje em dia os palestinos somam mais de 12 milhões e estão espalhados por todo o mundo. Alguns foram expulsos de sua pátria em 1948, com mais de 6 milhões vivendo no exílio até hoje. Aqueles que conseguiram permanecer em suas casas são aproximadamente 1,75 milhões e vivem em um sistema de discriminação institucionalizada no que é hoje o Estado de Israel. Aproximadamente 2,9 milhões de pessoas vivem na Cisjordânia sob uma ocupação militar – convertida em colonização, dos quais 300 mil são os habitantes nativos de Jerusalém, que até agora têm resistido às políticas destinadas a expulsá-los da cidade. Dois milhões vivem na Faixa de Gaza, uma prisão a céu aberto sujeita a uma destruição regular através da força total do aparelho militar de Israel.”

O Sionismo e a desculpa do antissemitismo

As constantes violações de resoluções da ONU por parte do Estado de Israel e seus repetidos crimes contra o povo palestino são turvados por uma milionária e eficaz máquina de propaganda que confunde ou coopta inclusive setores da esquerda, assacando contra qualquer denúncia destes crimes e violações a pecha de “antissemitismo”.

O judeu alemão Hajo Meyer, falecido em 2014, foi um dos poucos sobreviventes do campo de concentração nazista de Aushwitz. Membro da organização “Rede Internacional de Judeus Antissionistas”, em 2012 Meyer declarou que era possível traçar paralelos entre o tratamento recebido pelos judeus na 2ª Guerra Mundial e a situação atual dos palestinos nas mãos dos israelenses.

“Os israelenses desumanizam os palestinos, tal como os nazistas tentaram me desumanizar. Ninguém deveria desumanizar o outro (Opera Mundi, 2012)”, disse Meyer, que passou dez meses em Aushwitz em 1944. Meyer afirmava também que o significado do termo “antissemita” mudou. “Antes, antissemita era alguém que odiava os judeus, por eles serem judeus. Hoje, antissemita é alguém que é odiado pelos judeus.”

De fato, a acusação de antissemitismo é um escudo usado pelos sionistas contra qualquer crítica aos crimes de Israel. “Antissemita!” bradam indignados, esquecendo-se de duas coisas: 1) Nem todos os judeus, como mostra o caso de Hajo Meyer, são sionistas ou defensores do Estado de Israel e 2) O povo árabe também é semita, partilhando com os judeus as mesmas origens étnicas e culturais. O hebraico, o aramaico e o árabe são línguas semíticas. Assim, não tem sentido acusar de antissemita quem defende o justo direito do povo semita árabe palestino a sua independência e liberdade.

Crimes impunes

O alto-comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, provavelmente receberá o título de antissemita pois no início de maio já havia alertado: “Toda semana, testemunhamos casos de uso de força letal por Israel contra manifestantes desarmados”. Nesta segunda-feira, o representante da Palestina perante a ONU, Riad Mansur, considerou que este foi um dia trágico, quando ocorre a abertura da Embaixada dos EUA em Jerusalém e ao mesmo tempo as forças israelenses continuam o massacre em Gaza. “Mais de 50 mortos e 2.000 feridos na fronteira entre Gaza e Israel. É muito trágico que eles celebrem essa ação ilegal (abertura da embaixada dos EUA em Jerusalém), enquanto os ocupantes israelenses continuam a matar civis inocentes. Devemos assegurar que os culpados por estes crimes respondam perante a justiça, pois a Palestina não pode ser uma exceção diante do direito internacional (Prensa Latina, 14/05)”, ressaltou.

Heroísmo indômito

Fadi Abu Salah, depois de uma luta desesperada contra os opressores sionistas, tomba morto nesta segunda-feira (14) véspera da Nakba. Fadi Abu Salah, deficiente físico, depois de uma luta desesperada contra os opressores sionistas, tomba morto nesta segunda-feira (14) véspera da Nakba.

Em plena Nakba, há 7 décadas, o então primeiro-ministro israelense, David Ben-Gurion, explicitou um plano: segundo ele, o conflito árabe-israelense não duraria mais de 20 anos. Depois deste tempo, dizia, quem conheceu a Palestina terá morrido, e quem nascer depois não lutará por uma terra da qual não guarda recordação.

Os sionistas se esforçaram por fazer valer a tétrica previsão, que condenava todo um povo ao desaparecimento, com doses fartas de repressão e assassinatos.

É de fato impressionante como o povo palestino, mal armado, sem infraestrutura, sem exército, teima em resistir. O símbolo de sua valentia sem limites pode ser encarnado por Fadi Abu Salah. Em 2014 este palestino perdeu as duas pernas durante um ataque israelense. Nesta segunda-feira, mesmo de cadeiras de rodas e portando apenas uma funda com uma pedra, enfrentou forças dotadas do que existe de mais moderno em termos de armas de guerra e tombou morto pelo exército sionista, assim como já morreram dezenas de milhares de palestinos desde Al’Nakba.

Apesar deste constante terror e morte, os palestinos insistem em sobreviver como povo, carregando chagas que sangram há 70 anos, chagas que clamam para que a consciência humana dê um basta nestes crimes e exija as reparações adequadas. De qualquer maneira uma coisa o povo palestino já deixou provado: a profecia de David Ben-Gurion jamais irá se cumprir.

Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial Brasil247 – com Resistência, por Wevergton Brito Lima / Tornado

Haja coragem!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

  • Eduardo Louro
  • 15.05.18

O que hoje se passou na Academia do Sporting, em Alcochete, pode querer dizer que a loucura em que se transformou o futebol em Portugal bateu no fundo.

Espero que sim. E que sirva, desde logo e em primeira instância, para que o Sporting resolva os seus problemas, a começar por se livrar do clima insustentável que o seu presidente instalou. E inevitavelmente do próprio presidente. Depois, para que o poder político enfrente de vez as coisas do futebol, sancionando severamente todos os comportamentos socialmente inaceitáveis: impedindo o acesso aos estádios a todos os adeptos que façam da violência um modo de estar; não fechando os olhos nem os ouvidos às declarações de incitamento à violência dos dirigentes; deixando de ignorar a promiscuidade entre a política e o futebol e, finalmente, passando a actuar, através da regulação, sobre as televisões no que respeita à pouca vergonha dos programas de suposto debate do futebol, que transmitem a toda a hora, pondo em causa, se necessário for, as licenças que lhes estão atribuídas.

Se o que hoje se passou em Alcochete servir para isto, em vez do dia mais negro da história do Sporting, este poderá ser um dos dias mais importantes da história do futebol português. O desafio é grande. Haja coragem!