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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Entre as brumas da memória


E no fim ganha a China. Alguma dúvida?

Posted: 13 Jun 2018 02:51 PM PDT

The Biggest Winner at the U.S.-North Korea Summit: China.

«Nobody greeted the news from Singapore with more delight than China. For years, Chinese officials have urged Trump to freeze military exercises in South Korea, which Beijing regards as a threatening gesture in its neighborhood. Shortly after the announcement, the Global Times, a nationalist state newspaper in Beijing, hailed Trump’s move in an editorial headlined “End of ‘War Games’ Will Be a Big Step Forward for Peninsula.” Elizabeth Economy, a China specialist at the Council on Foreign Relations, told me, “The Chinese are breathing a deep sigh of relief. They got what they most wanted.” She added, “And, best of all, it came out of President Trump’s mouth. The Chinese didn’t even have to rely on Kim Jong Un to do their bidding.”

Any negotiations in the months and years ahead will be fraught: the United States will need to get Kim to provide a full declaration of North Korea’s nuclear weapons. International inspectors will seek to verify them. Only then can the U.S. begin to imagine dismantling them. But, more immediately, Trump may have also precipitated an outcome that he does not fully grasp: by suspending military exercises, and alluding to removing troops from South Korea, he will stir doubts about the strength of America’s commitment to its allies in Asia, including Japan, Taiwan, and Australia. They will have no choice but to begin to reimagine America’s role in the region, and their relationships to Beijing. From Trump’s perspective, the encounter with Kim was an end in itself. For those who bear the consequences of his words and actions, this is just the beginning.»

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Um Presidente na Feira do Livro

Posted: 13 Jun 2018 12:30 PM PDT

1h40 numa fila para tirar uma selfie com Marcelo.
(Hoje, na Feira do Livro de Lisboa, testemunho de João Gonçalves no Facebook.)
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120 euros / mês para licenciados?

Posted: 13 Jun 2018 11:25 AM PDT

Universidade de Aveiro anuncia estágios com salários de 120 euros para licenciados.

Somos Grandes! Marcelo é capaz de ter razão: «Os Estados Unidos são um grande país, mas Portugal ainda é maior».

P.S. - Entretanto, a UA já alterou o anúncio da oferta de emprego e publicou um esclarecimento.
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Trump. Mais comentários para quê

Posted: 13 Jun 2018 06:15 AM PDT

«Reporters were shown a video ahead of Donald Trump's press conference in Singapore, which the US president said he had played it to Kim Jong-un and his aides toward the end of their talks. It was made by Destiny Productions and was presented in Korean and English in the style of an action movie trailer.»

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As lágrimas amargas de Olajumoke Ajayi

Posted: 13 Jun 2018 03:12 AM PDT

(A DOR DA GENTE NÃO SAI NO JORNAL) - Chico Buarque)

«Começo a escrever quando está o dia a nascer no Mediterrâneo. O meu relógio marca uma hora menos do que registará, caso o tenha, o de Olajumake Adeniran Ajayi, a mulher de 30 anos que, acompanhada do marido e dois filhos está agora a bordo de um dos barcos que nos próximos dias transportará para Valência, em Espanha, 629 refugiados e migrantes. Uma centena destes homens, mulheres, adolescentes e crianças estão no “Aquarius”, a embarcação que os salvou na madrugada de sábado e manhã de domingo. Os restantes seguem em duas embarcações italianas. Começaram por ser rejeitados pela extrema-direita italiana no poder, depois por Malta e de novo por Itália.

Enredada nas suas contradições e na incapacidade de assumir uma política séria e consistente, de modo a dar resposta a estas vagas migratórias, a EU foi salva no último momento da exposição crua da tragédia da sua própria insignificância. Respirou de alívio com a decisão corajosa, arrojada, solidária, e de uma grande dignidade do novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ao evitar o que poderia ser uma catástrofehumanitária.

A congratulação pela lição dada por Sánchez não pode esconder, como escreve o El Mundo, que “as consequências desta decisão são imprevisíveis e seria negligente ignorá-lo. O seu impacto sobre as rotas, as expectativas dos emigrantes, os interesses das máfias e a reação nos países vizinhos é impossível de calcular”.

No Expresso Diário, Ricardo Costa escreve que “A cegueira de Bruxelas deu a maior borla de sempre aos movimentos xenófobos europeus, sobretudo aos que enfrentam rotas migratórias”.

Espanha não pode ficar sozinha no seu altruísmo. Tudo será inútil, caso a EU continue prisioneira dos seus fantasmas e não defina uma estratégia e um acordo a médio e longo prazo entre os países. A pressão migratória vai continuar e aumentar nos próximos anos e décadas, e essa é a “maldição dos ricos”, como escreve no El País o economista Branko Milanovic. África é o continente com a maior expectativa de crescimento demográfico, por isso, não adianta construir muros, como pretende a Hungria, a Eslováquia ou a Itália. Ou fechar os olhos á realidade, como disse Marcelo Rebelo de Sousa em Boston.

Para já ainda há países a aceitarem acolher refugiados e migrantes por questões humanitárias. Mas a tendência é para a introdução de um sistema de pagamento por cabeça. Não é já o que a EU está a fazer com as milionárias transferências de dinheiro para a Turquia? Se agora são um negócio controlado por máfias, os refugiados podem transformar-se num negócio à escala dos países, e com pouca diferença dos sistemas de escravatura.Quais são os limites morais do mercado? Quanto custa um refugiado?

Num mundo em que tudo se liberaliza, em particular o movimento de capitais, é revelador perceber que o único tabu, aquilo que continua a defrontar uma total resistência, é a livre circulação de pessoas.

Assim, e como não é sério passar dias inteiros das semanas todas a debater os delírios do presidente de um clube de futebol e pensar que daí não advêm consequências para a definição da sociedade que somos; como não é possível ficar indiferente ao drama de milhões de pessoas a viverem na pobreza extrema, mas sentem ter à distância de um braço de mar a hipótese de uma vida nova; como a odisseia dos refugiados e migrantes raramente consegue mais que os 15 minutos de fama enunciados por um pintor pop; como a dor da gente nunca vem no jornal, de uma forma consistente e continuada; e quando os holofotes mediáticos estão centrados no campeonato do mundo de egos de dois presidentes perdidos nos seus próprios labirintos, o Curto de hoje só podia ter como tema principal a dor da gente. A dor que conta.»

Valdemar Cruz
Expresso curto, 13.06.2018

UM PRIMEIRO-MINISTRO COM SORTE

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 12/06/2018)

costaf

Há quem diga, com alguma ou mesmo muita razão, que António Costa poderá ter nascido com o rabinho virado para a lua, já que tudo parece correr-lhe bem. Na verdade, talvez não seja assim: em três anos de governo o país já enfrentou duas desgraças naturais, os incêndios e a seca extrema, não esquecendo a situação que financeira que o país atravessa.

Mas, que mais poderia desejar um primeiro-ministro do que ver o país a discutir de forma tão animada se o Bruno sai ou não, se o Marta Soares é o futuro do Sporting ou qual o próximo jogador a mandar uma carta de amor ao presidente do Conselho Diretivo do clube?

Desde que o Bruno de Carvalho escreveu no Facebook, a partir de Madrid, que se antecipou a Silly Season, até é pouco provável que alguém vá aos comícios da rentrée, já que em finais de agosto o tema que preocupará o país será saber com que equipa vai jogar o SCP na Liga.

Já ninguém se lembra de que 2019 será um ano de muitas eleições; a dúvida não será saber se a Ana Gomes continua como deputada Europeia ou se vai partir a loiça em Lisboa, se o Assis continuará a representar a maioria dos eleitores do PS ou se o Costa terá a maioria absoluta. O grande problema de 2019 será o SCP.

Por esta altura, no ano passado, o país chorava os mortos de Pedrógão, Passos Coelho inventava mais mortos por suicídio segredados pelo senhor da Santa Casa local. Há um ano discutia-se incêndios, o assalto a Tancos e receavam-se mais incêndios por causa da seca extrema. Este ano chove em junho, as barragens estão cheias, Tancos tem trancas à porta e nada sucede que anime a oposição.

O pobre do Rui Rio quase desapareceu e se alguém perguntar como se chama o novo secretário-geral do PSD ninguém se lembra do seu nome. Pelo meio temos as intervenções do Negrão que, como se sabe, são de tão grande nível intelectual que ninguém as entende.

O Verão quente, que muitos desejaram, acabou por ser bem diferente daquilo que seria o resultado das rezas da oposição. Temos um verão quente em Alvalade mas, como já não existe Copcon, ou o MP prende alguém ou teremos de esperar pelos tribunais, o que significa que este verão quente veio para ficar.

Entretanto parece que o nosso verão é tão bom que até o inverno veio cá passar férias. Que mais poderia desejar António Costa? E por falar em Verão, será que a Assunção Cristas já foi de férias? Tal como o deputado Helder Amaral, até parece que desapareceu.

Uma besta é uma besta

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Para justificar as novas tarifas alfandegárias para produtos canadianos, Trump precisava de alegar que a importação de aço e alumínio era uma ameaça para a segurança. E como a justificou ele?

«Trump asked, according to CNN: “Didn’t you guys burn down the White House?”»

Só dois detalhes. Foram tropas britânicas e foi em 1814.

"The White House was burned by British troops in 1814 as part of a failed invasion of the mid-Atlantic, more than 50 years before the signing of Canada’s confederation paved the way for the founding of modern-day Canada."

No entanto, a verdade para Trump e seus correlegionários não deve estragar uma boa história. Fica aqui esta nota também para os deslumbrados portugueses que por aí vão debitando coisas.

[imagem]

Pela piscina morre o Pablo

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 13/06/2018)

Daniel

Daniel Oliveira

(A direita sempre usou o cliché da "coerência" como exigência à esquerda para combater a própria esquerda. Só que o conceito de "coerência" que a direita usa não passa de uma mistificação que, muita gente de esquerda - numa espécie de estado de má consciência religiosa -, aceitou durante décadas: para se ser de esquerda, teria que se ser pelintra. Nada mais falso, perverso e tortuoso. Aceitar tal conceito de "coerência" seria reduzir a capacidade de oposição à própria direita e, de certa forma, legitimar a desigualdade e o estatuto predestinado dos "bem nascidos" que precisamente se pretende combater.

Comentário da Estátua, 13/06/2018)


Apesar de termos tido a nossa minipolémica doméstica em torno da casa da mulher de António Costa, ela não tem a clareza nem atingiu a dimensão da casa de Pablo Iglesias, o líder carismático do Podemos. A história conta-se depressa. O líder do Podemos comprou, com a sua companheira e porta-voz do grupo parlamentar, Irene Montero, uma casa de 600 mil euros com piscina. E acabou, vexado por todos, por ter de fazer um referendo interno à sua liderança – que venceu, numa participação recorde de 190 mil inscritos, com 68% dos votos.

Qualquer pessoa de esquerda com visibilidade sabe o que é o controlo social que a direita tenta impor sobre o dinheiro que tem e como o usa. Eu, que sou ninguém, já ouvi bocas por ter iPad, viver no centro de Lisboa, usar uma camisa de marca. Por tudo e um par de botas. E não é seguramente por apontar pecados semelhantes aos outros. Isto nasce de um equívoco: que a esquerda, pelo menos a que não defende o igualitarismo absoluto, é contra o bem-estar. Pelo contrário, a esquerda é pelo bem-estar. O Die Linke (partido de esquerda alemão) tem um pin onde explica isso mesmo: “Luxo para todos!”. Claro que frase faz uma provocação com um absurdo. Se for para todos não é luxo. Mas pretende passar a ideia certa: de que a esquerda defende a distribuição da riqueza, não da pobreza. Quem gosta de pobreza são alguns cristãos, que acham que ela dignifica.

O que a esquerda combate é a desigualdade. E porque, ao contrário de alguma direita, não acredita que a justiça social deva resultar do altruísmo dos privilegiados – através da caridade ou da filantropia de milionários generosos –, defende que cabe ao Estado distribuir a riqueza, o poder e as oportunidades, através de impostos, serviços sociais, escola pública, sistema de reformas, leis laborais, salário mínimo nacional e por aí adiante. A promoção da igualdade é uma função do Estado. Nunca resultará, para a esquerda, da bondade de cada um. Nisso acredita a direita conservadora.

A imagem de José Mujica, o austero e feliz antigo Presidente do Uruguai, é inspiradora. Porque o despojamento é, num homem com as suas responsabilidades, sinal de uma enorme liberdade. E porque significa que, num continente onde isso é tão raro, saiu da política com aquilo com que entrou. Se tivesse entrado com muito e saído com o mesmo o valor ético era igual, só a inspiração seria menor. Não usar o poder político para enriquecer é um dever igual para um político de esquerda ou de direita – e não é seguro que seja o caso de Pablo Iglesias. Viver na pobreza não é um dever de ninguém. A não ser, talvez, dos franciscanos.

Assumamos então, de uma vez por todas e para acabar com a conversa primária sobre a "esquerda caviar", que nada há de errado em alguém de esquerda ter dinheiro, desde que pague os seus impostos, não explore ninguém e não tenha, na sua vida cívica e profissional, qualquer atividade que condene aos outros. Mesmo a muitos gestores de empresas, a única crítica que se faz é serem os próprios a definirem os seus salários milionários e a determinarem uma aviltante desigualdade salarial nas suas empresas. Aí, a responsabilidade é mesmo deles. Mas não é na casa de cada um, no carro de cada um, na roupa de cada um que o debate político que interessa se faz. Quem, na política, escolhe esse caminho é porque nada tem a dizer de fundamental aos cidadãos.

E esse é o problema de Pablo Iglesias. Quando Luis de Guindos comprou uma casa, curiosamente do mesmo preço, ele não resistiu a fazer a sua demagogia e escreveu no Twitter: “Entregaria a política económica do país a quem gasta 600.000 num apartamento de luxo?” Tinha tanto por onde pegar, até do ponto de vista ético. Perante um homem que vive da promiscuidade entre o serviço público e os interesses privados e que, como político, impôs aos cidadãos a fatura que resultou de uma crise financeira provocada, entre outros, pela Lehman Brothers (onde foi responsável para Europa e diretor para Espanha e Portugal até ao colapso), uma casa de 600 mil euros é o menor dos seus pecados.

Em 2015, enquanto corria com uma jornalista no parque do bairro operário de Vallecas, em Madrid, Pablo Iglesias dizia, sobre os políticos: “Acho perigoso que se isolem... Não sabem o que acontece lá fora. Um político que mora em Somosaguas [zona residencial de luxo, nos arredores de Madrid, com o preço médio mais alto de Espanha], que mora em chalés, que não sabem o que é pegar transporte público..." Quem escolhe a demagogia fácil no lugar da proposta política merece ver-se ao espelho. E o ter organizado um referendo interno por causa de um assunto da sua vida pessoal, apenas piora tudo: não é repetindo a demagogia para corrigir a demagogia que resolve a contradição que a demagogia acaba sempre por tornar inevitável.

A Coreia é a sua praia

Opinião

Miguel Guedes

Hoje às 00:07

A realização da cimeira em Singapura foi a verdadeira cedência de Donald Trump a Kim Jong-un. Foram-se avolumando, nas últimas semanas, sinais de que o presidente norte-americano não estaria pelos ajustes do encontro. Percebe-se agora a relevância e seriedade do plano de fuga: não há nada acordado neste acordo. Brindemos, então, à teoria do copo meio cheio ou meio vazio. Pessimistas dirão que todos os passos foram dados para o lado e a caminho de uma fotografia; optimistas dirão que foi o primeiro de muitos passos em frente com a meta à vista. Tudo em família, ambos tinham a ganhar. Trump ergue-se como o homem da paz e Kim como o homem do seu regime. Mútuo e historicamente legitimados e sem tiros, certificados a papel de boneco.

"Fogo e Fúria", fanfarrona prequela de guerra, "homem-foguete" ou o "velho demente". As palavras foram engolidas pelo tempo em nome de princípios gerais. No princípio era o verbo, a guerra foi de palavras. Depois de quase 70 anos de confrontos políticos após a Guerra da Coreia e 25 anos de tensão decorrentes do programa nuclear de Pyongyang, os líderes comprometem-se em quatro pontos: estabelecer novas relações bilaterais, combinar esforços para a paz nas Coreias, trabalhar para a desnuclearização da Península (nunca se referem à "desnuclearização completa e irreversível", adoptando-se a versão vazia de compromissos anteriores) e o repatriamento de prisioneiros de guerra ou desaparecidos em combate. Acordo de quatro pontos para o futuro em que o único ponto com nó diz respeito aos restos mortais de militares americanos a identificar desde o fim da Guerra da Coreia de 1950-53.

Pese embora o fascínio pelas praias da Coreia do Norte (numa "perspectiva imobiliária" podia ter "os melhores hotéis do Mundo" em vez de mísseis, disse), é difícil perceber como Trump não se acanha na legitimação do regime de Kim Jong-un com a moda do presidente dos afectos (Kim "ama o seu povo", o que "não me surpreende", referiu). Esta brusca compreensão por um regime que tortura, assassina e mantém cativos dezenas de milhares de presos políticos, com taxas de 30% de subnutrição em crianças com menos de 5 anos, está longe de significar que tenha sido subitamente assolado pelo respeito democrático pela autodeterminação dos povos. Jogo de espelhos. O proteccionismo económico de Trump podia ser assinado de cruz pelo regime de Pyongyang e vice-versa. Até pode dar certo. É enorme a possibilidade de duas personalidades autocráticas se respeitarem e admirarem por períodos tácticos de felicidade conjunta.

MÚSICO E JURISTA
O autor escreve segundo a antiga ortografia