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terça-feira, 19 de junho de 2018

Maioria dos eleitores do PS, BE e PCP querem ‘geringonça’ em 2019

Revista de Imprensa JE

09:34

De acordo com uma sondagem da Aximage para o “Jornal de Negócios” e “Correio da Manhã”, a preferência dos eleitores mais à esquerda recai sobre a atual solução política.

Rafael Marchante/Reuters

“O que deve fazer o Partido Socialista (PS) se não tiver maioria absoluta nas legislativas do próximo ano?”. Leia-se: a atual solução política deve continuar em 2019? De acordo com uma sondagem da Aximage para o “Jornal de Negócios” e “Correio da Manhã”, divulgada ao longo desta semana, a preferência dos eleitores mais à esquerda recai sobre a continuação da designada ‘geringonça’.

Entre quatro opções distintas – “Voltar a aliar-se ao Bloco de Esquerda (BE) e ao Partido Comunista Português (PCP)”; “Aliar-se ao Partido Social-Democrata (PSD)”; “Governar sozinho procurando apoios pontuais à esquerda e direita” e “Sem opinião” -, a maioria dos eleitores do PS, BE e PCP assinalou a repetição deste modelo de Executivo.

Mais de metade (56%) dos apoiantes do partido liderado por António Costa disseram querer voltar a apostar na aliança, uma percentagem que foi igual nos bloquistas. Quanto aos militantes do PCP, esse valor aumentou: 62% assinalaram a 1ª opção.

Sem muitas surpresas, 42% dos sociais democratas e quase metade dos centristas (48%) adiantou, nestas intenções de voto, que preferia que o PS governar sozinho. Já para 36,5% dos inquiridos, se forem convocadas eleições antecipadas a culta é dos socialistas.

António Marinho e Pinto já decidiu e vai votar a favor da censura!

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

António Marinho e Pinto já decidiu e vai mesmo votar a favor. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados não se lembrava, quando falámos com ele por telefone na sexta-feira, que esta semana iria ter a votação da nova diretiva e admitiu que não viu nenhuma das cartas abertas que têm sido divulgadas. Apesar disso não tem dúvidas em como vai votar: “vou aprovar a nova diretiva, claro!”
“Não estão em causa direitos relevantes dos utilizadores. Esta é uma diretiva para cortar os abusos das grandes empresas americanas (e outras) que ganham milhões à custa dos autores e jornais europeus”, explicou ao DN Marinho e Pinto. [
Dinheiro Vivo, 19/06/2018]

Repare-se na preciosidade: o eurodeputado assume que não leu o que pessoas chave do processo de construção da Internet disseram sobre o assunto (ver nomes no post anterior). Mais, ao declarar que é uma directiva para "cortar os abusos das grandes empresas americanas (e outras)" percebe-se que nem sequer sabe o que é que vai votar, já que a UE pretende instaurar um processo de censura automática. Contrariamente ao que afirma Marinho e Pinto, estão em causa direitos, não só "relevantes" mas também fundamentais, dos utilizadores.

Informe-se melhor, senhor deputado, e repense o seu sentido de voto.


Leituras:

A distracção da “guerra comercial”

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

A "guerra comercial" vem ultimamente ocupando as primeiras páginas das notícias. Não se distraia com ela, recomenda a Greenpeace.

Não que não tenha consequências, claro que tem; porém, afasta a atenção daquilo que deveria ser, de facto, o foco essencial: as mudanças climáticas e a paz (a todos os níveis) e a sua conexão com as presentes políticas de comércio global, promovidas a todo o vapor pela Comissão Europeia e pelos estados-membros.

A “guerra” de tarifas sobre aço e a réplica na manteiga de amendoim são apenas detalhes de uma política de globalização cega, centrada no crescimento, no barato e no descartável, à custa da saúde e do planeta e ao serviço dos monstros transnacionais.

Está prontinho a sair do forno o JEFTA, o acordo comercial UE/Japão, todo confeccionado longe dos parlamentos nacionais, os quais nem sequer são devidamente informados pelos seus governos sobre um acordo de mais de 1.000 páginas, que vai limitar severamente o espaço político da UE, dos seus estados membros e até mesmo dos governos regionais e locais.

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Ó Evaristo, tens cá Visto?

Opinião

Mariana Mortágua

Hoje às 00:00

O ministro Siza Vieira saiu em defesa dos vistos gold, usando o mesmo argumento que Paulo Portas repetia à exaustão, a "atração de investimento estrangeiro". Mas se já em 2013 a resposta era poucochinha e falaciosa, hoje é quase uma provocação.

Houvesse uma pinga de sentido crítico e o Governo teria de responder por este investimento, pelas suas origens e pelos seus fins. E o ministro Siza Vieira teria de explicar exatamente porque é que este regime obsceno é "positivo" para o país.

Tempos houve em que era possível mentir e dizer que os vistos gold iriam criar emprego. Hoje sabemos que, dos 5876 vistos atribuídos, só nove foram pela criação de postos de trabalho e que 95% se deveram à compra de imóveis. Mais, sabemos que, como o limite mínimo para atribuição do visto dourado é meio milhão de euros, muitas agências inflacionaram os preços das casas de luxo, compradas à distância por magnatas chineses, brasileiros, russos ou angolanos. Sabemos que este movimento é parte da espiral especulativa em curso nos mercados imobiliários de Lisboa e Porto. Em suma, sabemos que os vistos gold não atraíram investimento produtivo, não criaram emprego, não acrescentaram nada ao país a não ser um mercado de luxo que está a contribuir para deixar milhares de pessoas sem casa que possam pagar.

Mas o problema não está apenas naquilo para que os vistos gold não servem. O problema está no verdadeiro propósito deste regime, que é vender a cidadania europeia a milionários.

Um regime que trafica cidadanias é uma porta aberta para corruptos e criminosos à procura de forma de branquear o seu dinheiro. Procurados pela Interpol, magnatas envolvidos na Lava Jato e oligarquia angolana, os vistos gold servem a todos e não são seletivos. Além disso, tal como alerta o Consórcio Global Anticorrupção, o julgamento de 11 dirigentes da administração pública (incluindo o ex-ministro do PSD Miguel Macedo) por tráfico de influências associado à atribuição de vistos gold, mostra como estes regimes podem corromper governos.

O que sobra sempre da discussão sobre os vistos gold é a certeza da inversão de valores que faz com que se aceite acriticamente que a cidadania é uma coisa que se vende e não um direito. E que nem importa se são especuladores ou corruptos, se o investimento serve o país ou não, desde que o dinheiro continue a entrar.

Ao contrário do que afirma Siza Vieira, não há nada de positivo a apontar ao regime dos vistos gold. Quanto mais não seja, é estranho que ao ministro não pareça perversa a ideia de um país que vende vistos dourados numa Europa que deixa milhões a morrer às suas portas.

DEPUTADA DO BE

Ladrões de Bicicletas


Está tudo bem

Posted: 18 Jun 2018 01:40 PM PDT

Desde 2015, as três mil maiores empresas do mundo, listadas em bolsa, viram os seus lucros, medidos em dólares, crescer 44%. Daqui.

Frugalidade individual, abundância colectiva

Posted: 18 Jun 2018 08:45 AM PDT

Num vídeo que circulou há alguns dias por alguns sites noticiosos e redes sociais, vê-se um orangotango do Bornéu a tentar, de forma heróica mas inglória, lutar contra a retroescavadora que acaba de demolir a árvore onde se encontra o seu ninho. Devido à substituição de floresta por plantações de óleo de palma, os orangotangos estão hoje confinados a algumas áreas limitadas do Bornéu e Sumatra e calcula-se que poderão vir a extinguir-se no estado selvagem dentro de dez anos.
Este vídeo deprimente é uma boa ilustração de dois dos problemas ambientais mais críticos do mundo contemporâneo: a desflorestação e a perda de biodiversidade. É destruída uma área de floresta equivalente à Inglaterra a cada ano, estimando-se que metade da área de floresta tropical de todo o mundo tenha já sido eliminada. O ritmo actual de extinção de espécies é entre 100 e 1000 vezes superior à chamada taxa média normal de extinção (antes da intervenção humana), justificando que este seja considerado o sexto evento de extinção em massa na história geológica do planeta – o quinto, há 65 milhões de anos, foi o que envolveu a extinção dos dinossauros.
Estes são apenas dois de um conjunto mais vasto de problemas. No livro Colapso – Como as Sociedades Escolhem o Sucesso ou o Fracasso, o biólogo e geógrafo Jared Diamond aponta alguns outros: o esgotamento dos stocks de animais selvagens, especialmente de pescado; a degradação dos solos utilizáveis na agricultura; a destruição de outros habitats (recifes de coral, áreas lacustres,...); a delapidação das reservas de combustíveis fósseis; o esgotamento dos aquíferos e outras reservas de água doce; a poluição do solo, ar, oceanos, rios e lagos; o esgotamento da capacidade foto-sintética do planeta; a introdução de espécies invasoras; e, talvez o mais crítico e frequentemente referido de todos, o aquecimento global.

Para além da questão intrínseca do impacto sobre outras espécies e ecossistemas, quase todos estes problemas têm o potencial de pôr em causa a viabilidade futura das sociedades humanas. É por isso evidente que constituem limites reais, e bastante imediatos, às nossas escolhas colectivas, que não podem ser ignorados nas discussões sobre desenvolvimento. O desafio que se coloca à humanidade passa por garantir a todos, em todo o planeta, o acesso à água, alimentação, energia, saúde, educação, etc., sem exceder os limites de utilização de recursos que comprometem a viabilidade futura das próprias sociedades humanas.
Que isso não será possível sem uma alteração do padrão de utilização de recursos, especialmente nas sociedades mais ricas em que estes são mais intensamente utilizados, é já reconhecido de forma generalizada. O erro em que continuamos a incorrer, em contrapartida, passa por remeter esta questão unicamente para o plano das escolhas individuais. Não há nada de errado, antes pelo contrário, na opção individual de racionalizar o consumo de energia, usar menos sacos de plástico ou evitar produtos com óleo de palma. Mas isso transforma em mais uma decisão de consumo – atomizada, descoordenada e dependente do poder de compra de cada um – aquilo que é uma questão política que tem a ver com a nossa sobrevivência colectiva.
É no plano colectivo que o essencial destas decisões pode e deve ser tomado. Isso implica transportes públicos gratuitos e de qualidade a par de automóveis e combustíveis mais caros. Implica a fiscalização e penalização sérias – pelo Estado, não pelas decisões dos consumidores – das empresas que poluem os nossos rios e mares ou que destroem ecossistemas globalmente necessários. Implica revogar, dado os riscos que envolvem, as concessões de exploração de petróleo ao largo da costa portuguesa que têm vindo a ser feitas por montantes irrisórios.
Acima de tudo, implica a opção por um modelo de desenvolvimento assente na abundância colectiva a par da frugalidade individual. Mais do que uma escolha individual e de consumo, essa é uma escolha política e colectiva.