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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Entre as brumas da memória


Grandes lições que nos chegam da Tailândia

Posted: 10 Jul 2018 02:12 PM PDT

Da mãe de um dos rapazes tailandeses resgatados:
«Agora temos que nos preocupar em curar o coração do treinador».

Mais: «A história mais notável sobre o resgate em Tham Luang foram os pais dos meninos. Nem por uma vez eles culparam o treinador AEK pelo que aconteceu. Pelo contrário, agradeceram-lhe por cuidar dos seus filhos. Em algumas partes do mundo, ele teria sido linchado. Mas não na Tailândia!» (Richard Barrow que vive na Tailândia)

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E perdeu o Tintim...

Posted: 10 Jul 2018 12:56 PM PDT

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Marcelo na Tailândia?

Posted: 10 Jul 2018 08:42 AM PDT


Já não chegará a tempo. A não ser que vá buscar a Judite...
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Sem tempo para nervosismos

Posted: 10 Jul 2018 07:07 AM PDT

«Nos últimos tempos, depois da ascensão de Rui Rio no PSD, a atuação do PS face à maioria parlamentar alterou-se. Nas carreiras, o Governo fez tábua rasa do compromisso orçamental sobre o tempo de serviços dos professores; na lei laboral, acordou em segredo com os patrões medidas contrárias ao acordo com o Bloco; na saúde, colocou Maria de Belém no caminho da elaboração conjunta de uma lei de bases proposta por Arnaut e Semedo; no ISP ignorou o compromisso de neutralidade fiscal.


Agora, membros de topo do Governo desdobram-se em declarações, dizendo-se vítimas de ultimato por parte do Bloco. Não houve nem há ultimato. O que há é a exigência de ver cumpridos os compromissos assumidos pelo Governo, para que o último orçamento seja negociado como os anteriores - atempadamente, de forma séria e consistente. Não nos interessam os simulacros. Estamos cá para negociar, resolver problemas e terminar a legislatura. E tudo será mais fácil se o PS controlar o seu nervosismo pré-eleitoral e regressar ao espaço da maioria parlamentar que sustentou até agora o Governo. Com vontade de diálogo e de soluções que reforcem - e não que enfraqueçam, como no trabalho ou nos professores - o sentido dessa maioria.»


Mariana Mortágua
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Crónica de um relógio que deixou de dar horas

Posted: 10 Jul 2018 03:06 AM PDT

«Há mais de dois anos, precisamente em 1 de Julho de 2016, que foi publicada a Lei 18/2016, entrando imediatamente em vigor, tendo ficado estabelecido “as 35 horas como período normal de trabalho dos trabalhadores em funções públicas, procedendo à segunda alteração à Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de Junho”. A qual indica que “o empregador público deve planear para cada exercício orçamental as atividades de natureza permanente ou temporária, tendo em consideração a missão, as atribuições, a estratégia, os objetivos fixados, as competências das unidades orgânicas e os recursos financeiros disponíveis”. Tendo aquele regime de horário de trabalho começado a ser aplicado à totalidade dos profissionais de saúde em 1 de Julho de 2018, houve tempo suficiente, mais precisamente dois anos, para analisar os efeitos da passagem das 40 para as 35 horas e para se proceder ao planeamento do que havia para planear, no caso a contratação do equivalente à diferença entre aqueles dois regimes horários. O dinheiro não dá para tudo? Faça-se o exercício da hierarquização das prioridades. Mesmo assim, a saúde ficou a meio da tabela, numa escala, vá lá, de 0-10? Tirem-se as consequências políticas porque há responsáveis políticos.

Ficar-se à espera dois anos para responder aos défices anunciados e suficientemente conhecidos, mau grado as proclamações quase diárias de contratações, é um acto inqualificável. As primeiras páginas dos jornais e a comunicação social em geral passaram a ser o espelho da constante degradação em que os serviços públicos de saúde se encontram. As ordens profissionais e os sindicatos do sector não param de criticar e de se opor ao que se está a passar no SNS. Os partidos de esquerda exigem constantemente a presença da tutela na Assembleia da República para lhes darem explicações sobre o que se está a passar no sector. A direita exulta e esfrega as mãos na expectativa de retirar dividendos eleitorais. A síntese desta situação é uma jóia feita em estilhaços.

E no entanto isto não tinha de acontecer. Bastava que este governo tivesse vestido a camisola do Serviço Nacional de Saúde. A diferença equivale a alguns mil milhões de euros pagos pelo orçamento do SNS às empresas privadas de prestação de cuidados de saúde pela transferência de utentes para as suas unidades. Os quais deviam ser utilizados no serviço público se fosse essa a camisola que o governo tivesse decidido vestir desde que tomou posse. Porém, foi deixando que a falta de vontade política tomasse conta do sector, sempre com o argumento dos compromissos, do défice e da dívida para satisfação da teoria dos dois hemisférios, tipo pataca a mim pataca a ti, até ao dia em que as patacas fiquem todas do mesmo lado. Já não se trata de irresponsabilidade, trata-se da intencionalidade à solta, favorecendo as peças do outro lado do tabuleiro.

Aqui fica registado, por isso, o desafio ao primeiro-ministro, o mesmo que rubricou os acordos com o BE, o PCP e o PEV, e que nas suas palavras deseja ver repetida, se não o conteúdo, mas pelo menos a fórmula que na altura se conseguiu alcançar, para colocar o dossier da saúde pelo menos entre as três prioridades para as quais é necessário encontrar uma solução, e desde já uma linha de orientação.»

Cipriano Justo

Estabilidade, responsabilidade e sentido de Estado: a lição de Paulo Portas, cinco anos depois

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Na passada Segunda-feira, dia 2 de Julho, assinalaram-se cinco anos desde que Paulo Portas anunciou a sua famosa e irrevogável demissão, que como sabemos durou até que Passos Coelho aceitou ceder mais poder a Portas e ao CDS-PP, entregando-lhe um novo ministério e fazendo dele vice-primeiro-ministro.

Poderia alongar-me sobre o oportunismo desta decisão, que, bem vistas as coisas, nos foi apresentada como uma divergência insanável, gerada pela substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque, na sequência da demissão do primeiro, mas que na verdade não passou de um assalto ao poder.

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terça-feira, 10 de julho de 2018

A direita e a sua omnipresença nas televisões

  por estatuadesal

(Carlos Esperança, 10/07/2018)

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Que a direita não se resigna à oposição é uma evidência tautologicamente demonstrada. A organização em partidos foi a necessidade decorrente da restauração da democracia, e a sofreguidão do poder é o corolário lógico dos interesses que defende.

Contrariamente à direita europeia, a portuguesa não teve quem se opusesse ao fascismo e ao nazismo. Foi, aliás, a sua cúmplice, tal como a espanhola.

Após o 25 de Abril, vários democratas, com provas dadas na defesa da democracia, e na luta por um sistema pluripartidário, eram a garantia da adesão à democracia dos partidos da direita que integraram a Assembleia Constituinte.

Dos fundadores desses partidos, uns faleceram e outros afastaram-se ou viram-se afastados. Muitos democratas foram ostracizados e cedo tomaram as rédeas partidárias os salazaristas silenciosos e oportunistas de vários matizes.

Esta direita é mais herdeira de Cavaco Silva e Durão Barroso do que de Sá Carneiro e Magalhães Mota, de Adriano Moreira e Paulo Portas do que de Freitas do Amaral ou Amaro da Costa. São ténues os traços e raras as moléculas democráticas no seu ADN. Cada vez se acentua mais o salazarismo do seu genoma.

Marques Mendes, vuvuzela da direita, é um de muitos avençados pagos para a intriga e os ataques à esquerda, em equilíbrio difícil entre as divergências pessoais que corroem os partidos de direita e os recados de Belém.

Quando, há pouco, Rui Rio visitou Angola e foi, como era previsível, recebido ao mais alto nível, logo Marques Mendes se apressou a esclarecer que era uma bofetada no primeiro-ministro português.

Quando hoje li que António Costa recebeu de Manuel Domingos Augusto, ministro das Relações Exteriores de Angola, uma carta de João Lourenço, perante as câmaras da TV, e que o ministro fez questão de dizer publicamente que a carta do PR angolano traduz "um sinal das boas relações" entre os dois países, interroguei-me sobre a capacidade de persuasão e intriga de que os comentadores dispõem.

Passadas umas semanas, quem se lembra da «bofetada de luva branca» do PR angolano inventada por Marques Mendes contra António Costa?

‘Brexit’ pode custar mais de mil euros por ano a cada família britânica

BREXIT

HÁ 10 MINUTOS

Análise da consultora Oliver Wyman estima que a saída do mercado único pode custar entre 287 e 1087 euros por ano a cada família britânica. Tudo vai depender do acordo conseguido com a União Europeia.

ANDY RAIN/EPA

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Numa altura em que Theresa May enfrenta uma mini-rebelião dentro do seu próprio governo contra a forma como o Reino Unido abandonaria a União Europeia e a forma que tomaria a futura relação entre os dois blocos, continuam a chegar análises sobre o impacto da decisão de sair da União Europeia e todos apontam para que esta tenha custos nos bolsos dos consumidores britânicos.

De acordo com uma análise publicada nas últimas semanas pela consultora Oliver Wyman, que avaliou o impacto nos preços ao abrigo de cinco cenários diferentes, os consumidores sairiam sempre a perder. Por ano, estes custos poderiam variar entre as 245 libras (277 euros à taxa de câmbio atual) e as 961 libras (1087 euros) para cada família.

A dimensão do aumento dependerá sempre de um conjunto de fatores, que vão desde as taxas aduaneiras (ou ausência delas) que seriam impostas na sequência do abandono do mercado único, do tipo de burocracia que seria criada e no aumento dos custos do trabalho.

O cenário menos gravoso – que contabiliza apenas um aumento moderado na burocracia –, aponta para um aumento de 245 libras (277 euros) nos gastos anuais de uma família, resultado de um aumento de apenas 1% dos preços, consequência do abandono do mercado único.

No pior dos cenários, a consultora estima que os custos para as famílias possam crescer até 4%, o equivalente a 961 libras (1087 euros), em resultado da aplicação de taxas aduaneiras dentro dos limites da Organização Mundial de Comércio, um aumento significativo na burocracia e também um crescimento dos custos laborais.

O que mais pesa nestes custos é a imposição de taxas aduaneiras, sobre as importações de parte a parte, o que tornaria mais caros os produtos comprados fora do Reino Unido, uma parte do cabaz de compra das famílias difícil de evitar considerando os custos de produção no Reino Unido e os produtos que a economia britânica não produz.

Mesmo para algumas indústrias que o Reino Unido ainda mantém. Por exemplo, o segundo produto que o Reino Unido mais exporta são veículos, cuja produção exige material e componentes produzidos fora do país.

Ao longo dos últimos dois anos houve vários estudos que apontavam para que o Reino Unido sofresse perdas económicas com a decisão tomada nas urnas pelos seus cidadãos de abandonar a União Europeia, mas nem todas se concretizaram, pelo menos na dimensão do impacto previsto.

Parte da razão para a falha nas previsões (por serem previsões já acarretam em si uma margem de erro), é ainda não ser conhecido o modelo deste divórcio e como será a futura relação entre estes dois blocos.

São esses mesmos planos que estão agora a criar divisões no governo britânico. David Davis, o principal negociador do lado britânico para o Brexit, demitiu-se no domingo por estar contra a proposta aprovada pelo governo para o Brexit. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, seguiu as suas pisadas na segunda-feira.

Tão amigos que eles nunca foram: o que está a causar tantas demissões no governo de May?

BREXIT

9/7/2018, 20:10

May aceitou a demissão de dois pesos pesados do seu governo: David Davis e Boris Johnson. A estratégia para o Brexit está no centro da discórdia que pode levar a uma moção de censura contra May.

David Davis (primeiro à esquerda) e Boris Johnson (segundo à esquerda) demitiram-se esta segunda-feira por discordar da estratégia do Brexit. Amber Rudd (à direita) demitiu-se em abril, mas por razões não relacionadas com o Brexit

Peter Nicholls - WPA Pool /Getty Images

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Em poucas horas, Theresa May passou de ter em mão um problema resolúvel para enfrentar maior crise desde que assumiu, como Primeira-ministra, a tarefa de honrar o resultado do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

Logo a abrir a manhã, foi tornada pública a demissão de David Davis, coloquialmente conhecido como o ministro do Brexit e que tinha a pasta das negociações com Bruxelas. Na sua carta de demissão, David Davis deixou claro que a razão da sua saída é a estratégia para o Brexit que resultou do acordo assinado em conselho de ministros na passada sexta-feira. Naquela missiva, que saiu mais ao gosto dos adeptos de um soft Brexit (como Theresa May) do que dos defensores de um hard Brexit (entre os quais, além de David Davis, está Boris Johnson), deixou várias críticas à estratégia encontrada. “A direção geral desta política deixa-nos, na melhor das hipóteses, numa posição negocial fraca”, disse David Davis.

Ainda a tinta não tinha secado na carta de demissão de David Davis (que já há algum tempo ameaçava bater com a porta) e já Theresa May tinha encontrado um substituto para ele — trata-se de Dominic Raab, ministro que até agora tinha a pasta da Habitação e Planeamento —, dando a entender que o problema estava resolvido.

Mas não estava. A meio da tarde, e a minutos de Theresa May subir ao palanque da Câmara dos Comuns para uma sessão de perguntas previamente agendada, soube-se da demissão de Boris Johnson, que acumulava as funções oficiais de ministro dos Negócios Estrangeiros com as oficiosas de líder da fação de apoiantes do hard Brexit dentro do executivo britânico.

Boris Johnson terá dito a Theresa May que a proposta para o Brexit acordada em conselho de ministro era como “polir um cagalhão”

Na altura de justificar a sua demissão, Boris Johnson remeteu igualmente para o conselho de ministros de sexta-feira, que decorreu em Chequers, na residência oficial de campo da Primeira-ministra. Boris Johnson disse que não podia “em plena consciência defender as propostas” que saíram daquela reunião. “Já tentei ensaiar várias vezes durante o fim-de-semana e o problema é que as palavras ficam presas na garganta”, disse esta segunda-feira.

Dias antes, segundo o The Sun, circulavam já palavras menos cuidadas que Boris Johnson terá dirigido à Primeira-ministra ainda durante o encontro de Chequers. “Qualquer pessoa que defenda esta proposta vai ver que é o mesmo do que polir um cagalhão. Felizmente, temos alguns especialistas em polir cagalhões no nosso Governo”, terá dito o então ministro dos Negócios Estrangeiros.

Agora, com a saída de dois ministros com papéis preponderantes, o futuro político de Theresa May pode estar em risco. Mas, afinal, o que é que causa tanto desagrado no acordo de Chequers para chegar até aqui?

Mercado livre com a Europa — a quadratura do círculo de May

À partida para a reunião de Chequers, havia duas propostas na mesa no que tocava a um dos temas mais importantes da saída do Reino Unido da UE: o futuro das relações comerciais entre as duas partes.

Do lado dos apoiantes do soft Brexit, onde se inclui Theresa May, a proposta era a de criar um “parceria comercial” com a UE em que, de parte a parte, seriam, na prática, abolidas quaisquer tarifas. Apesar de estas existirem no papel, seriam criados mecanismos para que, na prática, estas fossem anuladas. Uma das propostas seria aplicar à UE, na mesma medida, as tarifas que Bruxelas aplicasse ao Reino Unido — e, nos casos em que houvesse uma diferença, esta seria reembolsada à empresa exportadora/importadora.

A hipótese podia garantir a proximidade económica do Reino Unido com o resto da Europa, mas levantava dúvidas quanto ao seu realismo e à sua exequibilidade — até porque Bruxelas já disse várias vezes que não concordava com ela. E, se alguma vez a aceitasse, certamente exigiria como moeda de troca contrapartidas que, em Londres, poderiam ser interpretadas como uma traição ao compromisso com o Brexit. Outro fator de risco seriam os EUA e as tarifas impostas à União Europeia — forçosamente aplicadas ao Reino Unido caso este se mantivesse, de uma maneira ou de outra, no mercado europeu.

Antes do referendo de 2016, Theresa May defendeu a manutenção do Reino Unido na UE. Desde que é primeira-ministra assume o Brexit como um objectivo, mas quer uma solução soft

Do lado dos apoiantes do hard Brexit, com Boris Johnson à cabeça, a proposta apontava para um sistema de “facilitação máxima”. Aqui, o compromisso seria o de criar uma fronteira comercial entre o Reino Unido e a UE (incluindo com a Irlanda) e, a partir do zero, construir acordos comerciais com cada um dos países do bloco europeu. No entanto, a fronteira seria acima de tudo virtual, com a monitorização dos bens a ser feita com tecnologia própria para o efeito.

Com esta proposta, o Reino Unido corre o risco de não conseguir chegar a um acordo favorável com os vários países da UE que, enquanto bloco, é o maior parceiro comercial dos britânicos. Além disso, um estudo oficial apurou que aplicar a solução da “facilitação máxima” custaria ao Reino Unido entre 17 e 20 mil milhões de euros (entre 19,1 e 22,5 mil milhões de euros, ao câmbio atual).

Ora, perante as duas hipóteses, o executivo britânico reunido em Chequers chegou ao que se classificou como sendo uma “terceira via” mas que, em grande medida, é uma solução mais a gosto de Theresa May e dos defensores do soft Brexit. A fórmula encontrada na sexta-feira foi batizada de “acordo alfandegário facilitado”.

A solução acordada em Chequers prevê uma pertença de facto (embora não no papel) do Reino Unido no mercado económico europeu — mas, para isso, terá de aceitar as regulações europeias

Nela, o Reino Unido manter-se-ia fora da zona económica europeia — e por isso ficaria a salvo de possíveis tarifas de países como os EUA — mas estaria disposto a manter um compromisso de anulação de taxas alfandegárias com a UE. Em troca, para garantir que os bens agrícolas pudessem entrar neste esquema, o Reino Unido comprometer-se-ia a cumprir os padrões de qualidade europeus — leia-se regulações europeias, algo não agrada de todo Boris Johnson e os seus. Mesmo que pudessem ser vetadas pela Câmara dos Comuns, o facto é que estas regulações estariam sempre, na sua origem, dependentes dos vários órgãos de Bruxelas — outro pesadelo para os brexiteers.

Agora, são os brexiteers que podem tornar-se no pesadelo de Theresa May — sobretudo aqueles que são do seu próprio partido. Com a rebelião instalada dentro do próprio Governo, ganha cada vez mais força a possibilidade de se alastrar às bancadas conservadoras da Câmara dos Comuns. Neste momento, a hipótese de Theresa May ter de enfrentar uma moção de censura interna é forte. Segundo as regras internas do Partido Conservador, basta que 48 deputados das suas fileiras apoiem a votação de uma moção de censura interna — que seria estritamente votada entre os tories — para que o processo avance.

Ao que tudo indica, as 48 assinaturas serão facilmente recolhidas entre os backbenchers (deputados com menos destaque) do próprio Partido Conservador, onde impera a visão de um hard Brexit.

Theresa May pode agora ter de enfrentar uma moção de censura provocada por deputados do seu próprio partido

Será que Theresa May está disposta a enfrentar uma moção de censura interna? Ao The Guardian, que fez a pergunta a uma fonte de Downing Street, a resposta foi simples: “Sim”. Mas os tempos que se seguem não serão, porém, tão simples quanto isso. Caso venha a perder a moção de censura — a imprensa britânica garante que Theresa May está confiante de que sobreviverá a uma votação deste tipo —, seguir-se-á um desafio interno pela liderança do Partido Conservador e, consequentemente, do Governo. E, caso esse dia alguma vez chegue, não será de todo surpreendente que Boris Johnson tente a sua sorte.

Quem já parece antever esse cenário é Nigel Farage, antigo líder do UKIP e, juntamente com Boris Johnson, uma das caras mais conhecidas na defesa do Brexit. No Twitter, deu os parabéns ao seu colega brexiteer e pediu-lhe que ajudasse a afastar a Primeira-ministra: “Bravo, Boris Johnson. Agora, será que podemos livrar-nos da pavorosa Theresa May e pôr o Brexit a andar?”.