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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Um multimilionário a defender o aumento dos salários!

  por estatuadesal

(Estátua de Sal, 19/11/2018)

plutocrata

Aconselho a todos que vejam este vídeo e a postura de um multimilionário americano, que propõe aumentos do salário mínimo e investimentos públicos nas funções  de redistribuição do Estado Social.

Heresia para os economistas da vulgata neoliberal! Terá o homem endoidecido? Será um perigoso radical marxista? Nada disso. Tal como Keynes avançou com as suas teses de estímulo à procura agregada para salvar o capitalismo da derrocada,  assim também Nick Hanauer avança com estas propostas com o mesmo objectivo.

Seria de enviar o vídeo ao Saraiva da CIP, aos teóricos do FMI, à Dra. Teodora, aos burocratas da Comissão Europeia, ao Passos Coelho e a todos os que se rebolam de susto  quando ouvem falar em aumentos no salário mínimo.

Agradeço ao meu amigo Guilherme da Fonseca Statter ter publicado o vídeo no Facebook, onde tomei dele tomei conhecimento. Está legendado em português o que só facilita a nossa compreensão.

Barbárie Taurina já esteve duas vezes proibida em Portugal

  por estatuadesal

(Dieter Dellinger, 18/11/2018)

lisboa-TOUROS.jpg

As touradas parecem ser anteriores à própria fundação do Reino de Portugal, mas o primeiro documento conhecido sobre este espetáculo é o de que em Lamego, em 1258, D. Sancho II alanceou toiros. Durante séculos toureava-se a cavalo e matava-se o touro com uma lança, alanceava-se.

Contudo, ao longo da história estiveram duas vezes proibidas.

A primeira pela Rainha D. Maria I pouco depois de 1777 como medida de economia porque até essa data as touradas nunca foram um espetáculo comercial, mas sim uma oferta da Casa Real ou do Senado para diversão do povo na boa tradição latina-romana.

Os nobres e até reis chegavam a lidar touros.

D. Maria I tomou medidas de poupança, vendendo muitos dos seus cavalos e caleches e suprimindo o referido espetáculo, Livro 7 da coleção "O Essencial dos Reis de Portugal" oferecida pelo Expresso há oito semanas.

A segunda vez em que foi proibida, foi em 1836 e 1837 pelo então primeiro ministro conhecido por Passos, o Manuel, para não se confundir com o irmão, também político, ou Passos Manuel, mas que verdadeiramente era Manuel da Silva Passos.

A tourada só passou a ser comercial depois da construção da Praça de Touros de Sant'Ana no século XIX e, principalmente, depois da sua demolição e substituição pela Praça do Campo Pequeno. Pode dizer-se mesmo que a corrida de toiros que deve o seu nome ao toureiro de touros corridos, extremamente perigoso e que tornava impossível mostrar a verdadeira arte taurina só passou a ser comercial com a lide de um só touro na sua vida.

Não tenhamos pois dúvidas que a tourada é um espetáculo civilizacional como bem diz a Ministra da Cultura e como é o teatro, o cinema, concertos de música, ópera e, por fim, os jogos de computador.

Marques Mendes erra ao dizer que ministra esteve mal ao considerar a tourada como um espetáculo de uma dada fase da civilização, a da barbárie. Também a televisão na qual MM falou é um ato civilizacional.

Famosa lenda em versão vegan pós-moderna

Novo artigo em Aventar


por José Gabriel

Pelos campos do Sítio da Nazaré ia D. Fuas Roupinho em esforçada perseguição a um veado que, lesto, lhe escapava como se se divertisse com o esforço do cavaleiro. Este porfiava e atiçava o cavalo que, espumando e resfolgando, corria a toda a brida, cortando os ventos fortes do lugar. No seu entusiasmo, não reparou o fidalgo que presa e caçador se aproximavam perigosamente da falésia do Sítio. E foi quando, subitamente, o abismo se lhes deparou como uma fatal sentença. Foi nesse momento que se abriu um clarão nos céus.

Assustado, o corço estacou de pronto, cortando o solo com os cascos até parar mesmo à beira da falésia, à qual prestes virou as costas. O mesmo fez o cavalo, fazendo brilhar faíscas ao fincar as ferraduras no solo rochoso. Também o rocinante se salvou. Só D. Fuas, coitado, não teve sorte. A brutal paragem da sua montada fê-lo sair em voo sobre as orelhas do cavalo e despenhar-se na falésia. Durante a sua breve queda ainda gritou "valha-me a Senhooooora...". Mas a Senhora não valeu e o infeliz alcaide de Porto de Mós foi estatelar-se nas rochas da praia. Ler mais deste artigo

Entre as brumas da memória


Manuel António Pina, ainda

Posted: 18 Nov 2018 01:14 PM PST

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18.11.1943 - Manuel António Pina, 75

Posted: 18 Nov 2018 09:21 AM PST

Sim, faria, faz hoje 75 anos porque continua bem vivo connosco. Mas todos gostaríamos de continuar a saber o que pensaria da espuma dos dias que correm, a ler novos poemas, a saber como se comportavam os seus gatos.
A reler: uma entrevista que Anabela Mota Ribeiro fez quando MAP tinha 65 anos.
A rever: o trailer de um excelente filme de Ricardo Espírito Santo.

A recordar: a última crónica que publicou no JN:


Coisas sólidas e verdadeiras (01.08.2012)

«O leitor que, à semelhança do de O'Neill, me pede a crónica que já traz engatilhada perdoar-me-á que, por uma vez, me deite no divã: estou farto de política! Eu sei que tudo é política, que, como diz Szymborska, "mesmo caminhando contra o vento/ dás passos políticos/ sobre solo político". Mas estou farto de Passos Coelho, de Seguro, de Portas, de todos eles, da 'troika', do défice, da crise, de editoriais, de analistas!

Por isso, decidi hoje falar de algo realmente importante: nasceram três melros na trepadeira do muro do meu quintal. Já suspeitávamos que alguma coisa estivesse para acontecer pois os gatos ficavam horas na marquise olhando lá para fora, atentos à inusitada actividade junto do muro e fugindo em correria para o interior da casa sempre que o melro macho, sentindo as crias ameaçadas, descia sobre eles em voo picado.

Agora os nossos novos vizinhos já voam. Fico a vê-los ir e vir, procurando laboriosamente comida, os olhos negros e brilhantes pesquisando o vasto mundo do quintal ou, se calha de sentirem que os observamos, fitando-nos com curiosidade, a cabeça ligeiramente de lado, como se se perguntassem: "E estes, quem serão?" Em breve nos abandonarão e procurarão outro território para a sua jovem e vibrante existência. E eu tenho uma certeza: não, nem tudo é política; a política é só uma ínfima parte, a menos sólida e menos veemente, daquilo a que chamamos impropriamente vida.»

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Vamos a caminho

Posted: 18 Nov 2018 07:00 AM PST

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A caravana

Posted: 18 Nov 2018 02:56 AM PST

«Uma enorme massa humana começa a chegar à fronteira entre o México e os EUA. Vão juntos para se protegerem de traficantes e gangues. Deviam acordar consciências, mas Trump prefere o medo à inteligência coletiva. Entre os louros da situação económica e o perigo da invasão dos esfaimados, preferiu escolher o ódio para caçar votos. E resultou. Mas vale a pena ir ao começo desta caravana. Eram apenas mil em fuga do desemprego e do crime. Partiram de San Pedro Sula, uma das cidades mais perigosas do país, com mais homicídios por cem mil habitantes no mundo. A notícia espalhou-se e muito mais hondurenhos (85% dos cinco mil) e migrantes de outros países juntaram-se à caravana rumo aos EUA. Que culpa têm os norte-americanos da desgraça alheia? Não vou falar de décadas de colonialismo económico, promoção de golpes militares e apoio a ditaduras. Teria de recuar a 1957, quando Jacobo Arbenz foi destituído por ter posto em causa o monopólio da United Fruit Company na Guatemala. Este espaço não chegaria para a lista de crimes cometidos pelo “farol da democracia” na América Central. Tiremos-lhe dos ombros o pesado fardo da culpa. É passado. Será?

Em 2009, as Honduras tinham como presidente Manuel Zelaya. Vindo da direita, estava bem longe de ser um revolucionário quando chegou à presidência. Era um patriota que queria os mínimos de decência e igualdade na sua miserável pátria. No curto período em que teve o direito de governar, fez grandes investimentos na saúde e na educação e aumentou o salário mínimo. Até que a tentativa de referendar uma alteração da Constituição deu a desculpa para os que compram presidentes e mantêm os hondurenhos na miséria o fazerem cair. Os militares capturaram Zelaya, enfiaram-no num avião e largaram-no, de pijama, num aeroporto da Costa Rica. Ao parlamento, entregaram uma carta de renúncia falsa. Tínhamos voltado aos velhos golpes militares da América Latina. O mundo condenou. Até Obama. Só que os EUA souberam e apoiaram o golpe. E garantiram que Zelaya não voltava. Em “Decisões Difíceis”, Hillary Clinton esclarece como impediu o regresso do presidente eleito, contrariando a Organização de Estados Americanos (OEA) e a ONU: “Nos dias que se seguiram ao golpe, falei com os meus homólogos de todo o hemisfério, inclusive a secretária Patrícia Espinosa, do México, com o objetivo de ‘rapidamente’ organizar eleições que resultariam na irrelevância da questão Zelaya.” Depois disso, a taxa de homicídios aumentou 50%, a repressão política e social é brutal, as instituições colapsaram e a situação do país é calamitosa.

Daniel Oliveira
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Novos direitos

Posted: 17 Nov 2018 02:40 PM PST

Distracções

18/11/2018 by João Mendes

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Noam Chomsky considera Donald Trump uma distracção. E talvez o seja. Enquanto milhões se agarram aos televisores e ao Twitter, para visualizar ou ler a mais recente palermice ou machadada na credibilidade dos EUA, vendem-se armas a facínoras, cozinha-se a próxima crise financeira mundial e o 1% aproveita as borlas fiscais para fazer o seu capital great again, antecipando a época de saldos que chegará quando o próximo Lehman Brothers cair.

O novo fascismo gosta disto porque longe vão os tempos da ditadura convencional. Os tempos são outros e são de redes sociais. O universo das fake news não escolhe ideologias, é certo, mas algumas ideologias têm mais dinheiro do que outras, e quem tem mais dinheiro constrói redes mais eficientes. Sociais, mas sobretudo políticas. Trumps e Bolsonaros, aparentemente implacáveis, mas que não ousam confrontar os donos disto tudo, são o novo circo. E enquanto não houver falta de pão, a coisa anda mais ou menos controlada.

As ligações entre certos meios de comunicação, sejam eles convencionais ou fachadas de projectos dissimulados, e alguns sectores e personagens da vida política portuguesa, algumas delas sem existência pública relevante, mas extraordinariamente influentes no digital, são por demais óbvias para quem conhece o esgoto. Aqui e ali, o jornalismo de investigação começa a dar o ar da sua graça, e essas ligações tornam-se evidentes. Resta saber quando e como se desmoronará o castelo de cartas. Ou se sobrevive, apesar das evidências, através do milagre da multiplicação das partilhas.

Numa das muitas distracções que nos proporcionou nos últimos dias, Donald Trump, que substituiu o pequeno Jeff Sessions por um critico feroz à investigação sobre interferência russa nas eleições americanas de 2016, lançou a teoria da conspiração: os eleitores democratas votam, regressam aos seus carros, mudam de roupa e votam outra vez. Reparem que este insulto ao sistema eleitoral americano não só não afecta os eleitores republicanos, como é aparentemente mais credível do que as inúmeras evidencias que deixam a nu as ligações entre a máquina eleitoral de Donald Trump e o Kremlin do todo-poderoso Putin, que assistiu, de sorriso nos lábios, à autoflagelação em Helsínquia. Outra boa distracção.