Translate

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Marega faz história no futebol português

De  Euronews  •  Últimas notícias: 17/02/2020 - 13:00

Marega faz história no futebol português

Direitos de autor

MIGUEL RIOPA / AFP

Moussa Marega abandonou o campo durante o jogo do Porto com o Vitória de Guimarães deste domingo. A decisão do jogador é vista como um momento que vai ficar na história do futebol português como o caso mais flagrante de racismo.

Marega fez o 2-1 para os azuis e brancos aos 60 minutos . Exagerou nos festejos, viu um cartão amarelo e, partir daí, passou a ser assobiado sempre que tocou na bola. Aos 70 minutos o jogador pediu para ser substituído.

O caso saiu das quatro linhas e de Portugal e criou uma onda de apoio ao avançado do Porto e contra o racismo.

O secretário de Estado da Juventude e Desporto português diz que o que aconteceu é “inaceitável e envergonha uma sociedade tolerante”. João Paulo Rebelo garantiu que o governo vai identificar e “punir de forma exemplar” os responsáveis.

Do mundo do futebol, Sérgio Conceição, Fernando Gomes, a Liga de Clubes e vários equipas como Benfica e Sporting defenderam os valores do desporto e criticaram todas as formas de discriminação.

O caso Marega não passou despercebido para a imprensa estrangeira, para jogadores como Anthony Martial, do Manchester United e para clubes como o Vasco da Gama e o Borrusia Dortmund.

Mais de 70.000 casos de coronavírus na China

De  Rodrigo Barbosa com AFP / AP / EFE  •  Últimas notícias: 17/02/2020 - 09:27

Mais de 70.000 casos de coronavírus na China

Direitos de autor

AP Photo/Koji Sasahara

A China conta já com mais de 70.000 casos de contaminação com o novo coronavírus Covid-19.

Depois de três dias a registar descidas no número de novos casos detetados, esta segunda-feira começou marcada por uma nova subida, com duas mil novas infeções e mais 105 mortes. Um golpe para o otimismo das autoridades sanitárias de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, que acreditavam este domingo ter chegado ao ponto de inflexão da epidemia.

Em França, chegaram ao fim as duas semanas de quarentena para um segundo grupo de 120 repatriados provenientes de Wuhan. No território francês foram identificados até ao momento 12 casos, entre os quais o de um turista chinês de 80 anos que, no sábado, se tornou na primeira vítima mortal fora da Ásia.

Na Alemanha e na Bélgica, vários europeus repatriados do epicentro da epidemia puderam também sair de quarentena, depois de todos os testes terem dado negativo.

Patrick Soentjes, Infectologista do Instituto de Medicina Tropical de Antuérpia: "Estão bastante bem. Fizémos vários testes nas últimas duas semanas e deram todos negativo. Por isso podem sair do hospital em segurança, sem máscaras, e podem entrar em contacto com outras pessoas."

O quadro é bem menos otimista para as centenas de pessoas confinada s desde o início do mês no navio de cruzeiro Diamond Princess, atracado no porto de Yokohama, no Japão.

Até ao momento, foram detetados 355 casos a bordo, entre os quais 40 norte-americanos, que serão transferidos para um hospital japonês para tratamento.

Outros 300 norte-americanos que se encontravam a bordo foram autorizados a sair para apanhar um voo para os Estados Unidos, onde os espera um novo período de quarentena, num hospital militar.

Ana Gomes pode resolver problemas a António Costa

por estatuadesal

(São José Almeida, in Público, 15/02/2020)

A antiga dirigente do PS e ex-eurodeputada Ana Gomes tem insistido na recusa de ser candidata nas eleições para Presidente da República previstas para Janeiro. Explicou que não quer e até justificou com o argumento de que o estatuto de candidata presidencial lhe iria “coarctar a liberdade que é essencial” para a sua “capacidade de intervenção cívica”. Intervenção cívica e política que lhe deu um raro currículo de luta em defesa da liberdade e dos direitos humanos e de denúncia e combate contra a corrupção pleno de “medalhas”: Timor, voos da CIA, submarinos, Angola, Iraque, imigrantes, refugiados, presos políticos.

Não é possível hoje saber se Ana Gomes vai manter a recusa em candidatar-se ou se acabará por ter de mudar de ideias e avançar para as urnas, devido a um movimento de apoio à sua candidatura que possa entretanto formar-se. Até agora, no universo do PS, só Francisco Assis e Henrique Neto defenderam claramente que o faça, e fora do partido, Rui Tavares, do Livre. Mas é de admitir que os apoios se densifiquem.

Uma coisa parece evidente, a candidatura de Ana Gomes resolveria diversos problemas a António Costa e ao PS quer nas presidenciais quer na futura relação com o actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante o exercício de um seu segundo mandato. Discordo, assim, de Ana Gomes, quando afirmou em entrevista à RTP3: “O primeiro-ministro, António Costa, jamais permitirá.”

É evidente que Ana Gomes nunca poderá surgir como a candidata apoiada oficialmente pelo PS. Nem ela nem nenhum outro militante socialista ou personalidade dessa área política. Primeiro, pela necessidade de António Costa ser coerente em relação às presidenciais de 2016, em que não apoiou nenhum candidato, assumiu a liberdade de voto e os dirigentes e militantes dividiram-se entre Maria de Belém Roseira, Sampaio da Nóvoa e Marcelo Rebelo de Sousa. Sendo que agora os dirigentes de topo do PS poderão vir a integrar as comissões de honra de duas candidaturas. Uns, a de Marcelo Rebelo de Sousa. Outros, a de Ana Gomes ou de outra personalidade de esquerda democrática que venha a candidatar-se.

Em causa está também a necessidade de António Costa e do PS não hostilizarem directamente Marcelo Rebelo de Sousa, com quem terão de conviver institucionalmente, pelo menos até ao fim desta legislatura. É dos livros que, num segundo mandato, o Presidente da República adquire sempre um perfil mais interventivo e fiscalizador do Governo. E a última coisa de que António Costa e o seu Governo de maioria relativa — embora confortável nos seus 108 deputados, num Parlamento fragmentado — precisam é de afrontar directamente a recandidatura do actual Presidente da República, abrindo a porta a uma relação tensa no futuro. É por isso que considero ser impossível uma candidatura, por exemplo, de Carlos César, que é presidente do PS. Tal surgiria como uma provocação directa a Marcelo Rebelo de Sousa por parte do partido liderado pelo primeiro-ministro, António Costa.

Este é o aspecto mais importante em que a candidatura de Ana Gomes resolveria um problema a António Costa: o peso e a legitimidade eleitoral com que o actual Presidente da República pode vir a ser reeleito. É sabido que, quanto maior for a percentagem de votos obtida por Marcelo Rebelo de Sousa, mais força ele terá para exercer o segundo mandato e afrontar o Governo. E não é segredo para ninguém que a maior consagração do actual Presidente da República seria aumentar os 52%, que teve em 2016, e atingir uma percentagem superior aos 70,35% dos votos conquistados por Mário Soares, na sua reeleição em 1991, quando Cavaco Silva, líder do PSD e então primeiro-ministro, se limitou a não apoiar ninguém e a deixar subentendido o apoio a Mário Soares.

Ora, com uma candidata claramente oriunda do PS, como Ana Gomes, ainda que apoiada por um movimento de cidadãos, haveria espaço para o debate das ideias socialistas e para estas marcarem a campanha. Tal como seria nítida a possibilidade de Ana Gomes atrair eleitores que terão tendência a votar em Marcelo Rebelo de Sousa se não houver um candidato da área do socialismo democrático. E basta a Ana Gomes um honroso resultado entre os 15% e os 20% para estragar a festa a Marcelo Rebelo de Sousa e cumprir uma missão política que favorece o PS.

Além de que Ana Gomes poderá ir buscar votos ao eleitorado do BE e do PCP. Esvaziando assim também a possibilidade de crescimento de Marisa Matias, que em 2016 teve 10,12%, ou de outro candidato mais à esquerda. Não é por acaso que a hipótese da candidatura de Ana Gomes assusta o BE, e Francisco Louçã até já a classificou como “oportunista de circunstância”, na entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença.

Tudo boas razões, do ponto de vista de António Costa, para o primeiro-ministro e líder do PS dormir descansado com a hipótese de Ana Gomes mudar de ideias e, perante um eventual movimento de apoio que se forme, vir mesmo a candidatar-se às presidenciais de Janeiro de 2021.

A eutanásia deve ser referendada? (Não)

Posted: 16 Feb 2020 02:43 AM PST

«Os partidários do referendo à despenalização da morte assistida são sinceros: não é que queiram genuinamente o referendo, alguns até defenderam recentemente o contrário, mas este serve para tentar empatar a decisão do Parlamento. Quem nunca antes se lembrou da superioridade da democracia referendária e agora lhe tece hinos é também quem critica as propostas de despenalização da morte assistida porque têm liberdade a mais (o “homicídio a pedido”) e liberdade a menos (a “decisão pelos médicos”). Tudo confusão, tudo jogo político, tudo taticismo.

Contra o taticismo, há princípios. Primeiro: os direitos das pessoas não se referendam. Se se tivesse referendado o direito ao voto das mulheres quando as sufragistas lutavam contra o patriarcalismo atávico, ou o direito à greve quando o patronato o recusava com violência bruta, toda a dificuldade ao seu reconhecimento teria prevalecido. Segundo: o que se decide no reconhecimento de um direito não é só se sim ou não, é sobretudo como. O que está em causa na despenalização da morte assistida não é sim ou não à eutanásia em abstrato, mas sim em que condições concretas e detalhadamente enunciadas pode a antecipação da morte a pedido de alguém ser despenalizada. Esta minúcia e este rigor exigidos para um tratamento sério de uma questão complexa não cabem numa pergunta de referendo.

Ao contrário da agitação dos taticismos desesperados, creio que deve prevalecer a serenidade e o rigor. O debate sobre a despenalização da morte assistida existe há muito tempo em Portugal. Ao legislador cabe agora a responsabilidade de decidir por uma lei que amplie o espaço da tolerância e não permita que o preconceito condene quem não quer a um sofrimento inútil. Este é o momento de decidir: escolhemos a prepotência de impor a todos um modelo de fim de vida que é uma violência insuportável para muitos ou, recusando imposições, decidimos respeitar a escolha de cada pessoa sobre o fim da sua vida?

Só uma lei elaborada com o rigor, a prudência e sentido de equilíbrio pode responder com seriedade a um desafio tão complexo. É esse passo civilizacional que podemos dar nos próximos dias: respeitar a possibilidade de antecipação da morte daqueles a quem a doença e o sofrimento insuportável impedem uma vida digna aos seus olhos e, com garantias de rigor e controlo, definir as condições em que essa decisão pode ter lugar. Sim, alargar o campo da tolerância é uma questão de dignidade.»

José Manuel Pureza

Vergonha de branco e preto

Filipe Garcia

Filipe Garcia

17 FEVEREIRO 2020

Partilhar

Facebook
Twitter
Email
Facebook

É cada vez mais difícil gostar de futebol em Portugal. Em campo faltam artistas, nas direções falta nível, nas bancadas falta noção. Ontem, o futebol português voltou a ser notícia e, para não surpreender ninguém, novamente por maus motivos. Em Guimarães, Marega, avançado do FC Porto, acabado de marcar o terceiro golo da noite, pediu para ser substituído. Cansado nunca o vi, lesionado não estava e o golo até tinha sido marcado em jeito, coisa que muitos o acusam de não ter. Matreco é coisa que já lhe ouvi chamar. Ontem, parece que das bancadas lhe chamaram macaco. Em Portugal, em 2020, um jogador de futebol saiu de campo para não ouvir mais insultos racistas.
Nos últimos dias, foram notícia novas agressões a dirigentes em Alvalade, conhecidos novos pormenores da invasão a Alcochete, a seguir um presidente de clube dedicou a vitória do seu Braga contra o Benfica a “elitistas, sulistas e paineleiros”. Em campo, as equipas precisaram de 90 minutos para fazer um golo. Nem noção, nem nível, nem artistas.

E ontem o jogo até estava bom. Como escreve a Lídia Peralta Gomes na Tribuna, havia um bom jogo de futebol. Até que uns idiotas o estragaram. Da secretaria de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo já disse estar a trabalhar para “identificar e punir os responsáveis deste triste episódio”. “O jogo passa para segundo plano. Estamos completamente indignados. Sei bem a paixão que existe aqui em Guimarães pelo clube, mas sei que a maior parte dos adeptos não se revê naquilo que sucedeu com um pequeno grupo de adeptos a insultar o Marega desde o aquecimento”, acusou Sérgio Conceição. E a FPF já oficializou a vergonha. “Este domingo à noite, o jogador Moussa Marega foi alvo de insultos racistas que não podem deixar de ser severamente punidos, num episódio grave e condenável”, lê-se no comunicado.

Estivesse o futebol saudável? Conceição estaria a celebrar a recuperação de seis pontos para o Benfica e o relançamento do campeonato. Das bancadas cantava-se por golos. E na hora de agir ninguém facilitaria na punição.