A ex-ministra que aprovou o projecto de resolução do BES sem saber muito bem do que se tratava, assinando de cruz com a própria admitiu, veio por estes dias acusar o primeiro-ministro de ligeireza e irresponsabilidade no que toca aos temas da Segurança e da Educação. Sobre o primeiro, com o foco de Assunção Cristas a apontar para o impasse nas secretas e para a ameaça terrorista, desconheço a existência de motivos para alarme. Aliás, a falta de notícias sobre o tema leva-me a crer que, das duas uma: ou os serviços de segurança têm sido extremamente eficazes a antecipar e desmontar potenciais ameaças, ou serão os terroristas que não têm grande interesse em gastar os seus parcos recursos no Rectângulo. A ausência de chefia nas secretas, por si só, não me parece motivo de grande preocupação. Com certeza que as suas funções estão asseguradas, ainda que de forma interina.
Sobre o tema da Educação, o problema parece ser a greve marcada pelos sindicatos dos professores. Até eram duas, mas a plataforma de sindicatos independentes, que recentemente emitiu um pré-aviso de greve para o dia 14 de Junho, acabou por desconvocá-la por considerar haver uma “predisposição para o diálogo” por parte do ministério de Brandão Rodrigues (o alvo a abater). Claro que as duas maiores estruturas sindicais da Educação, FNE e Fenprof, dificilmente voltarão atrás com a decisão de paralisar as escolas no dia 21. Uma forma de luta legítima que vem sendo transversal a todas as governações. Mas será esse, verdadeiramente, o problema de Assunção Cristas e do CDS-PP em nome de quem assume tal posição? Não terá o mesmo acontecido durante o mandato do anterior governo? Ou serão os cortes no investimento público em colégios privados que arreliam o Caldas e as clientelas que gravitam em torno dos milhões que o Estado anualmente despeja num negócio privado e altamente rentável para os seus titulares? Estes liberais, sempre aos berros a exigir menos Estado mas sempre prontos para esmifrar mais uns trocos ao erário público.
Ligeireza e irresponsabilidade, senhora ex-ministra, é um líder partidário de uma coligação governativa apresentar a sua demissão, fazendo disparar os juros da dívida, como forma de chantagem para conseguir em troca mais poder e ministérios, perante o silêncio cobarde de pessoas como a senhora. Ligeireza e irresponsabilidade, senhora deputada, é tratar as mulheres como subalternas dos homens, para gáudio dos cadáveres salazaristas que ainda se arrastam no seu partido. Ligeireza e irresponsabilidade, cara candidata à CM de Lisboa, é exigir 20 novas estações para o Metro de Lisboa, quando concelhos como a Trofa esperam e desesperam há quase 15 anos por apenas quatro estações, para as quais o seu como o actual governo se estão absolutamente nas tintas. Ligeireza e irresponsabilidade, cara líder do CDS-PP, são declarações patéticas como esta, é o universo de cunhas e clientelas que orbitam em torno do seu partido, é esse discurso leviano que faz nos bairros sociais, depois de tudo o que fez àquelas pessoas e é a forma negligente e desqualificada como se comportou no caso da assinatura do decreto-lei que deu origem à resolução do BES. Falta-lhe alguma moral para fazer acusações de ligeireza e irresponsabilidade, percebe?
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