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domingo, 24 de setembro de 2017

As autárquicas e o poder do porco no espeto

por João Mendes


Fotografia@Expresso
Eis, em todo o seu esplendor, a problemática do porco no espeto como argumento eleitoral. Chama gente, mas depois a gente não arreda de ao pé dele. Quando vão começar os discursos, uma voz no altifalante pede às pessoas para que se cheguem à frente, para perto do palco montado num camião TIR, mas as pessoas fazem orelhas moucas. São muitos mais os que estão a comer à sombra ou à espera de comida ao sol do que os que fazem o esforço de ficar a engolir discursos.
O caso pede medidas extremas e elas são tomadas: ouve-se ordem para que, "durante os discursos", pare o serviço de sandes. É um daqueles momentos em que se percebe como uma coisinha de nada pode causar a revolta do povo.
"Então, e a gente não come?"; "Nem pense nisso!"; "Estou aqui há uma hora e param de servir?". Uns protestam que "isto não tem jeito nenhum", outro, mais exaltado, ameaça "escaqueirar isto" e só se acalma quando alguém promete "resolver isto". O facto é que quem estava na fila para "a sande" na fila ficou, porque, como explicava uma senhora com uma bandeira a fazer de lenço na cabeça, "se eu sair daqui vêm outros e eu perco a vez". Há livros de teoria dos jogos sobre isto.
Filipe Santos Costa, Expresso



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