por estatuadesal |
(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 29/09/2017)
As sondagens valem o que valem mas as últimas mantém uma tendência de descida acentuada do PSD nas duas mais importante cidades do país. Se se confirmarem, isso significará uma derrota para quem optou pela escolha dos candidatos e pela estratégia política que tem vindo a ser seguida, tanto mais que não se vislumbra possível ganhar a liderança das associações nacionais de freguesias ou de municípios. Bem se sabe que Passos Coelho já disse que não se demite de presidente dos social-democratas. Mas a pergunta é: o PSD vai continuar a assistir impávido e sereno a este declínio do partido ou ainda acredita que será possível ao atual líder conduzir de novo a nação laranja ao poder nas eleições de 2019?
Pedro Passos Coelho sofre de stress pós-traumático. E o trauma, como se sabe, aconteceu nas eleições de 4 de Outubro de 2015 onde, apesar de ter ganho as eleições, não conseguiu que o governo que apresentou fosse aprovado pelo parlamento.
O presidente Cavaco Silva foi assim obrigado a chamar o líder do segundo partido mais votado. E António Costa apresentou um Governo que foi aprovado pelo parlamento.
Claro que esta profunda rutura com o que se tinha passado em 42 anos de democracia – o partido mais votado era sempre quem formava governo, mesmo minoritário; e o PS nunca formaria um executivo suportado por forças à sua esquerda, em particular os comunistas – foi um autêntico terramoto no xadrez político. Eventualmente, ele aconteceu por várias circunstâncias, mas uma que está seguramente presente é a dureza com que o Governo PSD/CDS conduziu o programa de ajustamento entre 2011 e 2015, com Passos Coelho a ter frases muito infelizes como “só saíamos disto empobrecendo” ou “queremos ir além da troika” ou ainda sugerindo delicadamente a quem ficava sem emprego em Portugal que poderia encontrar oportunidades no exterior.
Mas o certo é que aconteceu e o Governo, a quem se augurava vida curta e sem nenhuma capacidade de cumprir os compromissos europeus em matéria de défice, leva dois anos de sucessos económicos em várias frentes (crescimento, melhoria do rating, queda do desemprego, aumento do investimento e das exportações, níveis de confiança dos agentes económicos como não se viam desde o início do século, etc.) e a coligação parece estar para durar, cumprindo esta legislatura e estando neste momento, segundo as sondagens de opinião, em boa posição para voltar a vencer as de 2019. Pelo contrário, o PSD não tem aproveitado o péssimo ano que o Governo tem tido (os piores incêndios de sempre, mortes em Pedrógão, roubo de armas em Tancos, instabilidade nas Forças Armadas) e não consegue subir nas sondagens.
Por isso, a pergunta que tem de ser dirigida à nação social-democrata é se no domingo se verificar o cenário mais negro para o partido, manterão a confiança em Pedro Passos Coelho para dirigir o PSD nas eleições de 2019. É que um presidente que repete um discurso negativo, quase apocalíptico, insistindo nas desgraças que se adivinham a prazo, pode estar cheio de razão, mas não cativa nem os fiéis. E ir para a guerra com um general sem tropas é o caminho certo para a derrota – e a democracia portuguesa precisa de um PSD forte
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