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terça-feira, 31 de outubro de 2017

MARCELO DESEJA SANTANA?



Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 31/10/2017)

Santanetes

É óbvio que Marcelo deixou que a comunicação social soubesse do almoço que teve com Santana Lopes e o tornasse público e isso só pode ser interpretado como uma mensagem subliminar do Presidente da República aos militantes do seu partido de que o seu escolhido para suceder a Passos Coelho é o até qui Provedor da SCML. Mas isso significa que Marcelo Rebelo de Sousa deseja ou espera ver Santana Lopes como “seu” primeiro-ministro?

Santana é tudo o que Marcelo não é ou mesmo o que Marcelo nunca teria desejado ser, para não dizer que Santana é o oposto daquilo que aprecia. Santana tem sido um apoiante mais ou menos militante de Passos Coelho, só não o tendo apoiado na candidatura autárquica a Lisboa porque se queria resguardar para uma eventual candidatura à liderança do PSD após as autárquicas. Santana foi o vice-presidente do PSD nos tempos de Durão Barroso que, por sua vez, rasteirou Marcelo para o substituir na liderança do PSD. Santana foi uma peça chave na ascensão de Durão Barroso, chegando mesmo a reunir o mundo da bola num jantar de apoio a Durão.

Como se tudo isto não fosse suficiente para Marcelo desejar ver Santana pelas Costas, o Presidente da República não deverá estar esquecido de como o governo itinerante de Santana tem algumas semelhanças com a sua presidência, ainda que com menos selfies, porque na época ainda não existiam.

Imaginemos um país com um Presidente sem agenda, para andar a dar beijinhos, e o primeiro-ministro a fazer o mesmo para dar mais beijinhos do que o Presidente. Aliás, Santana nem sequer esconde a colagem à estratégia dos afetos de Marcelo. O país seria um manicómio, com a vida política transformada em concursos de beijinhos, com a nota técnica a premiar que desse mais beijocas e a nota artística a avaliar a convicção dos beijoqueiros.

É óbvio que Marcelo não se quer queimar com Santana Lopes como primeiro-ministro; depois de o apoiar ter que o despedir, como o fez Jorge Sampaio, era demasiado perigoso para a sua própria Presidência. É bem mais provável que, percebendo que o PSD terá muitas dificuldades em chegar ao governo, Marcelo aproveite para se livrar não só de Santana Lopes, mas também de Rui Rio, pondo fim a uma geração de líderes e candidatos a líderes que representaram para o PSD o mesmo que a praga da filoxera representou para a vinha.

Depois das malandrices que Marcelo fez a António Costa e do apoio que deu a Santana Lopes ninguém o poderá acusar de não ter apoiado o seu partido. Aliás, os que durante meses protestaram, contra o apoio de Marcelo à Gerigonça são agora os que mais festejam as posições do Presidente da República. Marcelo vai chegar à noite das eleições legislativas como um dos vencedores, isto se nessa noite Santana se demitir da liderança do PSD e Rui Rio anunciar que não volta a ser candidato a líder. Marcelo terá condições para ser ele a renovar o PSD sem Santana, Rui Rio e outros sexagenários a empatar.





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