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terça-feira, 28 de novembro de 2017

O Pão

por Bruno Santos

©BS

Ícone indisputado do Cristianismo e corpo simbólico da sua doutrina, o Pão contém as características que fazem dele não um simples alimento, mas a representação da própria vida e do esforço da sua perpetuação, realidades que marcam toda a História da Humanidade.

O Pão constitui um último patamar da nutrição do corpo, o grau primário, mais singelo e indeclinável da sua sobrevivência orgânica. Diz-se “a pão e água” quando se quer significar os elementos básicos, simultaneamente primeiros e últimos, do sustento de um organismo que plana sobre a fronteira entre mundos, sobre a linha da falência e da morte.

Disse o Cristo, “tomai e comei, este é o meu corpo”, quando decidiu estabelecer sobre a sacralidade do grão que tombou na terra a primeira assembleia de Companheiros - precisamente aqueles que partilham o Pão - que viria a ter como desígnio a transmissão da Palavra. Do Pão da Palavra Pedra. Do Pão nosso de cada dia.

Depois veio o dia em que o preço do Pão material atingiu o patamar da brutalidade e os patrões dos padeiros - eternizados no século, antes do almoço, por Pinheiro de Azevedo - decidiram aumentar não o peso do Trigo ou do Centeio em cada molete, mas vinte por cento o preço da carcaça. Vinte por Cento.

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