Novo artigo em BLASFÉMIAS
De acordo com a comunicação social os partidos políticos portugueses acotinharam-se numa sala fechada e à prova de som para distribuírem entre si um grande bónus natalício. Aparentemente conseguiram fazer aquilo com que sempre sonhei em miúdo mas nunca consegui levar a cabo: sacar o cartão de crédito aos meus pais e ir eu próprio comprar os meus presentes. Só o CDS e o PAN mostraram alguma relutância ao processo, o que já me valeu alguns olhares irónicos do periquito que tenho lá em casa. Desconfio que ele se sente melhor representado na Assembleia da República do que eu.
Pelo que se vai ouvindo a dádiva em causa é tão grande que é possível que os tesoureiros, quando olharem outra vez para as contas, passem a acreditar novamente no Pai Natal. Mas se analisarmos com atenção vemos que essa hipótese é descabida: a não ser que as respectivas sedes partidárias se situem em castelos medievais ou em cantinas, não é possível fazer passar tanto dinheiro pelas chaminés.
Muitos dos subscritores desta nova lei do financiamento dos partidos (podemos chamar-lhe lei FDP, para simplificar) já se mostraram por diversas vezes contra a existência de paraísos fiscais por esse mundo fora. Compreende-se, a exclusividade é muito saborosa e há sempre um prazer especial em ser o único bronzeado na festa da passagem de ano. Se todos os nossos conhecidos começarem a passar as férias de Natal nas Seicheles, rapidamente vamos deixar de achar piada àquilo. Ademais, essas transferências para o estrangeiro cheiram sempre a antipatriotismo. É muito mais sensato criar uma lei holandesa à nossa medida do que levar a nossa sede para a Holanda. Aprende, Jerónimo Martins.
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