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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Centeno no Eurogrupo é uma boa notícia para o país

Centeno no Eurogrupo é uma boa notícia para o país

por CGP

Socialista, permitindo reequilibrar as lideranças de orgãos da UE maioritariamente nas mãos do Partido Popular Europeu. De um país pequeno, como foram quase todos os presidentes do Eurogrupo e da Comissão Europeia neste século. Ambicioso, por isso disponível para agradar aos poderes que podem fazer com que esta presidência seja apenas um degrau na hierarquia da UE. E, provavelmente, disponível para ser o primeiro presidente a tempo inteiro do Eurogrupo depois das próximas legislativas. Terão sido estas as características que tornaram Centeno num candidato vencedor à frente do Ministro das Finanças luxemburguês.

Mas Centeno tem outros méritos. Centeno conseguiu perceber muito cedo que o eleitorado da esquerda importa-se bastante mais com os salários da Função Pública do que com a qualidade dos serviços públicos, especialmente do SNS (o eleitorado BE tem seguros de saúde e os funcionários públicos têm ADSE). Mesmo beneficiando de um ciclo económico positivo, teve o mérito de não agravar o défice estrutural. De certa forma, acabou por ser bastante mais liberal do que Vítor Gaspar ao aumentar o peso dos impostos indirectos e, ao deteriorar a qualidade do SNS e da escola pública, deu um incentivo importante aos sistemas de saúde privados e colégios não incluídos na rede pública. Mais do que isso, conseguiu colocar a esquerda em peso a congratular-se pela baixa do défice, contribuindo para que se torna-se consensual na política portuguesa a ideia de que o défice das contas públicas deve ser baixo. Hoje concordamos todos, do BE ao CDS, que há pouca vida política para além de um défice excessivo. Melhor do que isso, daqui para a frente, todas as decisões tomadas pelo Eurogrupo liderado por Centeno serão racionalizadas internamente pela máquina de comunicação da esquerda como sendo as melhores para o país e a UE. Um novo Varoufakis será demonizado e não idolatrado pela nossa esquerda. Ter um PS alinhado com o Eurogrupo é um excelente cenário para o país, principalmente se for acompanhado pelo BE e CDU. De certa forma, a eleição de Centeno para o Eurogrupo é ainda mais importante do que a de Guterres para a ONU. Em termos de resultados prácticos de políticas internas certamente será.

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