por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 26/12/2017)
Começa as ser cansativo e até mesmo enjoativo ter de assistir às homilias de Marcelo Rebelo de Sousa sempre que decide que o país deve acompanhar as suas celebrações eucarísticas, como se o proselitismo tivesse acampado em Belém, exercendo agora a Presidência o seu papel numa visão evangélica da sua missão.
Mas ver um Presidente da República, à saída de mais uma das suas muitas missas a que gosta de ir e levar o país através das televisões país, citar a homilia do bispo como se este fosse um guia espiritual do país, devendo ser ouvido, seguido e citado por um Presidente da República começa a ser exagero. Como também é um exagero o Presidente apelar a uma espécie de peregrinação nacional a Pedrógão para ajudar a região, inventando uma nova modalidade de turismo, o turismo caridoso, onde se mistura a solidariedade com o voyeurismo social, com muita gente caridosa a ir a Pedrógão manifestar a sua pena aos indígenas promovidos a vítimas.
O Presidente teve uma ideia brilhante, depois do turismo das praias, da gastronomia, das aves e da cultura teremos o turismo das vítimas, como o país está na moda, podemos vender itinerários a estrangeiros como "viste o Portugal ardido", "Visite as estradas onde se morre" ou "venha conhecer a rota dos AVC".
«À saída da missa que se celebrou na Igreja Matriz de Pedrógão Grande, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou com os jornalistas, num dia de Natal em que o chefe das Forças Armadas passa em regiões afetadas pelos fogos deste ano. Em declarações, o Presidente afirmou: “Acho que as pessoas não podem nunca esquecer, e não esquecer é estar presente”.
Após a celebração eucarística que começou às 11h30, o Presidente da República disse, quanto aos esforços para a recuperação dos danos causados pelos incêndios, que “as pessoas arregaçaram as mangas e recomeçaram as suas vidas”. O chefe de Estado disse ainda que as pessoas “começaram a partir para um futuro diferente e felizmente houve um grande apoio por todo o país”. Marcelo Rebelo de Sousa mencionou ainda que é necessária a presença de todos, ressalvando a importância de “autarcas, instituições e da Igreja” para as recuperação dos danos dos incêndios.» [Observador]
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