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domingo, 17 de dezembro de 2017

Note-se

Ladrões de Bicicletas


Posted: 16 Dec 2017 06:51 PM PST

Sinceramente, não compreendo como é que se pode andar por aí a saudar as decisões das agências de notação, mesmo que seja por oportunismo. O movimento recente de melhoria da notação da República dá jeito, eu bem sei. Note-se, no entanto, que quem não tem memória e quem aceita as estruturas financeiras por reformar, até pode ganhar alguma coisa no curto prazo, mas perde também sempre qualquer coisa no curto prazo e tudo no médio e no longo.
Note-se que estamos a falar de instituições que tiveram responsabilidades pela crise financeira, iniciada em 2007-2008, validando todo o lixo financeiro que a ganância sem trelas regulatórias relevantes conseguiu inventar até aí. Esta crise tramsmutou-se na zona euro em crise da dívida que não era, e que continua a não ser, soberana, dado que está denominada em moeda estrangeira. Neste caso, as agências validaram toda a especulação contra os elos periféricos mais fracos.
Enfim, é importante relembrar o movimento de opinião e de contestação que por cá se gerou em torno da acção destas instituições, cujo poder é, em larga medida, efeito do lugar que os poderes públicos lhes atribuem. Entretanto, nada mudou, note-se, porque a UE está feita para aprofundar e não para mudar a lógica neoliberal. É claro que para Estados monetariamente soberanos os danos que estes oligopólios norte-americanos podem inflingir são menores. Na realidade, estas anti-democráticas agências dançam ao ritmo do pós-democrático BCE, o soberano da zona. Os povos dos Estados, claro, não são tidos nem achados.
É por estas e por muitas outras que falar de uma próxima crise financeira não é nada descabelado. Afinal de contas é uma previsão que assenta num padrão recorrente desde que a liberalização financeira se generalizou nos anos oitenta.

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