(In Blog O Jumento, 30/12/2017)
Político do ano
Se há três anos atrás se perguntasse a alguém se Marcelo ia ser Presidente da República todos acertariam; acertariam até no seu estilo populista ou no almoço com Santana Lopes; de Marcelo Rebelo de Sousa só não se sabia da hérnia umbilical, porque de outras relações umbilicais todos sabiam. Mas se alguém nos questionasse se em janeiro de 2018 o país viveria sem a ameaça do segundo resgate, reembolsaria rendimentos e acabava com a sobretaxa sem excessos do fisco e que um ministro das Finanças português seria presidente do Eurogrupo a nossa reação seria dar uma gargalhada, isso se não ligássemos de imediato para 112 a pedir para que o levassem para o Júlio de Matos.
Menções honrosas:
Menção Honrosa para o político populista do ano: Marcelo Rebelo de Sousa
Considerar Marcelo o político do ano seria a mesma coisa que ignorar o campeão europeu e considerar como treinador do ano o campeão do regional. Marcelo afirmou-se como a personalidade com mais credibilidade para consumo interno à base de beijinhos e abraços, encostando-se ao governo nos bons momentos e fazendo de líder da oposição quando dava jeito. Pelo caminho ajudou a derrubar Passos Coelho ao mesmo tempo que almoçava com Santana Lopes por ocasião do lançamento da candidatura deste à liderança do PSD.
Menção Honrosa para a sumidade em aritmética: Maria Luís Albuquerque
Dava seminários a funcionários do ministério das Finanças alemão, falava como se fosse uma sumidade na economia, até havia quem a apontasse como sucessora de Passos Coelho. Na oposição celebrizou-se com os seus comentários sobre as metas orçamentais, do cimo da sua sapiência até concluiu que eram aritmeticamente impossíveis.
Menção Honrosa para a especialista em previsões: Teodora Cardoso
Teodora Cardoso nunca aceitou que o governo pudesse ter sucesso invertendo a política económica no sentido contrário ao que ela tinha apoiado de forma tão militante e a sua teimosia foi tanta que acabou por perder a credibilidade. Começou por tentar descredibilizar o governo com previsões que se se vieram a revelar erradas, agora alinha as suas previsões com as do governo mas continua a prever o pior para o país a não ser que este siga a sua cartilha.
Menção Honrosa para a alcoviteira do reino: Marques Mendes
Durante o governo de Passos Coelho foi chamado a fazer o papel sujo na comunicação governamental, antecipava as noticias com o ar de contar grandes segredos, desta forma esgotava-se o debate em torno das más notícias para que, quando estas fossem tornadas públicas, já não fossem tema de discussão pública. Agora limita-se a fazer algumas alcoviteirices, enquanto se arma em pilar moral da sociedade política portuguesa. Depois de uma carreira política com 30 anos, o rei dos jogos de influências Marques Mendes é uma espécie de Dona Doroteia, a personagem da telenovela Gabriela que era o "Pilar moral da sociedade, mas que nos seus tempos de juventude já tinha sido quenga!
Menção Honrosa para o homem de negócios do ano: Paulo Portas
Habituado a luxos Paulo Portas tentou sair do governo enquanto se sentiu em alta, mas obrigado a aguentar-se até ao fim da legislatura acabou por ter sorte, saindo incólume e a tempo de se tornar num importante gestor de influências em negócios de países com democracias muito avançadas e sem corrupção, como a Venezuela, Angola ou Moçambique. Esteve duas vezes no governo e saiu-se sempre bem, desta vez até se esqueceu do seu programa na TVI24, onde até já havia um estúdio montado só para ele.
Menção Honrosa para o político desaparecido: Cavaco Silva
Em poucos meses deixou de se sentir fazer a falta dele, Marcelo não só correu com Passos Coelho como num momento de ilusionismo fez desaparecer Cavaco Silva.
Menção honrosa para o político mais assanhado: Assunção Cristas
No governo poupou energia dispensando os seus funcionários de usar gravata enquanto colhia as azeitonas das oliveiras plantadas no tempo de Jaime Silva. Na oposição conseguiu rasteirar Passos Coelho em Lisboa, tendo-lhe cabido organizar o funeral do ainda líder do PSD. Animada pelo sucesso em Lisboa Cristas parece ter ficado assanhada e desde então limita-se a uma verdadeira guerra de guerrilha que começa a enjoar.
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