(In Blog O Jumento, 12/12/2017)
O candidato não é grande coisa, já se sabe que vamos ter dois anos de circo itinerante, mas o sistema político português tem mais a ganhar com Santana Lopes do que com Rio. Santana assume-se claramente como sendo de direita, apoia claramente as políticas adotadas por Passos Coelho. Rui Rio não sabe bem se é de esquerda ou de direita, em vez de projetos políticos claros fala num 25 de Abril que ninguém percebeu o que era.
É bom que a direita deixe de andar armada em social-democrata, como se existisse uma social-democracia de esquerda ou uma democracia nascida da direita em vez de ser uma abordagem do marxismo. É bom que existe direita e esquerda e que tanto de um lado como do outro lado haja confronto entre projetos diferentes. É bom que o PCP e o BE não se confundam ou se armem em "PS". É mau que o CDS se assuma como apêndice do PSD ou que a única diferença entre os seus dirigentes e os do PSD seja o número de vezes que vão à missa.
Uma das piores heranças deixadas por Sá Carneiro foi esta capacidade da direita andar armada em esquerda, consequência dos tempos em que o PSD era um firme apoiante do MFA e grande defensor do socialismo. O PPD, depois PPD/PSD, é um caso de contrafação política, a ala liberal de um regime totalitário, para se disfarçar em democracia apropriou-se da designação de uma das grandes correntes do marxismo.
Santana Lopes é um dos poucos herdeiros da versão de direita e não travestida de Sá Carneiro, fazendo todo o sentido o regresso à designação de PPD, porque o seu partido nunca foi marxista, a não ser por mera conveniência cobarde, sempre foi de direita e populista.
Rui Rio e muitos dos que o apoiam nada têm de social-democratas, como é o caso de personalidades como Pinto Balsemão ou Morais Sarmento que são tão de direita quanto Passos Coelho ou Pedro Santana Lopes, mas insistem num falso discurso político.
Há toda a vantagem em que se clarifique qual a diferença entre o CDS e o PSD e se for caso disso levar à extinção de um partido; o CDS foi um clã ao serviço da ambição política de Paulo Portas, sendo hoje uma frente de apoio aos negócios que o seu líder anda fazendo em paragens e em empresas especializadas na corrupção que grassa nalguns países.
É tempo de acabar com a farsa do centro e dos blocos centrais e de uma direita que por não se afirmar ideologicamente se organiza em torno de políticos que atuam como velhos senhores da guerra. Uma liderança do PPD por Rui Rio significa a continuação desta farsa que há décadas apodrece a vida política portuguesa. O país e o PPD têm mais a ganhar com esta clarificação e não vale a pena sugerir que com este ou com aquele candidato o PPD ganha ou perde eleições. Rui Rio é um candidato tão fraco quanto Pedro Santana Lopes e não é por ser uma marioneta do Balsemão ou de Manuela Ferreira Leite que irá mais longe.
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