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sábado, 20 de janeiro de 2018

Brexit: punir o Reino Unido?

por Telmo Azevedo Fernandes

Customs-Duty

De forma mais ou menos dissimulada, continua a perpassar entre os dirigentes europeus e a opinião pública em geral a ideia de “punir” o Reino Unido pelo Brexit, desde logo colocando em causa ou condicionando o “acesso” ao mercado único da União Europeia.

A imbecilidade de tal coisa seria óbvia a todos não fosse o caso de, mesmo depois de séculos passados sobre a publicação de tratados fundamentais de Economia e da exaustiva evidência histórica, o conceito de vantagem comparativa não ser ainda compreendido (perdoa-lhes David Ricardo!) e o mercantilismo estar vivo como nunca (não faças caso, Adam Smith!).

Gostava de lembrar que Portugal não faz importações. Quem compra bens e serviços aos britânicos são os indivíduos e as empresas. Convém também não esquecer que o consumo de produtos e serviços estrangeiros é fruto das opções autónomas e voluntárias de cada um de nós.

Ninguém me obriga a comprar chá inglês ou uma camisola de lã escocesa. Compro esses produtos porque quero usufruir deles e prefiro ter esses bens a gastar o meu dinheiro noutras coisas ou de outras origens.

Assim, qual o argumento moral para que políticos se arroguem o direito de decidir por mim a origem dos produtos que posso consumir? Ou que direito terá a UE de, através de eventuais futuras tarifas às importações britânicas, me obrigar a pagar mais caro por produtos que poderia obter gastando menos dinheiro, não existisse esse imposto adicional? É o estado e os burocratas que decidem se é melhor comprar “europeu” ou britânico? A que propósito os produtores de chá e camisolas de lã “internos” seriam beneficiados à minha custa?

Além de indefensável à luz dos mais elementares princípios de economia e de ser um valente tiro no nosso pé, impedir ou tornar mais difícil o livre comércio entre o Reino Unido e a União Europeia no pós-Brexit é eticamente condenável.

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