Posted: 03 Jan 2018 01:57 PM PST
Making China Great Again (Evan Osnos)
«As Donald Trump surrenders America’s global commitments, Xi Jinping is learning to pick up the pieces.»
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Assim vamos em termos de Saúde
Posted: 03 Jan 2018 09:55 AM PST
Carta aberta ao senhor Ministro da Saúde:
Exmo Senhor Ministro da Saúde Dr. Adalberto Campos Fernandes,
1. Na quarta-feira dia 27.12.17 dirigi-me às urgências do Hospital de Santa Maria com uma dor precordial muito forte. Uma vez que tenho pericardite recidiva ( duas em 2016 e um episódio em 2017) devidamente diagnosticada e que me mantiveram internada quer em Portugal, quer na Alemanha, conheço bem os sintomas.
Chegada à urgência não havia nem maca, nem uma cadeira de rodas para me sentar. Valeu-me o voluntarismo de um agente da PSP, que conhecendo o Hospital, me conseguiu desencantar uma cadeira.
A fila para a inscrição na urgência era extensa e nenhuma observação, monitorização ou canalização de veia foi feita porque faltava o "acto administrativo".
Não sendo eu profissional de saúde acredito que um "acto administrativo" (ou a falta do mesmo) não seja impeditivo de prática clínica. Ou vivemos numa república kafkiana?
Acrescento que uma dor precordial é sempre prioritária (como um AVC) haja ou não fila.
Foi-me atribuída uma pulseira amarela na triagem e fiquei na sala de espera, sem que nenhum tipo de medicação para a dor me fosse administrado.
Fui observada por uma médica de medicina interna que prescreveu análises sanguíneas, um ECG e um raio x ao coração. Entre a minha entrada em Santa Maria e a realização de todos os exames (entrada antes das 21 horas) passaram-se mais de cinco horas.
2. A médica, apesar de eu ter contado todo o meu historial e ter explicado que passo boa parte do ano em países em desenvolvimento e junto das populações e os mais carentes dos carentes como os refugiados, desvalorizou esse factor, e não prescreveu uma ecografia cardíaca que usualmente permite fazer o diagnóstico da pericardite quando os outros meios complementares de diagnóstico não a detectam.
Aproveito aqui para questionar porque razão os hospitais portugueses não estão ligados em rede permitindo ao clínico saber a que procedimentos o paciente já foi submetido e a sua história clínica? Em vez de eu contar, não teria sido mais fácil ver todos os exames e o meu processo no Hospital Central de Vila Real onde estive internada em Novembro de 2016?
Em resumo: com uma queixa cardíaca, não fui vista por um clínico da especialidade e fui enviada para casa com Aspergic e um "se se sentir mal volte amanhã".
3. No dia 28.12.17 como a dor não havia passado dirigi-me às urgências do Hospital da Luz onde após uma bateria de exames - que paguei à cabeça - foi-me iagnosticada pericardite e ordenado internamento.
A pergunta que coloco neste ponto é: se o paciente não tiver capacidade económica para pagar exames complementares de diagnóstico sujeita-se à sorte ou ao azar? Isto é responsável (já nem falo em ético)?
4. A minha epopeia hospitalar não acaba aqui. O Hospital da Luz não tinha vagas para internamento. Pediram-me que pagasse os exames e a urgência e que procurasse pelo meu pé um quarto de hospital. Nem um contacto telefónico foi feito.
A pergunta neste ponto, para o senhor ministro e os administradores do privado é: o doente é um cliente, que paga salários e sustenta todo o sistema, ou é um mero factor de lucro ou prejuízo? Onde andam as boas práticas ou mesmo a decência?
5. Continuando, com o meu carro privado, dirigi-me a CUF Descobertas. Lá quando me apresentei na recepção mostrando todos os exames feitos no Hospital da Luz, respondem-me "tem que passar pela triagem" , mas não respondem à pergunta "tem vaga para internamento". Ou seja estavam dispostos a cobrar a taxa de urgência a uma doente com o diagnóstico feito.
Percebendo que eu já não estava para brincadeiras o enfermeiro que me atendeu e que foi sincero: "não temos quartos" e "não vou iniciar o processo". Cancelou a urgência e não me foi debitado a taxa. Telefonar para outro Hospital? Falso alarme.
6. Da CUF Descobertas dirigi-me para o Hospital dos Lusíadas, não sem antes ter telefonado e perguntado se havia vagas, "não lhe podemos dar essa informação pelo telefone". Neste hospital fiquei internada de 28.12.17 a 1.01.18 devido à pericardite.
A minha pergunta é: se não tivesse 550 euros para pagar à cabeça como caução pelo internamento - entre exames e outras despesas foram cerca de mil euros em 24 horas - onde ficaria? O que me aconteceria? Se nas deslocações entre hospitais me acontecesse algo quem se responsabilizaria?
7. Durante o tempo que esteve nos Lusíadas - onde a enfermagem, médicos de medicina interna e demais pessoal, foram de uma extrema simpatia e dedicação - não fui vista por um cardiologista, mas a "concertação" foi feita entre os médicos de medicina interna e alguém da cardiologia que eu nunca vi. Só ontem, em consulta nos Lusíadas, já depois de ter alta, fui vista por uma referência da cardiologia nacional.
As perguntas neste ponto são: não há médicos especialistas nos hospitais privados em época festiva? O que explica que uma doente cardíaca tenha de se deslocar da sua cama, em cadeira de rodas, até um consultório para que lhe sejam observados os ouvidos com um otoscópio preso à parede, porque os demais instrumentos ficam fechados aos fins de semana e feriados?
Esta exposição segue via postal acompanhada de todos os exames e demais documentação.
Mais do que uma resposta do senhor ministro, agradeceria que houvesse uma reflexão séria sobre os problemas graves que enfermam o sistema de saúde.
Com os melhores cumprimentos e votos de um Saudável 2018.
Helena Ferro de Gouveia
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Posted: 03 Jan 2018 06:50 AM PST
Como o presidente honorário do PS e o ex-coordenador do BE querem salvar o SNS.
«António Arnaut e João Semedo uniram-se para apresentar uma nova proposta de Lei de Bases da Saúde, debate que deverá ganhar forma nos próximos meses. Acreditam que ainda é possível salvar o SNS.»
Uma entrevista a ambos, a ler com atenção. O que está em jogo é mais do que fundamental.
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Posted: 03 Jan 2018 03:19 AM PST
«Seis vezes o Presidente invocou a palavra “reinvenção”: é preciso “reinventarmos o futuro” sabendo o que foi 2017; o ano que entra deve ser o dessa “reinvenção”; a reinvenção “é mais do que mera reconstrução material e espiritual” depois das tragédias; apelou por isso à “reinvenção da confiança dos portugueses na sua segurança” e à “reinvenção pela redescoberta desse, ou talvez mesmo desses vários Portugais esquecidos”; e concluiu que é preciso uma “reinvenção com verdade, humildade, imaginação e consistência”.
PUB Reinventemos, então. Mas reinventemos exactamente o quê, ou, o que é mais difícil, reinventemos como? Se a tentação da beleza da forma não nos asfixiar, importa notar que o uso deste tipo de expressões deve ser cauteloso, raro e reservado para projectos verificáveis. Suponho que os leitores e leitoras têm a mesma sensação que eu quando passava por um cartaz eleitoral que, em letras garrafais, nos anunciava que o partido tal é “mudança”. Ou que se lembram que o anterior primeiro-ministro, da feliz coligação PSD-CDS, anunciou que cada um dos seus orçamentos — logo chumbados pelo Tribunal Constitucional — inaugurava o tempo de “viragem”. De todos estes eflúvios, sobrou pouca “mudança” e nenhuma “viragem”. As palavras esgotaram-se porque não eram nada.
Como fica então a “reinvenção”? Pois vejamos. Será Europa? Costuma ser, nada se faz em Portugal sem a referência espiritual a essa Europa mítica, mas de mão pesada. E na Europa não se fala de outra coisa, à boleia de Macron, mas também à boca pequena se anuncia tormenta: nem ministro das Finanças europeu, e lá saía Centeno da presidência do Eurogrupo, nem orçamento reforçado, antes empobrecido, nem líderes prometedores, é a vez de um banqueiro alemão para acabar com as frescuras do BCE. E depois há a Polónia e a Hungria e a República Checa nas mãos da direita facínora, e as eleições italianas disputadas entre Grillo e Berlusconi, e a crise catalã nas mãos de Rajoy. Reinvenção, nada, só desespero, com os eurocratas a convocarem tragédias, se em poucos meses não se fizer nem eles sabem o quê. Não, reinvenção não é Europa.
A bem dizer, nem é isso que o Presidente sugere. A leitura possível da sua “reinvenção da confiança” na segurança remete para a protecção das populações do interior e para a reforma da floresta, que tropegamente vai começando, e, porventura, para o funcionamento do Estado nas suas funções essenciais. Só que reinventar os serviços públicos e proteger os bens comuns exige, agora sim, uma dedicação estratégica que parece faltar na política portuguesa e que leva a que as tragédias sejam tratadas como sustos. Queremos um Serviço Nacional de Saúde com capacidade? Pois é preciso que haja compromisso de carreiras exclusivas, bem pagas, em medicina, enfermagem e cuidados especializados, e investimento técnico substancial. Queremos uma Justiça que não seja anedota na imprensa amarela? Pois é preciso magistrados e outros agentes que imponham respeito, que não torçam as regras, que investiguem antes de prender, que só usem a força do Estado quando for imperioso, que tenham tempo para decidir em cada caso para uma Justiça que cumpre prazos. Tudo isso custa dinheiro, custa competências e precisa de pessoas. Queremos uma Segurança Social que respeite os idosos? Custa pensões melhores e sobretudo apoios sociais dirigidos a quem precisa.
Aí, com franqueza, não é preciso reinventar, porque já sabemos o que nos espera. Bastou um imposto marginal sobre casas de valor efectivamente superior a dois milhões para se anunciaram manifestações dos indignados dos palacetes. Bastou uma taxa de solidariedade a pagar pelas empresas energéticas que vivem da renda garantida pelo Estado para o Governo ceder à chantagem da China. Ficamos mesmo com o problema da reinvenção: exige querer.»



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