CTT: quem fala assim não é gago
Posted: 05 Jan 2018 12:28 PM PST
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05.01.2011 – O dia em que morreu o meu amigo Malanga
Posted: 05 Jan 2018 08:48 AM PST
Há sete anos, morreu-me um amigo. Malangatano foi certamente um artista extraordinário, mas é sobretudo alguém que recordo com uma enorme ternura.
Tenho aqui à minha frente, desde há muitos anos, este autoretrato que ele pintou numa folha do Record e me ofereceu – é exemplar único. Data de 1972, ano que passou em grande parte em Lisboa, mais ou menos acampado no atelier de alguém que também já não anda por cá e que de quem fui muito próxima: o arquitecto Manuel Vicente.
Convivemos num vasto grupo de amigos e não resisto a recordar uma pequena história. Talvez ninguém tenha andado aos saltos com Malagantana numa cama elástica e eu andei. Era um daqueles fins-de-semana prolongados, com um feriado que os espanhóis não festejam connosco (5 de Outubro, se não me engano) e foi-se até Madrid. Já não sei bem como nem porquê, um dos serões acabou algures numa espécie de cabaré onde estava em cena um espectáculo mais ou menos ginasticado. A páginas tantas, pediram insistentemente que dois espectadores fossem ao palco e saltassem, alternadamente, em cada uma das pontas de uma cama elástica. O Malanga e eu decidimos entrar na brincadeira e, como ele nunca foi leve e eu ainda não tinha engordado, cada um dos seus impulsos fazia-me subir quase ao tecto, para grande gáudio de toda a assistência – voei, no sentido estrito da palavra, como nunca me aconteceu na vida, nem antes nem depois.
Ao longo dos anos, sempre que nos reencontrávamos, ele repetia, com aquele sorriso inesquecível e do tamanho do mundo: «Patrícia, temos de voltar a saltar numa cama elástica!». Mas não voltámos. Nem voltaremos. Porque ele já deu o salto definitivo.
Quando morreu, o Manuel Vicente escreveu-me isto no Facebook: «Speechless! Um pouco de nós morre sempre com cada grande amigo. Vê lá se te vais aguentando.» Mas foi ele, Manel, que também não se aguentou.
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Posted: 05 Jan 2018 06:26 AM PST
El Supremo mantiene en prisión a Junqueras “por no abandonar la vía unilateral”.
Lamento nunca ter sido suficientemente grata aos nossos Quarenta Conjurados de 1640.
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Dia de Reis explicado aos republicanos
Posted: 05 Jan 2018 03:14 AM PST
«Gostava de começar o ano com um tema leve e fresco e que não ofende ninguém. Vou tentar, prometo.
Amanhã é Dia de Reis e eu tenho uma especial predilecção pelos Reis Magos. À partida identifico-me com gente que chega atrasada. Em relação aos Reis Magos, muita gente ainda se questiona por que raio é que eles traziam aquelas prendas parvas: ouro, incenso, e mirra. E a mirra, ainda por cima, nem sequer era da Chico.
Como é óbvio, as ofertas não era apenas estas, havia muito mais prendas. Ninguém faz milhares de quilómetros de camelo, a olhar para uma estrela, para levar incenso a um recém-nascido.
Além das prendas que eles entregaram, na lista de ofertas, havia ainda: trinta faisões estufados, seis lampreias de ovos, uma dúzia de sapateiras, etc. Tudo coisas que se estragavam, e como eles se atrasaram, acabaram eles por comer tudo, em vez de se estragar.
Supostamente, os nomes das criaturas eram: Gaspar, Baltazar e Melchior. E nesta altura surge sempre a dúvida, qual deles é o negro? É o Baltazar. Eu arranjei uma maneira fácil de decorar: O negro é o que acaba em -azar.
O Dia de Reis é muito importante para os espanhóis. Em Espanha, os miúdos só amanhã é que recebem os presentes. Já os nossos destruíram os deles, ainda os outros não receberam. O mundo é injusto.
Voltando aos Reis Magos, dizem os estudiosos de pessoas que oferecem mirra a crianças que as relíquias dos Magos foram transportadas para Constantinopla, e de lá passaram para Milão, de onde, depois foram transladados para Colónia, em cuja catedral são até hoje veneradas. Agora que já sabem onde estão os restos dos Reis Magos, não há desculpa para não darem um salto a Colónia nem que seja para depositar uma coroa de flores e um cheque incenso/mirra no túmulo onde estão partes do que outrora foram os bonitos Reis Magos dos vossos presépios.
Os camelos também lá estão, porque os Reis perderam-se no caminho para casa, e ficaram sem nada e tiveram de comer os camelos. Por azar, aquilo até nem eram camelos. Eram dromedários. Camelos árabes. Que, infelizmente, têm só uma bossa o que dá logo para menos picanha. Mas da cauda faz-se uma sopa de rabo de camelo que vai muito bem com areia.
Adeus e cuidado porque andam por aí pessoas que se escondem dentro do bolo-rei, no lugar da fava, e que, durante a noite, quando estamos a dormir, assaltam as casas. Pelo sim pelo não, é melhor não comprar bolo-rei em sítios esquisitos. Fiquem-se pelo bolo-rei tradicional das bombas de gasolina.
Até para a semana, e deixo aqui um aviso importante de fim de festas: não abandonem as vossas árvores de Natal perto de casa, levem-nas para longe, senão, depois, vão dar com elas a arranharem a porta de casa a quererem voltar. Está bem?
Bom ano.»


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