por rui a.
Nunca acreditei na vitória de Rui Rio nas eleições internas do PSD. Parecia-me que a máquina do partido se movia maioritariamente contra ele e, por outro lado, as suas prestações na campanha, sobretudo no primeiro debate televisivo, foram muito más. Rio - e não fui o único a escrevê-lo - parecia estar fora da política, ao contrário de Santana, cujas mil e uma vidas lhe voltaram a dar uma capacidade de combate que me impressionou. Todavia, pode ter sido essa a vantagem do agora presidente eleito: as pessoas comuns estão fartas de políticos e podem ter preferido quem mais aparenta estar-lhes próximo e distante dos conventículos partidários. Rio ganhou. Parabéns a Rui Rio.
Ao invés da opinião dominante, não acredito que Rio esteja disposto a facilitar a vida a António Costa e ao governo do PS. Como, aliás, também escrevi, parece-me que ele será um líder mais assertivo contra o PS, do que Santana poderia ter sido. Acredito nisso, por diferentes razões, mas, sobretudo, porque Rio tem um killer instinct, que o longo tempo de espera para a liderança do PSD terá certamente refinado, que Santana, habituado, de há muito, a convier com a política lisboeta, já não tem, se é que alguma vez teve. Por isso, acho que Rio vai surpreender na oposição que vai fazer a António Costa, bem como nas relações internas do seu partido, onde certamente não será um pau mandado dos baronetes que ajudaram a elegê-lo. Cavaco também foi eleito por alguns, e virou as costas a quase todos. Pense-se em Eurico de Melo, Carlos Macedo (que expulsou do partido) ou o pessoal da «Nova Esperança».
Posto isto, reafirmo o que sempre disse: Rui Rio está excessivamente velho para ser um líder de longo prazo, e a direita precisa de muito tempo para se estabilizar e encontrar um projecto alternativo ao socialismo. O futuro do PSD e de um projecto de direita para o país dificilmente passarão por aqui. Mas, tal como me enganei no vaticínio sobre as eleições do partido laranja, talvez me possa enganar sobre isto. Mas duvido muito: a vida é o que é e o tempo não pára.
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