Translate

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Nazaré, 2017

por José Gabriel

Esta é a paisagem exacta, grandeza com medida de gente, beleza feita de natureza e povo. Num só olhar enchemos a alma. Há mar, serra, céu, casas que sobem as colinas com uma doçura ancestral. Nada é infinito e esmagador, nada é insignificante. Nada fica inatingivelmente longe, nada é intrusivamente perto. Nada é abismal no que é natural, nada é desmesurado no que é humano. E algo tem de haver nas coisas em si para que surjam tão belas aos nossos olhos. Não sei o que é. Sei que tudo tem a exacta distância, a rigorosa dimensão. Até a neblina se espalha sobre a paisagem como se cuidasse manter as proporções do conjunto. Sentimo-nos no preciso ponto a meia distância entre o céu e a terra. Tudo está no seu lugar. Só o voo das gaivotas pode desenhar livremente sobre a paisagem, mas nem ele transgride os seus limites; como se elas soubessem.

Sem comentários:

Enviar um comentário