09.01.2018 às 10h25
JOSÉ CARIA
Ex-vice presidente de Rui Rio na Câmara do Porto diz que as eleições do PSD estão “viciadas” por sindicatos de votos ilegais que “põem em causa a legitimidade” dos resultados. Em causa está o pagamento excecional de quotas de militantes: 20 mil sociais-democratas pagaram no ultimo dia do prazo
Num artigo publicado, esta terça-feira no jornal "Público", Paulo Morais acusa de "fraudulentas" as eleições que, no próximo sábado, vão escolher o próximo líder do PS. Em causa está a corrida ao pagamento de quotas por parte de militantes.
"Dos cerca de 70 mil militantes (70.385) em condições de votar", diz o fundador e presidente da Frente Cívica, "20 mil viram as suas quotas pagas num só dia, o dia do fecho dos cadernos eleitorais, a 15 de dezembro. Cerca de metade teria pago a sua quota nos últimos 15 dias do prazo".
A conclusão tirada por Paulo Morais é simples. não foram os militantes a pagar as quotas – habilitando-se, assim, a poder votar para eleger o líder – mas sim "os mandantes que controlam os cadernos eleitorais". Nada de novo, diz o ex-candidato à Presidência da República, que reconhece que estas megaoperações de pagamento de quotas são "uma prática massificada e já antiga no PSD".
A conclusão é outra e remete para um vício nas eleições internas do partido. Segundo Morais, um grupo de "caciques" tornou-se chefe de "um rebanho de militantes – levados ao sacrifício de votar de forma acrítica" e são agora capazes de "controlar a política nacional". "O futuro presidente do PSD, eventualmente primeiro-ministro de Portugal (...) estará sempre refém dos caciques que lhe entregaram a presidência do partido", escreve.
Paulo Morais, que foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto quando Rui Rio foi presidente, aponta o dedo à Comissão Nacional de Proteção de Dados e ao Ministério Público que "por inoperância" nada fazem para travar esta situação. As situações são conhecidas e partem de um acesso indevido às bases de dados do PSD, uma vez que "terá sido violado o direito dos militantes à não difusão dos seus dados pessoais".
"Estas ilegalidades põem mesmo em causa a legitimidade dos atos eleitorais internos dos partidos", prossegue Paulo Morais, para quem as eleições do PSD são "fraudulentas". "O ato eleitoral interno do PSD deveria mesmo ser invalidado. Porque houve uma interferência ilícita no colégio eleitoral e, indiretamente, na liberdade de voto dos militantes; e porque houve uma diminuição óbvia das condições de democraticidade interna", conclui.
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