(Carlos Esperança, in Facebook, 26/01/2018)
Quando a insensibilidade, a ignorância e a debilidade democráticas chegaram aos mais altos cargos do Estado, apagaram do calendário dos feriados, duas datas identitárias do povo que somos e da nação que temos, o 1.º de Dezembro e o 5 de Outubro.
Varridos os autores, sem honra nem glória, com militantes vexados com a ignomínia a que a solidariedade partidária os obrigou, não restava, a qualquer governo digno, outra alternativa que não fosse a reposição, como aconteceu.
Lamentavelmente, parece estar em curso o apagamento da data maior da Liberdade, em quase 9 séculos de História, o 25 de Abril. Exceto para os denegrir, os nomes de Melo Antunes, Vítor Alves, Carlos Fabião, Rosa Coutinho, Vítor Crespo, Salgueiro Maia, Costa Gomes, Marques Júnior, Costa Martins ou Vasco Gonçalves, para referir apenas alguns dos que faleceram, raramente são relembrados.
Quando só recordamos divergências e esquecemos aqueles a quem devemos a liberdade, deixamos de merecer a democracia, não faltando quem a queira derrubar.
Primeiro exoneraram da lapela os cravos, depois votaram ao esquecimento os heróis da Revolução e, finalmente, esperam que o tempo apague a carga ideológica para sepultar a data, os protagonistas e os sonhos de que foram portadores.
E nós, os que recebemos a liberdade, juntamos à ingratidão o desleixo, e desistimos de fazer a pedagogia cívica que devíamos, alheados do ruído destinado a minar as bases da democracia, à espera de um outro 28 de maio a que a desintegração da União Europeia, a acontecer, rapidamente nos conduz.
Um povo sem memória não perpetua um país, preenche um espaço sem identidade.
É por isso que amanhã, sábado, um grupo de fascistas, usando a liberdade que o sinistro ditador Salazar sempre negou aos adversários, vai prestar-lhe homenagem (ver notícia aqui). Os fascistas acabam por demonstrar a superioridade da democracia, mas os democratas não podem acreditar que a democracia é eterna.
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