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Assim que chegámos a Penha Garcia apontaram para uma aldeia no horizonte. “Ali está Monsanto, a aldeia mais portuguesa de Portugal”. É também um dos locais preferidos dos japoneses”. A afirmação deixou no ar muitas questões. Mas afinal porque é que uma aldeia histórica em Idanha-a-Nova é um dos roteiros favoritos dos turistas japoneses?
Monsanto
“Começou tudo com um programa televisivo que foi filmado em Monsanto e que foi transmitido num dos canais de televisão do Japão. Depois dos portugueses e espanhóis, os japoneses são um dos grupos do mundo que mais visita Monsanto. O Japão é um país densamente povoado, com um desenvolvimento tecnológico muito grande, um povo muito organizado, e a aldeia oferece aquilo que toda a gente gosta de ver e experienciar”, explica Armindo Jacinto, presidente do Geopark Naturtejo.
Monsanto
Monsanto atraí os sentidos pela grandeza e opulência graníticas. Os Barrocais pintam a paisagem, numa aparente desordem construída de forma natural ao longo de milhões de anos. O Geopark Naturtejo tem aproveitado a beleza natural da paisagem para desenhar programas e rotas que levem os turistas a conhecer as histórias e lendas da região. Mas será que existem programas pensados especialmente para os turistas japoneses?
Monsanto
“As agências de viagens do Japão quando programam a Europa, programam Portugal. Metem na capa Monsanto com uma imagem positiva, como um roteiro a conhecer e também foi isso que levou mais de 300 profissionais a votar na aldeia de Monsanto como uma das mais belas vilas e aldeias históricas da Europa”, acrescenta. A rota costuma ser sempre a mesma: do Japão, vão até Madrid, passam por Monsanto e regressam.
Monsanto - Jorge Órfão
“Para quem vive numa área urbana com 36 milhões de pessoas, vir até Monsanto, encontrar casas muito genuínas, poder conversar com as gentes e circular numa aldeia, de facto é uma atracção muito forte. Depois se somarmos a isso toda uma cultura tradicional, tudo isso é muito atraente e eles adoram, e sobretudo adoram fazer selfies!”, explica Armindo.
Monsanto
Nas planuras da Beira interior, entre o sopé da Serra da Gardunha e o rio Ponsul, que formam na sua geografia, clima e fauna a transição entre o Norte e o Sul de Portugal ergue-se sobre uma alta penedia a aldeia histórica de Monsanto. Conta-se que a povoação terá resistido deste baluarte, durante 7 anos, ao cerco posto pelos romanos no séc. II a. C., feito que está na origem da Festa das Cruzes, que a aldeia comemora todos os anos, no dia 3 de Maio. No séc. XII D. Afonso Henriques doou a povoação conquistada aos Mouros à Ordem dos Templários, cujo Mestre em Portugal, Gualdim Pais mandou reconstruir o castelo.
Monsanto
A aldeia oferece das paisagens humanas mais interessantes que se podem encontrar em Portugal. O aglomerado vai-se desenvolvendo sobre a encosta do cabeço aproveitando pedregulhos de granito para as paredes das habitações e em alguns casos um único bloco de pedra forma o telhado, razão por que aqui se diz que as casas são "de uma só telha".
Monsanto
Alguns palacetes brasonados, portais manuelinos, a casa onde viveu e exerceu clínica o médico e escritor Fernando Namora, que aqui se inspirou para o seu romance "Retalhos da Vida de um Médico", acrescentam interesse ao passeio pelas ruelas íngremes.
Monsanto
De entre o casario destaca-se a Torre de Lucano (séc. XIV) encimada por um galo de prata, troféu atribuído a Monsanto num concurso realizado em 1938 onde foi considerada a aldeia mais portuguesa de Portugal, pela autenticidade da sua cultura. A difícil subida até ao castelo é largamente compensada por um dos mais deslumbrantes miradouros da região.
O que visitar em Monsanto?
1. Miradouro Praça dos Canhões
Logo à entrada da aldeia histórica de Monsanto, do lado direito da estrada, encontra-se o miradouro da Praça dos Canhões que oferece uma vista magnifica sobre as planícies que rodeiam Monsanto. A vista pode ser apreciada lado a lado com os canhões em tempos usados como protecção do reino.
2. Igreja Matriz
Uns metros mais acima encontra-se a Igreja Matriz de Monsanto. Mantém ainda uma porta romana e diz-se que as suas origens datam do século XV, tendo sido restaurada no século XVIII. É um edifício imponente, perfeitamente conservado.
3. Castelo
O Castelo de Monsanto está localizado no ponto mais alto da colina, a 758 metros de altura. A subida é feita a pé, pelos caminhos de pedra que vão desde o centro da aldeia até às suas ruínas. Apesar da escassa informação concreta sobre a sua origem, diz-se que poderá ter sido construído por volta do ano de 1165, durante o reinado de D. Afonso Henriques. Hoje em dia é ainda possível ver as ruínas da Torre de Menagem, da capela de Nossa Senhora do Castelo, para não falar da vista absolutamente magnífica. As ruínas do castelo são ainda palco, todos os anos em Maio, da festa de Santa Cruz, de origem pagã.
4. Gruta
A caminho do castelo, escondida numa das ruas da aldeia, encontra-se uma gruta escavada numa grande rocha. No seu interior é ainda possível ver alguns vestígios da sua ocupação humana. É um espaço muito reduzido mas que não deixa de ter interesse do ponto de vista histórico.
5. Necrópole de São Miguel
Junto às ruínas do Castelo e à Capela de São Miguel, encontra-se a necrópole de São Miguel. Aqui é possível ver sepulturas em pedra perfeitamente preservadas. Estas sepulturas (sem tampa) eram esculpidas nas rochas e tinham o formato do corpo ao qual eram destinadas.
6. Capela de São Miguel
Junto à entrada para o Castelo encontra-se esta capela românica da qual restam as paredes e um altar em pedra no seu interior. Não é permitida a entrada na capela, mas é possível espreitar pelas grades que tapam a entrada, vendo a totalidade da sua área.
7. Penedo do Pé Calvo
O Penedo do Pé Calvo é outro local perfeito para admirar a vista fabulosa que Monsanto oferece. Está localizado na encosta do lado direito da colina, a meio do caminho do centro da aldeia para o Castelo.
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