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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Das teorias da conspiração

por rui a.

Durante anos, a direita teve quase sempre o bom senso, contrastando com a posição habitual do PS, de não imputar segundas e terceiras intenções à justiça, olhando para as investigações, inquéritos e processos judiciais com a normalidade que devem ter num Estado de direito democrático: há notícia de um eventual crime, o MP abre inquérito e investiga, os interessados apresentam as suas razões e, se o caso chegar a tribunal, presume-se que a justiça seja capaz de o concluir com o atributo que lhe dá nome.

Ainda há dias assistimos a isso mesmo com Miguel Macedo, que teve que se demitir do governo para não o comprometer com as suspeitas que sobre si recaiam, que estavam em investigação e que agora parecem demonstrar-se completamente infundadas. Em contrapartida, também recentemente assistimos ao caso dos bilhetes de futebol de Centeno, que deu azo a um necessário inquérito do MP, rapidamente encerrado por falta de matéria. A esquerda incomodou-se. À direita não costumam haver «cabalas», «conspirações», nem peregrinações a Évora.

Por isso são de estranhar estas declarações da novel vice-presidente do PSD, que, face a um inquérito do MP sobre denúncias, já com algum tempo, a respeito da sua gestão na Ordem dos Advogados, venha dizer que a querem «tramar» e que «não me demito se for constituída arguida». Numa direcção liderada por alguém que sempre prezou a transparência na vida pública e que faz dela, agora, uma bandeira do partido, é, no mínimo, estranha esta tendência exibida para as teorias da conspiração.

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