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terça-feira, 20 de março de 2018

A propósito de António Champalimaud

por helenafmatos

Jaime Nogueira Pinto: Era o tempo da segunda industrialização e do início de um ciclo de oiro do desenvolvimento económico-social, que acabaria entre a crise energética de 73 e o 25 de Abril. Um tempo de grandes patrões da indústria e da banca – Jorge e José Manuel de Mello, Manuel Boullosa, Manuel Queirós Pereira, Manuel Espírito Santo, Artur Cupertino de Miranda e outros. Apesar da guerra de África – ou devido a ela – o país mudava em mentalidade, e a sociedade portuguesa ia absorvendo o que acontecia lá fora. (A ideia de que foi o 25 de Abril que mudou socialmente os hábitos e os costumes é uma visão ideológica de propaganda que toma o efeito por causa e não quer perceber que foi o contrário: precisamente porque a sociedade já estava em mudança é que veio a mudança política… que, curiosamente, interrompeu o tempo de crescimento e desenvolvimento).

O golpe de Estado-revolução não poupou os grupos económicos, ainda que os seus líderes tivessem prestado lip service à nova situação. Foi um processo a contramão da História: quando o socialismo soviético e leste-europeu entrava em crise disfuncional e a China estava nas vésperas das reformas de Deng Xiao Ping, instaurava-se aqui um socialismo mais ou menos burocrático, oportunista e folclórico, cujas consequências se prolongariam e ficariam connosco muito para além do tempo e dos eventos que lhe deram origem.

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