por estatuadesal
(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 01/03/2018)
Usar a Justiça para fazer ataques políticos é a mais velha perversão da democracia. Quem assim age está a expor a sua impotência intelectual, pois foge do confronto de ideias e da procura de acordos, entregando-se à violência de uma pulsão totalitária. Com estas pessoas não há qualquer possibilidade de diálogo posto que elas só aceitam a sua gula de poder como critério de sucesso. Merecem ser tratadas com tolerância zero pois são terroristas, desprezando a racionalidade e o bem comum.
Se o que acontece com Sócrates, Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento acontecesse com um político do PSD ou CDS e outros magistrados quaisquer, a obrigação de denunciar a degradação da comunidade, da sociedade e do regime que a judicialização da política provoca seria exactissimamente a mesma. E, nessa alternativa, provavelmente veríamos o que vemos agora: aqueles que utilizam a Justiça como arma política igualmente a atacarem seja quem for que se apresente independente, neutro e livre na crítica ao que estão a fazer. Para os fanáticos, a moderação e a objectividade são inimigos ainda piores do que aqueles que perseguem, não suportam a coragem de quem lhes mostra quão destrutiva é a sua influência na cidade.
Nesta entrevista, Pinto Monteiro volta a contar a mesma história que conta há anos e anos. É um relato onde os factos nunca são contestados. Os caluniadores têm de saltar por cima de todas as evidências para continuarem a envenenar o espaço público. As evidências dizem respeito à impossibilidade de Pinto Monteiro ter influenciado fosse no que fosse as investigações feitas a Sócrates durante o seu mandato, a começar pelo estatuto de independência de cada magistrado e a terminar no poder do sindicato e do CSMP. As evidências continuam com o extenso rol de decisões que provam como o ex-procurador-geral da República decidiu que se investigasse o que havia para investigar à luz da Lei. E as evidências culminam naquilo que Noronha do Nascimento resumiu desta maneira, cito de memória: “Se as escutas onde Sócrates foi apanhado – as quais foram consideradas pela Justiça como inúteis para qualquer investigação, e por isso destinadas a serem destruídas – tinham algum indício de crime, por que razão não aparecem publicadas?”. Ou seja, numa situação onde o segredo de justiça foi violado sempre que se quis e como se quis sempre que aparecia algo que pudesse ser ligado a Sócrates nem que fosse pelo cheiro, então ele seria preservado logo naquele naco onde o gatuno tinha sido apanhado com a galinha na mão? Se Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento tivessem feito essa golpada, acaso os sindicatos dos procuradores e dos juízes, mais os respectivos Conselhos Superiores, mais os partidos da oposição e, finalmente, o saudoso e heróico Presidente Cavaco, ficariam impávidos e serenos a ver passar a procissão? A referência ao Tribunal de Aveiro e sua deliberação sobre essas mesmas escutas pode até ficar sem comentário.
Houve e há dirigentes e deputados no PSD de Ferreira Leite e de Passos, Pacheco Pereira incluído e talibãs do CDS por arrasto, a que se junta o coro dos profissionais da calúnia no extenso laranjal mediático, que irão morrer a repetir que Pinto Monteiro foi um dia almoçar com Sócrates, e já depois de ter abandonado as suas funções na PGR, porque foram parceiros de corrupção. Qual a relação desse almoço seja com o que for que tenha influência na situação judicial de Sócrates eles não sabem explicar.
Nem eles nem ninguém que tenha sido gerado no ventre de uma mulher. Obviamente, não seria com esse monte de calhaus com dois olhos que Rio poderia contar. Ou serão postos borda fora ou irão afundar o PSD.
Sem comentários:
Enviar um comentário