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sexta-feira, 23 de março de 2018

Analytica

23/03/2018 by

Bruno Santos

Fonte: internet

O Estado – o Soberano – sabe mais sobre cada um dos seus súbditos do que cada um desses súbditos sobre si próprio. É esse, aliás, um dos fundamentos do poder do Soberano.

Estando o Estado – o Soberano – capturado e detido por Ordens multinacionais cuja característica principal é o ilimitado poder económico e financeiro, são essas Ordens que, de facto, constituem o verdadeiro Soberano e é a ele que os cidadãos estão subjugados, por interposto ritual cívico-político, mero ecrã institucional que não é mais que uma terceira ordem de poder, destinada a revelar (cobrir de novo) a sua real origem.

A ilusão de uma sociedade regulada por princípios de respeito pela individualidade, pelo direito à reserva da vida privada, dos dados e informações relativos à esfera íntima do indivíduo, não passa exactamente disso, de uma ilusão, cujo encanto deveria ser quebrado no momento do próprio nascimento, quando um solicito agente do Soberano recolhe do ponto que fez tombar Aquiles uma amostra do nosso sangue, para “despiste” de certas doenças.

Nessa humilde gota está o que cada um de nós é, foi e será. No gesto aparentemente inocente de a recolher está a primeira manifestação de soberania externa, a primeira e definitiva invasão do território íntimo que cada um de nós trouxe ao mundo. É a partir desse momento que somos prisioneiros de um Poder que, na maior parte dos casos, não chegaremos sequer a conhecer.

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