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"Houve uma quebra de confiança entre o Facebook e as pessoas", admitiu Mark Zuckerberg depois do caso Cambridge Analytica. Veja as 6 coisas que vão mudar na relação entre rede social e os utilizadores
Mark Zuckerberg é presidente executivo e fundador do Facebook.
Alberto Estevez/EPA
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Mark Zuckerberg utilizou o Facebook para se pronunciar sobre a polémica que envolveu a Cambridge Analytica e os 50 milhões de perfis que foram usados indevidamente para ajudar a eleger Donald Trump. Com a certeza de que se não conseguir proteger os dados dos utilizadores, então não merece servi-los, o presidente do Facebook anunciou uma linha de novas medidas que visam aumentar a privacidade de quem utiliza a rede social: uma nova forma de eliminar a permissão dada a algumas apps, limites aos acessos que os programadores de aplicações têm a dados dos utilizadores e uma auditoria a todas as aplicações usadas na rede social, entre outras.
A resposta de Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook, quanto à polémica era esperada desde que esta foi divulgada no domingo. No post, diz ainda: “Tenho trabalhado para perceber exactamente o que aconteceu e como podemos garantir que não aconteça novamente. As boas notícias são que as medidas mais importantes para prevenir que isto volte a acontecer já foram tomadas há anos. No entanto, também fazemos erros, há mais a fazer, e precisamos de estar à altura disso”.
Houve uma quebra de confiança entre o Facebook e as pessoas que partilham dados connosco e esperam que nós os protejamos. Temos de corrigir isso”, escreve Mark Zuckerberg num post na rede social.
Zuckerberg desculpa-se no post dizendo que, atualmente, uma aplicação como a de Aleksandr Kogan, o académico da Universidade de Cambridge que criou a app da Cambridge Analytica que acedeu aos dados de mais de 50 milhões de utilizadores, “não acederia a tantos dados”. A razão para tal não ser possível foram alterações feitas à plataforma em 2014 (a app é de 2013).
A polémica em torno da empresa de análise de dados Cambridge Analytica foi divulgada este sábado pela revista semanal do jornal britânico The Guardian, a The Observer. Um dia antes, o Facebook divulgou um comunicado a anunciar medidas e a acusar o jornal de “mentir” ao dizer que tinha existido “uma quebra de confiança”. A rede social tinha sido questionada nessa semana com a informação.
Dizendo que “na passada semana” a empresa tinha tido conhecimento pelo The Guardian, The New York Times e do Channel 4 da forma como a Cambridge Analytica tinha utilizado dados de utilizadores, Zuckerberg afirma que a sua empresa está a colaborar com “reguladores” para investigar o que se sucedeu.
Através do relato de um ex-funcionário, foi noticiado que esta empresa pediu a utilizadores da rede social para aceder a dados “com fins académicos”. No entanto, as informações obtidas, tanto de quem aceitou as condições da aplicação, como dos amigos destas pessoas no Facebook, foram utilizadas para traçar perfis e direccionar publicidade específica para alterar o sentido de voto na eleições americanas de 2016.
Depois da polémica com a Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg utilizou o Facebook para anunciar medidas que visam proteger os utilizadores. A rede social vai lançar uma auditoria à plataforma.
Num comunicado, a empresa informa também, em seis pontos, quais são as medidas que vai tomar após esta polémica.
Investigar aplicações “suspeitas”
A empresa diz que vai “investigar todas as aplicações que tiveram acesso a um grande número de dados” antes de 2014 (quando a empresa alterou as medidas da plataforma). É nesta medida que a empresa diz ainda que vai fazer uma “auditoria completa” a todas as aplicações com “atividade suspeita”.
Informar as pessoas sobre utilizações abusivas de dados
Esta medida explica-se a si própria. Apesar de não divulgar como, a rede social diz que vai dizer aos utilizadores, principalmente os afetados pela Cambrigde Analytica, quais os dados a que a empresa teve acesso. No futuro mais próximo, a empresa diz que, ao remover uma app da plataforma por utilização abusiva de dados pessoais, vai avisar os utilizadores.
Desligar o acesso a aplicações que não são utilizadas
Se o utilizador não utilizar uma aplicação da plataforma por mais de três meses, automaticamente a aplicação vai deixar de ter acesso à informação.
Restringir a informação conseguida por login
O número de dados a que uma aplicação pode aceder ao pedir para aceder à conta dos utilizadores vai ser reduzido. Numa próxima versão a aplicação apenas vai ter acesso ao nome, fotografia de perfil e endereço de e-mail. Aqui a diferença é que, para se ter acesso a mais dados, o Facebook vai ter de dar autorização. Para isso “os programadores vão ter de assinar um contrato” com o Facebook para poderem aceder a informação pessoal,
Encorajar os utilizadores a gerirem que aplicações utilizam
A rede social diz que já demonstra aos utilizadores quais as aplicações em utilização, mas diz que esses dados vão “ser mais proeminente”. Para isso a rede social vai disponibilizar uma ferramenta no topo do Feed de notícias com a apps em utilização e a forma de revogar a permissão que as aplicações têm aos dados pessoais.
Recompensar quem encontre vulnerabilidades no sistema
Quem encontrar aplicações que utilizam, de forma incorrecta, dados de utilizadores, vai passar a receber uma remuneração (à semelhança do que já é feito atualmente para quem encontra falhas de segurança informática na plataforma).
Vocês merecem ter a informação pessoal protegida e vamos trabalhar para que se sintam seguros no Facebook”, disse Sheryl Sandberg, diretora executiva de operações do Facebook.
Pouco depois de Zuckerberg se pronunciar relativamente ao caso Cambridge Analytica, Sheryl Sandberg, diretora executiva de operações do Facebook, partilhou o post do presidente executivo na sua página. Sandberg, falando também das medidas, pediu também desculpas: “estou profundamente arrependida por não termos feito o suficiente [para proteger os dados das pessoas]”
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