por estatuadesal
(Eldad Mario Neto, in Facebook, 26 de Março de 2018)
Toda a geração que gere o poder político e financeiro está, ou começa a estar, profundamente arredada da realidade social que a cerca.
As novas gerações estão a dar mostras de estarem completamente fartas dos arquétipos de intervenção sócio-políticas clássicas.
Importa, pois, entender que as novas tecnologias de comunicação constituem, nos tempos que correm, o veículo mais eficaz de transmissão das ideias e da própria organização da luta contra os "sistemas" clássicos da estrutura(s) do poder e da difusão das alternativas ideológicas.
Num Mundo cada vez mais globalizado, em que as elites concentram a maior parte da riqueza produzida, em que as desigualdades sociais se agravam desmesuradamente e o investimento na indústria persuasiva do armamento assume contornos tão preocupantes, torna-se imperioso repensar o método e a forma de "estado" que surgirá a breve prazo.
A própria noção da representatividade democrática dos cidadãos vai sofrer uma profunda alteração.
Os "blocos" da polarização política e económica são bem mais complexos e difíceis de interpretar e de regular pelas Instâncias Internacionais. A Europa, os EUA, a Rússia, a China, a África, o Médio Oriente e a América Latina protagonizam hoje, cada qual de "per si", a regulação dos seus interesses económicos e sociais. O que estava confinado aos dois Mundos, o Ocidente e o Leste Europeu e que, de certa forma, estabeleciam um equilíbrio geo-estratégico por todos aceite e reconhecido, fragmentou-se exponencialmente.
O capitalismo, nesta sua nova fase da evolução histórica, optou decisivamente pela liquidação das estruturas internacionais clássicas do poder político, económico, militar, ideológico e social.
O Brexit, os nacionalismos de tendência independentista, a desagregação progressiva do estado social, a instauração de regimes antidemocráticos em toda a América Latina e em Países do norte da Europa foram completamente premeditados e constituíram a nova "ordem" que a lógica da concentração da riqueza engendrou e está a levar a cabo.
A sucessiva tendência de privatização da saúde, da justiça, da educação, da desregulamentação do trabalho e da família são a directa consequência desta lógica e da ideologia que lhe vai subjacente.
Todos estes factos têm vindo a arredar das formas clássicas do exercício do poder e da noção da representatividade democrática, mormente dos partidos políticos, as gerações mais novas.
A corrupção generalizada, a falta de ética no exercício da "res pública", a invasão pelo terceiro mundo do chamado Mundo Moderno, as chacinas internacionais, os fenómenos recentemente ocorridos nos Estados Unidos decorrentes da liberalização da venda e uso de armas, os assassinatos de líderes políticos, as prisões dos independentistas catalães, descredibilizam cada vez mais as democracias e as clássicas organizações do poder político e, sobretudo, a ideia da representatividade democrática dos cidadãos.
Qual vai ser o RUMO que as novas gerações vão trilhar no sentido da organização e regulação dos interesses, da repartição justa da riqueza, da representação do poder e da Democracia?
Será cedo para entender? Talvez, mas, seguramente, começa a ser tarde para repensar este fenómeno e a realidade que aí vem.
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