Translate

quarta-feira, 28 de março de 2018

Como é o mundo aquático que investigadores portugueses descobriram para lá do Sistema Solar

HÁ 33 MINUTOS

Fica a 350 anos-luz daqui, é quase três vezes maior do que a Terra e pode ser composto por 50% de água. Uma equipa liderada por portugueses descobriu um mundo aquático para lá do Sistema Solar.

Getty Images/iStockphoto

Autor
Mais sobre

Os portugueses deram mais um novo mundo ao mundo: uma equipa internacional de portugueses liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço descobriram dois pequenos exoplanetas a orbitar uma estrela a 350 anos-luz do Sistema Solar. E um deles é especialmente curioso: é que, tanto quanto puderam os cientistas apurar, um deles pode ser composto por 50% de água e 50% de material rochoso. Se assim for, o HD 106315b é um verdadeiro mundo aquático que pode vir a ser sondado pelo Telescópio Espacial James Webb, que será lançado em 2019.

Os dois planetas foram encontrados através do método de transição, uma ferramenta que permite descobrir a presença de corpos celestes a girar em torno de estrelas sempre que eles passem na face que está virada para outros: se a quantidade de luz que chega até à Terra diminuir de forma cíclica, então é possível que haja planetas a orbitar essa estrela. Foi graças a esse método que o instituto português descobriu que HD 106315b tem um período de translação equivalente a nove dias e meio terrestres e um diâmetro 2,44 vezes maior do que a Terra; e que um ano em HD 106315c, que é 4,35 vezes maior do que Terra, tem 25 dias terrestres.

Descobrir as massas destes planetas foi só por si uma aventura. Susana Barros, que assina o estudo, explicou em comunicado de imprensa porquê: “Pensava-se que a variabilidade da HD 106315 provocava demasiado ruído para a medição de velocidades radiais e por isso não seria possível determinar a massa dos dois planetas”. E era importante fazê-lo porque sem saber a massa dos planetas, mesmo sabendo a velocidade radial dos corpos celestes, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço não teria descoberto que o planeta mais pequeno tem 12,6 vezes a massa da Terra e uma densidade de 4,7 g/cm3 e que o maior tem 15,2 vezes a massa do nosso planeta e uma densidade de 1,01 g/cm3.

Estes dados foram descobertos graças ao High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher, um espectógrafo montado no telescópio do Observatório Europeu do Sul no Chile. Os detalhes recolhidos por essa máquina permitiu revelar alguns detalhes sobre como são esses planetas longínquos: HD 106315c, o maior, está revestido por uma atmosfera espessa e rica em hidrogénio e hélio; e HD 106315b, o mais pequeno, terá 50% de materiais rochosos e entre 9% e 50% de água, como desvendam os modelos interiores de planetas desenhados pelo Instituto.

Descobertas desta natureza são importantes porque estudar atmosferas com estes mecanismos “irá permitir uma melhor compreensão acerca da composição do HD 106315 b, já que o planeta está no limite entre os planetas rochosos e os planetas gasosos”, explica o comunicado. “Este sistema planetário demonstra a diversidade da composição destes planetas, e como a estrela que estes transitam é bastante brilhante, será ainda possível estudar as suas atmosferas. Com instrumentação atual é possível observar a atmosfera do planeta c, mas para o planeta b será necessário esperar por instrumentos como o Telescópio Espacial James Webb”, concretiza Susana Barros. Temos de esperar um ano para saber mais sobre este mundo aquático.

Sem comentários:

Enviar um comentário