por CGP
A pedido do João Luís Serrenho, Vogal da Comissão Executiva da Iniciativa Liberal, publica-se o seguinte direito de resposta ao texto do Rui Albuquerque publicado ontem.
No bom espírito liberal, este artigo vem como contraditório, mas sempre visando a complementaridade, a um post neste blog por rui a., de 18 de Março de 2018.
Clarifico que não pretendo com esta resposta comentar ponto a ponto o artigo do rui a. sobre o Manifesto Portugal Mais Liberal, que se tornou a Declaração de Princípios da Iniciativa Liberal (IL) enquanto Partido – pretendo antes usar o artigo como veículo para clarificar um pouco a IL, as suas intenções, os seus objectivos para Portugal. Aliás, gostaria de começar por agradecer a rui a. a crítica que apresenta. Estamos comprometidos a incorporar todas as críticas construtivas, e aceitamos contributos de todos os que se queiram juntar a nós neste caminho para um Portugal Mais Liberal.
Queria no entanto começar com um par de desmistificações, se me permitem –
A IL não é, nem pretende ser, o espelho perfeito das ideologias liberais clássicas, ou libertárias, ou liberais sociais, ou anarco-capitalistas, ou *fill in the blank*. A IL é um partido liberal. Ponto. Dentro do partido temos liberais mais à direita, mais à esquerda, mais radicais, mais moderados. Mas com algo em comum – somos todos liberais. Significa isto que quem venha olhar à lupa com o objectivo de fazer um teste de pureza, sairá com certeza desapontado.
Adicionalmente, temos o desejo de combater o sistema vigente, mas com o objectivo de trabalhar para um Portugal Mais Liberal (note-se o “Mais”) - não desmontar a sociedade portuguesa e voltar a construir de acordo com os princípios deste ou aquele pensador. Neste sentido, é natural que haja pontos de acordo com partidos existentes no panorama político português, e também com a Constituição. Por exemplo, cremos que em termos de costumes a sociedade portuguesa é progressista, e fez muitas coisas bem. Podíamos decidir ignorar o ponto de partida, ou fingir que não concordamos com o que está bem feito, mas tal não seria honesto. Há muito para fazer, muito para melhorar, muito para desconstruir. Mas não estamos a começar um País do zero.
Neste sentido, o exercício de comparar o nosso Manifesto ponto a ponto com a Constituição e percepcionados programas de outros partidos parece-nos interessante de um certo ponto de vista, mas ultimamente pouco esclarecedor. O Manifesto não pretende elencar pontos de discórdia com o status quo, pretende ser uma declaração de princípios base para construção de propostas, essas sim, disruptivas. Se realmente não existissem diferenças, então o PS, PSD e CDS seriam já partidos liberais – creio que não haverá muitos a defender que o são. De resto, o Manifesto da IL foi largamente baseado no Manifesto de Oxford de 1947, que serviu como carta de princípios da Internacional Liberal. Se um liberal não se revê nestes pontos, então talvez a discussão seja outra.
No entanto, a crítica mais alargada entende-se e foi bem encaixada. A IL, de facto, ainda não avançou com propostas arrojadas que tenham permitido transmitir claramente a sua forma diferente de ver a sociedade portuguesa, e também a sua forma diferente de fazer e estar na política. Estamos convictos que somos diferentes dos actuais partidos tanto em forma como conteúdo, mas aceitamos que ainda não demos suficientes provas disso publicamente. Somos partido apenas desde Dezembro de 2017, e estivemos os últimos meses dedicados a construir a estrutura interna necessária para operar como tal. Não apresento isto como uma desculpa, mas antes como um momento charneira no percurso da IL e, esperamos, do liberalismo em Portugal – a construção interna acabou (por agora), e chegou a altura de agir. Assim, atrevo-me a desafiar os leitores que se considerem liberais (de qualquer estirpe) a participarem no nosso processo em curso de recolha de contributos para o programa político da IL. Basta clicar em agenda.liberal.pt.
É também aqui que a IL se diferencia de todos os partidos existentes na história da democracia portuguesa. Em vez de decidir manifestos e programas em grupos reduzidos à porta fechada, queremos construir com os contributos de todos os cidadãos interessados e motivados. Foi assim com o Manifesto, tem sido e está a ser com a Agenda que visa criar o Programa Político e será para programas eleitorais. Maior disponibilidade para o escrutínio não existe.
Seria mais fácil de outra forma? Talvez. Mas a iniciativa não é apenas nossa, a iniciativa é tua.
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