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quarta-feira, 14 de março de 2018

Ladrões de Bicicletas


Jornalismo de «pé de microfone», que apenas faz eco?

Posted: 13 Mar 2018 07:48 PM PDT

Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia no anterior governo de direita e atual economista-chefe da OCDE, deu uma entrevista ao ECO. Relativamente a Portugal, sobressaem nessa entrevista duas ideias essenciais: por um lado, a ideia de que «reformas do mercado laboral, entre outras», explicam o crescimento da economia portuguesa nos últimos anos; e, por outro, a ideia de que é importante «continuar a fazer reformas», referindo como fundamentais «as reformas da Justiça e da Educação», que se juntam à «reforma da administração pública» e à necessidade de «manter a sustentabilidade da Segurança Social».
Que um ex-ministro como Álvaro Santos Pereira não queira ir além das parangonas é natural. Mas que os jornalistas insistam num registo de passividade, dispensando-se de fazer as perguntas óbvias, já começa a ser demasiado habitual. Seria assim tão despropositado solicitar ao economista-chefe da OCDE que explicitasse devidamente a relação causal entre as reformas laborais adotadas e o crescimento da economia? Custaria muito perguntar-lhe que medidas concretas tem em mente quando fala das reformas da administração pública, da justiça e da educação? Ou das medidas que permitem, em sua opinião, «manter a sustentabilidade da Segurança Social»? Será que nunca vamos conseguir sair deste registo, em que o jornalista se limita a ser «um estafeta reduzido a um papel de mero transporte [ou] um pé de microfone»? Será mesmo preciso levar à letra, no caso desta entrevista, o nome do jornal que a publica?

Do «TINA» ao «TIA»: o caso português

Posted: 13 Mar 2018 03:33 AM PDT

«O modelo económico português, que ultrapassa atualmente as taxas de crescimento alemão, é totalmente contrário ao modelo preconizado por Bruxelas. (...) Nenhuma reforma estrutural do mercado de trabalho para cortar direitos dos trabalhadores, nenhuma redução na proteção social, nenhum programa de austeridade como o do Governo anterior, de direita, que tinha congelado o salário mínimo e as pensões de reforma e aumentado os impostos, tudo isso sem qualquer impacto notório na economia. Pelo contrário, assistimos nesse período a um aumento da pobreza.
Desta vez, não foi igual: o salário mínimo foi aumentado em 2016 e em 2017, (...) houve uma redução das cotizações por parte das entidades empregadoras (...) [e] o Governo não hesitou no que toca ao relançamento do poder de compra: aumentou as pensões e os abonos de família, reforçou os direitos do trabalho, reduziu os impostos sobre os salários mais baixos, suspendeu as privatizações... (...) Portugal percebeu que não adiantaria tentar fazer concorrência aos países de Leste com custos baixos e, portanto, passou a investir em maior qualidade tanto na indústria como no turismo. Um ponto que deveria inspirar particularmente a França: o investimento na qualidade da produção e em políticas de estímulo da procura».
Pascal de Lima, O insolente crescimento de Portugal constitui uma afronta ao culto da austeridade (traduzido e publicado no Expresso do passado fim-de-semana, com ilustração de Rodrigo de Matos)

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