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sábado, 24 de março de 2018

Quando os lisboetas acordarem para o problema do centralismo já serão quase todos almadenses

Novo artigo em BLASFÉMIAS


  por CGP

Quando se pensava que a humanidade já tinha batido no fundo, ficamos a conhecer tragédias como a descrita no DN de João Silvério, forçado a mudar-se do Saldanha para os Olivais, umas boas 5 estações de metro de distância. Lá para o meio do artigo aparecem problemas mais reais de pessoas com salários baixos a ter que viajar 1h30m para o emprego. Lisboa é uma cidade com imensas oportunidades de emprego, mas sem um parque habitacional para corresponder à procura. Se há milhares de empregos sem casas, das duas uma: ou se constroem mais casas onde existem empregos ou se levam os empregos para onde há casas. No entanto, há uma certa elite lisboeta que acha possível ter uma capital cosmopolita, que centraliza instituições públicas, empresas privadas, eventos internacionais, que quer que Lisboa seja o novo centro tecnológico da Europa, mas que não se construa muito para manter a autenticidade e, ao mesmo tempo, pagar 500€ por um T2 no centro da cidade. São contra a construção e a descentralização, mas no final culpam os mercados e a desregulação(?) por uma evidência matemática: quando se concentram todas as oportunidades de emprego numa pequena área com um parque habitacional limitado, alguns terão que viver longe. Outros (os mais pobres), muito longe. A solução mais fácil, claro, é dispersar as oportunidades de emprego, mas isso nunca faz parte da narrativa do choradinho. Um dia serão os lisboetas a acordar para os problemas do centralismo. Infelizmente, muitos nessa altura já serão almadenses.

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