21/03/2018 by Bruno Santos
A pesquisa de motivação, para efeitos de propaganda, é feita, de forma sistemática, pelo menos desde a chamada Segunda Guerra Mundial, embora a suas raízes remontem, na sua fase moderna, ao período de eclosão e disseminação das teorias psicanalíticas de Freud.
A informação assim recolhida e sistematizada tem sido comercializada, traficada e usada em diferentes contextos e por diferentes entidades, públicas ou privadas. Entre essas entidades está a própria Academia, que ensina a Psicologia como método de compreensão, domínio e manipulação do aparelho psíquico individual, e a Sociologia como expansão e aplicação geométrica desse método a aparelhos psíquicos colectivos.
Esse conhecimento, que é um poder, é depois transportado – traficado é o termo exacto – entre a Academia e as diferentes estruturas do complexo económico e político. O que o Facebook fez – e faz – é colocar esses dados, esse conhecimento, sob o domínio de uma máquina, desenhada de modo meticuloso, sob os auspícios da tão germânica e amada “Regra de Ouro”, para que os possa processar e gerir de modo a alcançar um objectivo pré-determinado e muito preciso. É a esse método, a esse sistema, a essa “Regra de Ouro” – que, na verdade, é de Chumbo -, que se brinda alegremente nos jantares da Web Summit, no Panteão Nacional.
Querer agora acusar o Facebook de “manipulação” e “comércio ilegal de dados”, só pode ser entendido à luz de um novo anedotário do neoliberalismo, ou, o que é mais verosímil, no contexto de um ataque de certos actores do Sistema a uma ferramenta que tem também sido usada em exercício de direitos e deveres de cidadania, designadamente através da denúncia de abusos de poder, actos de corrupção e outros comportamentos anti-democráticos levados a cabo por agentes públicos e privados.
Que o Facebook é um Panóptico, já o sabemos. O que falta saber é quem tem mais a perder com certa informação e contra-informação que através dele se veicula e que, antes dele, ficava soterrada nas gavetas de directores de jornais e chefes de redacção.
A pergunta é, por isso, muito simples: quem tem medo do Facebook?
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